30 de jul. de 2009

Mais um clássico

Mesmo com a chuva incessante que cai no Rio, estaremos logo mais no maior do mundo para apoiar o Galo na sua busca pela liderança contra o Flamengo. Depois do chocolate aplicado nos rubro-negros na temporada anterior (3 x 0 dentro do Maracanã), acredito que seja praticamente impossível repetir a bela atuação e a vitória tranquila. Apesar disso, o time tem sido um adversário difícil de ser batido fora dos seus domínios e, se apresentar o seu melhor futebol, complicará a partida para os urubus. Tomara que a sorte esteja do nosso lado nesta rodada, pois diante do péssimo resultado do domingo passado, precisamos, acima de tudo, pontuarmos esta noite.

Parte 2: A convocação do Tardelli ou "pimenta no rabo dos outros"

Muitos celebram a convocação do nosso artilheiro nesta temporada para a Seleção Brasileira. Sem dúvida, para o jogador e para o clube a convocação é um fato deveras interessante: abrem-se portas, valoriza-se o passe e divulga-se o time. Para o torcedor, no entanto, é o que há de pior: é o princípio do adeus, não bastasse as rodadas cujo desfalque é inevitável, a convocação praticamente carimba o passaporte do futebolista para o exterior. E, pra falar a verdade, para mim (e para a maioria dos atleticanos, creio eu), o Galo vem muito antes da seleção.

Mais irritante do que ter o principal jogador convocado para a seleção é descobrir que o jogo contra o Palmeiras, partida que pode decidir o primeiro turno do campeonato foi, "coincidentemente", adiada para o dia do jogo do Brasil contra o poderoso escrete da Estônia. Haja estômago.

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27 de jul. de 2009

Gosto amargo

Atlético 0 x 1 Goías

Três dias após a desgastante (tanto fisica quanto emocionalmente) partida contra o Fluminense, estávamos todos de volta ao Mineirão: time e torcida, tendo o Goiás como adversário. Domingo ensolarado, estádio cheio, cenário perfeito para mais uma grande atuação do alvinegro mineiro.

O cenário era perfeito, só faltou a vitória do protagonista do espetáculo.


Infelizmente, o cenário sozinho não garante um grande espetáculo. O jogo deste domingo começou nervoso, com o verdão decidido a cozinhar o Atlético o máximo que pudesse, uma catimba tremenda. O Galo mantinha a posse de bola, mas não conseguia chegar ao gol de Harlei com a qualidade necessária para finalizar com precisão. Nas poucas oportunidades que teve ao longo de toda a partida, acabou pecando por preciosismo, falta de técnica ou falta de sorte. Sim, se a sorte esteve do nosso lado na quinta-feira, quando a bola quicou e entrou, na tarde do domingo nada deu certo.

Quanto ao nosso adversário, é um time que manteve o treinador da temporada passada e vem realizando grandes partidas fora dos seus domínios. Já era sabido que o jogo seria problemático. Ademais, contam com Iarley na frente. Jogador discreto, mas que sabe segurar a pelota como poucos, distribuir os contra-ataques e chegar finalizando, como comprovou in loco nosso zagueirão Welton Sagat Felipe. E assim, quando levamos o gol faltando menos de 10 minutos para o apito final, o estádio inteiro pareceu saber qual seria o fim da história. Ficou o sabor amargo da derrota em casa, pela primeira vez neste brasileiro.

Não há dúvidas de que o Atlético tem um bom time de futebol, mas com o desenvolvimento do campeonato e a realização de duas partidas por semana, fica claro que o elenco ainda precisa de mais uma ou duas peças para suportar o ritmo do torneio. Conforme havíamos discutido no pós-jogo de quinta-feira, ainda no Mineirão, o mais preocupante era o físico do Atlético para a partida do domingo. Aparentemente, este foi um grande problema na tarde de ontem. O time correu, lutou, mas sem "chegar junto", sem a pegada característica dos jogos anteriores, marcando mais em seu campo de defesa e chegando sem muita qualidade quanto tinha a posse de bola.

