25 de fev. de 2011

O certo, o errado e a galera da laje

Guarani 2 x 4 Atlético
IAPE 2 x 3 Atlético

Depois de uma semana acompanhando as discussões sobre os cronogramas das obras para a Copa do Mundo de 2014, voltamos à realidade brasileira acompanhando a galera da laje torcer pelo Galo contra o Guarani em Divinópolis no último domingo. A partida foi relativamente tranquila para o Atlético que conseguiu, sem maiores dificuldades, abrir uma diferença de 4 gols no primeiro tempo, se limitando a administrar o placar na etapa seguinte. Destaque para as boas atuações de Ricardinho e Neto Berola. As entradas de Mancine e Ricardo Bueno diminuíram um pouco o ímpeto ofensivo da equipe. Diego Souza, que entrou nos minutos finais, foi o jogador de sempre: apático, mal humorado e fora de forma.

O verdadeiro espírito do futebol: a galera da laje em Divinópolis!

Infelizmente, não pude acompanhar a estreia do Galo na Copa do Brasil devido a uma reunião de condomínio que varou a noite de quarta-feira com as discussões de sempre. Mais tarde pude verificar o nível da arbitragem que esteve escalada para a partida no estádio Nhozinho Santos em São Luis: dois lances ridículos que resultaram nos gols do IAPE. De qualquer maneira, o Atlético conseguiu impor o seu melhor futebol e terminou vencendo por 3 x 2. Não eliminou o jogo de volta, mas creio que não terá maiores problemas com o adversário em Sete Lagoas. Isso é Copa do Brasil.

Agora, trato dos dois principais assuntos da semana:

1. Saída do Diego Souza: a bem da verdade, o DS nem chegou ao Atlético. Ao longo de todos esses meses não consigo me lembrar de nenhuma partida sequer onde o meia tenha se destacado. Desde a primeira vez que o vimos no gramado a impressão que tivemos foi de falta de compromisso, insatisfação e apatia do atleta. Sem contar que já estamos em março e o rapaz, que tem apenas 25 anos, ainda não entrou em forma. Até 2009 foi um excelente jogador, mas não tem rendido desde então. Confesso que ainda tinha esperanças de que as coisas pudessem mudar, mas a fim de evitar um prejuízo maior, acho que o melhor a se fazer é negociá-lo e ponto final.

2. Clube dos 13 e venda dos direitos de transmissão do Brasileirão: tenho várias críticas à gestão do Kalil à frente do Atlético, mas acho que ele está certo ao bater o pé pela licitação nos moldes que o Clube dos 13 está propondo. Mais certo ainda ao falar sobre os valores pactuados para cada clube.

Até o fim desta semana eu acreditava que o ponto crucial da discórdia entre os dissidentes e o Clube dos 13 seria uma suposta exigência de divisão das cotas em partes iguais entre os clubes, mas acabei verificando que existe uma previsão de cotas maiores para Flamengo, Corínthians e alguns outros, como sempre foi.

Ridículo mesmo foi ver as entrevistas dos dirigentes do timão e dos quatro grandes do Rio de Janeiro tentando justificar a saída do Clube dos 13, ninguém disse nada, foi uma enrolação só: "o Clube dos 13 não defende os nossos interesses!", "o Rio precisa se unir para salvar o futebol!", é o que dizem. Que interesses seriam esses? Salvar o futebol do que?

Depois dos vários mimos da CBF, incluindo taça das bolinhas, Itaquerão, reconhecimento do status de "Campeão Brasileiro" para os vencedores dos torneios interestaduais dos anos 50 e 60, somando-se à parceria Traffic e Globo para a vinda do Ronaldinho para o Flamengo, não acho que seja difícil inferir quais seriam as respostas paras as perguntas acima. É um mar de lama mesmo.

No mais, espero que o Kalil tenha consciência do que está fazendo, pois sendo a metralhadora giratória que é, atirando contra todo mundo sem piedade, sempre fica a impressão de que o Clube dos 13 está usando o presidente do Galo como bucha de canhão: toda a polêmica está centrada nele, enquanto o resto assiste de camarote. Nós atleticanos sabemos muito bem como é duro estar do lado errado, mesmo estando certos, se é que vocês me entendem.

