28 de out. de 2012

Aos inimigos os rigores da lei

"Aos amigos tudo! Aos inimigos os rigores da lei!"
Vargas, Getúlio

Atlético 3 x 2 Fluminense
Santos 2 x 2 Atlético
Atlético 2 x 1 Sport

Passadas mais três rodadas o Atlético continua, matematicamente, na briga pelo título. Depois de uma vitória sofrida contra o Sport, com o gol da virada marcado no último minuto, e um empate heroico contra o Santos na Vila Belmiro, o Galo teve três dias para recuperar os cacos da batalha na baixada santista e entrar em campo para enfrentar o líder e virtual campeão brasileiro da temporada 2012.

Com Guilherme no lugar de Danilinho, dispensado do clube por indisciplina, podemos dizer que o Galo foi a campo com o que tinha de melhor e o time não decepcionou. Jogando como nunca, envolveu o adversário e criou dezenas de oportunidades na primeira etapa que resultaram em duas bolas na trave e em, pelo menos, três defesas milagrosas de Diego Cavalieri. Não bastasse ter o elenco e o poder político que tem, nosso adversário ainda tem uma sorte que parece infindável.

O segundo tempo começou como o primeiro terminou, a diferença foi que com 10 minutos o Fluminense conseguiu encaixar um contra-ataque e anotou o seu primeiro tento. Injustiça? Aparentemente, sim. Mas o fato acabava sendo o resumo da campanha tricolor nesta temporada: um futebol pragmático, eficiente debaixo do poste e na conclusão das jogadas do ataque, temperado com uma mãozinha da arbitragem. Conhecendo o time, a torcida e, em especial, o nosso treinador, já imaginava um fim de noite trágico para o domingo.

Para a minha surpresa e satisfação, o time continuou impondo o seu jogo e criando oportunidades. Aos 23 Ronaldo fez grande jogada individual e rolou para Jô completar com uma bomba de canhota que estufou as redes de Diego Cavalieri. O jogo endureceu, mas o domínio ainda era alvinegro. Aos 36 minutos Bernard recebeu uma bola na esquerda, foi à linha de fundo, cortou o seu marcador e colocou a bola na cabeça de Jô. O atacante atleticano colocou a bola no canto direito do arqueiro tricolor e decretou a virada. Delírio no Independência e ansiedade na sala do meu apartamento.

Quando tudo parecia caminhar tranquilamente para a vitória, Carlinhos recebeu uma bola em profundidade nas costas de Marcos Rocha, que não acompanhou a jogada. O lateral tricolor cruzou e Fred se antecipou a Réver anotando o gol de empate. Naquele instante pareceu que o campeonato havia acabado ali. A gritaria na vizinhança só confirmava esta percepção. Pela televisão deu para perceber que o clima no Independência também não era dos melhores.

Foi então que um milagre aconteceu. No último lance do jogo Ronaldo recebeu uma bola na intermediária tricolor, parou, girou, olhou e lançou para a área adversária no ponto futuro da corrida de Leonardo Silva que voando acertou uma pedrada no ângulo de Cavalieri decretando a nossa merecida vitória. Linda finalização para a criação de um gênio. Queimei a língua, preciso admitir! Felizmente, temos um meia como nunca houve no Atlético. Se vai continuar jogando assim é uma incógnita, mas os feitos de Ronaldo nestes 6 meses de Galo já o colocam entre os grandes, sem dúvida.


Pierre e Cuca comemoram o terceiro gol.

Mesmo com esta vitória avassaladora, acredito que as chances de conquista do título são mínimas. O problema não é nem o Fluminense perder 6 pontos, o que me parece possível diante da tabela do nosso adversário, mas sim vencermos todas as partidas que restam. De qualquer maneira, se mantivermos a segunda posição, já será um feito muito importante para o clube. Ao contrário dos cariocas, que já possuem um time maduro e acostumado a decisões, o Atlético está vivendo um processo de renascimento, voltando a se firmar entre as grandes potências do futebol brasileiro e precisamos de paciência e persistência para não desanimarmos diante das vicissitudes do caminho.

