24 de mar. de 2013

O custo da rotina

Atlético 3 x 1 Nacional
América/TO 0 x 2 Atlético
Atlético 5 x 2 América
The Strongest 1 x 2 Atlético

Há algum tempo atrás, enquanto ainda trabalhava em regime de embarque, acalentava o sonho de retornar a uma vida regular de 40 horas semanais e ter a minha disponibilidade de volta. Pois bem, já são 8 meses com a rotina devolvida e a realidade é que tenho tido muito menos tempo para dedicar ao blog. Ter o tempo livre pulverizado te obriga a priorizar as atividades e assim, quando me sento aqui para voltar a falar sobre o Atlético, acabo percebendo que mais quatro partidas se foram.

Mas, desculpas e filosofadas à parte, falemos de futebol. Sim, foram mais quatro partidas e mais quatro vitórias. Parece surpreendente, mas não é. Durante as eras Luxemburgo e Dorival mencionávamos a importância de se manter uma base e de se implantar uma filosofia de jogo. Hoje, mesmo com todas as ressalvas à gestão Kalil, é preciso reconhecer que temos isso. Desta maneira, enquanto a imensa maioria dos clubes no Brasil está trabalhando o seu time para 2013, o nosso está pronto e reforçado. Assim, me parece natural que tenhamos um desempenho acima da média nestes primeiros meses da temporada. O importante agora é aproveitarmos este momento e evitarmos a todo custo a soberba.

Quanto à Libertadores, o jogo em La Paz foi dificílimo. Pior do que suportar aquela imagem ruim (os canais em HD foram miseravelmente reservados para o Corínthians) e os comentários do Mário Sérgio, foi evitar os calos nas vistas diante da qualidade do jogo apresentada pelos times. O que via a 3.600 metros de altitude era alguma coisa parecida com futebol. O Galo jogou enquanto deu, encaixando bons contra-ataques até fazer o primeiro gol e cansar, depois disso os bolivianos chutavam para aonde o nariz apontava. De tanto tentarem, conseguiram o gol de empate no final do primeiro tempo. O time da casa voltou para o segundo tempo tentando impor a mesma filosofia, mas Cuca deu uma arrumada no meio e os chutes de meia distância acabaram. No fim, Serginho recebeu uma bola em contra-ataque foi à linha de fundo e cruzou, Ronaldinho fez um movimento maroto e o zagueirão adversário se assustou empurrando a bola para dentro. 2 x 1 para o Galo. Placar justo que nos classificou antecipadamente para a próxima fase.

Nas próximas semanas enfrentaremos o Arsenal em Belo Horizonte e o São Paulo na capital paulista. Duas partidas difíceis que definirão a nossa posição final na primeira fase. Do jeito que a coisa está caminhando, não me assustarei se pegarmos um Grêmio, um São Paulo, um Fluminense, um Nacional ou um Boca Juniors logo de cara. Por isso, é importante manter a cabeça no lugar e evitar o entusiasmo do tipo "já ganhou". Nada de soberba!

No mais, emplacamos mais 3 vitórias no Campeonato Mineiro 2013 mesmo jogando com times mistos. Acho que a comissão técnica tem trabalhado bem neste sentido e não há dúvidas sobre o que deve ser priorizado neste primeiro semestre. Este trabalho é importante não apenas para poupar alguns atletas, mas também para dar ritmo ao restante do plantel. Guilherme está voltando de contusão, Richarlyson, Alecsandro, Luan e Gilberto Silva tem correspondido quando entram, até o Giovanni voltou a ganhar uma chance contra o América de Teófilo Otoni. Parece que as coisas, finalmente, estão bem encaminhadas. A grande incógnita é saber se Cuca aprendeu as lições das temporadas anteriores e terá a serenidade necessária para nos conduzir nestes momentos cruciais. O momento da verdade está chegando.