Quinta-feira, contra o Flamengo, estaremos no Maracanã, tomara que com bastante fôlego.

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25 de jul. de 2009

Contra todos os prognósticos

Atlético 2 x 1 Fluminense

Não se pode negar que lotar o Mineirão é um hábito corriqueiro da massa alvinegra e, portanto, não há razão para a surpresa em relação à média de público dos jogos em Belo Horizonte nesta temporada. A diferença desta vez é o clima de otimismo que começa a se firmar no Gigante da Pampulha e no seu entorno, enquanto aguardamos o início da partida. Não é o otimismo que leva ao menosprezo ao adversário e, naturalmente, ao clima de "já ganhou", mas aquele que vem da confiança da torcida em relação ao seu time e que é, sem dúvida, produto dessa boa campanha e do início do resgate da nossa dignidade e prestígio. Uma experiência bastante diferente daquelas vividas nas temporadas anteriores quando as pessoas se preparavam espiritualmente do lado de fora para serem atiradas aos leões dentro da sua própria casa.

Pois bem, nesta quinta-feira chegamos bastante cedo ao ponto de encontro onde se desenvolvem os rituais de pré-jogo: bate-papo, cantorias e 2 latões por 5 reais. Uma vez que não se permite a venda de bebida alcoólica dentro dos estádios e os ingressos são vendidos antecipadamente, as pessoas prolongam estas atividades até 10 ou 15 minutos antes do momento previsto para o apito inicial. O resultado é a tremenda confusão que se gera nos portões de acesso ao estádio, impossibilitando sequer a formação de uma fila. Já tendo passado por isso antes, nos dirigimos para o portão 40 minutos antes do início da partida onde já enfrentamos uma certa confusão, mas não tivemos maiores problemas para o acesso. Dizem que quem deixou para depois viveu um verdadeiro inferno.

A partida em si, conforme previsto no post anterior, foi dificílima. O Fluminense optou pela defesa, mas sempre levando perigo à retaguarda alvinegra em seus contra golpes, exigindo boas intervenções do arqueiro aracnídeo. Durante toda a primeira etapa esta foi a tônica da partida, o que resultou no 0 x 0 para estes primeiros 45 minutos. Os times voltaram iguais para o segundo tempo e o Atlético ainda mais decidido em pressionar os cariocas. Assim, após um bate-rebate na área tricolor, Serginho conseguiu cabecear uma bola que quicou no gramado e entrou na meta de Fernando Henrique. Festa nas arquibancadas! Logo depois, erro de saída de bola da defesa do Fluminense, que foi roubada pelo ataque alvinegro, cruzada para a área e empurrada para o gol por Tardelli. 2 x 0 e carnaval no Mineirão.

A partir dos 2 x 0 o Atlético, aparentemente, decidiu controlar o jogo e o resultado foi uma tremenda pressão do adversário que impôs uma verdadeira blitz à meta alvinegra. De tanto tentar, acabou anotando o seu tento após uma bola rebatida por Aranha e recuperada pelo Tartá, em flagrante impedimento, que a cruzou rasteira para a pequena área onde o jovem Kiesa empurrou-a para as redes. 2 x 1 e extrema tensão nas arquibancadas. Admito que há muitos anos não vivia momentos tão tensos dentro do Mineirão, momentos dignos de uma partida decisiva. O companheiro Mateus, à beira de uma crise nervosa, se retirou das cadeiras e passou a, nervosamente, andar de um lado para o outro no caminho que leva ao acesso às arquibancadas, se manifestando aos palavrões à cada ataque desperdiçado pelos cariocas. Para finalizar, no último minuto, Aranha operou um milagre e garantiu a vitória e mais três pontos para o Atlético. Ainda permanecemos por alguns minutos nas cadeiras após o apito final, do jeito que foi não dava para sair de bate pronto, até para evitar um provável colapso do Mateus, que esteve a ponto de dar cabeçadas nas paredes.