18 de fev. de 2011

Arrumando a casa

Cruzeiro 3 x 4 Atlético
Atlético 4 x 1 Tupi

Após 14 dias de trabalho incessante em São Roque, que me mantiveram afastado do Clube Atlético Mineiro, eis que estou de volta ao Rio e, milagre dos milagres, consigo assistir ao VT do clássico no PFC 24 horas.

Em geral, não tenho paciência para reprises de jogos, mas diante do resultado obtido no último domingo e da vitória obtida pelo nosso maior rival na noite de quarta, confesso que fiquei curioso para verificar o desempenho da equipe em Sete Lagoas.

O que vi foi um jogo equilibrado, contra um adversário duro e perigoso e que jogou sério. Tivemos menos posse de bola, mas a verdade é que me pareceu que este fato se deveu muito mais a uma opção estratégica de Dorival Júnior do que a uma suposta qualidade superior do nosso rival. Na verdade, quando teve a bola no pé o Atlético foi mais agudo, levando perigo ao gol de Fábio, explorando inteligentemente as deficiências da zaga azulada. A arbitragem, como sempre, teve uma fraca atuação. Entretanto, podemos dizer que como distribuiu seus erros democraticamente, não interferiu diretamente no placar.

Com relação às atuações individuais, é preciso destacar a boa partida de Zé Luís, que combateu Montillo incessamente e, na maior parte das vezes, se saiu bem. A zaga trabalhou com segurança, bela partida do Werley e boa estreia de Leonardo Silva. Ricardinho e Diego Tardelli comandaram o ataque alvinegro, o primeiro distribuindo o jogo com a categoria que lhe é peculiar e o segundo voltando a ser o matador da temporada 2009: um gol de pênalti, um de oportunismo e um tento antológico, entortando a zaga celeste duas vezes antes de mandar um toque sutil no canto direito do arqueiro celeste quando vivíamos o momento de maior perigo no clássico.

Acredito que com Neto Berola, Wesley e Diego Souza no banco e Mancine e Daniel Carvalho se recuperando, o Atlético não terá problemas do meio para a frente. Tenho a impressão, inclusive, que com todos os nossos meias em forma, Renan Oliveira tenda a ocupar um lugar no banco. O rapaz tem corrido e produzido mais desde a chegada do novo comandante, mas carece, definitivamente, de um pouco de fibra. O gol perdido na cara de Fábio só comprova a nossa tese.

O nosso calcanhar de aquiles continua sendo as laterais. Muito embora Leandro e Jackson não tenham entregado o ouro ao longo da partida, ambos ainda estão aquém do perfil necessário para resolver o problema da posição. Não sei se Patric e Eron solucionarão esta carência, mas Dorival Júnior tem crédito de sobra para montar este time e ter a nossa confiança. Outro que não tem me agradado é Serginho, sempre tocando mais do que deve na bola e se afobando no momento do último passe, propiciando contra ataques perigosos para o adversário.

Enfim, grande início de temporada do Atlético. O que mais me agradou não foi nem a vitória em si, mas a disposição da equipe e o fato de ver que temos um time, uma equipe que jogou de igual para igual contra um adversário perigoso, bem armado e mais entrosado, não se abatendo quando saiu atrás no placar e mantendo a tranquilidade enquanto esteve na frente. Minhas esperanças de termos um time competitivo em 2011 aumentaram bastante.

1 de fev. de 2011

A largada e outros pitacos

Funorte 1 x 2 Atlético

A noite do último domingo de janeiro marcou a largada para mais uma temporada acompanhando o Clube Atlético Mineiro. Enganam-se aqueles que acreditam que após o milagre operado por Dorival Júnior e seus comandados nas rodadas finais do Brasileirão 2010, o torcedor alvinegro desejasse uma pausa para se recuperar emocionalmente: nem bem o juiz apitou o final da partida contra o São Paulo, ele passou a apertar a tecla F5 em busca de novidades no twitter do Kalil. E, não tenha dúvidas, passou assim as festas de fim de ano e as primeiras semanas de janeiro. Com 11 contratações, o time acabou justificando esta ansiedade do torcedor que, empolgado, aguardava a estreia da equipe no Campeonato Mineiro.

