31 de mai. de 2009

Na hora do almoço

Por uma obra do destino, o Atlético jogou após o horário de trabalho e a Sportv transmitiu a peleja, de modo que pude assistir à maior parte dela neste sábado. Gostaria de escrever mais sobre o evento, mas a indisponibilidade de tempo e recursos me proíbe de fazê-lo. Feita a ressalva, e aproveitando o horário do almoço, vamos lá:

De uma maneira geral, o time teve uma boa atuação contra o Santo André, conseguiu dominar a partida mas falhou, miseravelmente, na hora de concluir. Com jogadores experientes como Fernando, Gustavo Nery e Marcelinho Carioca e com um bom treinador (o ex-goleiro Sérgio), o Ramalhão revelou-se um adversário difícil de ser batido - se não tecnicamente, pelo menos taticamente. Após a expulsão do Atleta de Cristo, acreditei que a tarefa alvinegra seria mais fácil, mas creio que Roth se equivocou nas substituições. Em primeiro lugar, ao retirar Carlos Alberto da lateral direita, onde vinha fazendo uma boa partida, e colocá-lo no meio e, em seu lugar, ter entrado o Élder Granja, cuja atuação foi nula. Em segundo lugar, ao substituir o mesmo Carlos Alberto e promover a estréia de Evandro, completamente fora de entrosamento, errando muitos passes e se posicionamento mal. O único acerto talvez tenha sido a substituição de Éder Luis por Alessandro.

Embora tenhamos mantido a posse de bola ao longo da maior parte do jogo, as duas ou três maiores chances de gol foram criadas pelo Santo André em contra-ataques onde contamos com a boa estreia de Aranha no gol e com a falta de pontaria dos adversários. Quem fez uma grande partida foi o Thiago Feltri, que continua ganhando confiança e demonstrando ter um potencial ofensivo muito bom, resta colocar o pé na forma, assim como seus companheiros Carlos Alberto e Júnior, que vivem desperdiçando oportunidades.

Para finalizar, a torcida pode ser o maior aliado ou o maior inimigo do Atlético, conforme já discutido em outros posts. Por volta dos 30 minutos do segundo tempo começaram os gritos de "queremos raça" vindos da arquibancada que, no meu entender, eram um equívoco completo: o time tem corrido como nunca, mantinha o controle da partida mas, talvez devido ao excesso de ansiedade, juntamente com o comportamento kamikaze da torcida, que vive à beira da histeria, pecava no momento de finalizar. O fato triste é que a arquibancada alvinegra tem demonstrado ter menos equilíbrio emocional do que o time, o que é compreensível, dado o desempenho vergonhoso do time nos últimos 8 ou 10 anos. Os atleticanos se acostumaram a ver um time ser montado no meio do campeonato e chegar à fase final, disputando jogos importantes, em estádios lotados, mas com a equipe exaurida por haver gastado praticamente toda a sua energia na reta final da fase classificatória. Alguém precisa alertar à moçada que na fórmula atual do campeonato esse tipo de coisa beira o impossível. Resumindo - e é preciso ressaltar que eu torço para estar errado -, é muito provável que não dê para disputar a vaga pra libertadores e, muito menos, o título este ano. Se conseguirmos montar um time e manter a base, o alvo é 2010. Então, precisamos de um pouco de paciência, o time é esse aí e, pelo menos nesse momento, merece um pouco de estabilidade vindo das arquibancadas.


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28 de mai. de 2009

São Roque



28 de maio de 2009 é uma data histórica. Acaba de ser fundada a embaixada do Atlético em São Roque do Paraguaçu.

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25 de mai. de 2009

Menos um

Sport 2 x 3 Atlético

Estava terminando de ver um filme na sala de casa quando ouvi o juiz apitando o início da partida em Recife na tv no outro cômodo. Aos primeiros gritos de gol me levanto do sofá e corro em direção ao quarto onde, da porta, já vejo o Éder Luís correndo com os punhos cerrados em direção aos companheiros. Golaço do Atlético! Mal me sentei para recomeçar a ver o filme e tenho que voltar correndo em direção a outra tv para ver semelhante comemoração. 2 x 0 em 10 minutos.

Consegui terminar de ver "GOMORRA" em mais alguns minutos e me acomodar, definitivamente, em frente à telinha para ver o restante do primeiro tempo. Atuação segura do Galo, controlando a partida sem ser ameaçado pelo Leão. No fim, mais um lindo tento anotado de fora da área pelo Márcio Araújo, outro dos desafetos da torcida. 3 x 0, bom demais para ser verdade.

