30 de abr. de 2012

Nostalgia e o império da mediocridade

Na manhã de hoje me encontrei com um velho companheiro dos tempos de Mineirão e Independência nos anos 90. Como não poderia deixar de ser, após algum tempo nos atualizando sobre os fatos e eventos que aconteceram em nossa vida nos últimos 10 anos, acabamos tratando do Clube Atlético Mineiro. Naquela época, com a falta crônica de recursos que caracteriza a vida de estudante, chegamos ao ponto de pedirmos carona na avenida Antônio Carlos para chegarmos ao Mineirão e vermos um Atlético x Villa Nova pelo campeonato mineiro numa quarta à noite. Um verdadeiro programa de índio. Mas, infelizmente, foi necessário pouco tempo para sairmos das boas lembranças e chegarmos ao lamentável estágio atual do clube.

Quanto mais converso e discuto com os amigos, mais me parece claro que o grande legado de Kalil, Guimarães e Maluf será ter creditado ao Clube Atlético Mineiro uma reputação de ser um lugar tranquilo para se trabalhar: pagamentos são feitos em dia, vive-se num hotel 5 estrelas, com direito a fisioterapeutas, preparadores físicos e médicos de seleção brasileira. E o melhor: não há cobrança por desempenho! Pode-se colecionar goleadas do maior rival que nada vai acontecer. Realmente, um excelente negócio para todos - exceto o torcedor. Cabe a este pagar o ingresso, comprar mercadorias licenciadas do clube, assinar o pay per view e ficar de bico calado.

Deixando a ironia de lado, o problema é que qualquer empresa ou empreendimento sem comando anda solto, sem rumo e sem foco e, consequentemente, não obtém bons resultados. Para grande parte das pessoas, trabalhar sem pressão é o melhor dos mundos. Basta se acomodar em uma posição qualquer onde não se faça notar e tudo transcorrerá bem até a aposentadoria. Se quiser trabalhar está bom, caso não queira está bom também. O problema da organização que se torna conhecida por essas características são, basicamente, dois: a lei do menor esforço a leva naturalmente a uma produtividade medíocre e, o que é pior, as pessoas sérias só permanecem ali até o ponto de perceberem o buraco em que se meteram e caírem fora.

Digam: que jogador de ponta ambicionaria jogar no Atlético atualmente? Quais os prognósticos de um sujeito que chega ao Galo hoje? Lutar para não cair? Desmotivante, não? Durante um tempo eu ainda acreditei que cair nas graças de uma torcida fanática fizesse alguma diferença nos anseios de um jogador. Mas, atualmente, ser celebridade basta e isto tem pouco ou nada a ver com a performance do atleta. Sendo assim, ou a liderança cria um ambiente propício para a montagem de um grupo comprometido e trabalhador ou se prepara para contratar grife, vender camisas e encher álbum de figurinhas. Futebol que é bom, só se (e quando) o elenco quiser.

Bom, a semifinal de ontem qualificou o América como nosso adversário na final do Campeonato Mineiro 2012. Sem dúvida, é um adversário mais fraco mas é preciso considerar que desde a reta final do Brasileirão 2011 o coelho tem jogado melhor do que a dupla galo e raposa. Durante o turno vencemos a duras penas o clássico por 2 x 1 com um jogador a mais durante a maior parte do jogo. Não vai ser fácil. A menos que haja uma mudanças de atitude (a qual não se desenha no horizonte), as probabilidades de se deixar escapar o quadragésimo primeiro título mineiro são reais.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pitacos:

- o América é limitado. Os jogadores do coelho tem terminado as últimas partidas extenuados, alguns com câimbra, vítimas da limitação do treinador que demora a mexer no time. Time que tem fábio jr titular não pode nunca vencer um time de primeira divisão.

- o Atlético tá em crise interna. Tirando o fato que o presidente joga contra e o diretor de futebol é peça decorativa, os jogadores tão brigando entre si. Leandro Donizete e Rever discutiram rispidamente contra o Goiás. No jogo contra o Tupi, Donizete disparou contra colegas de meio campo e citou nome (escudero).

- mesmo com o exposto acima, o atlético é favorito. Em relação a copa do brasil, só um milagre.

Mateus

LF disse...

Não vou ver os próximos jogos. O díficil para um atleticano é esperar um milagre. Quando é mesmo que foi o último? :)