25 de dez. de 2013

Nunca foi tão fácil ser atleticano

Atlético 3 x 2 Guangzhou
Atlético 1 x 3 Raja Casablanca
Atlético 2 x 2 Vitória
Fluminense 2 x 2 Atlético
Atlético 4 x 1 Goiás
Portuguesa 2 x 0 Atlético
Atlético 2 x 1 Internacional
Bahia 0 x 0 Atlético

O ano não acabou da maneira como os atleticanos esperavam. O sonho da conquista do mundo foi sepultado pelos marroquinos do Raja Casablanca que souberam explorar com maestria um time desorganizado, com uma defesa exposta e um ataque inoperante. É verdade que a arbitragem esteve muito mal e que Réver não cometeu o pênalti no final do segundo tempo (cheguei a me lembrar da antológica defesa de Victor contra o Tijuana, mas desta vez a sorte não esteve do nosso lado), mas não podemos negar que a derrota foi merecida.

Passada uma semana, muito já se falou e se escreveu sobre a derrota em Marrakesh e diversas são as teorias para a nossa falta de competitividade naquela oportunidade. Reconheço que a forma como a saída do Cuca foi conduzida pode ter prejudicado o ambiente mas, por outro lado, uma análise fria dos números da temporada nos trazem certas verdades que não podem ser negadas. A maior delas é a de que o Atlético do Cuca não sabia jogar fora de casa. Excluindo-se o campeonato estadual da parada, foram 5 vitórias longe de Belo Horizonte ao longo de toda a temporada. No Brasileiro foram 2 em 19 jogos!

Em todos os jogos decisivos fora de casa (Cruzeiro, Newell's Old Boys, Olimpia e Botafogo) falhávamos miseravelmente e corríamos desesperadamente atrás do prejuízo no Horto onde, em geral, buscávamos os resultados. Desta maneira, quem acompanhou o clube ao longo de 2013 sabia que o nosso maior desfalque no Mundial não seria o Bernard, mas sim o Independência. O colunista Tostão, inclusive, já havia detectado as limitações do nosso sistema de jogo (que ele batizou de "Estilo Galo Doido") em uma coluna após a semifinal da Libertadores:

"O problema dessa estratégia é que só funciona bem em casos de emergência, em momentos especiais e em casa. Não é um projeto sustentável para o futuro nem dura por muito tempo. O Atlético é exceção, já que, no Independência, não perde há mais de ano, desde a reinauguração. São 38 jogos."

Analisando o caso como um todo, acho que o maior erro foi termos priorizando insanamente o Mundial em detrimento do Campeonato Brasileiro. Tudo bem que seria um título expressivo inédito e - mais importante e mais motivador - cobiçado por nosso maior rival.  Na minha modesta opinião, excluindo-se este segundo aspecto, o Mundial FIFA é um torneio menor, com jogos chatos e disputado por clubes desinteressados (a menos dos sulamericanos, que o superestimam devido às rivalidades nacionais/regionais). Não fez nenhum sentido termos aberto mão do Brasileirão de maneira tão prematura e este foi o motivo do meu maior desgosto.

Dito isso, acho que não temos do que reclamar de 2013. O bicampeonato Mineiro e, é lógico, a conquista épica da Libertadores superaram todos os melhores sonhos que eu já havia tido com o Atlético ao longo destes 36 anos e pouco. Aos que chegaram agora, afirmo com toda a segurança: nunca foi tão fácil ser atleticano! O que vimos no norte da África não fez nem cócegas quando o comparamos a humilhações nem tão distantes como uma eliminação diante do Brasiliense de Péricles Chamusca em semifinal da Copa do Brasil, uma queda para a segunda divisão ou sucessivas goleadas para o maior rival. O fato de estarmos lá já dizia muita coisa sobre a nossa situação atual.

Agora é pensarmos em 2014. As notícias, até o momento, não me agradaram. Não gosto do Paulo Autuori desde os tempos em que ele treinava o Botafogo do Túlio Maravilha e Donizete Pantera: técnico de futebol burocrático, feio e pouco eficiente. Para quem se acostumou a ver o Galo sufocando adversários no Independência, meu palpite é de que tempos difíceis se anunciam. Mas, diante deste Atlético de contratações imprevisíveis, de renascimentos e reconstruções, tudo é incerto e possível. Quem sabe Autuori, como tantos outros renegados que chegaram e se superaram, não encontra a sua redenção com a camisa alvinegra? Torço para que sim.

Feliz 2014 a todos!

7 de nov. de 2013

"Bem vindos ao espetáculo"

Atlético 5 x 0 Náutico
Botafogo 1 x 0 Atlético

E o Atlético não deu a menor chance ao Náutico na noite do último sábado em Belo Horizonte. Sem nenhum remorso, aplicou sonoros 5 x 0 e devolveu o Timbu à Segunda Divisão do Brasileirão. Tudo bem que os pernambucanos não foram um adversário à altura, mas para quem conferiu in loco a pífia performance do Galo na semana anterior no Maracanã, a chuva de gols foi um colírio para os olhos.

Sim, contrariando o bom senso e a razão, acabei deixando o conforto do meu lar para ver o Galo enfrentar o Botafogo no ex-Maior do Mundo. Sendo assim, tomei o metrô e segui, junto com alguns amigos, até a estação Estácio onde mudamos de composição e rumamos a estação Maracanã. Da passarela da estação em diante fomos guiados por uma sucessão de funcionários do estádio que nos indicavam o caminho até as bilheterias e, de lá, até as roletas e depois às cadeiras.