Peguei os dvds, corri até a locadora para devolvê-los a tempo de não pagar uma multa e ver a segunda metade. Na volta, passo correndo pelo buteco da esquina e vejo o pessoal admirando a obra de arte do Éder pela tv. Entro em casa suando em bicas e já ouço o grito de gol vindo do quarto. Pelos gritos da torcida não há dúvidas de que o gol é do Sport: Jonílson, peteca, de cabeça, o seu primeiro gol com a camisa do Atlético, pena que foi contra. Ainda ofegante, sento-me apenas para ver o início de uma pressão estupenda do rubro negro de Recife, uma tremenda blitz que não piora a nossa situação por incompetência do ataque pernambucano.



Éder Luís no comando: 5 minutos de jogo, 60 metros e não vai ter perdão

Racionalmente, concluo que a minha presença no recinto havia trazido energias negativas para o Atlético e resolvo tomar um banho a fim de aliviar a pressão sobre o nosso escrete. Volto 20 minutos depois e parece que a estratégia funcionou: o placar ainda aponta 3 x 1. Ainda dá tempo de ver o Alessandro cabecear para uma defesa espetacular de Magrão e, logo depois, mandar uma bola no travessão do arqueiro do Sport. Aos 45 minutos, em um bate-rebate na área, Weldon escora para Dutra mandar rasteiro entre as pernas do Juninho. Outro frango que proporciona mais cinco minutos de pressão e angústia. Enfim, o árbitro aponta o meio do campo e podemos comemorar a quebra de mais um tabu.

Aspectos a serem considerados:

- 3 pontos fora de casa contra um adversário qualificado. Creio que os desfalques foram sentidos pelo Sport, mas a descrença de que o Galo pudesse ser um adversário difícil facilitou a nossa tarefa. Quando acordaram já estava 3 x 0. O relaxamento no segundo tempo foi normal, mas desnecessário. Felizmente, conseguimos segurar o placar e garantir os pontos.

- A tarefa mais difícil neste momento é conter a euforia da torcida que sai das vaias ao Éder numa partida para endeusá-lo na próxima. Sem dúvida, é um bom início de campeonato, mas o Atlético ainda está aquém dos adversários que brigarão pelo caneco e pelas vagas na Libertadores. Trabalhar em silêncio é a opção. A tabela nos favorece no início deste campeonato e é fundamental pontuar, não desperdiçando esta oportunidade. O fato de não sermos favoritos e, muito menos destaque na imprensa nacional, pode ser uma vantagem. Aproveite-mo-la.

- Tardelli anda meio apagado, mas era impossível manter o ritmo que ele vinha impondo nas partidas. O sujeito passa a ser destaque, começa a receber atenção especial dos adversários e sua vida fica mais complicada. A alternativa é termos peças no elenco capazes de suprir essa "ausência" dos gols do Tardelli. Aparentemente, isso está funcionando, tanto o Éder quanto o Alessandro têm conseguido algum destaque quando o nosso camisa 9 falha.

- O comentarista do PPV observou que parte da vitória deveria ser creditada na conta do Leão, que "armou esse time". Na minha modesta opinião, tal observação apenas evidencia o total desconhecimento do cronista em relação ao futebol mineiro. Gostemos ou não, o time é do Roth: mudou os laterais, colocou o Júnior no meio, trouxe o Jonílson e mudou a zaga. Ponto pra ele.

Por fim, antes que me acusem de falta de consideração com o glorioso alvinegro das Gerais, me defendo argumentando que um erro crasso na caixa do DVD ("apenas" 30 minutos de diferença entre o tempo de duração apontado e o real) fez com que a parte final do filme invadisse os 10 minutos iniciais da partida do Galo e, cá entre nós, nem mesmo o mais otimista dos atleticanos acreditava em um início tão avassalador.

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A partir da próxima quarta-feira estarei trabalhando na Bahia, longe do PPV e da internet livre. Acompanharei as duas próximas rodadas pela bolinha do Globo.com ou qualquer outro site de esporte e é muito provável que não tenha condições de andar postando por aqui. Sorte dos senhores leitores.

