9 de dez. de 2012

Um ano bom

Atlético 3 x 2 Cruzeiro
Botafogo 2 x 3 Atlético
Atlético 2 x 2 Atlético/GO

Com o fim das chances do Galo de conquistar o título e com uma viagem a trabalho na agenda, acabei me desligando do campeonato brasileiro na sua reta final. Soube do resultado contra o xará de Goiânia (que apesar da péssima campanha nos levou 4 preciosos pontos) ainda na China e descobri que havíamos virado sobre o Botafogo ao ouvir os gritos de um vizinho atleticano enquanto tentava me recuperar do jetlag.

Quanto ao clássico, consegui acompanhá-lo em um link cujo atraso em relação à transmissão da tv a cabo fazia com que eu visse os gols depois que a bolinha que informava a alteração do placar já havia aparecido na tela do Sportv. De qualquer maneira, consegui gravar e assistir ao VT na terça-feira e deu para ver que a equipe conseguiu uma vitória na base da raça. Acredito que mais do que a classificação para a fase de grupos da Libertadores, a forma como as duas últimas vitórias se configuraram foi muito importante para solidificar a personalidade deste grupo e afirmar a qualidade do Atlético 2012.

A reconstrução do prestígio é um processo lento e contínuo. A primeira década do século XXI foi praticamente perdida, a sequência de maus resultados fez com que os adversários passassem a nos enxergar como coadjuvantes nos torneios e esta percepção se refletia dentro de campo: o pessoal entrava em campo para ganhar inclusive nas partidas em Belo Horizonte. Hoje, invicto há mais de um ano na capital das alterosas, a impressão que tenho é de que o adversário entra em campo com cautela e considera um empate um bom resultado.

2012 foi, definitivamente, um bom ano. É claro que houve a decepção por não termos conseguido levantar o caneco, mas terminamos a temporada com apenas 7 derrotas, conquistamos o campeonato mineiro de forma invicta (e invictos permanecemos dentro de casa) e fechamos o brasileiro com uma campanha com 72 pontos conquistados, a qual teria resultado no título nas últimas 3 temporadas. Nada mal, realmente.

O que esperamos para 2013 é que a diretoria consiga manter a base e que traga os reforços necessários para suprir as nossas deficiências. A renovação do Ronaldo é uma ótima notícia e acho que a chegada do Gilberto Silva é importante para trazer um pouco de maturidade ao grupo, coisa que faltou em algum dos momentos cruciais do campeonato. O caminho, enfim, parece bem pavimentado.



14 de nov. de 2012

Ponto final

Vasco 1 x 1 Atlético
Coritiba 1 x 0 Atlético
Atlético 1 x 1 Flamengo

É amigos, como já prevíamos há algum tempo o Atlético não teve a competência necessária para manter o ritmo do primeiro turno e acabou superado pelo tricolor carioca na disputa pelo título. Antes de mais nada, é preciso admitir que o Fluminense era realmente o principal candidato a levantar o caneco, possuindo um elenco mais qualificado e uma equipe mais madura do que a do Galo. Por outro lado, não podemos deixar de mencionar que as interferências extra-campo desequilibraram um campeonato que poderia ser disputado até a última rodada.

Não é necessário listar aqui a sucessão de erros de arbitragem, decisões arbitrárias do STJD e interferências da CBF que afetaram negativamente o desempenho alvinegro. Por outro lado, o nosso adversário acabou sendo beneficiado em todos os momentos decisivos deste certame, sem exceção. Talvez esta seja a famigerada "sorte de campeão". Curiosamente, ainda na segunda-feira ouvi um comentário maldoso de um torcedor tricolor dizendo que a arbitragem havia favorecido o Atlético na partida da véspera contra o Vasco e que agora queria ver se a torcida alvinegra ainda teria coragem de se autoproclamar injustiçada. Bem, sejamos honestos: depois que a vaca já tinha ido para o brejo, apitar pênalti ilegal a favor do Galo ou convocar o Fred e o Diego Cavalieri para a seleção não alteram mais o cenário. O futebol não é sério e sabemos disso. E como gostamos é do Atlético e não de futebol, cá estamos novamente debatendo o que não mereceria um segundo de nossa atenção.

Mas, voltando ao assunto, é preciso ter em mente que um time que almeja o título não pode ter o seu desempenho tão afetado por fatores além do seu controle. Passar um turno inteiro sem vencer fora de casa é uma performance para lá de medíocre. Talvez aí acabem entrando o quesito maturidade e uma habilidade de trânsito nos bastidores que a nossa gestão ainda parece não dominar. Pode ser que este prestígio nas esferas superiores venha com o tempo, mas tenho as minhas dúvidas. Enfim, considero o desempenho do Atlético satisfatório e acima de qualquer expectativa para esta temporada 2012 - e esta observação se aplica mesmo se terminarmos em quarto lugar, o que não é de todo impossível.

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Hoje soube da morte do atacante Alex "Capoeira" Alves. Vi o baiano em ação diversas vezes no Mineirão e no Independência: atuando pela Portuguesa naquela fatídica tarde de domingo em 1996, quando fomos eliminados na semifinal do Brasileiro; ostentando a camisa azul quando liquidamos o nosso maior rival em 1999; e com o manto alvinegro nas temporadas 2003 e 2004. Quando esteve defendendo as nossas cores, Alex já não era mais o mesmo. Acima do peso e contestado pela torcida devido à sua passagem pela raposa, teve um desempenho aquém do esperado.

Para ser sincero, minhas duas maiores recordações de sua passagem pelo Atlético são os dois gols que anotou numa partida horrível contra o Grêmio no Mineirão e um especial no Globo Esporte que o apresentava como um metrossexual e que resultou numa ligação do Mateus me perguntando se o Galo não tinha "assessoria de imprensa" para evitar aquele constrangimento. O que me motiva a escrever aqui então é o fato de que é sempre estranho saber que alguém que você viu surgir nos gramados e que acompanhou nos estádios ao longo de tantos anos se foi. Alguém da sua geração. E esse troço te deixa a certeza de que a vida é curta demais.

28 de out. de 2012

Aos inimigos os rigores da lei

"Aos amigos tudo! Aos inimigos os rigores da lei!"
Vargas, Getúlio

Atlético 3 x 2 Fluminense
Santos 2 x 2 Atlético
Atlético 2 x 1 Sport

Passadas mais três rodadas o Atlético continua, matematicamente, na briga pelo título. Depois de uma vitória sofrida contra o Sport, com o gol da virada marcado no último minuto, e um empate heroico contra o Santos na Vila Belmiro, o Galo teve três dias para recuperar os cacos da batalha na baixada santista e entrar em campo para enfrentar o líder e virtual campeão brasileiro da temporada 2012.

Com Guilherme no lugar de Danilinho, dispensado do clube por indisciplina, podemos dizer que o Galo foi a campo com o que tinha de melhor e o time não decepcionou. Jogando como nunca, envolveu o adversário e criou dezenas de oportunidades na primeira etapa que resultaram em duas bolas na trave e em, pelo menos, três defesas milagrosas de Diego Cavalieri. Não bastasse ter o elenco e o poder político que tem, nosso adversário ainda tem uma sorte que parece infindável.

O segundo tempo começou como o primeiro terminou, a diferença foi que com 10 minutos o Fluminense conseguiu encaixar um contra-ataque e anotou o seu primeiro tento. Injustiça? Aparentemente, sim. Mas o fato acabava sendo o resumo da campanha tricolor nesta temporada: um futebol pragmático, eficiente debaixo do poste e na conclusão das jogadas do ataque, temperado com uma mãozinha da arbitragem. Conhecendo o time, a torcida e, em especial, o nosso treinador, já imaginava um fim de noite trágico para o domingo.

Para a minha surpresa e satisfação, o time continuou impondo o seu jogo e criando oportunidades. Aos 23 Ronaldo fez grande jogada individual e rolou para Jô completar com uma bomba de canhota que estufou as redes de Diego Cavalieri. O jogo endureceu, mas o domínio ainda era alvinegro. Aos 36 minutos Bernard recebeu uma bola na esquerda, foi à linha de fundo, cortou o seu marcador e colocou a bola na cabeça de Jô. O atacante atleticano colocou a bola no canto direito do arqueiro tricolor e decretou a virada. Delírio no Independência e ansiedade na sala do meu apartamento.

Quando tudo parecia caminhar tranquilamente para a vitória, Carlinhos recebeu uma bola em profundidade nas costas de Marcos Rocha, que não acompanhou a jogada. O lateral tricolor cruzou e Fred se antecipou a Réver anotando o gol de empate. Naquele instante pareceu que o campeonato havia acabado ali. A gritaria na vizinhança só confirmava esta percepção. Pela televisão deu para perceber que o clima no Independência também não era dos melhores.

Foi então que um milagre aconteceu. No último lance do jogo Ronaldo recebeu uma bola na intermediária tricolor, parou, girou, olhou e lançou para a área adversária no ponto futuro da corrida de Leonardo Silva que voando acertou uma pedrada no ângulo de Cavalieri decretando a nossa merecida vitória. Linda finalização para a criação de um gênio. Queimei a língua, preciso admitir! Felizmente, temos um meia como nunca houve no Atlético. Se vai continuar jogando assim é uma incógnita, mas os feitos de Ronaldo nestes 6 meses de Galo já o colocam entre os grandes, sem dúvida.


Pierre e Cuca comemoram o terceiro gol.

Mesmo com esta vitória avassaladora, acredito que as chances de conquista do título são mínimas. O problema não é nem o Fluminense perder 6 pontos, o que me parece possível diante da tabela do nosso adversário, mas sim vencermos todas as partidas que restam. De qualquer maneira, se mantivermos a segunda posição, já será um feito muito importante para o clube. Ao contrário dos cariocas, que já possuem um time maduro e acostumado a decisões, o Atlético está vivendo um processo de renascimento, voltando a se firmar entre as grandes potências do futebol brasileiro e precisamos de paciência e persistência para não desanimarmos diante das vicissitudes do caminho.

Digo isso porque qualquer pessoa que acompanha futebol há mais tempo já sabe que nos momentos cruciais e de dúvida, o apito sempre tende a decidir em prol da grandes agremiações do Rio ou de São Paulo. A observação se aplica não apenas ao árbitro mas também às grandes esferas da justiça desportiva e da CBF. O gol de falta de Ronaldo anulado no primeiro tempo da partida ou a falta da denúncia da agressão de Fred a Júnior César no fim do jogo são apenas dois exemplos onde a citação do início deste post, por exemplo, se aplica plenamente. Infelizmente, fomos prejudicados ao longo do torneio em mais de uma oportunidade, mas acho que uma equipe mais madura teria em mente que este tipo de coisa aconteceria e não teria se abatido da maneira como ficou evidente na partida contra o Inter, por exemplo. A injustiça deveria ser um combustível para aumentar a entrega e a vontade de vencer, mas acho que isto cabe um pouco ao banco de reservas também.

O que aconteceu no domingo passado foi que fizemos o que deveríamos ter feito diante de todas as polêmicas de 2012: jogamos pela honra - e isso foi muito importante para o clube e para a torcida. Os três gols foram guardados na minha memória na mesma gaveta onde estão tentos como os de Guilherme contra nosso maior rival em 99 e contra o Grêmio em 2001 ou os de Reinaldo contra o Corínthians em 94.

Após o jogo fui dar uma volta no aterro do Flamengo para esvaziar um pouco a mente. Para a minha surpresa, ao menos duas pessoas, ao me verem ostentando o manto alvinegro, vieram falar comigo parabenizando o Galo pela vitória e reforçando a esperança na nossa recuperação. Foi épico e todo mundo o viu. Como já disse antes, nenhum time jogou mais bola do que o Atlético neste campeonato, pena que faltou um pouco de sorte e de regularidade, mas estamos no caminho certo.