O ingresso promocional ainda foi caro para o péssimo espetáculo.

À medida que subíamos a rampa de acesso ao setor designado para a torcida mineira, éramos saudados por mais funcionários com microfones e caixas de som:

- Bem vindos torcedores do Galo Mineiro! O Maracanã lhes deseja um excelente espetáculo!

Com a paciência já esgotada diante de tanta oferta de ajuda, comentei com meu amigo:

- Porra, Bernardo! Onde é que estes caras pensam que estamos? No circo do Marcos Frota? "Excelente espetáculo"!? Isso aqui é coisa séria, porra!

Mais adiante, um quiosque disponibilizava tinta preta e branca para pintar o rosto das crianças ou de quem mais assim o quisesse.

- Pronto, virou palhaçada mesmo -, pensei.

Quando finalmente chegamos às cadeiras, os times já estavam em campo e o "espetáculo" prestes a começar. A partida em si foi um show de horrores. Andando em campo, os jogadores do Galo pareciam estar apenas aguardando o término da partida para curtir a famosa noite carioca. O Botafogo, limitado, acabou encontrando um gol que lhe garantiu a vitória.

No meio da torcida atleticana, alheios aos maus tratos dispensados à pelota ao longo dos 90 minutos, alguns turistas orientais devidamente paramentados com a 10 do Ronaldinho Gaúcho, se fotografavam diante da verde pelúcia. Para completar o melancólico espetáculo, logo após o apito final, no meio dos cerca de 6 mil botafoguenses que foram ao estádio, surgiu um conjunto de letras onde se lia: "LIBERTADORES É OBRIGAÇÃO".


"Libertadores é obrigação"

- Olha lá, Bernardo - chamei a atenção do meu amigo apontando para a torcida adversária - não faz muito tempo a gente tava se prestando a esse papel aí. Que coisa, né!?

- É verdade... - suspirou o nobre atleticano, que não se furtou a registrar o momento em uma foto.

Há alguns meses escrevi sobre a infantilização dos estádios de futebol naquilo que acabei batizando de "era do mosaicos". Eu já havia visitado a "Arena Maracanã" durante a Copa das Confederações e já sabia, mais ou menos, o que me aguardava. Mas aquilo era um evento FIFA, com torcedores que se dispunham a comprar lembranças e tirar fotos com aquele mascote horrível. Estive também na "Arena Mineirão" para a final da Libertadores, mas o estado de nervos no qual adentrei o Gigante da Pampulha e a embriaguez nirvânica com a qual o deixei me impedem de tecer qualquer comentário crítico acerca das transformações pelas quais o estádio passou.

O fato é que, ingenuamente, acreditei que durante o Campeonato Brasileiro as coisas deveriam voltar a alguma coisa próxima do "normal". Infelizmente, ao que me parece, o processo de apropriação do futebol pela indústria do entretenimento é irreversível. Não sou daqueles que tem saudades do xixi no copo, da falta de um banheiro decente, da guerra nas roletas na hora de entrar ou da violência gratuita das arquibancadas. Acho uma maravilha poder ir de metrô ao Maracanã e conseguir chegar ao meu assento com os times já em campo e não 3 horas antes da peleja para evitar o tumulto da entrada. Conforto não é o problema.

O problema, de fato, é terem pasteurizado a experiência futebolística. Nós, mineiros, sabemos bem qual é a diferença entre um bom queijo canastra e essa massa amarela industrializada desprovida de sabor denominada "queijo minas padrão" vendida aqui no Rio de Janeiro. É mais ou menos por aí.

Esta semana, aliás, vi um documentário sobre a relação entre os uruguaios e a sua seleção de futebol que tratava muito da relação entre sofrimento e fanatismo que marca a trajetória dos nosso vizinhos do sul de 1950 para cá. Houve um momento em que os torcedores que chegavam para uma partida decisiva da Celeste eram entrevistadas na entrada do Estádio Centenário. Não era uma decisão de título, mas a vitória lhes asseguraria o direito de disputar a repescagem das eliminatórias da Copa 2014. Um senhor, com uma criança no colo, disse algo mais ou menos assim:

- Torcer pela Celeste não é uma diversão, mas sim uma tradição que é passada de pai para filho. É cultural. É parte do orgulho de ser uruguaio.

Sem dúvida nenhuma, a relação do atleticano (e talvez de grande parte dos torcedores brasileiros) com o seu clube do coração tem um aspecto cultural muito forte e, em particular, de expressão de sua identidade regional. Não tem nada a ver com sair de casa em busca de um grande espetáculo, de um entretenimento de primeira para preencher a sua tarde ociosa de domingo. Isso é produto da cabeça de quem planeja as coisas se baseando em projeções dos índices de audiência da televisão.

O mais deprimente nessa história toda é perceber que o Brasil, o país do futebol, dono de um estilo próprio de se jogar e de se torcer tenha optado por importar e implantar um modelo dito globalizado de gestão do esporte que resultou nisso aí. A gente tinha conhecimento e história para bolar algo melhor. Fico me perguntando se ainda tem volta, mas desconfio que não...