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23 de mai. de 2009

Domingo, 18:40h

Pior do que jogar às quarta-feiras às 22 horas é jogar aos domingos às 18:40hs. Se o time ganhar, tudo bem, a semana começa bem. No entanto, se leva uma sova, a perspectiva da segunda-feira e o início do Fantástico derrubam o ânimo de qualquer ser humano. Amanhã jogaremos neste horário contra o Sport, em Recife.

Se o rubro negro pernambucano joga desfalcado de alguns dos principais jogadores do seu elenco e não conta com a mesma força da equipe campeã da Copa do Brasil de 2008, terá a seu favor a torcida e um tabu de nunca haver sido derrotado pelo Galo na Ilha jogando pelo Campeonato Brasileiro. O Atlético repetirá a formação do sábado passado, que pode não ser a ideal mas deu trabalho ao Grêmio e conseguiu os três pontos. Esperamos uma atuação digna e pelo menos um ponto - difícil, na minha opinião - na bagagem.

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18 de mai. de 2009

De volta à normalidade

Atlético 2 x 1 Grêmio

Um pouco antes de sair de casa, na tarde do sábado, me dei conta que a camisa alvinegra que eu estava trajando era a mesma daquela fatídica derrota contra o Vasco em São Januário na temporada passada. Tentei racionalizar a situação, mas fraquejei e resolvi expor este incômodo ao meu irmão aproveitando para solicitar-lhe uma camisa reserva. Para o meu espanto, o sujeito respondeu com um sorriso no canto da boca:

- "Pode escolher lá dentro, mas já te aviso que o difícil vai ser encontrar alguma camisa que não tenha assistido a uma goleada ultimamente".

- "Ok, foda-se, vamos com essa mesmo." - Resolvido o problema.

Conforme dito no post anterior, durante muito tempo se dirigir ao Mineirão (ou Independência) para assistir a um Atlético x Grêmio era garantia de três pontos (ou dois, dependendo da época) e, consequentemente, de alegria. Entretanto, os resultados contra os times portoalegrenses nas últimas temporadas - em especial contra o Tricolor gaúcho - haviam sido lastimáveis e um certo clima de tensão rondava o ar.

Aproveitando a folga da Taça Libertadores neste meio de semana, Rospide escalou o que o Grêmio tinha de melhor, enquanto Roth promovia a estréia de Jonílson pelo Galo. O primeiro tempo foi de bastante pegada, ambos os lados correndo bastante, jogo bom de se ver (o que é diferente de bonito de se ver), mesmo tendo terminado em 0 x 0. O segundo tempo teve mais objetividade, gols perdidos para ambos os lados e, aos 30 minutos, Thiago Feltri marcou para o Atlético. Alegria no Mineirão! Ainda cantávamos quando Herrera empatou, sozinho na pequena área, aos 34. Quando tudo indicava que o empate seria o resultado final, a bola bate na mão de Jonílson dentro da área e o árbitro aponta a marca da cal. Reclamações do Grêmio, tensão da minha parte: são 47 minutos do segundo tempo. Flashes do passado começam a invadir a minha mente: são bolas na trave, no travessão, para fora ou nas mãos do goleiro. Sinto um calafrio e comento com a minha noiva:

- Não vou nem levantar pra ver essa porra... Já vi esse filme mais de cem vezes!!

Mas, eis que o Tardelli pega a bola, coloca na posição, corre, pára e rola para o canto. 2 x 1! É hora de sair correndo por cima das cadeiras vibrando e rezando pro juiz apitar o final da partida, coisa que não tarda a acontecer.




O placar aponta 2 x 1 para o Galo, mas no cômputo geral já estamos em 14 x 3 (vide post anterior)


Na saída, após atravessarmos o mini carnaval que se arma nos portões junto à Charanga do Galo, encontramos o tricolor que havia nos acompanhado para mais esta jornada esportiva. Sem voz e indignado, vociferava contra o homem de preto e o complô da arbitragem que persegue o Grêmio desde a sua fundação. Hoje vi que ele tinha razão ao assistir ao VT dos lances polêmicos e, sendo vítima recorrente da incompetência dos homens do apito, me solidarizo com este nobre torcedor, mas me reservo o direito de comemorar estes três pontos e a quebra de alguns tabus:

- derrotamos um time portoalegrense;
- conseguimos bater corretamente um pênalti nos minutos finais de um jogo;
- ganhamos de um time de primeira linha;

Pontos negativos:

- Éder Luís e sua apatia. Gosto do futebol do rapaz, mas com essa moleza fica difícil. Não entendi o porque de o Roth não tê-lo substituído nos vestiários durante o intervalo. Era evidente que ele não passaria a jogar bem na segunda etapa e a vaia durante a substituição teria sido evitada.