E contra todos os prognósticos o Atlético continua vencendo e, após 13 rodadas, permanece na primeira posição com uma diferença de 3 pontos em relação ao segundo colocado. Felizmente, fiquei com a sensação de que a torcida resolveu, definitivamente, jogar junto e teve a necessária paciência para o Galo pudesse trabalhar as jogadas e buscar os gols. Como já disse, esse é o nosso time e essa é a nossa chance: vencer em casa. 1 x 0, 2 x 1, 3 x 2, não importa, precisamos dos três pontos.

Amanhã, outra partida complicada na Pampulha: o Goiás. Time bem treinado, astuto e com jogadores experientes. Roth deve se lembrar bem da derrota que lhe foi imposta ano passado pelo verdão em Porto Alegre, derrota que acabou lhe custando o título. Esperamos que as lições tenham sido aprendidas e que possamos atuar com a firmeza e serenidade necessárias para conquistar os pontos.

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23 de jul. de 2009

Apoio incondicional

"Parece que ele tá falando do Real Madrid"
William Waack

Muitos torcedores têm reclamado do tratamento dispensado pela imprensa nacional acerca da campanha do Atlético: incredulidade, desconfiança, ironia e até um certo desprezo, devo reconhecer (vide o senhor William Waack, por exemplo). No entanto, qualquer torcedor que acompanhe o glorioso há mais de 25 anos sabe que, mesmo nos áureos tempos de Reinaldo, Luisinho e companhia, o time nunca teve muita simpatia da imprensa (isso porque, talvez, seus rivais à época gozassem de mais prestígio). Ou seja, nada que já não conheçamos de longa data e, com relação a isso, acredito que a direção não pode deixar se abater pela falta de respeito. Pelo contrário, deve utilizar o menosprezo como fator de motivação para que a resposta seja dada dentro do campo.

Um outro aspecto interessante a ser destacado é que nos últimos seis anos o Atlético veio de uma sequência incrível da más gestões, sofrendo uma série de humilhações (em campo e fora dele) que acabaram por comprometer a tradição e o prestígio do clube mais tradicional de Minas Gerais. E, amigos, reconstruir uma reputação é uma tarefa árdua, demanda muito trabalho e os resultados não são imediatos. Me parece que neste ano o Atlético tem dado os primeiros passos neste sentido tanto futebolistica (tendo montado um time de futebol) quanto politicamente (contratações importantes, trabalhos nos bastidores, marketing, etc). Fica cada vez mais evidente que estamos, sim, correndo atrás.

A minha única preocupação, conforme já explicitado em posts anteriores, é a relação da torcida com o time. Está claro que pela primeira vez, depois de 8 anos (tirando pequenos intervalos sob o comando do Levir e do Leão) temos um time, e não um amontoado de jogadores, disputando o campeonato. O elenco tem suas limitações, mas também tem os seus destaques, mesclando experiência e juventude. É um time que corre e luta e tem ido mais longe do que imaginávamos que poderia ir. Dito isso, confesso que não consigo entender os protestos de certos segmentos da torcida em relação a determinados jogadores. Há sim carências e há atletas que estão rendendo abaixo do esperado, mas o time tá indo e se a torcida for junto, é muito melhor. Resumindo: é papel da torcida cobrar e protestar, mas se for para o estádio, é obrigação apoiar. Ponto final.

Sobre o Brasileirão: por incrível que pareça, a rodada começou de maneira extremamente favorável ao Atlético, que manterá a liderança mesmo diante de uma derrota frente ao Fluminense. É, certamente, uma ótima notícia, mas que deverá ser tratada com o devido cuidado para que a equipe não se acomode e mantenha a concentração necessária a fim de conseguir os importantes pontos desta noite, pois este é um longo campeonato.