Digo isso porque qualquer pessoa que acompanha futebol há mais tempo já sabe que nos momentos cruciais e de dúvida, o apito sempre tende a decidir em prol da grandes agremiações do Rio ou de São Paulo. A observação se aplica não apenas ao árbitro mas também às grandes esferas da justiça desportiva e da CBF. O gol de falta de Ronaldo anulado no primeiro tempo da partida ou a falta da denúncia da agressão de Fred a Júnior César no fim do jogo são apenas dois exemplos onde a citação do início deste post, por exemplo, se aplica plenamente. Infelizmente, fomos prejudicados ao longo do torneio em mais de uma oportunidade, mas acho que uma equipe mais madura teria em mente que este tipo de coisa aconteceria e não teria se abatido da maneira como ficou evidente na partida contra o Inter, por exemplo. A injustiça deveria ser um combustível para aumentar a entrega e a vontade de vencer, mas acho que isto cabe um pouco ao banco de reservas também.

O que aconteceu no domingo passado foi que fizemos o que deveríamos ter feito diante de todas as polêmicas de 2012: jogamos pela honra - e isso foi muito importante para o clube e para a torcida. Os três gols foram guardados na minha memória na mesma gaveta onde estão tentos como os de Guilherme contra nosso maior rival em 99 e contra o Grêmio em 2001 ou os de Reinaldo contra o Corínthians em 94.

Após o jogo fui dar uma volta no aterro do Flamengo para esvaziar um pouco a mente. Para a minha surpresa, ao menos duas pessoas, ao me verem ostentando o manto alvinegro, vieram falar comigo parabenizando o Galo pela vitória e reforçando a esperança na nossa recuperação. Foi épico e todo mundo o viu. Como já disse antes, nenhum time jogou mais bola do que o Atlético neste campeonato, pena que faltou um pouco de sorte e de regularidade, mas estamos no caminho certo.

13 de out. de 2012

O mundo continua o mesmo

Inter 3 x 0 Atlético
Atlético 6 x 0 Figueirense


Estou de volta das férias e totalmente desanimado. Não com o Atlético apenas, mas com o futebol como um todo. Depois do imbróglio envolvendo o Ronaldo Gaúcho e o STJD, meio que joguei a toalha. Muito se falou sobre o Galo não ter entrado com o efeito suspensivo e tal, mas tenho comigo que não o fizeram porque sabiam que o recurso seria julgado na semana das partidas contra o Fluminense e o Flamengo e qualquer atleticano com um pouco mais de vivência sabe qual seria o resultado. Foi assim em 1977, quando deixaram pra julgar a expulsão do Reinaldo em uma partida do primeiro turno às vésperas da final e não concederam o efeito suspensivo. 

Enfim, futebol não é sério e eu tenho perdido tempo demais com isso, me irritado com uma coisa que eu não tenho a menor chance de mudar. Deste modo, acabei deixando de seguir tudo e todos relacionados ao Atlético e à imprensa esportiva no twitter. Já foi um grande passo. Não tenho a ilusão de que vou me desligar do clube porque é uma relação visceral, que está no seio da família há mais de 3 gerações. Não é o tipo de coisa que você se livra do dia para a noite. Desta maneira, vou continuar vendo os jogos do galo, ficando feliz com as vitórias e triste com as derrotas, mas não quero ser contaminado por este ambiente de quem rouba quem e tal. Fazem 35 anos que acompanho o clube e nunca vi uma decisão de tapetão favorável ao galo. Nunca. Então, foda-se: não sou juiz nem advogado e tampouco tenho vocação para palhaço. O negócio é tentar diminuir o impacto destes troços na minha vida.