- Cobranças de escanteio: por que não cruzar a bola para a área? Contamos com um gigante na zaga que sobe em todas as cobranças de córner e ninguém cruza. O curioso é que, estatisticamente, esta deve ser a jogada que resulta no maior número de gols contra o alvinegro.

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12 de mai. de 2009

Outrora fregueses

Coincidência ou não, desde que me mudei para o Rio e comecei a me relacionar com uma série de gaúchos (tendo me casado com uma, inclusive), o Atlético nunca mais derrotou um clube de Porto Alegre. Digo coincidência porque durante o período em que morei em Belo Horizonte, ir a uma partida contra o Grêmio era a certeza da vitória. A minha estréia foi na Copa União de 1988:

Atlético 1 x 0 Grêmio
18/09/1988
Gol: Aílton
Público: 11.290

Não me lembro muito bem da partida, apenas que fiquei contando quantos torcedores do tricolor havia no espaço reservado para eles e que saímos comemorando pela janela do carro na avenida Catalão.

Passaram-se 13 anos até que voltássemos a ver um Atlético x Grêmio no Gigante da Pampulha, e testemunhamos o melhor time do Galo no século XXI derrotar o adversário duas vezes em pouco mais de um mês:

Atlético 2 x 0 Grêmio
25/11/2001
Gols: Ramon e Marques
Público: 53.197

Atlético 3 x 0 Grêmio
04/12/2001
Gols: Marques e Guilherme (2)
Público: 51.864



Foto: Guilherme e seu famoso gol de peito, o terceiro e decisivo tento naquelas quartas-de-final em 2001


A partir de 2001, Atlético e Grêmio deixaram de figurar entre os melhores do Brasil para disputar um posto nas últimas posições da tabela do Brasileirão. Ainda assim, a história não foi diferente:

Atlético 3 x 2 Grêmio
21/06/2003
Gols: Paulinho, Alex Alves (2), Caio e Cláudio Pitbull
Público: 11.835

Atlético 3 x 0 Grêmio
07/08/2004
Gols: Márcio Mexerica (2) e Alex Mineiro
Público: 6.425

Em 2004, o tricolor gaúcho foi rebaixado e, no ano seguinte, o alvinegro das gerais repetiu este feito. Atlético e Grêmio reencontraram-se no Brasileiro de 2007 e, desde então, o desempenho do Galo tem sido decepcionante: 1 empate e 3 derrotas, sendo duas delas em pleno Mineirão.

No próximo sábado estaremos todos lá, de volta ao Mineirão, para assistir a estréia do Galo no Brasileirão de 2009 em casa e torcer por 3 pontos contra o tricolor gaúcho, provando que tudo não passa de superstição.


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11 de mai. de 2009

Esquizofrenia alvinegra
ou: como ir da depressão a euforia em 6 mensagens.

Então o sujeito está longe de casa, sem internet, tv a cabo ou rádio. Dá uma olhada para o relógio para ter uma idéia de quanto tempo já foi consumido na partida que acontece em Florianópolis e, após um momento de hesitação, contacta o irmão através de um SMS para diminuir a agonia:

<19:52:12> Tamo ganhando de quanto? To no sul

<19:52:23> tamo tomando 2 e sem a mínima chance de pelo menos empatar... time horroroso em campo

<19:56:14> O problema e que estamos enfrentando o poderoso avai, provavel campeao de 2009

<19:56:40> Mais um ano de sofrimento. Nada que nao estejamos acostumados. ee galo, nao toma jeito.. Ja diria o caixa. hehe

<19:58:03> O time e juninho, granja, leandro, welton, werley, araujo, renan, fabiano, éder e tardelli?

<19:59:01> Caixaaaaaaa!!! Alessandro... 2 a 1.. jun, elder, wf, lean al, renan, marcio, junior, feltri, aless, eder e tardel

<20:01:04> O time do avai e muito bom, né?

<20:00:18> Carlos Alberto no lugar do pessimo granja.. time do avai e certinho mas e bem limitado..

<20:02:15> E o fabiano? O junior ta no meio?