Acima de tudo, não podemos nos enganar: apesar da má fase do tricolor carioca, não será um jogo fácil. Com novo ânimo após a troca do treinador o Fluminense deve vir com um esquema bem fechado, apostando nos contra-ataques e no poder de decisão do goleador Fred. É preciso ainda lembrar a desastrosa apresentação alvinegra diante do Botafogo, que atuou no Mineirão com a mesma proposta do seu conterrâneo. Caberá à torcida ter paciência e apoiar o time, independente da qualidade do futebol apresentado. Uma vitória pelo placar mínimo terá o valor de uma goleada.


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20 de jul. de 2009

Com sabor de vitória (com o perdão do trocadilho)

Vitória 0 x 0 Atlético

Domingo de inverno é aquela coisa: tempo meio fechado, um certo frio (para os padrões cariocas), o clima certo para uma bela lazanha e algumas taças de vinho. O sujeito então, com o estômago cheio, chega em casa e resolve deitar no sofá para acompanhar a rodada do Brasileiro que, naquele momento, já está em andamento. Expectativa de partida difícil para o Atlético contra o Vitória em Salvador. O rubro-negro baiano detém a impressionante marca de 100% de aproveitamento jogando em casa e o Galo a de ser o melhor visitante.

TV ligada, pressão baiana. Processo digestivo mesclado com nervosismo não dá certo e é melhor dar uma zapeada e uma conferida na rodada. Má notícia: a vitória parcial do colorado no grenal devolve a liderança aos gaúchos, melhor sintonizar novamente no Barradão. Já é fim do primeiro tempo, escaramuça na área atleticana, Roger cabeceia, Aranha olha, a bola bate na trave e entra. A sorte é que, no espaço de tempo entre a informação ser captada pelos meus olhos, seguir pelos nervos ópticos e chegar à área do cérebro responsável pelo processamento da imagem, o narrador confirma que o árbitro havia anulado o tento soteropolitano, de modo que não tenho a minha digestão prejudicada. Milagre. Meu raciocínio de engenheiro diria que o sistema auditivo agiu mais depressa do que o óptico nestas circunstâncias, mas considerando os pobres resultados das minhas audiometrias, acredito que aquele vinho tenha sido o fator preponderante neste evento.

A fim de garantir a paz ao meu estômago, resolvo tirar uma soneca e perco a maior parte do segundo tempo. Os poucos flashes que acompanho terminavam, invariavelmente, com algum chutão da zaga alvinegra. Mais uma conferida na rodada: virada no Olímpico, o empate nos devolve a liderança. Torcida pelo apito final que, para meu alívio, não tarda a aparecer.

Se alguns alegam que o empate em Salvador foi um mau resultado, para mim pode ser considerado bastante satisfatório diante do pouco que vi da partida. Tivemos dois desfalques importantes, enfrentamos um adversário direto pelas primeiras colocações, que havia ganhado todas as partidas em casa até o momento e que nos havia imposto um 3 x 0 naquele mesmo estádio há bem pouco tempo. Qualquer torcedor alvinegro com mais de 15 anos sabe o que se passaria na tarde de ontem em Salvador se chegássemos para jogar com o espírito das últimas temporadas. No entanto, soubemos controlar o jogo e chegar a um resultado favorável e importante para a continuação do campeonato. No fim, recuperamos a liderança perdida no sábado e jogaremos as duas próximas partidas em casa. Agora é fazer a nossa parte, o Galo só depende dele.

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19 de jul. de 2009

Missão difícil

Esta tarde o Galo entrará em campo na Bahia para tentar recuperar a liderança, surrupiada pelo Palmeiras no início da rodada, na noite de ontem. Missão deveras complicada, uma vez que enfrentaremos o Vitória, equipe com 100% de aproveitamento jogando em casa e de amargas lembranças para o torcedor alvinegro nesta temporada. Muitos argumentam que o rubro negro jogará sem a sua defesa, mas nós jogaremos sem o nosso principal jogador na temporada, o goleador Tardelli, e sem o veterano Júnior, que tem se destacado no meio campo alvinegro.



