29 de mai. de 2010

Planejamento?

Ontem o Galo apresentou mais três reforços para o restante da temporada: Daniel Carvalho, Lima e Neto Berola. Seria uma notícia interessante se não fosse o afastamento do Correa do elenco no mesmo dia. O contrato não será renovado e, embora vença no dia 30 de junho, a direção achou melhor liberar o volante do que contar com ele sem, digamos, o comprometimento necessário. Mais uma vez é preciso dizer que é muito difícil comentar qualquer fato ligado ao Atlético se você não tem informações internas. Qual a razão que levou o clube a optar pela não renovação com o atleta? Se ele tinha contrato até o dia 30, por que liberá-lo antes para reforçar algum adversário durante o campeonato (o destino do volante deve ser o nosso maior rival ou o rubro-negro carioca)?

Hoje o clube confirmou que não pretende renovar com o Carlos Alberto e o mesmo já se desligou do Atlético. Pedro Paulo foi liberado para acertar com o xará de Goiânia, que virou uma mini filial alvinegra (Édson, Thiago Feltri e Welton Felipe já estão por lá). Somando-se a saída de Renan Oliveira, Evandro, Jonílson e Marques às liberações das últimas 48 horas, o elenco já foi reduzido em, praticamente, um time de futebol. Tudo bem que estamos no meio do campeonato e que a maioria do pessoal listado não era grande coisa, mas e o tão festejado planejamento para a temporada 2010? Onde é que foi parar? Mesmo que admitamos que a barca seja uma correção na rota traçada para este ano, acho que é mudança demais para um espaço tão curto de tempo, passou longe de um ajuste fino. E o elenco? Como fica? Dá para acreditar que o clube tem uma lista de reforços e está buscando alternativas no mercado? O que, enfim, motivou esta revolução?

De qualquer maneira, estou curioso para conferir a performance alvinegra na tarde deste domingo. Como será que o time irá reagir diante das mudanças? A meta ainda continua chegar à pausa para a Copa do Mundo entre os quatro primeiros? Continuo tendo muitas dificuldades em acreditar no Luxemburgo e no seu modelo de gestão. No fundo, fiquei com a sensação de que o Galo ainda continua a casa da mãe Joana. Espero estar errado.

27 de mai. de 2010

Mais do mesmo

Vitória 4 x 3 Atlético

Começo dizendo que a CBF é pródiga em programar partidas para horários esdrúxulos: 19:30h de uma quarta-feira é uma piada. Se a tv aberta não vai transmitir, não precisa seguir o calendário da novela. Bota 21 horas e tudo fica ótimo (e eu não perco o jogo por causa da pelada semanal).

Como não vi a partida, não posso dizer que concordo com o mini chilique que o Luxemburgo deu na coletiva. Está faltando vontade ao time? Não estou tão seguro disso. Acho que o sistema defensivo é frágil, os laterais marcam mal e o meio de campo carece de pegada e isso é algo que temos falado desde o início da temporada. Falta chegada sim, mas a principal razão pra isso, na minha opinião, é a característica dos nossos jogadores.

Ontem ficou evidenciado, mais uma vez, que não temos goleiro no nosso elenco. A falha do Marcelo, mesmo descontando o péssimo recuo do Diego Macedo, entra para a lista dos lances mais patéticos que já vi dentro de um campo de futebol. O que foi aquela matada no peito? E a simulação de falta? Ridículo. É difícil entender o que passou pela cabeça do nosso camisa 1. Depois de Juninho, Édson, Bruno, Aranha e Carini o sujeito chega, assume a posição, e se expõe dessa maneira. Vai levar cartão vermelho da torcida no segundo jogo.


Sem comentários...

Acima de tudo, o placar de ontem demonstra que a derrota em Presidente Prudente não foi um acidente de percurso. Perdemos para um time com vários desfalques importantes e que jogou a maior parte do segundo tempo com um jogador a menos. Sem contar que o fabuloso Schwenck anotou três gols e o Evandro, estreante no rubro-negro baiano, caminhou sem marcação até a grande área para fechar o placar. Levamos 10 gols em 4 rodadas (média de 2,5 gols sofridos por partida), o que evidencia a inviabilidade do nosso sistema defensivo - para dar certo, o ataque teria que manter uma média 3 tentos por jogo.

Na próxima rodada enfrentaremos o Fluminense com Fred, Conca e companhia no Mineirão e a dupla de zaga será Werley e Benítez. Haja coração, amigo.