21 de out. de 2013

Poupando os reservas

Atlético 1 x 0 Flamengo
Atlético/PR 1 x 0 Atlético

Qualquer torcedor de um clube de fora do Rio ou de São Paulo tem noção da tortura que é assistir a uma partida em rede nacional do seu time do coração contra um dos grandes do eixo. No meu caso, não demorei muito a entender porque o meu pai sintonizava a rádio Itatiaia e abaixava o som da tv quando víamos os jogos em casa.

Depois de me mudar para o Rio, passei a entender que o que de fato acontece é que a Globo pega a sua transmissão local e transmite para toda a rede. Simples assim. Eu ainda tentei resistir buscando sintonizar a Itatiaia ou algum canal alternativo na internet, mas o delay na transmissão e os gols comemorados pelos vizinhos me fizeram optar pela técnica do "ouvido seletivo": só escuto o que me interessa.

Ontem a coisa até que vinha bem, dominamos a partida ao longo dos 90 minutos e acabamos vencendo, merecidamente, pelo placar mínimo. A única coisa que, de fato, me irritou foi que sempre que a derrota rubro-negra era mencionada, ela vinha acompanhada por uma ressalva marota:

"O Flamengo, que poupou vários titulares, perdeu para o Atlético em Belo Horizonte por 1 x 0", como se o Galo que entrou em campo e liquidou o urubu fosse o atual Campeão da América, e não um combinado de reservas e jogadores das categorias de base. Mas, bem, deixemos isso para lá. O fato é que poupamos nossos reservas e somamos mais três pontos no Horto.

Eu ainda falaria sobre a nossa derrota contra o xará paranaense no meio de semana em Curitiba, mas uma partida onde você entra em campo com seis pendurados e os seis levam cartões e são suspensos não pode ser levada à sério. Além disso, vale muito mais à pena mencionar o tento antológico anotado por Lucas Cândido no Independência!


Lucas Cândido observa a curva que a pelota descreve no ar antes de morrer na rede rubro-negra. Golaço!

2013 tem sido uma temporada impressionante! O Atlético do Cuca, além de ganhar títulos, tem se especializado em golaços. Não bastasse o Fernandinho ter humilhado a defesa do nosso maior rival no domingo anterior, na tarde de ontem, Lucas Cândido, um garoto de 19 anos, ganhou uma dividida na meia esquerda, deu um passo e acertou um petardo que foi morrer no ângulo esquerdo de Felipe.

Eu, que estava atirado no sofá assistindo àquele jogo meio morno, de repente me vi de pé aplaudindo e vibrando com o gol de Lucas, ou melhor, Lucas Cândido. Nome de craque que me remeteu ao imortal Lucas Miranda, ponta direito alvinegro nas campanhas vitoriosas em Minas e na Europa nas décadas de 40 e 50. Um dos ídolos do meu pai. Lucas, que a força esteja com você, meu jovem!


Lucas Miranda, Campeão do Gelo e 6 vezes campeão estadual entre 46 e 53.


13 de out. de 2013

10 anos ou reescrevendo a história

Atlético 1 x 0 Cruzeiro
Ponte Preta 2 x 0 Atlético
Atlético 0 x 0 Corínthians
Atlético 4 x 0 Ponte Preta
Criciúma 1 x 1 Atlético

Nada melhor do que comemorar 10 anos de vida com uma vitória maiúscula sobre o maior rival. Não bastasse o melhor futebol apresentado pelo Atlético (desfalcado de alguns dos seus melhores jogadores, diga-se de passagem), ainda fomos presenteados com um gol de placa de Fernandinho: um toque sutil para se desviar do caminhão desgovernado que era o beque azul, e uma bomba de canhota encobrindo o arqueiro rival. Time por time, o nosso é melhor.


Fernandinho acerta o ângulo de Fábio

Sim, ontem, 12 de outubro de 2013, este blog completou 10 anos! Relendo o primeiro post descobri que, coincidentemente, o Brasileirão também previa um clássico para aquele final de semana em Belo Horizonte. Assim como em 2013, o nosso maior rival era o virtual campeão brasileiro realizando grande campanha. O Atlético, depois de um bom início, vinha caindo pelas tabelas e fazia as contas para ver se conseguiria uma vaguinha no G4. Como sabemos, apesar dos esforços alvinegros, fomos derrotados por 1 x 0 no Mineirão e tivemos um dia das crianças bem ruim. Desta maneira, podemos dizer que a boa fase do maior rival, somada à nossa própria falta de perspectiva a curto prazo e ao gosto amargo da derrota resultaram neste espaço.

De lá para cá, nossa meta deixou de ser vencer os clássicos da temporada e passou a ser, sucessivamente, não cairmos para a segunda divisão (2004 e 2005), voltarmos para a primeira divisão (2006) e nos mantermos nela a qualquer custo (2007, 2008, 2010 e 2011). Em 2009 até que brigamos pelo título, mas faltando cerca de 10 rodadas para o fim o gás acabou e saímos inclusive do G4.