Não tenho dúvidas de que será um jogo complicadíssimo e a chance do Atlético em conseguir um bom placar aumenta muito se mantiver o futebol consistente da partida do meio de semana, com muita pegada e muita atenção. Não entrar a 20 por hora, como nosso adversário fez no Mineirão, o que resultou no gol relâmpago do Tardelli. Jogar com autoridade e suportar a pressão dos minutos iniciais lembrando, quem sabe, aquela apresentação antológica no mesmo estádio em 1999 pelas semifinais do Brasileiro.

No mais, se serve de alento, esta noite sonhei com uma vitória atleticana: 1 x 0, gol do Éder Luís de pênalti (eu nem sabia que ele cobrava penais).

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17 de jul. de 2009

Gás total

Atlético 2 x 0 São Paulo

Para o torcedor atleticano, a semana de 12 a 18 de julho pode ser definida como futebolisticamente perfeita: além da recuperação e, depois, manutenção da liderança no campeonato brasileiro com duas vitórias no Mineirão, ainda pode testemunhar o feito épico de "la brujita Verón" e seu Estudiantes de La Plata no mesmo estádio na noite de quarta-feira.

Entusiasmado pela boa campanha e animado com o fracasso do rival, o atleticano compareceu em massa em Mineirão fazendo uma grande festa. Aparentemente, a energia das arquibancadas contagiou o time, pois eu ainda estava finalizando as minhas tarefas no computador quando ouvi o grito de gol vindo da sala, chegando ao recinto apenas a tempo de ver o Tardelli correndo em direção ao banco de reservas, comemorando o seu sétimo tento no campeonato. O que se viu depois foi um time brigador, ganhando as divididas e perdendo inúmeras chances ao longo de todo o primeiro tempo. A segunda metade chegou a dar pinta de que seria mais equilibrada, mas um grande gol do Serginho, após tabela com o Éder Luís, colocou uma pá de cal no ímpeto de reação do tricolor. Depois disso, o Galo controlou a partida e garantiu os três pontos.

Ainda desprezado pela maior parte da imprensa nacional e visto com desconfiança por uma parcela da torcida, a grande pergunta do momento é: até onde o Atlético pode chegar? É verdade que nem o mais otimista dos atleticanos imaginava que pudéssemos estar nesta situação após 11 rodadas mas, nessa altura, já me parece evidente que o Galo não ocupa a posição por acaso: existe consistência e objetividade no futebol praticado pelo time e, aparentemente, muita confiança, pois as coisas estão dando certo. Acho muito cedo para falarmos em título ou, até mesmo, em Libertadores, mas tem dado gosto ver essa equipe guerreira e veloz. Não dá exibição, mas luta, divide e corre, e é isso que o torcedor do Atlético gosta. A academia fica do outro lado da lagoa.

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13 de jul. de 2009

No radinho

Cruzeiro 0 x 3 Atlético

Uma verdade acerca do ser humano é que nada é mais fácil do que se acostumar com o que é bom e, verdade seja dita, a pós-modernidade tem sido pródiga em disponibilizar “soluções facilitadoras” para a vida de todos. No caso do torcedor de futebol, o advento do serviço de “pay-per-view” disponibilizou praticamente toda a temporada dos grandes clubes para transmissões ao vivo em qualquer lugar do país. Depois que o sujeito torna-se usuário do produto, não quer saber de nada menos do que ver o jogo do seu clube no momento em que ele acontece. Estamos muito mal acostumados.

O interessante é que não faz muito tempo, as únicas transmissões ao vivo das partidas do Atlético se resumiam aos jogos decisivos ou, eventualmente, algum clássico jogado contra adversários importantes de outros estados. Atlético x Cruzeiro? Nem pensar. Esse era o jogo do radinho: Willy Gonser um tempo e Alberto Rodrigues na outra metade, fosse com o alto falante colado no ouvido sentado na arquibancada de cimento do Mineirão, fosse em casa sentado no chão do quarto ouvindo a narração com os amigos.