13 de out. de 2012

O mundo continua o mesmo

Inter 3 x 0 Atlético
Atlético 6 x 0 Figueirense


Estou de volta das férias e totalmente desanimado. Não com o Atlético apenas, mas com o futebol como um todo. Depois do imbróglio envolvendo o Ronaldo Gaúcho e o STJD, meio que joguei a toalha. Muito se falou sobre o Galo não ter entrado com o efeito suspensivo e tal, mas tenho comigo que não o fizeram porque sabiam que o recurso seria julgado na semana das partidas contra o Fluminense e o Flamengo e qualquer atleticano com um pouco mais de vivência sabe qual seria o resultado. Foi assim em 1977, quando deixaram pra julgar a expulsão do Reinaldo em uma partida do primeiro turno às vésperas da final e não concederam o efeito suspensivo. 

Enfim, futebol não é sério e eu tenho perdido tempo demais com isso, me irritado com uma coisa que eu não tenho a menor chance de mudar. Deste modo, acabei deixando de seguir tudo e todos relacionados ao Atlético e à imprensa esportiva no twitter. Já foi um grande passo. Não tenho a ilusão de que vou me desligar do clube porque é uma relação visceral, que está no seio da família há mais de 3 gerações. Não é o tipo de coisa que você se livra do dia para a noite. Desta maneira, vou continuar vendo os jogos do galo, ficando feliz com as vitórias e triste com as derrotas, mas não quero ser contaminado por este ambiente de quem rouba quem e tal. Fazem 35 anos que acompanho o clube e nunca vi uma decisão de tapetão favorável ao galo. Nunca. Então, foda-se: não sou juiz nem advogado e tampouco tenho vocação para palhaço. O negócio é tentar diminuir o impacto destes troços na minha vida.

Quanto ao Atlético, deus é testemunha do que eu disse para a minha mulher na cama, quando fui deitar depois do empate contra o nosso maior rival: "espero estar errado, mas este gol de empate vergonhoso liquidou as nossas chances de vencermos o campeonato". O tempo passou e vimos que de lá para cá o time acabou, não conseguiu manter a regularidade e a calma para jogar o seu futebol. Em resumo: ninguém jogou bola como o Atlético do primeiro turno neste campeonato brasileiro, mas nenhum time foi campeão com o desempenho medíocre do Galo neste returno. Acho, sinceramente, que podem botar na conta do maldito derrotado que temos no banco de reservas:

http://www.mg.superesportes.com.br/app/noticias/futebol/atletico-mg/2012/10/12/noticia_atletico_mg,231592/para-cuca-astral-no-galo-foi-afetado-a-partir-dos-empates-ante-cruzeiro-e-ponte.shtml


O Fluminense fugiu milagrosamente do rebaixamento, vislumbrou o Muricy no mercado e meteu o pé na bunda desse miserável antes que ele afundasse o clube na lama da depressão. Eles sabiam que para se quebrar um estigma é preciso ter um macho para fazê-lo na marra. Hoje, tirando o desgraçado do Ramalho, não sei quem poderia fazer isto pela gente. Felipão? Acho difícil. 

Ainda esta semana li uma entrevista do linguiceiro no Estado de Minas e, como era de se esperar, este abutre aproveitou para tripudiar do Atlético. Mas, mesmo com todo o nojo que nutro por este indivíduo, preciso reconhecer que ele vai direto ao ponto: 41 anos sem ganhar o campeonato torna qualquer tarefa hercúlea. Num primeiro momento, me pareceu que Ronaldo era o homem a romper com este estigma. Acho, sinceramente, que ele poderia fazê-lo se o jogo fosse completamente limpo. Quando começaram a jogar sujo contra a gente, não houve uma alma serena que pudesse contornar a situação e capitalizar estas adversidades em espírito de guerreiros renegados. O que fizeram foi sentar e chorar, algo típico do nosso comandante.
 
No mais, entre os muitos acertos da temporada, considero equívocos graves a liberação do André e do Lima. O Werley foi um bom negócio e não discuto. Contar com Luis Eduardo e Leonardo limitou demais nosso alcance.


Para finalizar, se conseguirmos uma vaga na libertadores já será um grande feito. Considero que o campeonato está perdido. Não porque o Fluminense não vá tropeçar, mas porque o Atlético não tem mais força para chegar, como fica cada vez mais evidenciado nas partidas fora de casa. Desta maneira, considerando a tabela dos nossos adversários, ouso dizer que o melhor resultado do jogo Fluminense e Grêmio, por exemplo, é a vitória dos cariocas. Torcer pelo tropeço do fluzão é dar corda para a gente se enforcar.

6 de out. de 2012

Haverá luz no fim do túnel?

Portuguesa 1 x 1 Atlético
Flamengo 2 x 1 Atlético
Atlético 0 x 0 Grêmio
Náutico 1 x 0 Atlético
Atlético 1 x 0 São Paulo

Como já vinha dizendo há algum tempo, desde o último clássico que o meu ânimo com o futebol de uma maneira geral deu uma arrefecida. No meio de tudo isso, veio a viagem de férias com o seu aspecto místico: outubro normalmente é um grande mês para o clube e, muitas vezes, não estou disponível para acompanhar. Sendo assim, estar longe de casa significava vitórias alvinegras.

Em 2012, entretanto, as férias foram marcadas para a segunda metade de setembro e a mágica não funcionou: as duas últimas semanas foram péssimas para o Galo. Apático e sem movimentação,  o time perdeu o seu poderio ofensivo e foi, em alguns momentos, facilmente dominado jogando fora de casa. A queda de produção é nítida. Vamos esperar que Cuca esteja correto acerca do setembro negro e da grande performance que previu para este mês que se inicia e que colocará o time novamente nos trilhos.


Haverá luz no fim do túnel?

Deixando os aspectos metafísicos de lado, a realidade é que a partida de hoje é determinante para a manutenção das nossas pretensões ao título. Qualquer resultado diferente de uma vitória nos retirará virtualmente da luta pelo caneco e colocará em risco a possibilidade de classificação para a Libertadores. Sem a dupla de volantes titular, iremos de Serginho e Filipe Soutto. É uma temeridade, ainda mais se contarmos que no meio teremos o apático Guilherme, mas é melhor do que apostarmos no inconsequente Richarlyson. Apesar disso, teremos o trio Ronaldo, Bernard e Jô. Se a equipe recuperar o ânimo perdido neste segundo turno e a torcida jogar junto é muito provável que os três pontos venham. Que assim seja!


11 de set. de 2012

O peso da posição

Atlético 3 x 0 Palmeiras

Em geral, não gosto de ver o Galo fazendo a última partida do domingo. Além do jogo terminar um pouco tarde e de haver a pressão de se estar em campo sabendo os demais resultados da rodada, um placar adverso tem o potencial de estragar a sua segunda-feira devido ao prazo escasso para digestão do mesmo. Felizmente, para nossa alegria, o Atlético tem dado sinais de que voltará a ser o que foi ao longo de toda a minha infância e adolescência: um anfitrião indigesto e um visitante perigoso. Quem, como a gente, passou a maior parte dos últimos dez anos lutando na metade de baixo da tabela, sabe como é difícil sair do buraco. O adversário chega na sua casa e deita e rola: te dá tapa na cara, chute na bunda, rasteira e ainda sai pela porta da frente. Te trata, merecidamente, como um maldito derrotado! Sabe que se não vencer, deixará de computar 2 pontos preciosos para a conquista do seu objetivo. Por outro lado, quanta diferença quando há o respeito e a sua reputação está em alta... Cauteloso e prudente, o sujeito sai de campo feliz da vida com um pontinho!

Todo este papo furado é para falar que, antes de mais nada, me lembrei do Atlético das temporadas passadas ao ver o futebol apresentado pelo alviverde paulista. Time aguerrido, lutador, mas que tem a sua posição na tabela como potencializador das suas limitações. O adversário sabe que precisa dos três pontos contra o porco se almeja qualquer coisa neste campeonato.

Jogando em casa, o Galo começou tentando pressionar e envolver o adversário. Sem Jô, Cuca mandou Guilherme para o jogo como centroavante e avançou Ronaldo para mais perto da grande área. O resultado é que éramos quatro pigmeus numa floresta de gigantes: a tática de lançar a bola pra jogadinha de pivô, popularizada com o nosso atacante titular, não surtia nenhum efeito. A zaga paulada dos paulistas não deixava a bola parar na sua defesa e, por vezes, criava contra-ataques perigosos. O primeiro tempo terminou sem gols e o jogo dava calo nas vistas.

Para a segunda metade, Cuca sacou Leandro Donizete e Danilinho e entrou com Escudero e Leonardo. O filme "Ponte Preta no Independência" veio à minha cabeça, mas desta vez o Belludo estava correto. Com uma referência no ataque e o R49 de volta à sua posição original, o jogo estava decidido. Como jogou bola o Gaúcho! Aliás, aqui cabe uma outra observação: já que o sujeito resolveu voltar a jogar futebol, vamos deixá-lo em sua posição de origem! O trem está dando certo, então não mexe, porra! Assim, aos sete minutos, o Galo anotou o seu primeiro tento com Leonardo Silva. Bernard, outro monstro em campo, marcou mais duas vezes já no fim do segundo tempo e liquidou a fatura. O primeiro num passe magistral de Leonardo e o segundo em jogada individual de pura raça e talento ao aproveitar um chute de Victor para superar a confusa zaga palmeirense e completar para a meta vazia. 3 x 0 merecido.

No início desta semana o Atlético começou a colher os frutos do bom trabalho em 2012: Bernard e Marcos Rocha, além de Réver, foram convocados para a seleção. Fico feliz pelos jogadores que, inegavelmente estão entre os melhores do país, e devem mesmo estar motivados e emocionados com a oportunidade. Da minha parte, considerando a minha relação com a CBF e a atual seleção, fica a saudade de Mário de Castro, que ao ser convocado para defender a seleção, recusou gentilmente alegando que o seu futebol "só era do Atlético". No fundo, é o que realmente importa.

9 de set. de 2012

Pela liderança

Bahia 0 x 0 Atlético

Como já disse antes, partidas às 19:30h das quarta-feiras acabam coincidindo com a pelada semanal disputada no Humaitá. Com a perda de performance do time, os discursos um tanto decepcionantes de Cuca e os diversos desfalques previstos, nada melhor do que jogar uma bola e só saber o placar final da peleja disputada em Salvador.

Não acho que o empate na capital baiana tenha sido uma catástrofe. Mau resultado foi ter empatado com o tricolor em Belo Horizonte. De qualquer maneira, depois de rever os melhores momentos, fiquei com a impressão de que poderíamos ter saído do Pituaçu com uma vitória pelo placar mínimo. A pontaria, que tem sido o ponto fraco do Atlético desde o início do torneio, acabou falhando novamente. A equipe produz muitas situações de gol, mas peca na finalização. Nervosismo? Falta de competência? Má sorte? Taí um problema para o Cuca resolver.

Aliás, falando em Cuca, fiquei com a impressão de que o comandante alvinegro andou perdendo a mão nas últimas rodadas. Adepto de uma filosofia que tem aplicado ao time desde que o assumiu há mais de um ano, nem a sucessão de 4 derrotas consecutivas no início dos trabalhos fez com que mudasse o seu rumo. Sendo assim, é difícil entender o porque de substituições e adaptações como aquelas realizadas contra a Ponte ou o Corinthians, por exemplo. Já que chegamos até aqui seguindo uma linha mestra, não há porque promover alterações radicais no percurso. Mas aqui fala um pobre diabo completamente ignorante com relação aos bastidores da equipe. A esperança que fica é a de que o senhor Belludo saiba o que está fazendo.