<20:03:12> Junior no meio, mas limitado.. fabiano nao pegou na bola.. mas ele e volante, ne.. ng cria.. nao existe meio campo

<20:05:28> Tamo na pressao pelo menos? Faltam o que? Dez minutos? Vai narrando ai

<20:05:44> Caixa.. carlos alberto empatou... hahaha.. celso roth e o cara.. kkkkkk


<20:06:33> 34 do segundo tempo.. time do avai sentiu os gols.. vamos pro abafa.. time melhorou mto com as mexidas..


<20:08:21> Vamos virar! Cinquenta mil sabado no mineirao.

<20:08:54> Deus te ouca.. hehe.. o feltri ta ate sabendo cruzar.. quem diria.. haha..vamos ser campeao.. hahahaha

<20:12:07> Alessandro meteu uma no poste.. o jogo ta aberto.. 40 minutos..


<20:13:06> Porra, tem que consagrar! Temos que trazer a sorte pro nosso lado!

<20:17:20> O Guga ja foi embora.. hahaha.. mas ja vamos pra 45 minutos.. acho que vai ficar nisso msm..

<20:21:01> fim da pendaia.. bom placar pelo que demonstrou.. celso roth melhor em campo.. haha.. abracao


<20:23:33> Obrigado pela transmissao. Abraco.


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7 de mai. de 2009

Dignidade

Atlético 3 x 0 Vitória (Pênaltis: 4 x 5)

Ainda ontem, quando conversava com alguns amigos, expliquei a eles que os placares prováveis para a partida de hoje seriam 2 x 0 ou 3 x 1 para o Galo. No entanto, para a minha surpresa, o Atlético se superou e, pela primeira vez, conseguiu obter um resultado que o favorecesse na Copa do Brasil. O problema é que, para não perder o hábito, resolveu perder o último pênalti e nos deixar com aquela sensação de coito interrompido. Subimos um degrau, é verdade, mas ainda é pouco.

Durante o tempo normal, o alvinegro disputou uma boa partida, com pegada, correria e busca pela vitória - de uma forma mais desorganizada no primeiro tempo e bastante agressiva no segundo, resultado de alterações bem sucedidas do Roth e equivocadas do Carpegianni. O resultado foram os 3 gols que levaram a decisão para os pênaltis (e o Juninho ainda pegou um pênalti do Neto Baiano).

Quanto aos penais, se espiritualmente o Galo estava melhor, fisicamente estava mais desgastado devido ao fato de haver imposto um ritmo fortíssimo contra o rubro-negro baiano ao longo de praticamente toda a partida. O físico, aliás, deve ser a principal razão pela qual o Tardelli não conseguiu concluir de maneira decente o último contra-ataque do time e liquidar a partida. Poderíamos culpá-lo pela eliminação, mas é preciso lembrar que os baianos viram o seu centro-avante bater de maneira ridícula uma penalidade quando o placar ainda apontava 1 x 0.

A principal razão para mais este fracasso poderá ser descoberta aos respondermos a seguinte pergunta: por que diabos o time não correu e combateu assim quando atuou no Barradão?

Será que a simples mudança de treinador foi uma injeção de adrenalina e vitamina B12 nas veias do Atlético? É claro que há uma influência motivacional, digamos, com esta mudança, mas o que me preocupa é que essa deve ser a terceira ou quarta vez que algo semelhante acontece no clube e as modificações no elenco, desde então, não foram muitas (ao menos na nossa espinha dorsal e na suposta panela que existe desde a campanha de 2006). Será que todas as vezes que houver problemas com o treinador a torcida é que pagará vendo o seu time eliminado ou humilhado com goleadas inexplicáveis?

Vou dormir um pouco aliviado por uma certa recuperação da nossa dignidade, mas ainda muito preocupado com a gestão do elenco e com as parcas possibilidades de melhorias caso essa história continue se repetindo.

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4 de mai. de 2009

A volta da dentadura

Há quase seis anos atrás o ex-companheiro de blog Mateus disse o seguinte num post intitulado "Instituto São Rafael - Torcida do Galo":

"O futebol do Galo está errado desde o início da temporada, quando nossa diretoria contratou o mais incompetente e sem carisma dos treinadores que existem no Brasil: Celso Roth."

Eis que a diretoria, de maneira um tanto inesperada, apresenta o contestado treinador em substituição ao Leão na tarde desta segunda-feira. Digo "um tanto inesperada" porque ainda na semana passada, numa troca de e-mails na lista de discussão, expressei a minha crença de que se o Galo perdesse a primeira para o Vitória e não ganhasse a segunda da raposa, mandariam o felino embora e trariam o Roth. Não era preciso ser adivinho para saber que a tragédia que se abateu sobre o alvinegro resultaria nesta troca de comando. A preferência da diretoria pelo ex-gremista já havia sido explicitada no início do ano quando tentaram a sua contratação antes de anunciarem o Leão.