Faço esta introdução porque, estando no interior da Bahia a trabalho, fica difícil acompanhar os jogos do Atlético a não ser que seja pela bolinha da Globo ou em algum site na internet. Hoje, para variar, resolvi acessar o rádio online e deixar a narração fluir enquanto terminava as minhas tarefas. Ouvir o jogo pelo rádio é uma parada engraçada: qualquer um que tenha alguma experiência em estádio de futebol sabe que a transmissão dos radialistas está mais para a ficção do que para a descrição do fato real. Ademais, creio que pelo menos metade do trabalho de construção da cena é destinada ao cérebro do ouvinte. Um exemplo: senti um certo incômodo enquanto via os dois primeiros gols do Atlético, mas logo me dei conta de que estava desconfortável porque, enquanto ouvia a partida, imaginava o jogo acontecendo com as equipes ocupando os lados opostos do gramado e os gols haviam sido previamente concebidos desta maneira por mim.

Mas, deixemos este papo para lá e falemos da vitória do Atlético. Era o time reserva do Cruzeiro? Sim. A expulsão do Zé Carlos com 7 segundos do primeiro tempo ajudou? Muito. Mas, analisar a partida a partir destes dois fatos nos levaria a conclusões incompletas: verdadeiras, talvez, mas incompletas. O Atlético não vencia o seu maior rival há 12 partidas, o técnico adversário nunca havia perdido um clássico e o Roth nunca havia ganhado um. Vínhamos de dois resultados complicados com duas atuações medíocres, uma pressão enorme que era produto das circunstâncias previamente apontadas e da desconfiança e impaciência de uma torcida que vem sendo muito mal tratada neste século XXI.

Vencemos e foi muito importante. As coisas deram certo para o lado alvinegro desta vez e creio que isto trará uma certa tranqüilidade para o desenvolvimento do trabalho nestes dois ou três dias que antecederão outra dificílima partida: o São Paulo no Mineirão. A liderança está de volta, um tabu está quebrado e podemos recomeçar a escrever a nossa história.


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12 de jul. de 2009

Sem clima

O mais estranho de estar longe de tudo é ser absolutamente privado da possibilidade de “sentir o clima” do clássico. Tudo bem que após o decepcionante desempenho do domingo passado acabei, voluntariamente, me abstendo do noticiário esportivo da semana. A única coisa que me chamou a atenção foi o palpite do Lédio Carmona em seu blog, onde apostou no empate entre o Galo e o seu maior rival. Como o índice de acertos dele nas partidas envolvendo o glorioso é baixíssimo, considero que a partida terá um vencedor.

O clássico é o tipo de jogo onde, andando pela cidade, ouvindo o rádio, vendo as pessoas, um sujeito consegue detectar qual dos dois tem a maior probabilidade de vencer. Isso é “sentir o clima”. Para a tarde deste domingo, no entanto, não tenho palpites. Se fosse pela lógica, apontaria uma vitória do Atlético mas, sendo realista, sei que não será tão fácil assim.

Desde a chegada do Adílson ao nosso maior rival não conseguimos derrotá-los, o homem é um estrategista de primeira e tem sabido nos superar como nenhum outro. Amanhã (ou hoje, quando tiver publicado o post), Batista entrará com um time reserva jogando a pressão, que já não é pequena, para o nosso lado: não bastasse as 12 partidas sem vencer o clássico, o Galo vem de duas partidas ruins tendo entregado a liderança para o Internacional (para regozijo da imprensa nacional, que aponta o alvinegro como o cavalo paraguaio da temporada 2009). A minha esperança é que o time entre em campo bastante concentrado e aguerrido e consiga vencer a partida, derrubando o tabu, recuperando a auto-confiança e, quem sabe, a ponta da tabela.

