24 de ago. de 2013

Sem registro na ata

Botafogo 4 x 2 Atlético

Qualquer sujeito trabalhador sabe que a logística necessária para se deslocar para um estádio e assistir a uma partida de futebol às 22 horas de uma quinta-feira é um fator para lá de desmotivante. Tudo bem que o Maracanã é bem servido pelo metrô e coisa e tal e que a peleja prometia ser boa mas, no balanço geral, sou mais uma noite bem dormida.

De qualquer maneira, a estreia do Atlético na Copa do Brasil não foi nada boa. Depois de completar 3 jogos sem levar gols, dando demonstrações de que a velha solidez defensiva havia voltado, a zaga e os volantes alvinegros exageraram nas falhas e diminuíram as chances de classificação para as quartas-de-final da competição. Além das falhas, é preciso reconhecer que desta vez a sorte não esteve do nosso lado: um gol contra, duas bolas desviadas no meio do caminho e uma sobra mal rebatida pela defesa determinaram o placar final.

O Botafogo é um time entrosado, bem treinado e - o que mais me preocupa - regular. Embora a torcida e parte da crônica esportiva tentem ressuscitar a mística da campanha da Libertadores (até pela coincidência do placar necessário para a classificação - 2 x 0), entendo que a tarefa será das mais complicadas. Por outro lado, o sistema defensivo botafoguense deixou brechas suficientes para que o Atlético criasse boas oportunidades e anotasse dois tentos de extrema importância, ambos após passes magistrais de Ronaldinho. É aquela coisa: depois da vibração pelo quarto gol, veio o silêncio pelo nosso segundo. Todo mundo sabia que o 4 x 2 era melhor para o Galo do que o 3 x 1. Além disso, precisamos considerar que o azar extremo que demos no Maracanã, não se repetirá no Horto. Ou seja, é difícil mas não impossível.

A torcida, pelo visto, acredita na reviravolta. Depois da campanha épica na Libertadores, o atleticano exibe uma autoconfiança nunca dantes revelada! Ontem pela manhã, participei de uma reunião que contava com mineiros e cariocas. Os mineiros eram atleticanos e alguns cariocas eram botafoguenses. E foi um deles que ao adentrar o recinto deu início ao seguinte diálogo com um dos atleticanos:

- E aí! Não te avisei para não ir ao Maracanã ontem?
- Tá tranquilo! Vamos marcar a próxima reunião para a manhã da quinta-feira que vem para a gente ver como ficou?
- Olha lá, hein, rapaz! Vai se arrepender!
- De jeito nenhum, pode anotar aí na ata: a partida das quartas-de-final da Copa do Brasil na nossa chave será Atlético x Flamengo.

Naturalmente, o tópico não foi registrado na ata, mas está aqui no blog. Quinta que vem, conferiremos.

18 de ago. de 2013

Jogando novamente

Atlético 2 x 0 Bahia
Internacional 0 x 0 Atlético

Aos poucos o atleticano vai deixando a conquista da Libertadores de lado voltando a dedicar as suas atenções ao Campeonato Brasileiro. Digo "aos poucos" porque no meio da semana que passou sonhei que havíamos perdido a final e permaneci com esta crença durante os primeiros minutos da manhã. Depois de escovar os dentes, me lembrei que um jogador do Olímpia havia chutado um pênalti na trave e o caneco estava na Olegário Maciel.

Não sei se com os outros torcedores tem sido assim, mas esta memória impressa dos fracassos das temporadas anteriores, esta espécie de "histerese cerebral", por vezes causa um lapso que me leva a duvidar que levantamos o troféu. O remédio é rever os VTs do jogos decisivos que mantenho devidamente arquivados aqui na minha casa. Ainda assim, os assisto com um aperto no coração quando vão se aproximando os minutos finais e "aquele" gol não sai.

De qualquer maneira, parece que o Galo resolveu colaborar com a torcida e as duas últimas rodadas demonstraram que o Campeonato Brasileiro finalmente começou para a equipe. Uma boa vitória contra o Bahia no meio da semana e o empate heroico em Novo Hamburgo nos deixaram mais tranquilos com relação ao nosso futuro nesta competição. Dátolo e Fernandinho, ambos ainda fora de ritmo, pareceram ser boas contratações sob o ponto de vista técnico. Sob o ponto de vista psicológico ficaram algumas dúvidas com relação ao segundo, em especial depois da expulsão infantil aos 36 minutos do primeiro tempo do jogo de hoje.