Passado o choque inicial e até uma certa incredulidade após este anúncio, destaco os seguintes pontos:

1. Não posso dizer que estou de acordo com a atitude do Kalil e nem tampouco satisfeito. No entanto, é preciso dar o crédito ao nosso presidente de ter tomado alguma atitude após o desastre que foi a semana passada. Acho que a entrevista dele foi interessante e até aceito as ponderações mas, ainda assim, não estou seguro de que foi a solução mais correta.

2. A vinda do Celso Roth é uma aposta arriscada e que pode por tudo a perder para o Kalil. Entendo a postura do presidente ("Eu dei o que vocês queriam e não funcionou. Agora sou eu quem escolhe.") e reconheço o seu direito em fazê-lo. O problema é que em sua passagem pelo Atlético em 2003 Roth foi extremamente contestado e, em nenhum momento, conseguiu mobilizar a torcida para dar o apoio necessário naquela temporada. Assim como o Geninho, é um treinador que funciona em outras equipes mas que falha no Atlético. Espero, do fundo do coração, estar errado. Se conseguisse dar um jeito no time eu seria um daqueles disposto a carregar o Celso nos ombros do Mineirão até a sede mas a minha crença é a de que essas coisas, como diria o fabuloso Nélson Piquet: "Ou você é ou você não é. Você não muda não.". Traduzindo: o fim dessa história, infelizmente, a gente já conhece.

3. Aparentemente, houve sabotagem ao trabalho do felino e, praticamente toda a torcida atleticana tem uma opinião acerca dos malfeitores que planejaram e executaram o crime. São os mesmos que levaram adiante o nefasto plano de liquidar o Alexandre Galo e o Zetti em São Januário nas temporadas anteriores e que fazem parte do elenco do Clube Atlético Mineiro há mais de três temporadas. Treinador vai, treinador vem e a turma continua lá. Já há boatos de que uma barca está para sair e de que a turma vai ficar.


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3 de mai. de 2009

Apenas mais um clássico

Atlético 1 x 1 Cruzeiro

Hoje a história foi um pouco diferente, com o time demonstrando mais pegada, ganhando divididas, correndo e buscando jogo. No entanto, acho que não podemos subestimar o fato de que o nosso rival detinha uma vantagem muito confortável e que, muito provavelmente devido a este fato, tenha optado por um jogo mais cadenciado e, algumas vezes, até displicente.

Quanto ao Atlético, a entrada do Fabiano deu um pouco mais de consistência ao time (principalmente porque jogamos com 11 jogadores, ao invés de 10) e o retorno do Éder Luís um poderio ofensivo maior. O maior pecado da equipe foi não ter se aproveitado da "preguiça" azul em jogar o jogo para derrubar um tabu que já está começando a incomodar.

Se a defesa trabalhou com mais segurança, o meio e ataque pecaram pela ansiedade, perdendo jogadas fáceis e oportunidades de gol. Até que o Fabiano conseguiu assinalar o primeiro tento após um cruzamento do Éder e tive a impressão de que as coisas começariam a se encaixar. Mas, poucos minutos depois, a defesa cometeu um pênalti desnecessário em Soares que acabou sendo mal batido mas ainda assim convertido por Kléber (Juninho conseguiu ser pior do que o cobrador). E ficou por isso mesmo. No segundo tempo Carlos Alberto foi expulso, mas o Atlético continuou com a posse de bola, embora não criasse grandes chances. O resumo é que se para mim a vitória parecia o fato mais importante para esta tarde, creio que para equipe o objetivo residia em não perder.

Para finalizar, destaque para o tradicional destempero do Leão com a arbitragem que resultou na sua exclusão e na conquista de uma nova inimiga: ao correr rumo ao árbitro no intervalo discutiu, ao vivo, com uma jornalista da Globo que insistia em interpelá-lo. O resultado foi que a repórter passou todo o segundo tempo atrás do quarto árbitro numa cruzada pessoal para denunciar a presença ilegal do felino que, sorrateiramente, se escondia no banco alvinegro.

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Observação: público pagante de 38.186. Quem vai ao campo é a torcida do Atlético.

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