26 de mai. de 2010


Voltando à rotina

Atlético 3 x 1 Atlético/PR
Grêmio Prudente 4 x 0 Atlético
Atlético 2 x 1 Vasco

Pela terceira vez em pouco mais de três meses tive que ir ao EUA a trabalho. Estamos há menos de um mês da Copa do Mundo e não se fala em soccer naquele país. A única mudança perceptível foi a aparição de algumas camisas das seleções brasileira, mexicana e americana nas lojas de material esportivo. A tv a cabo do hotel possuía 4 canais ESPN e todos continuam a ignorar, solenemente, o verdadeiro football. Desta vez, porém, o processo de desintoxicação futebolístico não foi pleno porque, em primeiro lugar, descobrimos um bar de brasileiros que transmitia alguns jogos da Libertadores e da Copa do Brasil bem próximo do hotel. Em segundo lugar, porque na fábrica que visitávamos haviam imigrantes e os mexicanos em especial, ao verem a bandeira do Brasil no nosso uniforme, vinham falar da seleção.

"Muito bom o Brasil... Ronaldinho!"
"Ronaldinho não tá indo, amigão.."
"Não!?"
"Não."
"Ah. Mas é bom assim mesmo."

Numa tentativa desesperada de diminuir o banzo esportivo, aproveitamos a noite de uma quinta-feira e fomos a uma partida de beisebol. O estádio era ótimo, possuía uma infraestrutura invejável com shopping, restaurantes, elevadores, banheiros limpos, tudo muito bom. Logo que ocupamos nossos assentos, passei a entender o porque de toda aquela infraestrutura: as pessoas não dão a mínima para o jogo. É sério. Reconheço que é difícil manter a concentração num jogo que precisa de 9 tempos para decidir quem acerta mais rebatidas (nos 5 tempos que aguentamos, houve apenas 3 acertos). É extremamente monótono e repetitivo. Assim, as pessoas passam a maior parte do tempo subindo e descendo as escadas com pizzas, hot dogs, refrigerantes, cervejas, pipoca, algodão doce, é uma orgia gastronômica. Nos intervalos, o barato é aparecer no telão, seja na "câmera do beijo", na "câmera da dança", ou qualquer outra coisa do gênero. É entretenimento, não é competição. Dessa maneira, terminei o meu hot dog e nos retiramos do recinto. Ainda deu pra ver que os restaurantes estavam lotados e que havia pessoas chegando e saindo. O jogo é só um detalhe.

Let's get the hell out of here!

Enfim, Campeonato Brasileiro que é bom, não vi. Soube da vitória sobre o Vasco quando cheguei ao hotel e da derrota humilhante em Presidente Prudente no sábado seguinte através de um SMS lacônico do meu irmão ("Primeiro tempo 4 x 0 pra eles. Saí de casa, não sei como está."). O mau tempo quase impediu o nosso retorno ao Brasil, mas depois de uma primeira negativa, uma senhora da Delta Airlines teve piedade da gente e nos mandou de volta no vôo da Continental.

Pois tratemos do Atlético agora. De uma maneira geral, o time fez uma boa exibição contra o xará paranaense. Se o início da partida foi equilibrado, com Paulo Baier e seus companheiros levando algum perigo ao gol de Marcelo, após os 25 minutos da primeira etapa o Galo comandou o jogo. O primeiro tempo terminou 0 x 0 graças à grande exibição do arqueiro rubro-negro e à falta de pontaria do ataque atleticano. No segundo tempo, o ataque acertou o pé e com 27 minutos já ganhávamos por 3 x 0. Poderia ter sido de mais se não continuássemos a desperdiçar chances e contra-ataques. No fim, tivemos a tradicional queda de rendimento e os paranaenses conseguiram descontar com Bruno Mineiro. O final ficou assim: 3 x 1.

Hoje enfrentaremos o Vitória no Barradão. Será uma espécie de tira-teima para verificarmos se o placar em Presidente Prudente foi, realmente, apenas um acidente de percurso. O rubro-negro baiano tem obtido bons resultados, é finalista da Copa do Brasil e deve impor um ritmo forte para cima da nossa defesa. Se conseguirmos manter a tranquilidade, deve ser um jogo equilibrado.