Jogo, aliás, que teve a cara de uma peleja disputada pela Libertadores no interior da Argentina: campo acanhado, torcida em cima, árbitro fraco e muita pressão. O colorado gaúcho, que possui um meio e um ataque muito qualificados, exigiu o melhor de nossa defesa que, felizmente, esteve em uma tarde muito inspirada. Quando a zaga falhou, Victor e o travessão nos salvaram. Pontinho precioso! No fim, Victor deixou a fleuma de lado e se bateu contra a torcida adversária, chutando a bola do jogo na arquibancada e sendo justamente expulso. Um cena para lá de inusitada...

Segundo apurado na internet, o arqueiro alvinegro, que minutos antes havia executado um verdadeiro milagre diante de Leandro Damião, batia no peito e gritava "Aqui é Galo!" encarando a parede colorada. Pois é, aquele monstro frio e calmo nos momentos mais nervosos da Libertadores acabou explodindo contra a torcida do seu ex-maior rival. Sei lá, talvez haja algum sentido nisso... Mas o Vitão tem crédito! O negócio agora é contar com o Giovanni contra a Lusa no próximo domingo.

11 de ago. de 2013

Na base do VT

Náutico 0 x 0 Atlético
Atlético 2 x 2 Botafogo
Flamengo 3 x 0 Atlético
Atlético 1 x 2 Atlético/PR
Cruzeiro 4 x 1 Atlético

Passadas duas semanas, desconfio que a maioria dos atleticanos e, talvez, o próprio time, ainda não tenham absorvido totalmente a magnitude do feito do último dia 25 de julho. O agravante no meu caso, foi que a epopeia belorizontina acabou sendo seguida por uma viagem a trabalho para a China dois dias depois da final.

O futebol, como se sabe, não é um esporte que desperte grandes emoções nos habitantes do gigante asiático. Em Xangai, pelo menos, o espaço público é dominado pelo badminton e na única vez em que vi uma pelota deslizando pela relva, os responsáveis eram alguns estrangeiros. Assim, além de não ver as três partidas seguintes do Atlético pelo Campeonato Brasileiro, ainda fiquei relativamente por fora das notícias do universo futebolístico.

O placar do clássico eu soube porque recebi algumas mensagens de amigos cruzeirenses tirando um sarro. Mensagens, aliás, que me fizeram perceber o quão insanos éramos ao festejarmos todos aqueles clássicos que vencíamos após alguma conquista do nosso maior rival. Eu me encontrava em tão excelente estado de espírito que aquela zoações foram simplesmente descartadas tal qual um sujeito afasta uma incômoda pulga com um reles peteleco.

Na rodada seguinte o meu irmão, que estava no Independência acompanhando a partida contra o xará do Paraná, se entusiasmou com tento anotado por Bernard e me avisou via SMS:

- "Gol do Galo! Bernard!"

Poucos minutos depois recebi mais uma sequência de mensagens:

- "Empataram"
- "Viraram 2 x 1"
- "Acabou"

Era melhor ter deixado quieto.

Mas, enfim, de volta ao Rio de Janeiro, resolvi que a melhor maneira de combater o jetlag era assistindo ao vt de Atlético x Olímpia. Desde então, tenho visto o jogo em doses homeopáticas porque, curiosamente, o nervosismo é maior do que o do dia em que estava presente ao estádio. Acho que passamos tanto tempo vendo a bola bater na trave e sair que o inconsciente diz que o juiz vai mandar voltar a primeira cobrança do Olímpia defendida pelo Victor ou que aquele pênalti do Leonardo Silva não vai entrar.

Para contrabalançar estas emoções, a tv resolveu contribuir e transmitiu as duas últimas partidas do Galo pelo Campeonato Brasileiro para o Rio de Janeiro. Tanto contra o Botafogo quanto contra o Náutico, o Atlético deu sinais de que pretende voltar a jogar bola, mas a verdade é que o time ainda parece disperso, forçando jogadas e cometendo muitos erros de armação de jogo e saída de bola. Nossa jogada favorita é o chutão do Réver e o deus nos acuda na frente, coisa de pouca efetividade no mundo real. Com relação à arbitragem, reconheço que os trios tiveram uma atuação muito ruim nos dois jogos mas, de qualquer maneira, o futebol apresentado pelo time fez com que o empate saísse de bom tamanho.

No mais, ainda estou para entender a preferência do Cuca Belludo pelo Richarlyson. O cara se posiciona mal, não aparece na cobertura, erra todos os passes, não acerta cruzamentos e dificulta todas as jogadas. Típica performance de quem acha que é craque, mas não é. A única explicação para a permanência dele no time titular é alguma função tática sem a bola, coisa que só quem está no estádio pode ver. Fernandinho, Dátolo e Wesley me parecem bons reforços, mas não seria nada mal se pintasse um bom lateral esquerdo.