Para ser sincero, a realidade é que ando um pouco desmotivado com o campeonato desde os acontecimentos da última rodada do turno. Nas últimas temporadas temos acompanhado uma avalanche tão grande de erros de arbitragem que parte da crônica esportiva já assumiu que a interferência do juiz no resultado faz parte da aura romântica do futebol. "Os erros são democraticamente distribuídos a todos", dizem. Da minha parte, acredito que um número tão grande de erros acaba deixando os equívocos realmente cruciais fora do foco da mídia, uma vez que terminam diluídos no mar da incompetência. Com isso, fica a impressão de que tudo pode não passar de uma saborosa marmelada.

Mas deixemos as conjecturas para lá e falemos sobre a rodada desta tarde. O Timão fez o serviço na noite de ontem e nos deixou na segunda posição com dois jogos a menos. Espero que o mistão do Inter consiga parar o Fluminense e que o Atlético faça o seu papel e supere o Palmeiras. Não espero um jogo fácil. Vai ser preciso paciência para enfrentar a catimba e as artimanhas de Felipão e seus asseclas e, mais do que tudo, pontaria. Se tudo der certo, iniciamos a semana recuperando a liderança.

4 de set. de 2012

Lipoaspiração

Corínthians 1 x 0 Atlético

Ao longo da performance arrasadora do Atlético no primeiro turno do campeonato, muito se falou no acúmulo de uma "gordura" necessária para compensar a perda de rendimento que, inevitavelmente, ocorreria em algum momento. Pois bem, com a sequência de três jogos sem vitória já podemos sentir os efeitos da lipoaspiração a que o Galo foi submetido. A gordura já era e os adversários estão na cola.

A partida que o time fez em São Paulo não foi ruim. Assim como aconteceu nas últimas rodadas, faltou um pouco de capricho nas finalizações para que saíssemos do Pacaembu com um resultado melhor. O gol do Guilherme anulado no fim da partida gerou uma grande polêmica, mas o próprio jogador já havia falhado pouco antes após receber lançamento de Escudero e falharia um pouco depois, quando saiu cara a cara com Cássio. Em jogos de alto nível, as oportunidades são raras e a eficiência nas conclusões é fundamental. Pecamos e fomos merecidamente derrotados. O único aspecto positivo a ser destacado é que a camisa da sorte pode ser finalmente lavada após 16 rodadas.

31 de ago. de 2012

Os poderes do inconsciente

Atlético 2 x 2 Ponte Preta

No post anterior escrevi que a minha preocupação após o clássico era maior em relação ao aspecto psicológico da equipe do que aos dois pontos levados pela arbitragem. Os minutos inicias no Independência na noite de quarta-feira me trouxeram uma certa tranquilidade: gol marcado e boa atuação da equipe, que conseguia manter a posse de bola e criar situações de perigo. Ao longo da primeira etapa o desempenho foi caindo e começamos a tentar a ligação direta da defesa para o ataque. A Ponte, limitada mas bem treinada, ensaiava alguns contra-ataques e numa saída de bola errada nos minutos finais o ataque da macaca conseguiu pegar o nosso miolo de zaga desorganizado e empatou a peleja.

O segundo tempo começou com uma alteração um tanto insana do Cuca: Guilherme no lugar do Serginho. Com Leandro Donizete, solitário e amarelado no meio de campo, comecei a temer pelo nosso futuro. Aos 10 minutos, no entanto, o mesmo Guilherme anotou o segundo tento atleticano e trouxe, mais uma vez, a tranquilidade para o estádio. Ainda tivemos algumas oportunidades, mas Jô não estava numa noite inspirada. A Ponte partiu para o desespero e Cuca, inexplicavelmente, sacou Escudero e Jô e entrou com Neto Berola e Leonardo. O gramado do Gigante do Horto virou uma espécie de pinball gigante, com a bola sendo constantemente rebatida por nossa defesa. Aos 38 não teve jeito, Guilherme perdeu uma dividida no meio, Cicinho arriscou e a bola desviou em Leandro Donizete enganando Victor e determinando o empate. O Atlético ainda chegou perto do terceiro gol, mas era tarde demais.

É inegável que o resultado foi tremendamente frustrante para o torcedor, mas o que mais me decepcionou foi a entrevista do nosso comandante após a partida. Resumidamente, ele disse que nada deu certo naquela noite, que foi como o jogo contra o Bahia no turno e que aquela era uma semana difícil porque era complicado motivar o grupo após o empate no clássico com um gol ilegal no último lance. Pronto, o espírito derrotista estava de volta! Devaneando naquele momento de irritação, conjecturei que o inconsciente do senhor Belludo o tenha levado a bagunçar a nossa meiuca para que ele pudesse usar a desculpa do gol ilegal validado no clássico.

Sinceramente, não havia nenhuma razão para desespero na noite de quarta-feira: estivemos na frente durante a maior parte do jogo, apresentávamos um bom futebol até as desastrosas alterações e, definitivamente, o time não me pareceu nem um pouco abalado com o resultado do clássico. Assim, fica difícil entender porque o sujeito resolve revolucionar uma estratégia que vem dando resultados desde a metade do segundo turno do ano passado no meio de uma partida que era importante, mas não decisiva, contra a digníssima Ponte Preta. É preciso ter a cabeça no lugar e apostar tudo quando for conveniente apostar. Os 2 x 1 nos garantiriam mais duas rodadas na liderança.

Com partidas no meio e no fim de semana, fica difícil manter os comentários em dia. É futebol que não acaba mais! Domingo enfrentaremos o Corínthians em São Paulo e teremos a obrigação de pontuar. O time jogará completo e espero que consiga mostrar o seu melhor futebol. E Cuca, meu filho, esfria essa cabeça e volta a confiar na sua filosofia. Se for para perder, que pelo menos seja de maneira coerente!

28 de ago. de 2012

Contra todos!

Cruzeiro 2 x 2 Atlético

Passadas 48 horas do término do clássico, finalmente consegui digerir o último lance e escrever alguma coisa para o blog. Muito se falou e se debateu a respeito da partida e dos acontecimentos envolvendo a torcida e a diretoria adversária e o árbitro da partida. Especificamente com relação ao Atlético, que é o que nos interessa, parte dos companheiros ficou com o sentimento de que a vitória não veio porque faltou equilíbrio emocional ao Galo. A minha percepção, entretanto, foi diferente: se havia um time descontrolado em campo, este time era o do nosso maior rival. Inferiores tecnicamente, tentaram o tempo todo fazer o resultado na marra (e quando digo "na marra" não é só batendo ou cometendo faltas. É tentando apitar o jogo, trazendo uma animosidade desproporcional para a torcida, intimidando o péssimo árbitro no campo e nos vestiários, este tipo de coisa). Acho que, de certa maneira, o Atlético foi heroico e merecidamente - é preciso ressaltar isso - venceu o jogo na bola com um a menos em campo.

Com a falta da transmissão HD, acabei optando em assistir pela primeira vez a uma partida do Galo em um bar aqui no Rio. Éramos cerca de cinquenta ou sessenta pessoas em uma esquina de Botafogo acompanhando o jogo. Passado o nervosismo inicial e a adrenalina dos dois gols alvinegros, atravessei a rua e fiquei ali, meio de longe, esperando o apito final. O interessante era que, de alguma maneira, eu tinha a absoluta certeza de que a bola não entraria na meta de Victor - como não entrou na falta de Montillo e na sucessão de escanteios que o nosso rival teve a seu favor. No último lance, quando vi o cara derrubar o Guilherme, me dirigi ao centro do bar porque, ingenuamente, acreditei que o árbitro havia apitado o fim do jogo. Para meu espanto, o próprio algoz do nosso camisa 10 adentrou a área e deu uma assistência para o gol de empate. Foi um daqueles momentos em que me peguei pensando em como a vida seria melhor se eu deixasse o futebol para lá. Erros fazem parte do esporte, mas a falta cometida havia sido tão grotesca que consegui percebê-la a quinze metros de um televisor de 40 polegadas!

De qualquer maneira, precisamos destacar e louvar a presença do Ronaldo Gaúcho em campo. Tenho dito que é incrível perceber a diferença que este sujeito faz ao time. A camisa do Atlético, com todas as maldições e mazelas dos últimos 40 anos não trouxe nenhum peso para ele. O seu santo é, realmente, muito forte. E o que foi o tento anotado no Independência? A equipe com um jogador a menos, um homem aberto, buscando o jogo na ponta e Ronaldo decide resolver a parada sozinho - e resolve! Que festa impressionante em Botafogo! Poucas vezes vi tanta cerveja sendo jogada para o alto! O meu espanto ainda aumentou ao ver o repeteco e perceber que o defensor adversário acerta a pelota que, teimosa, volta a parar no pé do R49. É um monstro, devo admitir. Alguém se lembrou de Magno Alves no comando do nosso ataque?

Amanhã enfrentaremos a Ponte Preta e temos a obrigação de conquistarmos os três pontos e mantermos o moral elevado. Espero, sinceramente, que os acontecimentos do domingo não tenham diminuído o ânimo do elenco e que entremos em campo com o mesmo espírito que nos acompanhou ao longo de todo o primeiro turno. Cada jogo é uma batalha!

25 de ago. de 2012

Sangue frio

Atlético 3 x 2 Botafogo

Depois de mais de dois anos longe dos estádios de Belo Horizonte, foi com grande emoção que iniciei minha caminhada nos arredores do Independência no domingo passado. De pé, em frente ao Chef Túlio, enquanto aguardava a chegada dos demais companheiros, a primeira diferença a ser notada em relação às temporadas passadas era a atmosfera positiva que envolvia o ambiente. Não encontrei aquele clima tenso que tomava conta do entorno do estádio nas horas que antecediam as partidas do Atlético neste século XXI. Clima de alegria e comunhão com o time que foi aumentado quando o ônibus trazendo o time apontou na avenida Silviano Brandão e foi envolvido e celebrado pelos torcedores que entoavam o hino do clube.


De volta ao Gigante do Horto

Dentro do estádio, nos dirigimos instintivamente para o mesmo local que ocupamos ao longo de todas as campanhas que acompanhamos no Gigante do Horto: o cantinho junto ao gol do placar. E foi ali que vimos umas das partidas mais emocionantes do Brasileirão 2012. O Atlético começou nervoso com a marcação sob pressão do Botafogo, cometendo sucessivos erros na saída de bola. E foi aproveitando um destes erros que o adversário saiu na frente: Andrezinho aproveitou uma sobra e empurrou a bola para dentro do barbante.

Contrariando as máximas do passado recente, o Galo não se abateu com o gol sofrido e cresceu no jogo, aos 42 minutos Ronaldo fez um lançamento primoroso para Jô, que matou no peito e finalizou, Jefferson defendeu mas Escudero completou para a meta, empatando a peleja. O empate foi um resultado justo para o primeiro tempo.

A segunda etapa começou de uma maneira completamente distinta: o Atlético voltou a apresentar o futebol vistoso deste primeiro turno e sufocou o adversário até anotar o tento da virada aos 8 minutos. Lançamento magistral de Leonardo Silva, assistência não menos impressionante de Ronaldo para finalização de Jô. Os próximos minutos deram a impressão de que um massacre estava a caminho mas, surpreendentemente, os cariocas começaram a recuperar o controle emocional e a oferecer perigo novamente. O nervosismo aumentou, especialmente após algumas presepadas da nossa zaga, que para desespero do torcedor (em especial aqueles no nosso setor, que viam os lances em primeiro plano) tentava livrar a bola dando chapéus nos adversários e passes de letra. Aos 35 não teve jeito, Seedorf lançou Rafael Marques que sofreu pênalti de Leonardo Silva. Andrezinho cobrou e empatou novamente o jogo.