O Gigante do Horto em 2001 e em 2012

Diante deste contexto de misérias e sofrimento, ao perceber que o blog estava de aniversário, me imaginei, tal como o velho Biff em De Volta para o Futuro 2, voltando ao passado e contando a um então imberbe blogueiro a inacreditável sucessão de fatos que se daria a partir do dia 8 de agosto de 2011: 

1 - O senhor Alexi Stival Belludo, vulgo Cuca, torna-se treinador do Atlético 50 dias após deixar o nosso maior rival e sob o seu comando nos safamos de cair para a segundona em 2011.
2 - Cuca sugere, Kalil propõe e Felipão aceita trocar Pierre por Daniel Carvalho.
3 - Chega 2012 e o Independência se torna a casa do Atlético. Praticamente imbatível no Horto, o Galo chega a ficar 54 jogos invicto em Belo Horizonte.
4 - Voltamos a dominar o futebol mineiro, ganhando o estadual de 2012 de maneira invicta.
5 - Ronaldo Gaúcho rompe com o Flamengo e chega para ser o nosso camisa 10.
6 - Jô é defenestrado do Internacional e chega para ser o nosso camisa 9.
7 - O Galo despacha Werley e mais 2 milhões para o Grêmio liberar Victor, nosso novo camisa 1.
8 - O time luta pelo título nacional, mas cai de produção e chega a última rodada precisando vencer o clássico e torcer contra o Grêmio para conquistar o vice-campeonato e assegurar a passagem para a fase de grupos da Libertadores. O Galo, de virada, vence o rival por 3 x 2 e o Grêmio, com dois jogadores a mais, empata o Gre-Nal. A vaga é nossa.
9 - Chega 2013 e somos bicampeões mineiros depois de destroçarmos o nosso maior rival na final.
10 - Quartas-de-final da Libertadores contra o Tijuana. O juiz aponta a marca da cal e os mexicanos tem um pênalti para confirmar a sua classificação no último lance do jogo. Riascos, aos 47 do segundo tempo, corre para bater o pênalti e Victor defende. Estamos nas semifinais.
11 - Semifinal da Libertadores, partida de volta. A cerca de 5 minutos do fim, Guilherme - cria da base do nosso maior rival - acerta um petardo da intermediária e leva a decisão do finalista do torneio para a disputa de pênaltis.
12 - Jô perde. Casco perde. Richarlyson perde. Cruzado perde. Ronaldinho converte. Maxi Rodriguez, craque argentino, efetua a quinta cobrança e Victor defende. Estamos na final!
13 - Partida de volta da final da Libertadores. 1 x 0 para o Galo, placar que dá o título ao Olímpia. Aos 41 do segundo tempo Leonardo Silva, ex-capitão do nosso maior rival, sobe e anota de cabeça o tento que leva a disputa da decisão da Libertadores para a prorrogação.
14 - Quinta cobrança de pênalti para o Olímpia. O placar marca 4 x 3 para o Atlético. Gimenez corre, bate e a bola explode no travessão. Já é madrugada de 25 de julho de 2013, a Copa Libertadores passa a ocupar a nossa sala de troféus e a torcida comanda a maior festa da história da capital das Alterosas.


Em 2003, quem acreditaria?

Considerando a situação do Atlético durante toda a minha existência até aquele momento e o futuro negro vislumbrado pelo clube, o final do meu relato seria acompanhado, na melhor das hipóteses, de tapinhas nas costas e gargalhadas incrédulas. Houvesse alguns atleticanos fundamentalistas no nosso entorno, muito provavelmente teria que escapar de uma surra.

Pois é, não restam dúvidas de que as coisas mudaram para muito melhor. Tomara que tenhamos fincados os dois pés nesta nova fase e que os próximos dez anos sejam muito mais tranquilos porque, afinal de contas, atleticanos nunca deixaremos de ser!

29 de set. de 2013

Ronaldo e o Efeito Borboleta

Atlético 3 x 1 Santos

Se o fim-de-semana começou com clima de velório para o torcedor atleticano, o domingo terminou muito bem com uma bela vitória sobre o Santos Futebol Clube em Belo Horizonte. A despeito de todas as teorias e previsões catastróficas acerca da nossa Ronaldodependência, o time acabou superando a ausência de um meia criativo com bastante movimentação, chegando ao placar final sem grandes dificuldades. É óbvio que não podemos subestimar a falta que o camisa 10 faz para a equipe mas, de alguma maneira, precisamos criar as alternativas para sobrevivermos sem ele. Afinal de contas, substituto a altura dificilmente haverá.

Falando em Ronaldo, muito me intriga a mania que os jogadores do Atlético tem de se contundirem em treinamentos. A menos do Diego Tardelli, que pudemos ver puxando a perna logo após anotar um belo tento contra o Arsenal de Sarandí no Independência, as outras graves contusões que atingiram nossos jogadores aconteceram na Cidade do Galo. Estariam errando a mão ou tudo não passaria de uma triste coincidência?

Esta, aliás, foi a pergunta que fiz, entre um exercício e outro para recuperar o meu joelho direito, a um dos fisioterapeutas de plantão na academia que frequento. A resposta ele não sabia, mas disse jocosamente que foi só o R10 começar a arrumar os dentes para ter a pior contusão da carreira. Sim, aparentemente existiria uma espécie de Efeito Borboleta do sistema muscular humano. Assim, ao alterar a sua mordida após um reles tratamento dentário, o craque dentuço teria desequilibrado toda a sua estrutura motora e forçado o famigerado adutor submetendo-o a um esforço para o qual não estava preparado. O resultado já sabemos e tem grau 3. Azar o nosso!