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8 de jul. de 2009

Altos e Baixos

Atlético 1 x 1 Botafogo

Neste momento, soam um tanto proféticas as palavras de Celso Roth durante a semana de preparação para a partida contra o Barueri na rodada passada, quando tentava alertar o torcedor alvinegro sobre a “curva de desempenho” de uma equipe ao longo de um campeonato grande como o Brasileiro e as suas implicações. O curioso é que naquela hora achei que meu dileto amigo Dentadura estava agindo corretamente, visto que a empolgação dos torcedores beirava a histeria. No entanto, após a merecida derrota para o Barueri e a frustrante exibição contra o Botafogo diante de 48 mil torcedores atleticanos, começo a desconfiar que a desculpa já estava sendo preparada. Desculpa porque ainda não disputamos um terço do campeonato e não era para essa maldita curva estar nos presenteando com os seus malditos efeitos (ou benditos, se a mesma apontasse para uma melhoria de desempenho).

O jogo deste domingo, acompanhado aos pedaços, já que era exibido pela TV Bahia, deve ter sido uma das piores partidas de futebol desta temporada, incluindo os campeonatos estaduais e as quatro divisões do campeonato brasileiro. Um Atlético, inexplicavelmente apático, enfrentando um Botafogo que povoou o meio de campo com seis jogadores, ganhando todas as rebatidas sem, no entanto, criar oportunidades de gol. Só não digo que parecia um jogo de totó porque periga o volume de faltas apontadas pelo árbitro ter quebrado o recorde nacional da categoria. Ou seja, até onde pude acompanhar, as pobres almas que estiveram no Mineirão puderam assistir a uma legítima pelada que nos custou a liderança do campeonato.

Possíveis razões para este fracasso?

· Burrice, talvez. Não é possível que um time profissional, sabendo que o adversário possui um exímio cobrador de faltas, procure cometer as infrações, sistematicamente, dentro do raio de alcance do referido jogador. Uma hora a bola entraria, era óbvio.

· Podemos apontar também as mexidas do senhor Roth: naturalmente, os desfalques obrigam a modificações, mas os de hoje não justificam a manutenção do Júnior na lateral esquerda. Em todos os jogos sérios que disputamos com o veterano pentacampeão na sua posição de origem, fomos devidamente batidos. Entretanto, obtivemos nossos melhores resultados com o jogador atuando no meio. Entendo que Evandro e Renan Oliveira devessem ser testados, são dois jovens e têm talento mas, infelizmente, nenhum dos dois têm correspondido.

· Finalmente, o fato de termos o clássico agendado para o próximo domingo e estarmos com cinco jogadores pendurados pode ter feito com que os mesmos tenham evitado o confronto direto contra os adversários para evitar o amarelo e a conseqüente suspensão na partida contra o nosso maior rival. Se for esse o caso, acho que foi um erro crasso.

Digo que a terceira hipótese seria um erro porque o Atlético precisava muito dos três pontos contra o Botafogo. Além disso, devemos nos lembrar que temos um tabu importante a ser batido contra a raposa, mas não podemos tornar essa cruzada o evento prioritário no campeonato brasileiro, caso nossas pretensões sejam maiores do que garantir uma vaguinha na sulamericana.

O nosso rival, dadas as circunstâncias, deve entrar em campo com um time misto, jogando toda a responsabilidade do resultado para o Atlético. Se triunfarmos, tudo bem. O problema é que um resultado adverso pode corroer seriamente o trabalho do Celso e é por isso que considero uma aposta arriscada a priorização do clássico (caso este fator tenha influenciado o desempenho na partida contra o Botafogo): saímos do jogo praticamente ilesos (apenas o Carlos Alberto foi suspenso), mas com uma necessidade enorme de vencer uma partida que, por si só, já gera uma enorme pressão. Vamos ver se conseguimos, ao menos, acertar passes e ganhar rebotes. Temos uma semana para isso.

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4 de jul. de 2009

Não será fácil

Embora não tenha uma conexão disponível no alojamento, desta vez vim equipado com um computador, de modo que posso preparar os meus textos durante os momentos de folga e publicá-los oportunamente.