Naquele momento acabei me sentando e fiquei observando o placar, tentando encontrar consolo na regularidade da campanha e no fato de que o campeonato era longo e que pontos seriam, inevitavelmente, perdidos. Era a mentalidade atleticana da primeira década do século XXI tentando se apoderar dos meus pensamentos. Já eram 42 minutos quando, de repente, Neto Berola arrumou uma escaramuça na lateral. Na disputa de bola a redonda sobra para Carlos César que dá um passe de calcanhar e Berola penetra livre pelo lado direito da área. O estádio inteiro prende a respiração. Cara a cara com Jefferson - que fazia grande partida - o baiano dá uma cavadinha, a bola sobe e caminha lentamente em direção ao gol. Nós, do lado oposto do campo, só conseguimos ver a rede estufando, o que foi mais do que suficiente para a explosão de alegria que veio em seguida. Era o gol da vitória - e de maneira inesquecível!

Realmente, as coisas mudaram. Ainda não consigo ver o repeteco do gol de Berola sem ficar nervoso com a bendita cavadinha. Vinda de um jogador que estava há 100 dias sem disputar uma partida, ainda não consegui decidir se a magistral finalização foi pura genialidade ou uma total irresponsabilidade. A única certeza que ficou foi que este Atlético 2012 é um time perigoso e deve ser temido. Sim, estamos brigando pelo título.


Caldeirão alvinegro

Para finalizar, um pitaco sobre o clássico. Dadas as circunstâncias, o Atlético entra como favorito e devo dizer que se jogar o futebol que tem jogado normalmente, é provável que saia vencedor. Entretanto, como todos sabemos, não se trata de um jogo comum e deveremos ter todos os elementos emocionais que, por vezes, superam a técnica e levam o mais fraco a derrotar o mais forte. O mais importante para o Galo é conseguir deixar todas as tentativas de desestabilizar o time fora de campo e procurar impor o seu jogo com a frieza que lhe tem sido peculiar. É mais um jogo difícil em um campeonato longo e o que importa são os três pontos. Todo o resto podemos acertar num outro momento.

Com relação à torcida única, o que eu tinha a dizer já foi dito em um post de 2009 (o link está logo abaixo). O Clássico como espetáculo não existe mais. Quem viu, viu, quem não viu, não vê mais. Parabéns a todos os envolvidos.

http://galoforte.blogspot.com.br/search?q=retrocesso

16 de ago. de 2012

Acidentes acontecem

Atlético/GO 1  x 1 Atlético

Qualquer peladeiro esporádico sabe que há dias em que a bola simplesmente não entra. Não adianta insistir porque sempre haverá um golpe de vento, um montinho artilheiro, um capim fora do lugar que dará o fatídico desvio da pelota que rumava serelepe rumo ao filó e acaba explodindo no poste. Me lembro, em especial, de uma pelada que acabamos perdendo por 2 x 1 após termos metido três bolas na trave num mesmo lance! O destino quando quer aprontar das suas é, realmente, implacável.

Pois bem, devido à pelada semanal, não vi a maior parte da partida de ontem. Cheguei em casa e liguei o computador no momento em que Pierre mandava mais uma pedrada na trave de Márcio. Pelo que vi a partir de então e apurei após a partida, não me pareceu que o Atlético tenha jogado mal. As oportunidades apareceram, o pessoal da frente esteve presente para concluir mas a bola, danada, teimou em não entrar.  As coisas poderiam ter piorado porque perto do fim o xará de Goiânia, adepto da técnica kamikaze, quase chegou ao gol da virada em dois lances. Jogar contra o pessoal da parte de baixo da tabela é sempre complicado e sabemos disso porque estivemos lá nos últimos anos.

No fim, o resultado em Goiânia não foi dos piores. Embora a vantagem possa diminuir no complemento da rodada na noite desta quinta, os demais placares favoreceram ao Atlético. Campeonato longo é assim, pontos serão perdidos e ontem, especificamente, se tivemos azar nas tentativas de marcar o gol da vitória, tivemos a sorte de ver os adversários complicarem os clubes que disputam a ponta conosco. Mesmo o emocional da equipe não me pareceu muito abalado após a partida, o que é importante dado que no próximo domingo enfrentaremos outro adversário muito difícil.

Com relação a partida contra o Botafogo, espero que o Cuca consiga suprir os desfalques do Marcos Rocha, do Guilherme e do Danilinho para que  performance e a regularidade da equipe sejam mantidas. Acima de tudo, torço para que ele consiga repetir as atuações que o Botafogo tinha sob o seu comando quando nos enfrentava. Foram quase três anos de lascar e seria uma boa hora de começarmos a dar o troco.

13 de ago. de 2012

Um bom negócio

Atlético 1 x 0 Vasco

A manhã de ontem começou com uma verificada rápida no celular e a descoberta de que o Brasil vencia a Rússia por 2 x 0 e caminhava a passos largos para mais um ouro olímpico no vôlei. São as maravilhas da acessibilidade. Animado, me levantei e me dirigi para a sala onde já encontrei o meu irmão assistindo à final em Londres. Ato contínuo a Rússia engrena e começa a ameaçar a equipe brasileira. Bola pra cá, bola pra lá e os ex-soviéticos acabam por fechar o terceiro set ameaçando uma conquista que parecia líquida e certa para os brasileiros. Aproveitei o intervalo e um tanto angustiado fui preparar um café. Ali na cozinha entre colheradas de pó e pensamentos místicos acabei fazendo um acordo com as forças do destino: os russos levavam a medalha, mas a vitória no jogo da tarde era do Galo.

Café pronto, volto para a sala e menciono o trato para o meu irmão: esquece esse trem porque o Brasil já perdeu, mas para compensar o Atlético vence o Vasco logo mais.  A ele também pareceu um negócio muito bom. Como já era de se esperar, a Rússia atropelou a equipe brasileira e garantiu o ouro e nós, ansiosos, esperávamos as 16 horas.

Antes de falar sobre o jogo, mais um comentário. Uma coisa interessante do ponto de vista de estrangeiro morando no Rio é ver o jogo do Atlético ser narrado como um jogo do Vasco. É compreensível, dado que o time é carioca e estávamos no Rio. O fato digno de nota é que a transmissão é em rede nacional e, assim, sempre fico imaginando como seria ter o jogo do Atlético transmitido para a capital carioca com narração do Mário Caixa. Mas, vamos lá.

Embora tenha sido uma partida bastante equilibrada, Atlético e Vasco não foi uma peleja tão nervosa quanto aquela contra o Coritiba. Enfrentar um adversário consciente das suas qualidades, dos seus limites e suas fraquezas faz o jogo ser mais cerebral e menos histérico. O Coritiba - assim como o xará de Goiânia na próxima rodada - entrou como franco atirador e sua tática um tanto kamikaze poderia ter resultados imprevisíveis. Cuca tem razão, estes jogos são sempre muito complicados.


Jô sobe para anotar o único tento da partida

Em campo o Atlético foi mais time do que o adversário. Controlou o jogo a maior parte do tempo, estando seguro na defesa e um tanto afoito no ataque, desperdiçando chances importantes. Na metade do segundo tempo Ronaldo fez uma jogada genial pelo lado direito da grande área, cruzou, Fernando Prass espalmou e Jô, tranquilo, completou para as redes. 1 x 0 com sabor de goleada, mais uma vez.

O que tem me animado nesta temporada é que o time tem tido a frieza de transformar a sua superioridade técnica e tática em gols. Em nenhum dos jogos que vi até o momento percebi um descontrole emocional mais acentuado que desse uma vantagem nítida ao adversário, fato que nos acostumamos a ver nas últimas temporadas. Claro que o desempenho não é o mesmo em todas as partidas, claro que há altos e baixos, mas tem havido equilíbrio emocional e, por incrível que pareça, acho que a vinda do Ronaldinho Gaúcho tem muito a ver com isso. Além do fato de termos mantido uma base de 2011, que resulta num maior entrosamento, num bom repertório de jogadas e alternativas, a pressão de mais de 40 anos sem ganhar um título nacional passou a ser absorvida por um personagem que, até o momento, tem sido capaz de suportar este fardo.

É um campeonato muito longo e ainda não chegamos à sua metade. Muitas coisas podem acontecer e reviravoltas têm sido uma marca do Brasileirão por pontos corridos. No entanto, não podemos de deixar de reconhecer que nunca estivemos tão perto do ideal que imaginamos para o nosso time. Se mantivermos esta programação e este foco em cada jogo estaremos muito perto do sucesso.


11 de ago. de 2012

Com sabor de goleada

Atlético 1 x 0 Coritiba

A partida da última quinta-feira foi uma das mais nervosas que acompanhei nesta temporada. Não bastasse a confusão envolvendo o adiamento da peleja contra o Flamengo, ainda enfrentamos um adversário que luta contra a ameaça do rebaixamento e que é comandado por Marcelo Oliveira, um profundo conhecedor do Atlético. Embora a torcida demonstrasse entusiasmo com os desfalques dos paranaenses, dava para saber que não seria um jogo fácil.

Não foi um belo espetáculo, a marcação dura do Coritiba e a quantidade de erros de armação do Atlético, que me pareceu um pouco sem ritmo no primeiro tempo, deixaram o jogo muito amarrado. No início da segunda etapa Ronaldo cobrou um escanteio e Réver cabeceou para anotar o tento da vitória. O 1 x 0 ficou de excelente tamanho: 3 pontos garantidos e a liderança de volta mesmo com um jogo a menos do que os adversários na ponta da tabela.

Amanhã enfrentaremos o Vasco em outro jogo de "6 pontos". Os cariocas vem de boa vitória contra o Sport em Recife e, assim como o Galo, estão embalados no campeonato mantendo uma regularidade espantosa. Pelo pouco que vi do jogo dos nossos adversários na última quarta, o negócio é evitar as bolas paradas em frente à nossa área a qualquer custo. O aproveitamento de Juninho neste tipo de jogada é extraordinário. No mais, futebol por futebol, sou mais o nosso.

Para finalizar, confesso que achei um tanto estranha a transação que resultou no empréstimo do centroavante André para o Santos. Os boatos davam conta que o camisa 9 andava insatisfeito desde que perdeu o posto de titular para o Jô, mas um bom plantel sempre terá jogadores de qualidade ocupando o banco de reservas. Não dá para ganhar um campeonato com 11 jogadores apenas e a lembrança da saída de Marques para a entrada de Curê em 99 ainda me causa arrepios. Financeiramente me pareceu um bom negócio e como não conheço os bastidores do clube, fica difícil saber se havia alguma razão extra-campo para tomar a decisão. Como já disse antes, eu teria feito muita coisa diferente da atual gestão mas, apesar disso, devo reconhecer que o trem tem dado certo. Espero, sinceramente, que tenham acertado novamente.

5 de ago. de 2012

Mais do mesmo

Fluminense 0 x 0 Atlético
Atlético 2 x 0 Santos

Eu poderia começar dizendo que a quantidade de trabalho e uma viagem programada para Porto Alegre no fim de semana passado me impossibilitaram de escrever neste espaço a respeito das duas últimas partidas do Atlético, mas como diria um bom político, eu estaria "faltando com a verdade". O fato é que o adiamento intempestivo da CBF da nossa partida contra o Flamengo aqui no Rio de Janeiro me deu uma grande desmotivada. Para quem vinha embalado, é sempre complicado ser obrigado a parar e reavaliar o caminho a ser seguido. Me lembrei do maratonista brasileiro sendo parado pelo maluco de saias nas olimpíadas de Atenas: é difícil voltar ao ritmo anterior quando se tem uma interrupção não programada.