27 de set. de 2013

Teremos camisa 10?

Eis que faço uma pausa para o almoço e descubro que o Ronaldinho Gaúcho sofreu uma "grave" contusão muscular durante os treinamentos da quinta-feira e está fora do Campeonato Brasileiro, correndo o risco de não disputar o Mundial em dezembro no Marrocos.

Pois é, amigos, depois do tsunami de sorte que nos atingiu no primeiro semestre, parece que o destino resolveu cobrar a sua parcela. Se for este o caso, modestamente afirmo que a execução desta suposta dívida é para lá de injusta. Duvidam? É só pesquisarem o nosso passado desde o pênalti desperdiçado pelo Cerezo em 78 para cá para descobrirem que ainda temos é muito crédito para ser descontado!

O mais curioso é notar a reação do torcedor, visto que a notícia não tardou a repercutir em meu celular. Como discutia mais cedo com um amigo, a conquista da Libertadores alçou os nossos anseios a novos e altíssimos patamares: se antes vencer um clássico era conquistar o mundo, hoje a impressão que eu tenho é a de que perdermos o mundial seria como sermos rebaixados. A natureza humana não é nada fácil!

Mas é isso. Como já desistimos do Campeonato Brasileiro, o que nos resta é torcer para que a suposta gravidade da contusão seja apenas uma artimanha do destino para trazer um pouco de emoção aos corações alvinegros nestes dois meses e tanto que nos separam da disputa na África. Teremos um camisa 10 nos gramados marroquinos?

26 de set. de 2013

A lei do menor esforço

Criciúma 1 x 1 Atlético
Atlético 2 x 1 Vasco
São Paulo 1 x 0 Atlético

É curioso notar à cada rodada que se passa deste Brasileirão como parece custoso ao elenco do Atlético disputar o torneio. Embora o desempenho não esteja sendo ruim, a impressão que fica é a de que adotamos a lei do menor esforço e acabamos complicando bons resultados que pareciam encaminhados. 

É compreensível que tenha havido um relaxamento após a conquista da Libertadores - o que nos garantiu a vaga para a competição em 2014 - e que a cabeça dos jogadores já esteja em Marrocos. Ainda assim, deixar de lado um campeonato cujo nível deve ser o mais fraco desde 2003, é um negócio que deixa a torcida desmotivada.

Não pude ver o jogo contra o São Paulo, mas contra o Vasco e o Criciúma fizemos um primeiro tempo muito bom, dominando o adversário e saindo na frente no placar. Depois disso, colecionamos uma sucessão de falhas no ataque e na defesa que parecem fruto da falta de concentração e da entrega no jogo. Para piorar, o senhor Belludo não parece estar nos seus melhores dias e as alterações efetuadas nas partidas tem sido bastante questionáveis. 

Desta maneira, o Vasco, que parecia liquidado no primeiro tempo (vencíamos por 2 x 0, com direito a show de bola), voltou para a segunda metade dando um sufoco no Atlético, diminuindo a diferença após um frangaço do Victor e não chegando ao empate por pura falta de qualidade do seu ataque. Contra o Criciúma, jogávamos bem e chegamos ao primeiro tento para que, logo depois, entregássemos o gol de empate ao clube catarinense. Sem contar o gol do São Paulo, fruto de uma pixotada bisonha do Marcos Rocha.

Marcos Rocha, aliás, carece de alguma orientação por parte do Cuca. Após a ida de Richarlyson para o banco, o lateral direito parece ter resolvido se tornar o armador oficial de contra-ataques para o adversário. A opção pela jogada mais difícil e pelas viradas de jogo perigosíssimas parecem ter se tornado a tônica do camisa 2. Pode ser falta de maturidade mas a sensação que eu tenho é a de que ele se acha muito mais jogador do que realmente é. Se se contentar em fazer o básico e buscar as jogadas mais complexas em momentos especiais, é um ótimo lateral direito.

15 de set. de 2013

Mudando de vida

Grêmio 0 x 1 Atlético

Uma coisa que fica cada vez mais evidente é como a vinda de Ronaldinho Gaúcho para o Atlético mudou a nossa vida! Somos campeões da América, bicampeões mineiros, a tv aberta e o sportv estão sempre transmitindo as nossas partidas e, para melhorar, tomamos gosto por vencer o Grêmio em Porto Alegre.

Assim, se no ano passado quebramos um tabu de 14 anos e nos despedimos do Olímpico com um gol de placa do Jô após uma jogada antológica de Bernard, este ano inauguramos a nossa participação na Arena do Grêmio com um gol de Fernandinho que acabou por decretar a nossa vitória pelo placar mínimo.


Ronaldinho manteve, por mais uma temporada, a sua invencibilidade diante do Grêmio

A partida foi disputada embaixo de muita chuva e, com o campo pesado, o Atlético optou por manter a posse de bola e esperar pelo momento apropriado para atacar o adversário. Embora houvesse um risco envolvido, a opção por evitar as ligações diretas "Léo Silva / Réver - Jô" e tentar uma saída de jogo pelo chão já foi um grande avanço.

