25 de dez. de 2013

Nunca foi tão fácil ser atleticano

Atlético 3 x 2 Guangzhou
Atlético 1 x 3 Raja Casablanca
Atlético 2 x 2 Vitória
Fluminense 2 x 2 Atlético
Atlético 4 x 1 Goiás
Portuguesa 2 x 0 Atlético
Atlético 2 x 1 Internacional
Bahia 0 x 0 Atlético

O ano não acabou da maneira como os atleticanos esperavam. O sonho da conquista do mundo foi sepultado pelos marroquinos do Raja Casablanca que souberam explorar com maestria um time desorganizado, com uma defesa exposta e um ataque inoperante. É verdade que a arbitragem esteve muito mal e que Réver não cometeu o pênalti no final do segundo tempo (cheguei a me lembrar da antológica defesa de Victor contra o Tijuana, mas desta vez a sorte não esteve do nosso lado), mas não podemos negar que a derrota foi merecida.

Passada uma semana, muito já se falou e se escreveu sobre a derrota em Marrakesh e diversas são as teorias para a nossa falta de competitividade naquela oportunidade. Reconheço que a forma como a saída do Cuca foi conduzida pode ter prejudicado o ambiente mas, por outro lado, uma análise fria dos números da temporada nos trazem certas verdades que não podem ser negadas. A maior delas é a de que o Atlético do Cuca não sabia jogar fora de casa. Excluindo-se o campeonato estadual da parada, foram 5 vitórias longe de Belo Horizonte ao longo de toda a temporada. No Brasileiro foram 2 em 19 jogos!

Em todos os jogos decisivos fora de casa (Cruzeiro, Newell's Old Boys, Olimpia e Botafogo) falhávamos miseravelmente e corríamos desesperadamente atrás do prejuízo no Horto onde, em geral, buscávamos os resultados. Desta maneira, quem acompanhou o clube ao longo de 2013 sabia que o nosso maior desfalque no Mundial não seria o Bernard, mas sim o Independência. O colunista Tostão, inclusive, já havia detectado as limitações do nosso sistema de jogo (que ele batizou de "Estilo Galo Doido") em uma coluna após a semifinal da Libertadores:

"O problema dessa estratégia é que só funciona bem em casos de emergência, em momentos especiais e em casa. Não é um projeto sustentável para o futuro nem dura por muito tempo. O Atlético é exceção, já que, no Independência, não perde há mais de ano, desde a reinauguração. São 38 jogos."

Analisando o caso como um todo, acho que o maior erro foi termos priorizando insanamente o Mundial em detrimento do Campeonato Brasileiro. Tudo bem que seria um título expressivo inédito e - mais importante e mais motivador - cobiçado por nosso maior rival.  Na minha modesta opinião, excluindo-se este segundo aspecto, o Mundial FIFA é um torneio menor, com jogos chatos e disputado por clubes desinteressados (a menos dos sulamericanos, que o superestimam devido às rivalidades nacionais/regionais). Não fez nenhum sentido termos aberto mão do Brasileirão de maneira tão prematura e este foi o motivo do meu maior desgosto.

Dito isso, acho que não temos do que reclamar de 2013. O bicampeonato Mineiro e, é lógico, a conquista épica da Libertadores superaram todos os melhores sonhos que eu já havia tido com o Atlético ao longo destes 36 anos e pouco. Aos que chegaram agora, afirmo com toda a segurança: nunca foi tão fácil ser atleticano! O que vimos no norte da África não fez nem cócegas quando o comparamos a humilhações nem tão distantes como uma eliminação diante do Brasiliense de Péricles Chamusca em semifinal da Copa do Brasil, uma queda para a segunda divisão ou sucessivas goleadas para o maior rival. O fato de estarmos lá já dizia muita coisa sobre a nossa situação atual.

Agora é pensarmos em 2014. As notícias, até o momento, não me agradaram. Não gosto do Paulo Autuori desde os tempos em que ele treinava o Botafogo do Túlio Maravilha e Donizete Pantera: técnico de futebol burocrático, feio e pouco eficiente. Para quem se acostumou a ver o Galo sufocando adversários no Independência, meu palpite é de que tempos difíceis se anunciam. Mas, diante deste Atlético de contratações imprevisíveis, de renascimentos e reconstruções, tudo é incerto e possível. Quem sabe Autuori, como tantos outros renegados que chegaram e se superaram, não encontra a sua redenção com a camisa alvinegra? Torço para que sim.

Feliz 2014 a todos!