8 de jul. de 2012

Prognósticos e chutes

O bom início de campanha tem animado os atleticanos neste brasileirão 2012. Desde a mudança da fórmula de disputa do campeonato para pontos corridos apenas em duas oportunidades o Galo disputou uma posição na metade superior da tabela: 2003 e 2009, ambas com Celso Roth no comando. Nestas duas temporadas, o Atlético largou bem mas não teve a qualidade necessária para se manter nos primeiros postos. Elenco limitado, deficiências técnicas, físicas e emocionais nos impediram de chegar mais longe.

Se 2009 foi uma espécie de repetição de 2003, 2010 foi de 2004 e 2011 - por pouco - não foi a de 2005. Sempre cobramos coerência nas contratações e a manutenção de uma base para conseguirmos formar uma equipe e, bem ou mal, 2012 começou com uma base montada ao longo do segundo semestre de 2011 e com contratações pontuais. Neste ponto, mesmo a contragosto, sou obrigado a dar crédito ao Kalil por ter mantido o Cuca e o elenco após aquela desastrosa derrota contra o nosso maior rival na última rodada do campeonato. Eu, passional, teria demitido o treinador e metade dos jogadores.

2012 começou com poucas contratações (Leandro Donizete, Pierre - em definitivo, Escudero, Rafael Marques e Marcos Rocha) e com a conquista do Campeonato Mineiro de maneira invicta, fato inédito desde 1976. Em compensação, fomos eliminados de maneira bisonha na Copa do Brasil pelo Goiás, equipe que atualmente disputa a Série B do Brasileiro. E é preciso ressaltar que mesmo tendo vencido o mineiro, o desempenho do time não foi convincente. 

Diante das limitações apresentadas, o clube foi atrás de reforços e trouxe alguns renegados dentro do futebol brasileiro: Jô, dispensado do Inter por indisciplina e Ronaldo Gaúcho e Júnior César do Flamengo. O ex-R9 era perseguido pela torcida e estava em litígio com o clube carioca e o lateral esquerdo estava fora dos planos dos rubro-negros. Finalmente, na semana passada, fechamos com o goleiro Victor, arqueiro gremista desde 2008.

E quais as diferenças em relação a 2003 e 2009?

- A base. Roth chegou em 2003 e 2009 para apagar incêndios e conseguiu tirar água de pedra do que tinha em mãos. Em 2012 temos uma base razoável, que conseguiu fazer um excelente returno em 2012 - estando invicta em casa desde então - e que foi reforçada em posições carentes  

- O banco é razoável. O time tem ido bem sem Réver, André e Guilherme - que fez um excelente campeonato mineiro antes de se contundir. Filipe Soutto, Serginho e Richarlyson, nesta ordem, são boas opções de volantes para Cuca. Ainda temos Escudero e Juninho. Talvez o zagueiro Luis Eduardo destoe deste grupo, mas tenho esperanças de que haja alguém na base que possa ser aproveitado.

- Estamos de volta a Belo Horizonte. As duas temporadas nefastas no pasto do Jacaré foram terríveis para o alvinegro que SEMPRE foi um time que usou muito bem o fator casa. A torcida faz muita diferença.

- Treino. Ao contrário de Dorival e Luxemburgo, dá para ver claramente o dedo de Cuca no time. O cara é emocionalmente instável? Tem dificuldades nos momentos decisivos? Sim, tudo isso é verdade. Mas precisamos reconhecer que o Atlético 2012 tem padrão de jogo e consistência tática. As partidas que vi foram vencidas pelo Galo porque o time esteve melhor em campo e fez valer a sua superioridade.

- Motivação. O time está correndo e lutando muito e a chegada de Ronaldo e Jô, jogadores rodados, parece ter feito bem para a equipe, por incrível que pareça. Ronaldo não é mais aquele, mas recebe atenção especial de todos os adversários e aumenta os espaços para Bernard e Danilinho jogarem. 

E os cuidados a serem tomados?

- O excesso de confiança da torcida. Assim como a massa desestabiliza o adversário nos jogos em Belo Horizonte, esse poder pode ser facilmente revertido contra o próprio clube - como efetivamente foi revertido nas rodadas finais de 2009. É bom o Kalil ficar com a boca fechada e transmitir paciência e serenidade para todos. Será que ele tem esta capacidade?

- Regularidade. O brasileiro é um campeonato longo e nenhuma equipe consegue manter o alto nível nas 38 rodadas. Quem larga na frente, inevitavelmente tem uma queda de produção e, se estiver bem planejado, recupera as energias para um "sprint final". Mais uma vez, é preciso paciência.

- Cuca. Como já disse, é trabalhador e treina o time mas, historicamente, acaba arrumando problemas com o elenco. Nosso diretor de futebol é fraco e o Kalil é um passional maluco. Quem teria a capacidade de gerenciar esta situação? Seremos capazes de superar a crise da perda de performance? É preciso pensar a respeito.

- A perda do fator surpresa. Desprezado como "cavalo paraguaio" no início do campeonato, a regularidade e o bom desempenho do time fazem com que os adversários passem a atuar com mais seriedade e a estudar o esquema de jogo, dedicando mais tempo e atenção e se preparando mais para as partidas. Em 2009, quando os adversários passaram a se defender ao invés de nos atacar e possibilitar os contra-ataques, nos demos muito mal. A partir daí, veremos se temos, realmente, uma superioridade técnica capaz de nos levar a vôos mais altos.

É claro que há uma série de outros aspectos a serem avaliados mas, em síntese, acho que é isso que nos aguarda em 2012. 

Sobre a rodada deste domingo, temos a obrigação de vencer a Portuguesa no Independência. Geninho é um velho desafeto e qualquer resultado que não seja a vitória é considerado uma ofensa pela torcida alvinegra. 1 x 0 já está de bom tamanho.

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