Quanto aos jogadores, Tardelli - mesmo tendo arrematado o contra-ataque que culminou no gol de Fernandinho - não estava em uma noite inspirada e Victor voltou a ser o monstro da Libertadores, virando um gigante na frente dos atacantes adversários que tiveram pelo menos duas chances cara a cara contra o nosso arqueiro. No fim, a sorte que nos faltou nas rodadas anteriores sobrou na capital gaúcha: praticamente todas as bolas rebatidas sobravam para o Atlético e isso fez grande diferença quando precisamos controlar a pressão.

Pois é, acho que podemos afirmar que o campeonato finalmente começou para o Galo. Que a boa performance se repita no Morumbi na quarta e voltemos com mais três pontinhos para casa!

Começou o campeonato

Atlético 3 x 0 Coritiba

Após diversos percalços que resultaram em um primeiro turno cheio de altos e baixos, ficamos com a impressão de que o Galo finalmente estreou no Campeonato Brasileiro na noite da quinta passada. Pressionado pelo fato de ter sido afundado na zona do rebaixamento devido à vitória da Portuguesa contra o Vasco na véspera, o time entrou disposto a se livrar rapidamente da incômoda posição.

O primeiro tempo foi um jogo de um time só. O Coxa, desfalcado da sua principal estrela, não teve forças para suportar a pressão e levou 3 gols em 45 minutos. "Hat trick" de Jô, que está cada vez mais próximo de garantir a sua vaga para a Copa de 2014. A segunda metade não nos reservou grandes emoções, com o Atlético preferindo controlar a bola e não se arriscar, o que me pareceu razoável, visto que a partida já estava ganha. Como já dissemos várias vezes neste espaço, em um campeonato que premia a regularidade, não adianta golear implacavelmente um adversário e entregar a rapadura na rodada seguinte.

No mais, vamos ver como nos saímos no início da noite deste domingo contra o Grêmio em Porto Alegre. A tarefa é um pouco ingrata, visto que o tricolor dos pampas, além de possuir um bom time, é um dos concorrentes diretos do nosso maior rival na briga pelo título. Sendo assim, uma vitória do Galo facilita a vida da raposa. Como sabemos, nesta vida não se pode ser tudo, então é melhor que consigamos um bom placar e deixemos para acertar as contas no clássico em meados de outubro.

8 de set. de 2013

Uma nova história

Vitória 1 x 1 Atlético

Chegamos a última rodada do primeiro turno do Brasileirão 2013 e o Atlético, para minha frustração, ainda não entrou para valer no campeonato. É lógico que o tempo e o gramado não ajudaram (o dilúvio que caiu em Salvador me lembrou aquele que determinou a nossa desclassificação em São Caetano em 2001), mas o futebol apresentado pelo escrete alvinegro ainda está muito aquém do potencial do time. Não acho que tem faltado raça, determinação e preparo físico, o problema é que a combinação destes com a falta de foco e objetividade tem levado a equipe a queimar uma energia desgraçada para obter resultados pífios.

Como disse no post anterior, enquanto Cuca não arranjar a defesa, vai ficar difícil satisfazer a torcida. Além disso, as sucessivas mexidas e a mania de improvisar jogadores tem minado uma das nossas principais vantagens em relação aos demais adversários: o entrosamento de um elenco que vinha trabalhando sob a mesma filosofia há cerca de dois anos. Vejamos se a mentalidade muda neste segundo turno e se conseguimos nos manter em uma posição mais digna na tabela.

Me incomoda um pouco o fato de a imprensa esportiva, de uma maneira geral, ter aceitado bem esta queda de produtividade do time justificando-a como "ressaca pela conquista da Libertadores". Como eu dizia para alguns amigos em um boteco em BH na noite de ontem, não precisamos gastar muito tempo analisando o nosso histórico para entendermos que esta ressaca é mais do que compreensível e que qualquer torcedor normal do Atlético ainda se pega devaneando ao longo do dia com as cenas inesquecíveis da Libertadores 2013. Mas, acho que é chegado o momento de o time voltar para a Terra, deixar o troféu na galeria e passar a correr atrás de outros objetivos.

Acho até que a eliminação para o Botafogo na Copa do Brasil após a torcida tentar ressuscitar o mote "Eu acredito" no Independência serviu para botar um ponto final nessa história, nos liberando para novos desafios. O que aconteceu na Libertadores foi uma conjunção mágica de fatores que uniu torcida, direção, elenco e deuses do futebol e que culminou com o Réver erguendo a Copa na madrugada do dia 25 de julho. Um final feliz para um épico. Desta maneira, nada de vulgarizar o mote milagroso numa partida de quartas-de-final de Copa do Brasil! O resto do Brasil que nos copie, como os próprios botafoguenses fizeram na partida de ida.

É preciso acordar do sonho e correr atrás da bola no mundo real. Marrocos nos espera em dezembro e chegar à África com a segurança de termos recuperado o nosso melhor futebol seria uma ótima injeção de ânimo, aumentando as nossas possibilidades de sucesso.

5 de set. de 2013

A volta da corneta

Atlético 2 x 2 Fluminense
Goiás 0 x 0 Atlético
Atlético 2 x 2 Botafogo
Atlético 2 x 1 Portuguesa

Qualquer torcedor que esteja assistindo às partidas do Atlético regularmente já entendeu que a equipe, após conquistar a América, resolveu se dar férias e só voltar a jogar bola no longínquo mês de dezembro. Durante o jogo de volta contra o Botafogo pela Copa do Brasil, o time ainda teve lampejos daquele futebol empolgante exibido ao longo do último ano e meio mas, fora isso, as exibições foram dignas de dó.