Depois de alguma reflexão cheguei à conclusão de que não adiantaria me aborrecer com isso. Ao contrário de muitos companheiros atleticanos, não acredito em conspirações contra o Galo. No caso específico do adiamento, a medida foi tomada para favorecer ao Flamengo e nós tivemos o azar de sermos os adversários da vez. Esta é a CBF e este é o campeonato brasileiro. É mais do mesmo. Se quisermos ter alguma chance de ganhar o torneio temos que ter isso em mente e encarar estes obstáculos como fatores de motivação. Não tem outra maneira. Criar um escândalo só vai contribuir para tirar o foco do time do campeonato e dar uma força aos adversários. Simplificando: mais cedo ou mais tarde o jogo vai acontecer e aí acertaremos as contas com os rubro-negros. O negócio agora é pensar no Coritiba.

Falemos das rodadas anteriores então. Não há como negar que fizemos uma grande partida contra o Santos. O Atlético apresentou, mais uma vez, um grande volume de jogo, pressionando o adversário, mantendo a posse de bola e, acima de tudo, tendo paciência para superar um meio de campo adversário que contava com três volantes de qualidade (Adriano, Arouca e Henrique) e uma péssima arbitragem que conseguiu anular dois gols legítimos anotados por Jô e Bernard. Resultado merecido e que traz muita confiança para as próximas rodadas dentro do Independência. 

O jogo contra o Fluminense eu sequer consegui acompanhar pela internet: estava voando de volta para o Rio no exato momento em que a peleja acontecia no Engenhão. Pois é, resolvi aproveitar uma promoção e comprei uma passagem meses atrás sem saber com certeza qual seria a tabela do campeonato. É claro que preços excelentes e a pequena esperança de que pudéssemos fazer uma grande campanha foram dois dos fatores que me levaram a tomar tal decisão, mas o principal foi que eu sabia que era impossível acatar a tabela da CBF como uma verdade absoluta. Digo isso por experiência própria: há alguns anos comprei passagens e me programei para ver um jogo contra o Fluminense em Belo Horizonte. Uma semana antes da partida, a CBF, "atendendo a uma demanda da televisão", alterou o dia do jogo do sábado para o domingo, inviabilizando a minha presença no Mineirão. Nada mudou, não é mesmo? Estatuto do torcedor my ass. 

Mas, enfim, foram momentos de tensão que só aumentaram quando consegui ligar o celular e recebi quase que instantaneamente um SMS do Mateus reclamando que o Cuca fizera as alterações erradas. "Acho que perdemos", disse para a minha esposa. Mas, logo depois consegui ter acesso ao aplicativo do campeonato e vi que era uma alarme falso. Empate contra um concorrente direto fora de casa. Excelente resultado! Para melhorar a rodada deste fim de semana nos favoreceu e permanecemos na liderança mesmo sem ter jogado. Formidável, não? Agora é afirmar a posição contra o Coxa na quinta em Belo Horizonte. Força, Galo!

25 de jul. de 2012

O Galo é o time da virada

Sport 1 x 4 Atlético

Mais uma rodada e mais uma grande vitória fora de casa. "O que está acontecendo com o Atlético?", fico a pensar. A partida em Recife começou um tanto nervosa, com o time errando o último passe e não conseguindo se livrar da pressão do Sport. Assim, depois de uma rápida troca de passes, os pernambucanos fizeram 1 x 0. Entusiasmado, o leão continuava em cima e foi nessa que acabou levando um contra-ataque mortal e Danilinho, oportunista, aproveitou o rebote de uma dividida e empurrou a pelota para dentro da meta adversária. 1 x 1.

O segundo tempo começou com um leve domínio alvinegro, mas a partida ainda era dura. Neste momento, Vagner Mancini resolveu entrar em cena sacando Marquinhos Paraná e botando um atacante. O que aconteceu em seguida foi um massacre atleticano: 3 gols em 10 minutos, sendo cada um mais bonito do que o outro. Ronaldinho, Jô e Bernard liquidaram a fatura para o líder do campeonato. Depois deste estrago Mancini tratou de recompor o sistema defensivo, mas não havia mais nada a ser feito. 4 x 1 para o Atlético.


Magrão observa o chute que Bernard, entre três adversários, acaba de dar. Não havia o que fazer.

A atuação de Bernard mereceria um texto à parte. O que o garoto tem feito nos últimos jogos não é brincadeira. É claro que precisamos ter paciência e que os testes tendem a ficar mais difíceis à medida que os adversários começarem a tratá-lo como um jogador que pode fazer a diferença em um jogo. Mas, independente disso, a cada partida o meu sentimento de que temos um jogador talentoso e não um peladeiro com lampejos de craque aumenta.

Muitos já mencionaram este fato, mas não deixa de ser interessante lembrar que o Bernard foi lançado na temporada passada pelo Dorival Júnior na lateral direita. Pouco depois acabou sendo devolvido aos juniores, onde liderou a equipe e conquistou o penta da taça BH, jogando com raça e comprometimento, marcando inclusive o gol do título. Voltou aos profissionais através do Cuca e acabou se firmando na reta final do Brasileirão 2011 e no campeonato mineiro deste ano. Há de se louvar a persistência do garoto.

Aliás, é interessante ver como o nosso camisa 11 destoa da leva de jogadores que tem surgido atualmente nas entrevistas e no próprio estilo. Sem moicano, tatuagens, pedaladas e reboladas, responde às perguntas com sinceridade, sem ficar recorrendo aos jargões que estamos cansados de ouvir durante as transmissões. Após a partida contra o São Paulo - nossa única derrota no campeonato - acabou fazendo um desabafo por ter perdido um gol de frente para o goleiro:

"Se o Bernard não foi culpado por essa derrota, teve grande parte dela. A finalização é que não está saindo. Estou correndo, estou dando raça pelo time, mas não está adiantando. Então, se não está adiantando, eu tenho que rever tudo o que eu estou fazendo, tudo o que estou rendendo dentro de campo. Se continuar um atacante errando esses gols aí, eu não vou sobreviver no futebol."

Coincidência ou não, daquela partida em diante o cara começou a fazer a diferença nas partidas e tem atuado com uma regularidade e uma eficiência realmente impressionantes. Esperemos que ele continue com a boa cabeça que parece ter e que resista às tentações do "mundo das celebridades".

21 de jul. de 2012

Quebrando tabus

"O inimigo não merece compaixão" - Kreese, John (Karate Kid)

Atlético 3 x 1 Inter

Depois da virada espetacular na noite do sábado passado, as expectativas para a partida contra o Internacional em Belo Horizonte aumentaram ainda mais. Como foi amplamente divulgado, o colorado tem sido uma pedra no sapato alvinegro desde o início da era dos pontos corridos, era que, coincidentemente, é registrada e acompanhada por este espaço. Os gaúchos são adversários tão indigestos que venceram o Atlético no dia do meu casamento, para alegria da família da noiva, colorada em sua maioria.

O Internacional foi para Belo Horizonte desfalcado de algumas das suas principais estrelas: seleção olímpica, contusões e preparações para a estreia diminuíram bastante o poder do nosso adversário, temos que reconhecer. Por outro lado, isso não era problema do Atlético e o nosso negócio era manter a liderança - daí a citação no início deste post. Assim, embora o encontro fosse tratado como um jogo de "12 pontos" pelos dirigentes colorados, entendi que havia um ligeiro favoritismo para o Atlético. O principal aliado dos gaúchos era o tabu: 10 anos sem perder para o Galo.


Com relação a este fato, me lembrei de uma correlação que descobri nos últimos anos: quando consigo jogar bem na pelada semanal, o Atlético costuma obter um bom resultado. Desta maneira, imbuído deste espírito místico, vesti meu uniforme completo do Galo e  parti para o Humaitá. O surpreendente foi que não só consegui fazer uma boa exibição como anotei inacreditáveis 12 tentos em uma hora e meia, fato que acabou me trazendo a certeza absoluta de que aqueles 3 pontos contra os gaúchos já estavam no papo.


Cheguei em casa e o primeiro tempo já passava dos 20 minutos. O que vi foi um Atlético tranquilo em campo, girando a bola e buscando o espaço para finalizar com qualidade. O Inter, retraído, não oferecia perigo à meta de Vítor. Ainda no primeiro tempo, D'Alessando arrumou uma escaramuça com o árbitro e acabou levando o cartão vermelho. A situação piorou ainda mais para o adversário, que acabou levando um gol na última volta do ponteiro: lindo chute de Guilherme que bateu na trave, nas costas de Muriel e morreu no fundo do barbante. 1 x 0 Galo.


Faz a alegria da massa, Galo!


O segundo tempo foi uma repetição do primeiro até o segundo gol atleticano, anotado por Léo Silva, o zagueiro artilheiro. A partir de então o Inter impôs uma correria que resultou no gol de Fred e trouxe apreensão para a torcida atleticana ao longo de toda a segunda metade. No fim, um contra ataque mortal puxado por Bernard e finalizado com precisão por Escudero, liquidou a fatura e nos assegurou a liderança do certame. Mais uma vitória merecida.

Daqui a alguns minutos entraremos em campo contra o Sport em Recife. Jogar quarta e sábado não é brincadeira. O consolo é que os pernambucanos estavam em Porto Alegre - viagem um pouco mais longa do que a nossa. Com o resultado negativo obtido na capital gaúcha (1 x 3 contra o Grêmio), o leão deve partir para cima do Galo. Espero que nosso contra-ataque esteja afiado e que consigamos sair com mais um bom resultado da Ilha do Retiro. Ademais, considero vencer o Vagner Mancini uma obrigação depois do que vimos e ouvimos durante a sua passagem pelo nosso maior rival.


Para finalizar, faço votos que a seleção do Mano conquiste a medalha de bronze em Londres. Não consigo torcer pela "amarelinha" da Nike, do Mano, enfim, da CBF. Mas, o melhor cenário para o Atlético é que a juventude brasileira permaneça na terra da rainha o maior tempo possível desfalcando nossos adversários. O bronze eu desejo para não parecer muito ranzinza - é sempre melhor vencer do que perder a última partida. 

15 de jul. de 2012

No limite

Figueirense 3 x 4 Atlético
Atlético 2 x 0 Portuguesa

O atleticano está em estado de graça: 4 vitórias consecutivas no Campeonato Brasileiro, quebras sucessivas de tabus, uma virada espetacular e a manutenção da liderança. Isso não é normal, então o negócio é aproveitar o quanto der.

O trabalho, mais uma vez, me impediu de relatar as minhas impressões relativas ao jogo contra a Lusa na rodada passada. Apesar dos 2 x 0, a partida foi equilibrada no primeiro tempo e o 1 x 0 pode ser considerado um grande resultado. Na segunda etapa o Atlético retomou as rédeas da partida e liquidou o adversário após uma falha de Dida em cobrança de falta de Ronaldinho que Leonardo Silva completou para o fundo das redes.

A partida de ontem começou com o Galo dominando o meio e chegando até com certa facilidade ao primeiro gol. Ronaldinho converteu pênalti sofrido por Marcos Rocha. A partir daí, me pareceu que uma certa soberba tomou conta do time e o Figueirense, aos poucos e com muita correria, foi envolvendo o nosso time e chegou, merecidamente, ao empate em uma jogada ensaiada em cobrança de falta. Logo depois, Marcos Rocha errou uma cobrança de lateral e num contra-ataque fulminante os catarinenses chegaram a virada com Júlio César.

