25 de mar. de 2011

103 anos

Atlético 1 x 1 Uberaba

Antes de falar sobre o aniversário do clube mais tradicional de Minas Gerais, peço licença para abrir um parênteses para comentar a partida contra o Uberaba pelo Campeonato Mineiro na quarta passada. Desorganizado e com várias improvisações, o Atlético apresentou um futebol muito aquém daquele que temos esperado, o que resultou num lamentável empate contra o Uberaba, evidenciando todas as limitações do nosso sistema defensivo e a falta de coordenação do ataque.

Como já disse anteriormente, a falta que o Diego Tardelli faz ao time é maior do que eu imaginava quando da sua negociação. Não é só a falta da referência no ataque, mas o fato de o adversário saber que anular um Ricardo Bueno é uma tarefa muito mais simples, sentindo-se mais confiante para ser mais ofensivo. Enfim, veremos se a chegada do Guilherme nos trará alguma novidade neste sentido. Enquanto esteve do lado de lá da lagoa, me pareceu um bom jogador.

Deixemos as más atuações e a organização do time em segundo plano, pois hoje o Atlético comemora 103 anos de existência. Sem dúvida, estamos vivendo um momento crítico do futebol brasileiro: negociações pelos direitos milionários da televisão, grandes contratações, estádios interditados para as reformas para a copa 2014 que se aproxima, enfim, me parece que vivemos um daqueles momentos onde se sobe um degrau ou se fica para trás para sempre.

Aparentemente o Atlético, através da sua gestão atual, tem buscado uma posição de independência dentro deste novo cenário. Não é fácil, especialmente se considerarmos os montantes e o poder político envolvidos e, da maneira como as coisas estão caminhando, eu diria que uma virtual posição de isolamento diante dos demais clubes não seria vantajoso para o Atlético. Vamos torcer para que a diretoria consiga tomar as suas decisões com serenidade e que consigamos o que é justo.

Acredito até que as mudanças em curso no futebol brasileiro, com novos estádios, com mais craques e custos administrativos elevadíssimos, resultarão em um novo perfil de torcedor, mais elitizado, mais comportado, em busca de um espetáculo nas noites de quarta ou nas tardes de domingo para se entreter. Perfil mais diferente que o do torcedor atleticano é difícil de encontrar. Passional ao extremo, herdeiro de uma tradição que passa de pai para filho, o atleticano não está nem aí para o futebol ou para o espetáculo. Ele quer saber é do Atlético. Tem sido assim nos últimos 103 anos e duvido que mude em um curto espaço de tempo.



Esperando pelo Galo no Estádio Antônio Carlos, tal qual a galera da laje em 2011.

Para finalizar, uma pequena história: há uns 15 ou 20 anos atrás, meu tio avô Lelê estava nos visitando num desses domingos de almoço em família e, acompanhado pelo meu pai, entoou uma canção que a torcida atleticana cantava nos anos 40 e 50. Nunca me esqueci disso, mas só me lembrava que a música falava da nossa escalação.

Um dia desses, estive em Belo Horizonte visitando o irmão mais velho do meu pai e lhe perguntei se ele conhecia a tal música. Sem nenhuma hesitação, de bate pronto, cantou a música inteira e permitiu que eu a gravasse para a posteridade. A interpretação, obviamente, foi entrecortada com lembranças daquele esquadrão que defendeu a camisa alvinegra naquela época e levantou 8 campeonatos mineiros em 10 anos (entre 46 e 55). Abaixo a transcrição da letra e um arquivo de áudio com o meu tio interpretando a canção do alto dos seus 75 anos:

"Có-có-ró-có-có
Quem se manifesta é o famoso Carijó
O seu cantar é muito natural
Pois entre os sete ele é o maioral
Deixou raposa, leão, tucano e coelho
A tartaruga olhando o tigre no espelho
O grande galo com a suas atuações
Ficou com o título Campeão dos Campeões

A sua equipe Kafunga, Murilo e Ramos
O grande Silva, Zé do Monte e Mexicano
O Nívio, Lucas, Mário de Souza, Xavier
Pega na bola cada um faz o que quer
Esse negócio de dizer que o time é duro
É a mesma coisa que dar murro no escuro
Se o craque Lêro é artilheiro sem rival
Então o Atlético Mineiro é o mesmo o tal"


Parabéns ao Clube Atlético Mineiro e a todos os atleticanos!!

20 de mar. de 2011

Idas e vindas

Atlético 1 x 2 América
Atlético 8 x 1 IAPE
Ipatinga 2 x 2 Atlético
Atlético 2 x 1 Villa Nova

Muito mais do que a falta de tempo, o tédio relativo ao Campeonato Mineiro e às fases iniciais da Copa do Brasil tem me mantido afastado deste espaço. Na realidade, a única partida que consegui acompanhar dentre as quatro acima listadas foi o clássico, quando tivemos uma fraca apresentação e acabamos perdendo a invencibilidade e, de quebra, a liderança do campeonato. Como eu disse aos rapazes após a partida: "perder um jogo levando dois gols do Fábio Júnior significa que temos problema na defesa". Defesa, aliás, que tem sido um problema recorrente desde a era Celso Roth. Está cada vez mais difícil me lembrar da última partida em que a meta de Renan Ribeiro não foi vazada. Espero, sinceramente, que o Dorival Júnior consiga equacionar o problema das laterais e proporcionar a proteção necessária ao miolo da zaga para que possamos sobreviver na Copa do Brasil e termos uma boa participação no brasileiro.

Mais agitado do que as últimas partidas do Galo tem sido o mercado de transferências. Após a saída de Obina, o Atlético acabou negociando dois Diegos: o Souza e o Tardelli. O primeiro nem chegou a estrear no glorioso e, neste ponto, estou com a diretoria: se não estiver satisfeito, que vá procurar outro lugar. É difícil entender porque o Souza não se adaptou ao Atlético, tenho a impressão até de que se tivéssemos o Mineirão talvez as coisas tivessem sido diferentes, mas fizemos o correto: o negociamos. Que seja feliz em outro lugar. Já o segundo é uma perda terrível para o ataque alvinegro. Grande ídolo da torcida nas últimas temporadas, grande artilheiro e referência ofensiva, Tardelli deixará saudades. Mas numa era onde os bons negócios valem mais do que a história em uma instituição, acho que a diretoria agiu corretamente.

Para compensar as perdas, o Atlético se movimentou. Hoje o Kalil anunciou a contratação de Guilherme, ex algoz alvinegro que estava atuando pelo Dínamo de Kiev na Ucrânia. Com 22 anos, é uma aposta interessante para ocupar a vaga deixada por Tardelli. Há alguns dias um outro Guilherme foi anunciado: lateral esquerdo revelado pelo Vasco que andava pela Espanha. Surgiu como promessa, mas nunca se firmou. É jovem e não deve ser difícil conseguir ser o lateral titular do Atlético: se jogar um pouquinho, é titular garantido. No mais, corre à boca pequena que o Atlético estaria interessado em contar com o Adriano Imperador no seu ataque. Dadas as circunstâncias envolvendo o retorno do jogador ao Brasil e a sua saída tumultuada do Flamengo, não acho que seja um investimento muito promissor. Na minha opinião, de contrato de risco basta o do Jóbson.