Para finalizar, trato da aposentadoria do Marques. Sem dúvida, o camisa 9 foi o maior ídolo do clube nos últimos 10 anos. Foi fundamental nos poucos times competitivos que tivemos neste período e criou uma identidade muito grande com o torcedor, especialmente com aqueles que passaram a frequentar os estádios após 1997 (eu, que comecei em 82, gostava do Éder e do Reinaldo, mas o meu primeiro ídolo foi o Sérgio Araújo, dono da camisa 7 na segunda metade dos anos 80). Sempre fui admirador do seu futebol e, com certeza, o Marques estará na galeria dos grandes do Clube Atlético Mineiro. Dito isso, devo reconhecer que a diretoria e a comissão técnica acertaram ao não renovar o contrato. O erro da diretoria foi na condução do processo - e aqui cabe uma parcela de culpa ao próprio jogador que foi se martirizar diante das câmeras. O choro, sem dúvida, era legítimo, mas expor a situação em público do modo com foi feita não acrescentou nada, só gerou constrangimentos.

6 de mai. de 2010

Falta liderança

Santos 3 x 1 Atlético

Ser torcedor é uma coisa engraçada. Certa vez fui ao Engenhão fazer companhia a uns amigos gremistas em sua jornada contra o Botafogo. O time carioca era treinado por Geninho e os gaúchos vinham fazendo um ótimo campeonato sob o comando de Celso Roth, dois velhos conhecidos dos atleticanos. Pois bem, o tricolor entra em campo e o Marcos adianta em gauchês:

- Bah! Vamos perder hoje, tchê!
- Por que você tá dizendo isso, bicho?
- Eu sei quando vai perder. Dá pra sentir.

Assim, depois de toda saga envolvendo a chegada ao estádio, o que incluiu deixar o carro no estacionamento de um shopping, caminhar durante meia hora em ruelas estranhas do subúrbio do Rio e contornar todo o Engenhão até conseguirmos chegar ao portão dos visitantes, o sujeito, antes do apito inicial, me diz que a viagem era perdida. O pior era que ele tinha razão: os gaúchos jogaram mal e foram derrotados por 2 x 0.

Todo esse papo é para dizer que bastaram 5 minutos em frente à TV na noite de ontem para que eu chegasse à mesma conclusão que o meu estimado amigo oriundo dos pampas. Há mesmo um sexto sentido futebolístico! Assim, mandei um SMS para o meu irmão comunicando-lhe as minhas tristes expectativas e, enquanto a partida continuava na ESPN, me dediquei a reclamar algumas milhas não creditadas pela GOL, o que incluiu uma discussão de cerca de uma hora com um dos atendentes da companhia aérea (na verdade, a medir pela qualidade das respostas, há uma grande possibilidade de eu ter gastado o meu tempo discutindo com um bot). No fim, assisti aos minutos finais da partida sabendo o destino amargo que nos esperava mais uma vez.

O que me decepcionou ontem foi que, aparentemente, o time não entrou com um espírito de decisão. Me pareceu que as provocações dos moleques do peixe deixaram o time atleticano mais irritado com a chatice alheia do que motivado para a partida decisiva. Isto, é claro, não explica a vitória santista, produto do melhor futebol praticado pelo alvinegro praiano, detentor de um elenco mais qualificado e, na partida de ontem, mais focado em buscar o seu objetivo. Digo mais focado porque os dois primeiros gols santistas foram produtos de falhas individuais ridículas dos jogadores de defesa alvinegros: duas bolas perdidas que foram cruzadas rasteiras para dentro da pequena área e empurradas para dentro do gol pelos atacantes adversários, coisa que não poderia acontecer em uma decisão. O Correa ainda achou um gol no fim do primeiro tempo, o que nos recolocou na partida, mas outra bola atravessada na área no início do segundo tempo resultou no derradeiro gol do peixe. O resto da partida foi morno, sem grandes oportunidades para ambas as equipes, bem diferente do que vimos no Mineirão na semana anterior.

A principal constatação que fica desta eliminação do Atlético é a de que, apesar das contratações, ainda falta liderança ao Galo dentro de campo. Falta um jogador que consiga chamar a responsabilidade e comandar a equipe, colocar a galera dentro do jogo de novo quando começamos a perder o controle da situação. Ele não precisa ser o craque do time: o Gallo, em 1999, estava longe disso, por exemplo. E a verdade é que, apesar de termos um elenco experiente, ninguém tem esse perfil.