Para o segundo tempo Cuca voltou com Serginho e Guilherme nos lugares de Leandro Donizete e Danilinho. O time esboçou uma reação mas logo acabou levando o terceiro em mais uma falha coletiva da retaguarda mineira. Em busca de consolo, comecei a refletir futebolisticamente: "está tudo bem, já ganhamos 3 fora de casa, o campeonato é difícil e uma hora a casa ia cair. O importante é manter a cabeça erguida e a confiança para buscarmos a recuperação em Belo Horizonte.".

Ainda absorto em meus pensamentos, comecei a testemunhar uma espécie de milagre: toda a energia do Figueirense pareceu passar para o nosso lado e passamos a envolver o adversário com uma certa facilidade. Aos 19 minutos, Ronaldinho cobrou falta e Leonardo Silva cabeceou para dentro da meta catarinense. "Uai, pode ser que dê pra buscar um empate", pensei. O otimismo, entretanto, durou pouco já que dois minutos depois Leonardo Silva falhou espetacularmente e o atacante do Figueirense saiu na cara de Victor. Felizmente, a sorte desta vez estava do nosso lado e o camisa 9 chutou para fora. 

Ainda digeria a pixotada do nosso zagueirão quando, aos 25, Ronaldinho cobrou rapidamente uma falta armando o contra ataque, Marcos Rocha lançou, Jô cruzou e Bernard, se redimindo de ter chegado atrasado em uma jogada semelhante no início do segundo tempo, empatou a partida. A partir dali o Figueirense foi o Chael Sonnen sentado, com aquela expressão patética, esperando a joelhada do Anderson Silva. 

E, assim como na luta da semana passada, onde a caminhada de Silva em direção ao seu adversário pareceu acontecer em câmera lenta, a jogada de Guilherme na entrada da grande área, dominando a pelota, caminhando, procurando a alternativa, lançando Serginho e se posicionando para receber o passe e finalizar para o gol adversário pareceu durar uma eternidade. O impressionante foi que a jogada se desenhou com tanta clareza, que antes de Serginho realizar o passe já gritei para a minha querida esposa: "é caixa!". E, de pé, pude comemorar a heroica virada.

No fim, o mestre Cuca ainda colocou Richarlyson para trazer mais emoção para a rapaziada. Com a sua tradicional displicência e o seu odioso futebol moleque no pior sentido, Ricky arrumou uma presepada no meio e quase possibilita o empate ao adversário. É um miserável inconsequente!  

Grande vitória e a torcida tem o direito de se entusiasmar. Entretanto, não podemos de deixar de destacar a fraca atuação do sistema defensivo, que vinha se portando muito bem ao longo do campeonato e apenas na partida de ontem conseguiu tomar tantos gols quantos havia tomado até então. Leonardo Silva fez uma partida ruim e Victor cometeu uma falha bisonha. A desconfiança em relação ao potencial do elenco e às possibilidades do time ainda continuam em certa medida. É preciso paciência.

Quarta-feira enfrentamos um dos nossos maiores algozes, o Internacional. Sem bater os gaúchos pelo Campeonato Brasileiro desde 2001, já passou da hora de acertamos as contas com eles. Espero que não passe desta semana.

8 de jul. de 2012

Prognósticos e chutes

O bom início de campanha tem animado os atleticanos neste brasileirão 2012. Desde a mudança da fórmula de disputa do campeonato para pontos corridos apenas em duas oportunidades o Galo disputou uma posição na metade superior da tabela: 2003 e 2009, ambas com Celso Roth no comando. Nestas duas temporadas, o Atlético largou bem mas não teve a qualidade necessária para se manter nos primeiros postos. Elenco limitado, deficiências técnicas, físicas e emocionais nos impediram de chegar mais longe.

Se 2009 foi uma espécie de repetição de 2003, 2010 foi de 2004 e 2011 - por pouco - não foi a de 2005. Sempre cobramos coerência nas contratações e a manutenção de uma base para conseguirmos formar uma equipe e, bem ou mal, 2012 começou com uma base montada ao longo do segundo semestre de 2011 e com contratações pontuais. Neste ponto, mesmo a contragosto, sou obrigado a dar crédito ao Kalil por ter mantido o Cuca e o elenco após aquela desastrosa derrota contra o nosso maior rival na última rodada do campeonato. Eu, passional, teria demitido o treinador e metade dos jogadores.

2012 começou com poucas contratações (Leandro Donizete, Pierre - em definitivo, Escudero, Rafael Marques e Marcos Rocha) e com a conquista do Campeonato Mineiro de maneira invicta, fato inédito desde 1976. Em compensação, fomos eliminados de maneira bisonha na Copa do Brasil pelo Goiás, equipe que atualmente disputa a Série B do Brasileiro. E é preciso ressaltar que mesmo tendo vencido o mineiro, o desempenho do time não foi convincente. 

Diante das limitações apresentadas, o clube foi atrás de reforços e trouxe alguns renegados dentro do futebol brasileiro: Jô, dispensado do Inter por indisciplina e Ronaldo Gaúcho e Júnior César do Flamengo. O ex-R9 era perseguido pela torcida e estava em litígio com o clube carioca e o lateral esquerdo estava fora dos planos dos rubro-negros. Finalmente, na semana passada, fechamos com o goleiro Victor, arqueiro gremista desde 2008.

E quais as diferenças em relação a 2003 e 2009?

- A base. Roth chegou em 2003 e 2009 para apagar incêndios e conseguiu tirar água de pedra do que tinha em mãos. Em 2012 temos uma base razoável, que conseguiu fazer um excelente returno em 2012 - estando invicta em casa desde então - e que foi reforçada em posições carentes  

- O banco é razoável. O time tem ido bem sem Réver, André e Guilherme - que fez um excelente campeonato mineiro antes de se contundir. Filipe Soutto, Serginho e Richarlyson, nesta ordem, são boas opções de volantes para Cuca. Ainda temos Escudero e Juninho. Talvez o zagueiro Luis Eduardo destoe deste grupo, mas tenho esperanças de que haja alguém na base que possa ser aproveitado.

- Estamos de volta a Belo Horizonte. As duas temporadas nefastas no pasto do Jacaré foram terríveis para o alvinegro que SEMPRE foi um time que usou muito bem o fator casa. A torcida faz muita diferença.

- Treino. Ao contrário de Dorival e Luxemburgo, dá para ver claramente o dedo de Cuca no time. O cara é emocionalmente instável? Tem dificuldades nos momentos decisivos? Sim, tudo isso é verdade. Mas precisamos reconhecer que o Atlético 2012 tem padrão de jogo e consistência tática. As partidas que vi foram vencidas pelo Galo porque o time esteve melhor em campo e fez valer a sua superioridade.

- Motivação. O time está correndo e lutando muito e a chegada de Ronaldo e Jô, jogadores rodados, parece ter feito bem para a equipe, por incrível que pareça. Ronaldo não é mais aquele, mas recebe atenção especial de todos os adversários e aumenta os espaços para Bernard e Danilinho jogarem. 

E os cuidados a serem tomados?

- O excesso de confiança da torcida. Assim como a massa desestabiliza o adversário nos jogos em Belo Horizonte, esse poder pode ser facilmente revertido contra o próprio clube - como efetivamente foi revertido nas rodadas finais de 2009. É bom o Kalil ficar com a boca fechada e transmitir paciência e serenidade para todos. Será que ele tem esta capacidade?

- Regularidade. O brasileiro é um campeonato longo e nenhuma equipe consegue manter o alto nível nas 38 rodadas. Quem larga na frente, inevitavelmente tem uma queda de produção e, se estiver bem planejado, recupera as energias para um "sprint final". Mais uma vez, é preciso paciência.

- Cuca. Como já disse, é trabalhador e treina o time mas, historicamente, acaba arrumando problemas com o elenco. Nosso diretor de futebol é fraco e o Kalil é um passional maluco. Quem teria a capacidade de gerenciar esta situação? Seremos capazes de superar a crise da perda de performance? É preciso pensar a respeito.

- A perda do fator surpresa. Desprezado como "cavalo paraguaio" no início do campeonato, a regularidade e o bom desempenho do time fazem com que os adversários passem a atuar com mais seriedade e a estudar o esquema de jogo, dedicando mais tempo e atenção e se preparando mais para as partidas. Em 2009, quando os adversários passaram a se defender ao invés de nos atacar e possibilitar os contra-ataques, nos demos muito mal. A partir daí, veremos se temos, realmente, uma superioridade técnica capaz de nos levar a vôos mais altos.

É claro que há uma série de outros aspectos a serem avaliados mas, em síntese, acho que é isso que nos aguarda em 2012. 

Sobre a rodada deste domingo, temos a obrigação de vencer a Portuguesa no Independência. Geninho é um velho desafeto e qualquer resultado que não seja a vitória é considerado uma ofensa pela torcida alvinegra. 1 x 0 já está de bom tamanho.

1 de jul. de 2012

Bernard e mais 10

Grêmio 0 x 1 Atlético

Há muito tempo não ficava tão nervoso com uma partida do Atlético. Os acontecimentos das últimas semanas somados ao bom início de campeonato deu ares de decisão ao jogo do início desta noite em Porto Alegre.

Pouco antes do início da partida, recebi uma ligação do Marcos, ilustre amigo gremista, que queria ver o jogo mas devido a um infeliz imbróglio com a NET, que tenta restabelecer o seu serviço de tv a cabo desde que ele se mudou para o novo apartamento há duas semanas, estava impossibilitado de fazê-lo. Coisas do Rio de Janeiro. Naturalmente (ainda que com a pulga atrás da orelha - na última vez em que vimos este clássico juntos, o Grêmio nos bateu na Arena do Jacaré por 2 x 1), convidei o nobre colega para assistir à partida no conforto do meu lar.

Os primeiros momentos da partida foram tensos, o tricolor tentava pressionar, o Atlético buscava encaixar algum contra-golpe e a torcida gremista fazia questão de demonstrar que jamais perdoará Ronaldinho, entoando o coro de "pilantra" toda vez que o R49 dominava a pelota.

Aos 25 minutos o galo conseguiu um corner, Ronaldo cobrou, a bola sobrou na lateral esquerda, Bernard dominou de costas, girou e aplicou um chapéu estilo R49 no seu marcador, a bola quicou quase dentro da grande área e o segundo gremista se aproximou, apenas para levar um chapéu de chaleira. Antes da bola quicar, Bernard cruzou e Jô, de voleio, mandou para o fundo da meta tricolor. Um dos gols mais espetaculares que já vi o Atlético marcar.

A situação era tão inusitada e o desfecho tão improvável, que à medida que a jogada ia acontecendo, eu ia narrando para o Marcos, que estava ao meu lado: "IH, chapéu", "IH, outro" e, de pé, já mandando um "PU-TA-QUE-PA-RIU, QUE GOLAÇO!!". Inesquecível, sem dúvida!






Jogada genial de Bernard e conclusão precisa de Jô

Dali em diante o meu nervosismo aumentou: a possibilidade de assumir a liderança do campeonato, de derrotar Marcelo Moreno, Kleber e Luxemburgo e de bater o Grêmio no Olímpico depois de 14 anos simultaneamente, levaram a minha pulsação para a casa das centenas. E ainda eram 25 minutos do primeiro tempo!

