13 de ago. de 2012

Um bom negócio

Atlético 1 x 0 Vasco

A manhã de ontem começou com uma verificada rápida no celular e a descoberta de que o Brasil vencia a Rússia por 2 x 0 e caminhava a passos largos para mais um ouro olímpico no vôlei. São as maravilhas da acessibilidade. Animado, me levantei e me dirigi para a sala onde já encontrei o meu irmão assistindo à final em Londres. Ato contínuo a Rússia engrena e começa a ameaçar a equipe brasileira. Bola pra cá, bola pra lá e os ex-soviéticos acabam por fechar o terceiro set ameaçando uma conquista que parecia líquida e certa para os brasileiros. Aproveitei o intervalo e um tanto angustiado fui preparar um café. Ali na cozinha entre colheradas de pó e pensamentos místicos acabei fazendo um acordo com as forças do destino: os russos levavam a medalha, mas a vitória no jogo da tarde era do Galo.

Café pronto, volto para a sala e menciono o trato para o meu irmão: esquece esse trem porque o Brasil já perdeu, mas para compensar o Atlético vence o Vasco logo mais.  A ele também pareceu um negócio muito bom. Como já era de se esperar, a Rússia atropelou a equipe brasileira e garantiu o ouro e nós, ansiosos, esperávamos as 16 horas.

Antes de falar sobre o jogo, mais um comentário. Uma coisa interessante do ponto de vista de estrangeiro morando no Rio é ver o jogo do Atlético ser narrado como um jogo do Vasco. É compreensível, dado que o time é carioca e estávamos no Rio. O fato digno de nota é que a transmissão é em rede nacional e, assim, sempre fico imaginando como seria ter o jogo do Atlético transmitido para a capital carioca com narração do Mário Caixa. Mas, vamos lá.

Embora tenha sido uma partida bastante equilibrada, Atlético e Vasco não foi uma peleja tão nervosa quanto aquela contra o Coritiba. Enfrentar um adversário consciente das suas qualidades, dos seus limites e suas fraquezas faz o jogo ser mais cerebral e menos histérico. O Coritiba - assim como o xará de Goiânia na próxima rodada - entrou como franco atirador e sua tática um tanto kamikaze poderia ter resultados imprevisíveis. Cuca tem razão, estes jogos são sempre muito complicados.


Jô sobe para anotar o único tento da partida

Em campo o Atlético foi mais time do que o adversário. Controlou o jogo a maior parte do tempo, estando seguro na defesa e um tanto afoito no ataque, desperdiçando chances importantes. Na metade do segundo tempo Ronaldo fez uma jogada genial pelo lado direito da grande área, cruzou, Fernando Prass espalmou e Jô, tranquilo, completou para as redes. 1 x 0 com sabor de goleada, mais uma vez.

O que tem me animado nesta temporada é que o time tem tido a frieza de transformar a sua superioridade técnica e tática em gols. Em nenhum dos jogos que vi até o momento percebi um descontrole emocional mais acentuado que desse uma vantagem nítida ao adversário, fato que nos acostumamos a ver nas últimas temporadas. Claro que o desempenho não é o mesmo em todas as partidas, claro que há altos e baixos, mas tem havido equilíbrio emocional e, por incrível que pareça, acho que a vinda do Ronaldinho Gaúcho tem muito a ver com isso. Além do fato de termos mantido uma base de 2011, que resulta num maior entrosamento, num bom repertório de jogadas e alternativas, a pressão de mais de 40 anos sem ganhar um título nacional passou a ser absorvida por um personagem que, até o momento, tem sido capaz de suportar este fardo.

É um campeonato muito longo e ainda não chegamos à sua metade. Muitas coisas podem acontecer e reviravoltas têm sido uma marca do Brasileirão por pontos corridos. No entanto, não podemos de deixar de reconhecer que nunca estivemos tão perto do ideal que imaginamos para o nosso time. Se mantivermos esta programação e este foco em cada jogo estaremos muito perto do sucesso.


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