A escalação para a partida contra o Funorte, em Montes Claros, mostrou a opção de Dorival em manter a base da equipe que fez a boa campanha na reta final do Campeonato Brasileiro. As únicas modificações foram as entradas de Jóbson no lugar de Obina (negociado com a China), Richarlyson no lugar de Zé Luis e Ricardinho no lugar de Diego Souza.

As estreias do Atlético em Campeonatos Mineiros não vinham sendo muito boas, já eram 4 anos sem conseguir uma vitória. Os minutos iniciais da partida davam a impressão de que, nesta temporada, a história seria diferente. Mas, pouco a pouco, a equipe montesclarense conseguiu equilibrar a peleja e acabou anotando o seu tento numa falha da defesa alvinegra.

O Atlético voltou para o segundo tempo com Wesley no lugar de Rafael Cruz e Magno Alves no lugar de Jóbson. Mais veloz, a equipe começou a envolver o adversário e a criar mais oportunidades. E foi num contra-ataque veloz que Magno Alves conseguiu o gol de empate, após tramar com Tardelli e Wesley. O gol da vitória veio de pênalti, sofrido por Wesley e convertido por Tardelli. Quebrado mais um tabu e anotados 3 pontos na tabela com um 2 x 1 que fez justiça ao que foi apresentado em campo.

Não foi uma grande exibição do Galo, mas foi o suficiente para vencer na estreia, jogando num campo ruim contra um time desconhecido. De qualquer maneira, isso não esconde o fato de que continuamos com problemas nas duas laterais e que o Serginho e o Renan Oliveira correm grande risco de perderem a condição de titulares nesta equipe. O primeiro é um bom jogador, mas erra demais. Fico com a impressão de que sempre tenta dar um toque a mais ou busca uma jogada mais difícil. Se botasse a bola no chão e jogasse simples, seria mais útil. Quanto ao segundo, o problema é a falta de colhões de sempre. Basta dizer que o Wesley mostrou em 45 minutos mais vontade e pegada do que o Renan em 3 anos de Atlético. Assim é complicado.
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A revista PLACAR deste mês traz uma reportagem sobre as contratações do Atlético para a temporada de 2011. A pergunta da revista é: quem estaria bancando a vinda de tantos reforços em um clube com uma dívida estimada em R$300 milhões? Está certo que a Placar poderia ter feito a mesma pergunta ao rubro negro carioca, que acabou de contratar o Ronaldo Gaúcho mesmo tendo a maior dívida do país (e que, curiosamente, estampa a capa da revista) ou, quem sabe, ao tricolor carioca e ao timão, só para ficarmos em três exemplos. Mas, de qualquer maneira, é bom tentar entender o que acontece em Lourdes.

A resposta, obviamente, passa pelo nosso banqueiro favorito, Ricardo Guimarães. Kalil se limita a dizer que as contratações refletem o sucesso da sua gestão. Já a oposição, especialmente na figura do conselheiro Manfredo Palhares, acusa a atual diretoria de seguir a cartilha do dono do BMG, que dentro da sua própria gestão acabou se tornando o maior credor do Galo. Um investidor de sucesso! Para finalizar, Palhares chega a afirmar que o Galo teria desembolsado astronômicos R$ 20 milhões para se livrar do Luxemburgo no ano passado. Verdade ou maledicência?

O fato é que nunca saberemos o que realmente se passa dentro do Atlético. Já me martirizei muito imaginando a quantidade de maldades que se acumula dentro desta caixa preta, mas cheguei à conclusão de que não vale a pena. Faz mal pra saúde e não te leva a lugar nenhum. E, para ser sincero, nesta altura do campeonato, se o Atlético emplacasse uma sequência vencedora, eu nem ligaria que este distinto cavalheiro se tornasse o dono do time. Mas, infelizmente, as recentes recordações de sua passagem pela presidência do clube, me fazem duvidar de um futuro brilhante para a equipe.