Reconhecemos que os jogos finais do torneio continental foram totalmente insanos e que era natural que após a épica conquista a performance caísse. Até aí tudo bem, o problema é que percebo que há uma acomodação generalizada com a situação, resultando numa falta de compromisso que nos fez jogar pelo empate contra o Goiás e o Náutico, por exemplo.

Além disso, me parece que o Cuca Belludo ainda não entendeu que a vida voltou à normalidade e que não precisamos ir à campo com cinco atacantes, dois volantes, um lateral e dois zagueiros como fizemos na noite de ontem. Um determinado desfalque passa a ser razão para alterações em quatro ou cinco posições dependendo do humor do nosso treinador. O resultado tem sido um time desequilibrado, que parte desesperadamente para o ataque e deixa o sistema defensivo vulnerável, sofrendo gols dignos de pelada. É curioso notar que tanto o Botafogo quanto o Fluminense tiveram duas oportunidades claras de gol ao longo de toda a partida e anotaram os dois tentos.

Os jogos contra o alvinegro carioca, aliás, nos mostraram o quanto o fator sorte esteve do nosso lado na Libertadores: se no Mineirão o atacante paraguaio caiu após driblar Victor e na Argentina Rafael Marques salvou uma bola em cima da linha, no Maracanã e no Independência a bola batia em alguém no meio do caminho e entrava na nossa meta. Mas deixemos o azar para lá, porque no fim das contas o negócio foi bom demais para a gente.

Enfim, espero que Cuca faça uma reflexão e procure trazer o equilíbrio de volta para o time. Que se lembre de que quando lutava contra o rebaixamento, as coisas só passaram a melhorar quando ele conseguiu calibrar a defesa, que foi a melhor do returno até o fatídico clássico na última rodada. A nossa filosofia ofensiva só vinha funcionando porque tínhamos uma retaguarda sólida.

No mais, nesta era de tantos feitos incríveis no futebol mundial, não me assustarei se o Botafogo levantar os dois canecos no final do ano (o que, diante das atuais circunstâncias, talvez não fosse de todo mal).

24 de ago. de 2013

Sem registro na ata

Botafogo 4 x 2 Atlético

Qualquer sujeito trabalhador sabe que a logística necessária para se deslocar para um estádio e assistir a uma partida de futebol às 22 horas de uma quinta-feira é um fator para lá de desmotivante. Tudo bem que o Maracanã é bem servido pelo metrô e coisa e tal e que a peleja prometia ser boa mas, no balanço geral, sou mais uma noite bem dormida.

De qualquer maneira, a estreia do Atlético na Copa do Brasil não foi nada boa. Depois de completar 3 jogos sem levar gols, dando demonstrações de que a velha solidez defensiva havia voltado, a zaga e os volantes alvinegros exageraram nas falhas e diminuíram as chances de classificação para as quartas-de-final da competição. Além das falhas, é preciso reconhecer que desta vez a sorte não esteve do nosso lado: um gol contra, duas bolas desviadas no meio do caminho e uma sobra mal rebatida pela defesa determinaram o placar final.

O Botafogo é um time entrosado, bem treinado e - o que mais me preocupa - regular. Embora a torcida e parte da crônica esportiva tentem ressuscitar a mística da campanha da Libertadores (até pela coincidência do placar necessário para a classificação - 2 x 0), entendo que a tarefa será das mais complicadas. Por outro lado, o sistema defensivo botafoguense deixou brechas suficientes para que o Atlético criasse boas oportunidades e anotasse dois tentos de extrema importância, ambos após passes magistrais de Ronaldinho. É aquela coisa: depois da vibração pelo quarto gol, veio o silêncio pelo nosso segundo. Todo mundo sabia que o 4 x 2 era melhor para o Galo do que o 3 x 1. Além disso, precisamos considerar que o azar extremo que demos no Maracanã, não se repetirá no Horto. Ou seja, é difícil mas não impossível.

A torcida, pelo visto, acredita na reviravolta. Depois da campanha épica na Libertadores, o atleticano exibe uma autoconfiança nunca dantes revelada! Ontem pela manhã, participei de uma reunião que contava com mineiros e cariocas. Os mineiros eram atleticanos e alguns cariocas eram botafoguenses. E foi um deles que ao adentrar o recinto deu início ao seguinte diálogo com um dos atleticanos:

- E aí! Não te avisei para não ir ao Maracanã ontem?
- Tá tranquilo! Vamos marcar a próxima reunião para a manhã da quinta-feira que vem para a gente ver como ficou?
- Olha lá, hein, rapaz! Vai se arrepender!
- De jeito nenhum, pode anotar aí na ata: a partida das quartas-de-final da Copa do Brasil na nossa chave será Atlético x Flamengo.

Naturalmente, o tópico não foi registrado na ata, mas está aqui no blog. Quinta que vem, conferiremos.

18 de ago. de 2013

Jogando novamente

Atlético 2 x 0 Bahia
Internacional 0 x 0 Atlético

Aos poucos o atleticano vai deixando a conquista da Libertadores de lado voltando a dedicar as suas atenções ao Campeonato Brasileiro. Digo "aos poucos" porque no meio da semana que passou sonhei que havíamos perdido a final e permaneci com esta crença durante os primeiros minutos da manhã. Depois de escovar os dentes, me lembrei que um jogador do Olímpia havia chutado um pênalti na trave e o caneco estava na Olegário Maciel.