Mas, o que vimos em campo foi um Atlético bastante consciente da sua proposta e jogando o seu jogo contra um adversário vigoroso mas um tanto desorganizado. Zé Roberto fez uma boa estreia, mas o ataque não funcionou bem e as alterações do Luxemburgo me pareceram equivocadas. Aos 37 do segundo tempo, após uma escaramuça no meio de campo com Pierre, Paulo César Oliveira expulsou Anderson Pico. A expulsão foi mesmo exagerada, mas não acho que tenha sido o fator determinante para a vitória atleticana. No fim, o Grêmio foi para o abafa, mas não conseguiu incomodar Giovanni.

No cômputo geral, o Atlético foi um time melhor do que o Grêmio, mais bem treinado eu diria. O tricolor rondou perigosamente a nossa área durante toda a segunda etapa, mas não conseguiu concluir com perigo, enquanto o Galo chegou duas vezes na cara de Marcelo Grohe, que fez grandes defesas em chutes de Jô e Escudero. Excelente partida de Danilinho, Bernard e Leandro Donizete. Ronaldinho foi regular, mas sempre será o cara que chama a marcação e desloca a atenção dos adversários. Giovanni esteve muito bem e demonstra que será um reserva importante para o Victor.

Enfim, conquistamos três pontos importantíssimos e é agora que começa a hora da verdade: será que este time é capaz de se manter no topo? Este é assunto para um próximo post.


30 de jun. de 2012

Habemus goleiro

Atlético 5 x 1 Náutico
São Paulo 1 x 0 Atlético

Sem conseguir um link decente para acompanhar a partida no Morumbi há duas semanas atrás, acabei abdicando do jogo para ver algum outro da Eurocopa. Acredito que não foi um mau negócio dado o placar adverso. Os relatos dizem que o time esteve abaixo do normal, mas ainda assim tivemos duas chances com o Bernard que acabou não botando a bola para dentro.

Na semana seguinte enfrentamos o Náutico em Belo Horizonte e saímos com um placar elástico que nos levou à vice liderança do campeonato. O Galo pulou na frente logo nos primeiros minutos, ironicamente com um gol de Bernard. O Timbu chegou ao empate após uma falha do Giovani e o jogo ficou equilibrado. Cuca, percebendo que o trem estava ficando feio para o nosso lado, sacou Richarlyson aos 28 minutos do primeiro tempo e botou Serginho para jogar. Irritado, Ricky foi direto para o vestiário. Verdade seja dita: o erro de Cuca é manter o cara como titular ao longo de toda a temporada. Sei que o investimento é alto e que o atleta goza de certo prestígio, mas, sinceramente, não acho que o ex-são-paulino tenha feito uma grande partida pelo Atlético até hoje. Se ele se limitasse a jogar o feijão com arroz, talvez fosse mais útil ao time, mas com esta maldita mania de dar passes de trivela e errar todos os cruzamentos e bolas paradas ele acaba sendo o maior fornecedor de contra-ataques do meio alvinegro. Enfim, nunca é tarde para se corrigir o erro.

O resultado final mostrou que Cuca tinha razão. Embora o juiz tenha assinalado um pênalti maroto a nosso favor, não acho que o Náutico tivesse forças para conter o ímpeto do Atlético. Não sou o maior fã do nosso treinador, mas devo admitir que a equipe montada por ele tem padrão de jogo, é brigadora e, ao contrário das temporadas anteriores, tem demonstrado ser um adversário perigoso. Dadas todas as circunstâncias envolvendo o Clube Atlétio Mineiro ao longo da última década, não almejo pedir mais do que isso. Vamos ver até onde vai todo este comprometimento.

Para terminar a semana, Kalil anuncia que Victor é o novo goleiro do Atlético. Sei que o arqueiro tricolor vinha sendo questionado por sua torcida, mas a reação dos gremistas ao saberem da transação deixa a impressão de que pode dar certo. 3 milhões de euros mais o Werley me pareceu meio caro, mas... Não, não vou cornetar o Kalil desta vez! Sempre achei o Victor um grande goleiro e faço votos que assuma a meta alvinegra para não mais sair nas próximas cinco temporadas.

10 de jun. de 2012

O travessão é justo

Palmeiras 0 x 1 Atlético
Atlético 1 x 1 Bahia

Partidas marcadas para as noites de quarta sempre terão a concorrência da pelada semanal que ocorre no Humaitá. Como o profissionalismo fala mais alto neste momento, acabo acompanhando o desenrolar da peleja através de algum aplicativo de celular. Foi assim que soube da abertura do placar pelo Jô e, já no táxi a caminho de casa, do gol de empate dos baianos. O resumo da partida minuto a minuto indicava que o Galo teve o domínio em campo mas faltou a competência necessária para fazer converter esta superioridade em gols. O jogo acabou com duas bolas no travessão em cabeçadas do jovem atacante Paulo Henrique que determinaram o empate. Na minha opinião, dois pontos perdidos. Na do meu irmão, que viu o jogo ao vivo, o time jogou bem, o adversário achou um tento e, infelizmente, num campeonato longo com o brasileiro, pontos serão perdidos em jogos considerados tranquilos. Como ainda estávamos na terceira rodada, resolvi dar um voto de confiança a este indivíduo e dormi tranquilo. Com o feriadão programado para o fim da semana, receberia a visita da família e verificaríamos in loco se ele estava certo ou errado.

E assim foi. Ontem, às 21 horas de um sábado - impossível pensar num horário "melhor" para um jogo de futebol - estávamos no sofá com o computador ligado na televisão prontos para assistir à partida no melhor "streaming" que obtivéssemos. O jogo começou com uma pressão um tanto desordenada do time da casa e sofremos algum perigo durante os primeiros 10 minutos. Apesar disso, o time esteve tranquilo em campo e, passado o susto inicial, passou a fazer valer o seu melhor futebol. O Palmeiras se limitava a uma jogada: bolas paradas com o Marcos Assunção. Com uma presença melhor em campo, o Atlético poderia ter saído na frente ainda no primeiro tempo se não fosse um gol incrível perdido pelo Bernard, que ficou cara a cara com o arqueiro alviverde e chutou a bola para fora. Ronaldo, o estreante da noite, fez um primeiro tempo discreto mas seguro. Não arriscou muito e, na maioria das vezes, acertou as jogadas que tentou fazer.

Veio o segundo tempo e o Galo logo saiu na frente: Bernard arrumou uma escaramuça na lateral direita do adversário e cruzou com precisão para a conclusão de Jô. Felipão tentou algumas alterações, mas o Atlético esteve melhor ao longo de toda a segunda etapa, chegando a ter dois gols mal anulados pelo péssimo árbitro (um deles após um lançamento de cerca de 40 m feito pelo Gaúcho e finalizado pelo Jô). No fim, repetindo o que nos aconteceu na noite de quarta, o verdão mandou duas bolas no travessão de Giovani, ambas em cobranças de falta de Marcos Assunção. Desta vez a sorte esteve do nosso lado. Vitória justa do Galo e a liderança provisória do campeonato assegurada por uma noite.


Aonde chegaremos com esta dupla da pesada?

O que vi do Atlético até agora me deixou satisfeito. Ainda acho que estamos distantes do ponto de sermos considerados favoritos ao título ou, até mesmo, a uma vaga na Libertadores. A vantagem é que o time tem sido regular - característica essencial neste tipo de torneio - praticando um futebol que se por um lado não é vistoso, por outro é eficiente na defesa e rápido no ataque. Ronaldo teve uma estreia discreta, mas não se furtou a ser uma referência quando houve a necessidade: distribuiu bolas, segurou quando era necessário e participou relativamente bem nos lances de bola parada. Estava tranquilo em campo. Além do futebol, acho que com sua bagagem pode contribuir absorvendo uma demanda que é excessiva da torcida para um elenco jovem como o nosso. Enquanto isso, os traumas das temporadas passadas me fazem contabilizar 35 pontos para nos livrarmos dos riscos de rebaixamento.

6 de jun. de 2012

Eu também o faria

Atlético 1 x 0 Corínthians

Em sua estreia em casa pelo Brasileirão 2012, o Atlético conseguiu uma importante vitória contra o Corínthians. Não ouso dizer que o Galo fez uma grande partida, mas o escrete alvinegro compensou a notória falta de talento com muito suor e disposição e acabou sendo premiado com um gol de puro oportunismo de Danilinho. Alguns dirão que o adversário estava desgastado pelo confronto contra o Vasco da Gama pela Libertadores no meio daquela semana - o que é verdade - mas acredito que, dentro das suas limitações, o Galo fez uma boa partida e mereceu a vitória. Acrescentaria que a postura vista em campo diante de uma equipe decente como o alvinegro paulista, se repetida com regularidade ao longo do torneio, certamente nos garantiria ao menos uma posição no pelotão intermediário do campeonato. Digo "acrescentaria" porque um fato ocorrido nesta semana mexeu com toda a nossa programação. O fato, como todos sabem, se trata da contratação de Ronaldinho Gaúcho pelo Atlético.

Aproveitando-se do rompimento entre o apoiador gaúcho e o Flamengo, Alexandre Kalil puxou primeiro o gatilho e garantiu o ex-R10 na Cidade do Galo. Conhecedor dos rompantes megalômanos e fanfarronices do nosso presidente, que não raro constrangem os atleticanos, acreditei que os relatos de Ronaldo Gaúcho no Atlético não passavam de boato. Para surpresa geral, a contratação foi confirmada no início da tarde, o que fez com que a minha estação de trabalho fosse invadida por mensagens de colegas comentando o assunto do momento.

Depois de muito refletir, cheguei à conclusão de que se as condições para a contratação do Ronaldo foram aquelas divulgadas pelo Atlético, eu também faria o negócio. Não temos outro atleta para a posição e me pareceu que foi uma oportunidade de mercado. É arriscado, eu sei, mas se eu tivesse que selecionar entre Danilinho, Escudero, Mancine e Ronaldinho em uma pelada, não teria dúvidas em escolher o ex-camisa 10 da seleção. O maior risco talvez seja a perda de coesão do grupo mas, com toda a honestidade, depois do que vimos na última rodada do ano passado, não boto fé no nosso elenco em um momento decisivo. Na minha opinião, o Atlético está certo em correr o risco. Vamos ver o que acontece.


Banca de jornal na manhã do dia 05/06

No mais, acrescento que fiquei surpreso com a virulência com que o jogador foi tratado por toda a imprensa carioca (em especial pelos veículos da Globo). Me pareceu uma reação do tipo "mexeu com o Flamengo, mexeu comigo", o que fez com que, da minha parte, surgisse até uma certa simpatia pelo dentuço. Pode até ser que dê errado (acho que as chances hoje são 50%-50%), mas seria um acontecimento e tanto se desse certo.


27 de mai. de 2012

Fórlan, etc

Ponte Preta 0 x 1 Atlético
Atlético 3 x 0 América
América 1 x 1 Atlético
Atlético 2 x 1 Goiás

As semanas que fiquei fora de casa foram boas para o torcedor atleticano: conquistamos de maneira invicta o Campeonato Mineiro 2012 e começamos o Brasileirão com o pé direito. A conquista do mineiro veio após uma vitória por 3 x 0 contra o coelho. Se o título pareceu ameaçado após o empate na primeira partida, bastou apenas um tempo no jogo de volta para assegurarmos o quadragésimo primeiro campeonato mineiro. Não acompanhei a estreia no brasileiro, mas a vitória contra a Ponte em Campinas pode ser considerada um bom resultado. Num campeonato longo como o brasileiro, três pontos são sempre muito bem vindos independente da atuação. De qualquer maneira, o mini campeonato paulista que disputaremos nestas cinco primeiras rodadas já servirá para avaliar qual o potencial do clube.