Domingo defenderemos a liderança do campeonato contra o Botafogo. A principal diferença neste encontro vem das circunstâncias envolvendo as equipes neste momento: se nas últimas temporadas o alvinegro carioca vinha apresentando um bom desempenho, chegando a ocupar as primeiras posições diversas vezes e o Atlético lutasse para se manter afastado da linha da degola, os dias atuais colocam as duas equipes nos extremos opostos na tabela – o Galo é o primeiro, o Fogão é o último.

Apesar de o Botafogo ser um adversário historicamente perigoso, este é o tipo de jogo onde, em geral, nunca houve muitas surpresas: quem estava melhor quase sempre se impôs sem maiores dificuldades.

Curiosamente, este é um dos jogos que menos presenciei nos estádios. O primeiro Atlético x Botafogo que fui aconteceu nas quartas-de-final do Brasileiro de 94. Depois de amargar as últimas posições ao longo de quase todo o certame, o Galo, sob o comando do então novato Levir Culpi, realizou uma campanha devastadora na repescagem e se classificou para enfrentar o Fogão, que já o havia derrotado duas vezes na fase classificatória. No Mineirão, o Galo aplicou um 2 x 0 e, no jogo de volta, foi derrotado por 2 x 1, classificando-se para a semifinal.

No ano seguinte, sofremos uma goleada humilhante por 5 x 0 no Maracanã para o time que viria a se consagrar campeão brasileiro naquela temporada. Por duas vezes, nas temporadas seguintes, o Atlético deu mostras de que poderia devolver o vexame nos gramados cariocas: em 96, no Mineirão, após abrir 4 x 0 no primeiro tempo, tirou o pé e sofreu três gols e um sufoco incrível no fim, sustentando a vitória por 4 x 3 e, em 98, novamente em casa, depois de virar o primeiro tempo perdendo por 2 x 0, virou espetacularmente para 5 x 2 no segundo tempo e, da mesma maneira, viu o rival carioca chegar ao empate por 5 x 5, naquele que foi classificado como o melhor jogo da temporada pelos cronistas (para mim, no entanto, foi um dos jogos mais irritantes jamais vistos e que, no fim, acabou nos tirando da fase final do campeonato após um empate melancólico com a Ponte Preta). Finalmente, em 1999, o Atlético se vingou impondo um 5 x 1 ao Botafogo em Caio Martins.

Em 2001, na minha volta aos estádios (desta vez no Independência) outra grande exibição e mais uma goleada atleticana: 4 x 0, com direito a gol do lateral direito Baiano. Ele mesmo, o Baiano, ex-vendedor de calcinhas , que barrou o Cicinho e que, algumas temporadas depois, poderia ser visto defendendo as cores do Boca Juniors. Coincidentemente, esta partida antecedeu o clássico para o Brasileiro daquele ano, história que se repetirá nesta temporada.

Após 2001, ambos os times fizeram uma visita à segunda divisão e ambos voltaram à primeira sob o comando de Levir Culpi. Desde então, os cariocas obtiveram ampla vantagem sobre os mineiros tanto no Brasileiro quanto na Copa do Brasil e na Copa Sulamericana. A última partida disputada pelos dois acabou em vitória do Atlético por 2 x 1 resultando na quebra de um tabu amargo, que durava desde esta famigerada partida há oito anos.

Se conseguir superar psicologicamente a derrota da rodada passada (e isso se aplica tanto ao time quanto aos 40 mil abnegados que devem aparecer no Mineirão), mantiver o futebol que vinha praticando anteriormente e se cuidar diante do ataque carioca (Vítor Simões e Reinaldo, caso joguem) acredito que o Atlético possa sair vitorioso no domingo pois, dada a sequência que nos aguarda nas próximas rodadas, esses três pontos seriam fundamentais para as pretensões de Roth e seus comandados.

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