Quanto ao Atlético, deus é testemunha do que eu disse para a minha mulher na cama, quando fui deitar depois do empate contra o nosso maior rival: "espero estar errado, mas este gol de empate vergonhoso liquidou as nossas chances de vencermos o campeonato". O tempo passou e vimos que de lá para cá o time acabou, não conseguiu manter a regularidade e a calma para jogar o seu futebol. Em resumo: ninguém jogou bola como o Atlético do primeiro turno neste campeonato brasileiro, mas nenhum time foi campeão com o desempenho medíocre do Galo neste returno. Acho, sinceramente, que podem botar na conta do maldito derrotado que temos no banco de reservas:

http://www.mg.superesportes.com.br/app/noticias/futebol/atletico-mg/2012/10/12/noticia_atletico_mg,231592/para-cuca-astral-no-galo-foi-afetado-a-partir-dos-empates-ante-cruzeiro-e-ponte.shtml


O Fluminense fugiu milagrosamente do rebaixamento, vislumbrou o Muricy no mercado e meteu o pé na bunda desse miserável antes que ele afundasse o clube na lama da depressão. Eles sabiam que para se quebrar um estigma é preciso ter um macho para fazê-lo na marra. Hoje, tirando o desgraçado do Ramalho, não sei quem poderia fazer isto pela gente. Felipão? Acho difícil. 

Ainda esta semana li uma entrevista do linguiceiro no Estado de Minas e, como era de se esperar, este abutre aproveitou para tripudiar do Atlético. Mas, mesmo com todo o nojo que nutro por este indivíduo, preciso reconhecer que ele vai direto ao ponto: 41 anos sem ganhar o campeonato torna qualquer tarefa hercúlea. Num primeiro momento, me pareceu que Ronaldo era o homem a romper com este estigma. Acho, sinceramente, que ele poderia fazê-lo se o jogo fosse completamente limpo. Quando começaram a jogar sujo contra a gente, não houve uma alma serena que pudesse contornar a situação e capitalizar estas adversidades em espírito de guerreiros renegados. O que fizeram foi sentar e chorar, algo típico do nosso comandante.
 
No mais, entre os muitos acertos da temporada, considero equívocos graves a liberação do André e do Lima. O Werley foi um bom negócio e não discuto. Contar com Luis Eduardo e Leonardo limitou demais nosso alcance.


Para finalizar, se conseguirmos uma vaga na libertadores já será um grande feito. Considero que o campeonato está perdido. Não porque o Fluminense não vá tropeçar, mas porque o Atlético não tem mais força para chegar, como fica cada vez mais evidenciado nas partidas fora de casa. Desta maneira, considerando a tabela dos nossos adversários, ouso dizer que o melhor resultado do jogo Fluminense e Grêmio, por exemplo, é a vitória dos cariocas. Torcer pelo tropeço do fluzão é dar corda para a gente se enforcar.

6 de out. de 2012

Haverá luz no fim do túnel?

Portuguesa 1 x 1 Atlético
Flamengo 2 x 1 Atlético
Atlético 0 x 0 Grêmio
Náutico 1 x 0 Atlético
Atlético 1 x 0 São Paulo

Como já vinha dizendo há algum tempo, desde o último clássico que o meu ânimo com o futebol de uma maneira geral deu uma arrefecida. No meio de tudo isso, veio a viagem de férias com o seu aspecto místico: outubro normalmente é um grande mês para o clube e, muitas vezes, não estou disponível para acompanhar. Sendo assim, estar longe de casa significava vitórias alvinegras.

Em 2012, entretanto, as férias foram marcadas para a segunda metade de setembro e a mágica não funcionou: as duas últimas semanas foram péssimas para o Galo. Apático e sem movimentação,  o time perdeu o seu poderio ofensivo e foi, em alguns momentos, facilmente dominado jogando fora de casa. A queda de produção é nítida. Vamos esperar que Cuca esteja correto acerca do setembro negro e da grande performance que previu para este mês que se inicia e que colocará o time novamente nos trilhos.


Haverá luz no fim do túnel?

Deixando os aspectos metafísicos de lado, a realidade é que a partida de hoje é determinante para a manutenção das nossas pretensões ao título. Qualquer resultado diferente de uma vitória nos retirará virtualmente da luta pelo caneco e colocará em risco a possibilidade de classificação para a Libertadores. Sem a dupla de volantes titular, iremos de Serginho e Filipe Soutto. É uma temeridade, ainda mais se contarmos que no meio teremos o apático Guilherme, mas é melhor do que apostarmos no inconsequente Richarlyson. Apesar disso, teremos o trio Ronaldo, Bernard e Jô. Se a equipe recuperar o ânimo perdido neste segundo turno e a torcida jogar junto é muito provável que os três pontos venham. Que assim seja!