O grande assunto das últimas semanas, entretanto, é a tentativa de contratação do atacante Fórlan pelo Atlético. Eleito o melhor jogador da copa de 2010, o uruguaio não foi aproveitado nesta temporada pela Inter de Milão que estaria disposta a negociá-lo. Obviamente, trazer um jogador deste quilate para a Cidade do Galo poderia ser um feito extraordinário. Digo poderia porque não consigo entender porque Fórlan voltaria neste momento para a América do Sul. Mesmo que não tenha conseguido ser firmar na Inter, o jogador seguramente tem mercado em outros clubes na Europa e do Oriente Médio. Como ele não me parece uma espécie de jogador baladeiro à la Ronaldinho Gaúcho, restariam duas opções: ou já se encontra em fim de carreira, sem maiores ambições ou está bichado.

O que mais me preocupa, na verdade, é que o Atlético carece de reforços e quando a diretoria decide investir pesado numa negociação com alta probabilidade de fracasso, diversas oportunidades de contratação são inviabilizadas por falta de recursos. Não me parece uma estratégia inteligente. Mas, vindo de onde vem, não dá para ficar surpreso.

30 de abr. de 2012

Nostalgia e o império da mediocridade

Na manhã de hoje me encontrei com um velho companheiro dos tempos de Mineirão e Independência nos anos 90. Como não poderia deixar de ser, após algum tempo nos atualizando sobre os fatos e eventos que aconteceram em nossa vida nos últimos 10 anos, acabamos tratando do Clube Atlético Mineiro. Naquela época, com a falta crônica de recursos que caracteriza a vida de estudante, chegamos ao ponto de pedirmos carona na avenida Antônio Carlos para chegarmos ao Mineirão e vermos um Atlético x Villa Nova pelo campeonato mineiro numa quarta à noite. Um verdadeiro programa de índio. Mas, infelizmente, foi necessário pouco tempo para sairmos das boas lembranças e chegarmos ao lamentável estágio atual do clube.

Quanto mais converso e discuto com os amigos, mais me parece claro que o grande legado de Kalil, Guimarães e Maluf será ter creditado ao Clube Atlético Mineiro uma reputação de ser um lugar tranquilo para se trabalhar: pagamentos são feitos em dia, vive-se num hotel 5 estrelas, com direito a fisioterapeutas, preparadores físicos e médicos de seleção brasileira. E o melhor: não há cobrança por desempenho! Pode-se colecionar goleadas do maior rival que nada vai acontecer. Realmente, um excelente negócio para todos - exceto o torcedor. Cabe a este pagar o ingresso, comprar mercadorias licenciadas do clube, assinar o pay per view e ficar de bico calado.

Deixando a ironia de lado, o problema é que qualquer empresa ou empreendimento sem comando anda solto, sem rumo e sem foco e, consequentemente, não obtém bons resultados. Para grande parte das pessoas, trabalhar sem pressão é o melhor dos mundos. Basta se acomodar em uma posição qualquer onde não se faça notar e tudo transcorrerá bem até a aposentadoria. Se quiser trabalhar está bom, caso não queira está bom também. O problema da organização que se torna conhecida por essas características são, basicamente, dois: a lei do menor esforço a leva naturalmente a uma produtividade medíocre e, o que é pior, as pessoas sérias só permanecem ali até o ponto de perceberem o buraco em que se meteram e caírem fora.

Digam: que jogador de ponta ambicionaria jogar no Atlético atualmente? Quais os prognósticos de um sujeito que chega ao Galo hoje? Lutar para não cair? Desmotivante, não? Durante um tempo eu ainda acreditei que cair nas graças de uma torcida fanática fizesse alguma diferença nos anseios de um jogador. Mas, atualmente, ser celebridade basta e isto tem pouco ou nada a ver com a performance do atleta. Sendo assim, ou a liderança cria um ambiente propício para a montagem de um grupo comprometido e trabalhador ou se prepara para contratar grife, vender camisas e encher álbum de figurinhas. Futebol que é bom, só se (e quando) o elenco quiser.

Bom, a semifinal de ontem qualificou o América como nosso adversário na final do Campeonato Mineiro 2012. Sem dúvida, é um adversário mais fraco mas é preciso considerar que desde a reta final do Brasileirão 2011 o coelho tem jogado melhor do que a dupla galo e raposa. Durante o turno vencemos a duras penas o clássico por 2 x 1 com um jogador a mais durante a maior parte do jogo. Não vai ser fácil. A menos que haja uma mudanças de atitude (a qual não se desenha no horizonte), as probabilidades de se deixar escapar o quadragésimo primeiro título mineiro são reais.

28 de abr. de 2012

Um roteiro conhecido

Atlético 1 x 0 Tupi
Goiás 2 x 0 Atlético

Eis que a partida contra o Goiás no meio de semana foi transmitida ao vivo pela ESPN e pelo Sportv, canais disponíveis em nossos alojamentos em São Roque do Paraguaçu. Jogo às 22:00 é um tanto desumano para quem tem que se levantar às 6 e, assim, tentei me preparar fisicamente para me dedicar a esta tarefa. Infelizmente, quebrar a rotina não é um troço fácil e entre uma distração e outra acabei me sentando para ver o jogo sem ter descansado um minuto sequer.

As duas horas diante da telinha foram mais um exercício de paciência do que qualquer outra coisa. O Goiás, nosso eterno carrasco, mostrou ser uma equipe fraca e limitada, mas correu e lutou desde o primeiro minuto com um vigor invejável. O Atlético foi aquele time digno de dó que temos nos acostumado a ver. Tem um elenco razoável mas não consegue montar um grupo. Apático, cometendo erros de fundamento ridículos e indiferente ao que acontecia dentro de campo, o Galo não conseguia criar e tampouco evitar que o adversário chegasse à sua área nos poucos momentos em que detinha a posse de bola. No fim acabamos perdendo por 2 x 0, praticamente jogando no lixo qualquer chance de progresso na Copa do Brasil 2012.

A partida de hoje contra o Tupi não teve transmissão, como já era de se esperar. Ouvi o fim na rádio itatiaia e me pareceu que não estivemos melhores do que na quarta passada. A verdade é que, independente do vencedor na segunda semifinal do Mineiro amanhã, qualquer atleticano com um pouco mais de vivência já conhece bem o roteiro do que está por vir nas duas próximas semanas. A menos que um milagre seja operado na Cidade do Galo e, no fim, cada atleta do clube seja imbuído de um espírito guerreiro destemido e brioso, a tragédia nos aguarda. É desnecessário descrever em pormenores.

22 de abr. de 2012

Tradição

Tupi 1 x 1 Atlético

Começo adiantando que não vi a partida desta tarde. Meu retorno à Bahia me impediu de acompanhar a peleja em Juiz de Fora. Não tenho ideia de como foi o desempenho da equipe, mas acredito que não teremos dificuldades em garantir a classificação em Belo Horizonte ou Sete Lagoas.

O fato mais relevante da semana acabou sendo uma entrevista do nosso presidente ao PFC. Como já não sou assinante deste canal há algum tempo, apenas li a transcrição do seu depoimento. Entre outras coisas, Kalil disse que o Atlético é franco favorito no Campeonato Mineiro e que nunca tivemos a tradição de ter um grande camisa 10 na equipe. A primeira frase é bravata pura, daquele tipo que é presença constante em seu discurso. Quem viu as últimas partidas da equipe sabe que esse papo de favoritismo está pra lá de exagerado. Me incomoda mais a parte do camisa 10. Quer dizer que podemos viver sem um grande articulador de jogadas porque esta é a tradição do clube? Curiosamente, nos últimos 40 anos, ostentando esta tradição da ausência do camisa 10, não conseguimos sequer um título de expressão nacional. Quanta coincidência, não?

Falemos um pouco mais de tradição então. Ao longo da minha infância e adolescência, a tradição do Atlético passou a ser "morrer na praia" nos torneios nacionais. Invariavelmente, terminávamos entre os quatro primeiros mas sempre faltava alguma coisa que nos impedia de levantar o caneco. Esta característica, inclusive, acaba sendo representada no título deste blog, onde se lê: "A vida do ponto-de-vista de quem é bom de estatística mas ruim de títulos". Os times do Atlético jogavam no limite, conseguindo fazer os resultados em casa e chegar, muitas vezes, mais longe do que poderiam normalmente chegar. Por outro lado, nos momentos decisivos, faltava poder de decisão e amargávamos a famigerada "morte na praia".

Na última década, já sob a influência de Kalil, Maluf e seus amigos do BMG, a nossa tradição mudou e se transformou em "lutar para não cair" sendo que, como todos sabem, já chegamos a fracassar miseravelmente nesta luta. Para mim - e imagino que para a maioria dos atleticanos - não tem sido um bom negócio. Então, Kalil, é bom rever esse papo de tradição aí porque os números e os fatos estão contra você. O pior é que como não vejo perspectivas de melhorias neste sentido, começo a acreditar que a atitude mais sensata talvez seja mudar a frase que acompanha o título deste espaço. Aceito sugestões.

15 de abr. de 2012

Racional e pragmático

Tupi 0 x 0 Atlético
Penarol 0 x 5 Atlético

Fiquei surpreso ao ler os comentários de vários atleticanos na rede durante e após o jogo desta tarde em Juiz de Fora. Indignados com a postura do time em campo, diversos companheiros davam vazão à sua frustração à moda contemporânea, ou seja, em 140 caracteres. Foi, realmente, uma partida ridícula. Com pouco mais de 15 minutos eu já havia pegado no sono e apenas me despertei devido à tática suja das redes de televisão de aumentar o volume da sua transmissão durante os reclames. Entretido com outros afazeres, acabei voltando à televisão para ver os 10 minutos finais, os quais se resumiram a trocas de passes laterais entre jogadores das duas defesas: uma autêntica marmelada!

O fato é que o 0 x 0 nos garantia o primeiro lugar e classificava o adversário para o mata-mata e assim estaria de bom tamanho para todo mundo. Dado o caráter deste nosso time estava na cara que isto aconteceria e daí a minha surpresa com os referidos torcedores. Sem dúvida, toda essa "racionalidade" acaba sendo uma atitude demasiada anti-Atlético - um time cuja torcida é extremamente passional e que sempre espera que o sentimento seja correspondido pelos 11 em campo. Essa frieza e essa falta de vibração que temos acompanhado ao longo dos últimos meses nunca fizeram parte da essência do Atlético. Seriam indícios de uma mudança de paradigma? É difícil dizer, ainda mais porque uma mudança desta magnitude acaba gerando impactos imprevisíveis na torcida. De qualquer maneira, se é para ser pragmático, devo dizer que este empate sem gols já foi melhor do que um certo 6 x 1.

Com relação à Copa do Brasil, tirando os torcedores do Galo que vivem no Amazonas e compareceram ao estádio, ninguém pode ver a atuação alvinegra diante do Penarol. O placar elástico e a falta de espaço para televisão no estádio já revelam o abismo que separava as duas equipes. Pelo menos fomos poupados da partida de volta. O próximo adversário será o Goiás, velho conhecido contra o qual temos estatísticas magníficas: 5 playoffs disputados e 5 eliminações. Veremos se a oficina Cuca de invenções e seu time robotizado serão capazes de quebrar este tabu. Faço votos que sim.

Para finalizar, li esta semana uma entrevista onde Dudu Cearense (vulgo "Dodói") reclamava da falta de oportunidades no time. É verdade que o volante não jogou nada desde que voltou para o Brasil, mas assim como afirmava sobre o Guilherme, acredito que um jogador com este custo não pode ficar entregue ao departamento médico ou treinar separado do resto do time. Se, realmente, ele não tem mais as qualidades necessárias para assumir um lugar na equipe (o que pode ser verdade), o melhor a fazer é negociá-lo e não ficar assistindo a sua desvalorização dia após dia.

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