9 de mar. de 2013

Perfeição e excelência

Atlético 2 x 1 The Strongest
Atlético 3 x 1 Guarani
Arsenal 2 x 5 Atlético
Atlético 3 x 0 Araxá

Creio já haver mencionado que a Libertadores está longe de ser o meu torneio favorito. Este posto sempre coube e ainda pertence ao Campeonato Brasileiro. Acredito que seja esta a razão para que eu consiga assistir aos jogos do Galo no torneio continental sem beirar uma crise de nervos como acontece quando disputamos o Brasileirão. É, sem dúvida, uma experiência diferenciada assistir à partida sem ter aquela névoa do nervosismo te impedindo de entender o jogo ou de se irritar com a narração e os comentários estúpidos oriundos da TV.

Alguns veículos de comunicação, aliás, tem-se mostrado surpresos com o bom desempenho alvinegro neste início de competição. A mim me parece natural que estejamos trilhando um bom caminho, afinal de contas mantivemos a base de uma equipe que fez uma excelente campanha na temporada passada e reforçamos o elenco com algumas contratações pontuais. O futebol apresentado pelo time até o momento é consistente, fiel à proposta que Cuca tem implementado desde a sua chegada e, sem dúvida, produto do entrosamento conquistado ao longo do trabalho. Mas falemos sobre as partidas.

Contra o Arsenal me enrolei com o horário e quando liguei a televisão os argentinos tinham acabado de marcar o seu segundo tento. Logo depois, Victor fez uma ligação direta para Bernard, o garoto dominou, deu um drible desconcertante no zagueiro adversário e chutou buscando o ângulo esquerdo do goleiro. A bola foi para fora mas aquele lance acabou sendo um resumo do que estava por vir no segundo tempo.

Na etapa final, a zaga argentina falhou duas vezes e Bernard aproveitou ambas as oportunidades. O segundo tempo ainda estava no seu início e a fatura já estava liquidada. 5 x 2. No fim, Ronaldo, depois de ter sofrido um violento carrinho dentro da área, desperdiçou um pênalti.


Diego Bragheri, do Arsenal, mostra sua habilidade a R10.

Acredito que a goleada na Argentina acabou sendo um cartão de visitas do Atlético aos seus adversários na Libertadores. Longe do cenário internacional há algum tempo, é natural que as equipes estrangeiras subestimem o potencial alvinegro. Diante deste quadro, já esperava que a partida contra os bolivianos do Strongest fosse mais complicada.

Como não poderia ser diferente, a equipe de La Paz, comandada por Escobar (ex-Ipatinga), jogou recuada apostando nos contra-ataques. A estratégia funcionou no primeiro tempo graças, principalmente, à boa atuação do goleiro Vaca e à falta de sorte do nosso ataque. Os bolivianos ainda tiveram uma oportunidade clara desperdiçada por Escobar. A segunda etapa começou como terminou a primeira, com o Atlético tentando furar o bloqueio do adversário. A diferença é que antes que chegássemos à metade do tempo, Jô conseguiu anotar um tento e trouxe a tranquilidade para o Independência.

Perto do fim do jogo, Marcos Rocha recebeu um passe magistral de Ronaldo e foi derrubado dentro da área. Pênalti que Ronaldinho converteu pondo fim à maldição de três penalidades máximas sucessivamente desperdiçadas e decretando a vitória alvinegra. O Strongest ainda conseguiu diminuir o prejuízo, mas já era tarde demais.

Como já disse anteriormente, o fato de termos um time pronto é uma vantagem que nos permite caminhar com mais facilidade nesta primeira fase do torneio. Entretanto, é importante ter em mente que durante a fase de grupos o importante é pontuar e conseguir a classificação para o mata-mata. É claro que a vantagem de fazer os jogos decisivos em casa é boa, mas não é o fator preponderante na busca pelo título. Nós, atleticanos, cansamos de conseguir a classificação para o mata-mata na última rodada dos brasileiros pré-2003 e derrubarmos equipes invictas ou favoritas nas partidas decisivas. Quem corre mais no fim, chega mais embalado e quem se classifica antes tem uma tendência natural à soberba.

Espero que o Cuca tenha aprendido a lição quando esteve no comando do nosso maior rival em 2011, oportunidade em que se classificou em primeiro lugar geral, ganhou a primeira partida fora de casa e foi eliminado na Arena do Jacaré, na única derrota que teve na competição. É por isso que não lamento o gol sofrido contra o Strongest ou o pênalti perdido contra o Arsenal. A perfeição e a excelência devem surgir no momento decisivo. Que assim seja!