22 de abr. de 2012

Tradição

Tupi 1 x 1 Atlético

Começo adiantando que não vi a partida desta tarde. Meu retorno à Bahia me impediu de acompanhar a peleja em Juiz de Fora. Não tenho ideia de como foi o desempenho da equipe, mas acredito que não teremos dificuldades em garantir a classificação em Belo Horizonte ou Sete Lagoas.

O fato mais relevante da semana acabou sendo uma entrevista do nosso presidente ao PFC. Como já não sou assinante deste canal há algum tempo, apenas li a transcrição do seu depoimento. Entre outras coisas, Kalil disse que o Atlético é franco favorito no Campeonato Mineiro e que nunca tivemos a tradição de ter um grande camisa 10 na equipe. A primeira frase é bravata pura, daquele tipo que é presença constante em seu discurso. Quem viu as últimas partidas da equipe sabe que esse papo de favoritismo está pra lá de exagerado. Me incomoda mais a parte do camisa 10. Quer dizer que podemos viver sem um grande articulador de jogadas porque esta é a tradição do clube? Curiosamente, nos últimos 40 anos, ostentando esta tradição da ausência do camisa 10, não conseguimos sequer um título de expressão nacional. Quanta coincidência, não?

Falemos um pouco mais de tradição então. Ao longo da minha infância e adolescência, a tradição do Atlético passou a ser "morrer na praia" nos torneios nacionais. Invariavelmente, terminávamos entre os quatro primeiros mas sempre faltava alguma coisa que nos impedia de levantar o caneco. Esta característica, inclusive, acaba sendo representada no título deste blog, onde se lê: "A vida do ponto-de-vista de quem é bom de estatística mas ruim de títulos". Os times do Atlético jogavam no limite, conseguindo fazer os resultados em casa e chegar, muitas vezes, mais longe do que poderiam normalmente chegar. Por outro lado, nos momentos decisivos, faltava poder de decisão e amargávamos a famigerada "morte na praia".

Na última década, já sob a influência de Kalil, Maluf e seus amigos do BMG, a nossa tradição mudou e se transformou em "lutar para não cair" sendo que, como todos sabem, já chegamos a fracassar miseravelmente nesta luta. Para mim - e imagino que para a maioria dos atleticanos - não tem sido um bom negócio. Então, Kalil, é bom rever esse papo de tradição aí porque os números e os fatos estão contra você. O pior é que como não vejo perspectivas de melhorias neste sentido, começo a acreditar que a atitude mais sensata talvez seja mudar a frase que acompanha o título deste espaço. Aceito sugestões.

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