Para finalizar, avalio como patética a participação do nosso treinador após a partida. Reconheço que ele tem razão em seu pleito, que ao contrário do que a imprensa andou alardeando agora pela manhã, de que a torcida iria hostilizá-lo de qualquer jeito, é óbvio que as provocações do elenco santista no último domingo incentivaram o torcedor a direcionar o seu ódio ao seu ex-treinador. Mas, a resposta às provocações deveria ter sido dada dentro de campo, nem que fosse arrumando uma escaramuça no fim da partida que resultasse em diversas expulsões para ambos os lados (será que os gaúchos terão o senso de humor e o fair play do Atlético?). Esse negócio de ficar dizendo que não treina mais esse time ou aquele é ridículo, é motivo de chacota nacional, como foi uma certa camisa de treino que fizeram para a gente nesta temporada.

Mas, terminemos o post com o que realmente interessa: sábado tem início o Campeonato Brasileiro 2010, o único campeonato com o qual eu me importo de fato. Apesar da derrota de ontem, acho que o Atlético está num bom caminho, fez algumas contratações, há jogadores voltando de contusão e o time tem praticado um futebol consistente. O negócio é aproveitar este início de torneio, onde não viveremos momentos decisivos e nossa carência de liderança não fará muita diferença, para pontuarmos, tal qual fizemos na temporada passada. Na real, as coisas só começarão a esquentar após a Copa do Mundo.

3 de mai. de 2010

40 vezes

Atlético 2 x 0 Ipatinga

Quando comprei as passagens de volta de Porto Alegre há cerca de um mês atrás, me esqueci completamente das finais do Mineiro. Mais tarde, ao perceber o erro cometido, me apeguei à lembrança de que a última vez em que não havia acompanhado uma partida da final do Campeonato Mineiro, aplicamos um 4 x 0 inesquecível no nosso maior rival, de modo que assumi que as duas horas que passaria angustiado nos céus do Brasil eram um bom presságio. É certo que a vitória em Ipatinga na semana anterior facilitou a jornada, mas foi uma ótima sensação ligar o celular e receber uma série de mensagens descrevendo os gols de Tardelli e Marques e com os gritos de campeão.

Tardelli lustrando a quadragésima taça de campeão mineiro a ir para a nossa galeria.

A conquista do Mineiro foi um passo muito importante para o trabalho que o Atlético diz estar desenvolvendo. Vindo de derrotas nas duas temporadas anteriores e de um fim de Campeonato Brasileiro desalentador em 2009, o clube precisava mais do que nunca deste título para apaziguar a torcida e trazer uma certa serenidade ao ambiente conturbado que vivemos nos últimos anos.

Confesso que, de início, fiquei um pouco chateado por não podermos enfrentar o nosso maior rival na decisão do campeonato mas, no fim, as coisas aconteceram de tal maneira que tudo ficou perfeito: Mineirão lotado para a festa alvinegra, coroada com gols de Tardelli, o atual ídolo, e Marques, o "xodó" da massa. E foi uma festa e tanto, de uma torcida que é movida por uma paixão centenária, franca, honesta, que não é produto de ações de marketing, de campanhas da imprensa, de rankings de institutos estrangeiros ou qualquer coisa que o valha e, que por ser assim, é única e cheia de orgulho. Ser atleticano não é moda.

O professor corre pro abraço: ainda é pouco, mas é o começo.

Por fim, não há como não destacar o papel de Vanderlei Luxemburgo nesta campanha. Quem acompanha o blog sabe como recebi com desconfiança a notícia da sua contratação pelo nosso presidente. É verdade que o trabalho demorou a engrenar: as variações no esquema tático, os testes com os jogadores que fazem parte do elenco, as contusões, tudo isso influenciou na definição daquele que viria a ser o time titular nesta reta final de Campeonato Mineiro e Copa do Brasil. Por um momento, como um bom mineiro e, acima de tudo, como um bom atleticano, desconfiei que a vaca estava indo para o brejo de uma vez por todas. No entanto, as últimas partidas da equipe foram muito boas, especialmente aquelas contra o Sport e o Santos. E, sendo assim, tenho que admitir que o progresso que vimos em campo deve ser creditado ao nosso treinador. O sujeito é mesmo um vencedor, levou o 11º estadual para casa e apaziguou os ânimos alvinegros, mas ainda é pouco. A torcida quer e espera mais.

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