Não sei se com os outros torcedores tem sido assim, mas esta memória impressa dos fracassos das temporadas anteriores, esta espécie de "histerese cerebral", por vezes causa um lapso que me leva a duvidar que levantamos o troféu. O remédio é rever os VTs do jogos decisivos que mantenho devidamente arquivados aqui na minha casa. Ainda assim, os assisto com um aperto no coração quando vão se aproximando os minutos finais e "aquele" gol não sai.

De qualquer maneira, parece que o Galo resolveu colaborar com a torcida e as duas últimas rodadas demonstraram que o Campeonato Brasileiro finalmente começou para a equipe. Uma boa vitória contra o Bahia no meio da semana e o empate heroico em Novo Hamburgo nos deixaram mais tranquilos com relação ao nosso futuro nesta competição. Dátolo e Fernandinho, ambos ainda fora de ritmo, pareceram ser boas contratações sob o ponto de vista técnico. Sob o ponto de vista psicológico ficaram algumas dúvidas com relação ao segundo, em especial depois da expulsão infantil aos 36 minutos do primeiro tempo do jogo de hoje.

Jogo, aliás, que teve a cara de uma peleja disputada pela Libertadores no interior da Argentina: campo acanhado, torcida em cima, árbitro fraco e muita pressão. O colorado gaúcho, que possui um meio e um ataque muito qualificados, exigiu o melhor de nossa defesa que, felizmente, esteve em uma tarde muito inspirada. Quando a zaga falhou, Victor e o travessão nos salvaram. Pontinho precioso! No fim, Victor deixou a fleuma de lado e se bateu contra a torcida adversária, chutando a bola do jogo na arquibancada e sendo justamente expulso. Um cena para lá de inusitada...

Segundo apurado na internet, o arqueiro alvinegro, que minutos antes havia executado um verdadeiro milagre diante de Leandro Damião, batia no peito e gritava "Aqui é Galo!" encarando a parede colorada. Pois é, aquele monstro frio e calmo nos momentos mais nervosos da Libertadores acabou explodindo contra a torcida do seu ex-maior rival. Sei lá, talvez haja algum sentido nisso... Mas o Vitão tem crédito! O negócio agora é contar com o Giovanni contra a Lusa no próximo domingo.

11 de ago. de 2013

Na base do VT

Náutico 0 x 0 Atlético
Atlético 2 x 2 Botafogo
Flamengo 3 x 0 Atlético
Atlético 1 x 2 Atlético/PR
Cruzeiro 4 x 1 Atlético

Passadas duas semanas, desconfio que a maioria dos atleticanos e, talvez, o próprio time, ainda não tenham absorvido totalmente a magnitude do feito do último dia 25 de julho. O agravante no meu caso, foi que a epopeia belorizontina acabou sendo seguida por uma viagem a trabalho para a China dois dias depois da final.

O futebol, como se sabe, não é um esporte que desperte grandes emoções nos habitantes do gigante asiático. Em Xangai, pelo menos, o espaço público é dominado pelo badminton e na única vez em que vi uma pelota deslizando pela relva, os responsáveis eram alguns estrangeiros. Assim, além de não ver as três partidas seguintes do Atlético pelo Campeonato Brasileiro, ainda fiquei relativamente por fora das notícias do universo futebolístico.

O placar do clássico eu soube porque recebi algumas mensagens de amigos cruzeirenses tirando um sarro. Mensagens, aliás, que me fizeram perceber o quão insanos éramos ao festejarmos todos aqueles clássicos que vencíamos após alguma conquista do nosso maior rival. Eu me encontrava em tão excelente estado de espírito que aquela zoações foram simplesmente descartadas tal qual um sujeito afasta uma incômoda pulga com um reles peteleco.

Na rodada seguinte o meu irmão, que estava no Independência acompanhando a partida contra o xará do Paraná, se entusiasmou com tento anotado por Bernard e me avisou via SMS:

- "Gol do Galo! Bernard!"

Poucos minutos depois recebi mais uma sequência de mensagens:

- "Empataram"
- "Viraram 2 x 1"
- "Acabou"

Era melhor ter deixado quieto.

Mas, enfim, de volta ao Rio de Janeiro, resolvi que a melhor maneira de combater o jetlag era assistindo ao vt de Atlético x Olímpia. Desde então, tenho visto o jogo em doses homeopáticas porque, curiosamente, o nervosismo é maior do que o do dia em que estava presente ao estádio. Acho que passamos tanto tempo vendo a bola bater na trave e sair que o inconsciente diz que o juiz vai mandar voltar a primeira cobrança do Olímpia defendida pelo Victor ou que aquele pênalti do Leonardo Silva não vai entrar.

Para contrabalançar estas emoções, a tv resolveu contribuir e transmitiu as duas últimas partidas do Galo pelo Campeonato Brasileiro para o Rio de Janeiro. Tanto contra o Botafogo quanto contra o Náutico, o Atlético deu sinais de que pretende voltar a jogar bola, mas a verdade é que o time ainda parece disperso, forçando jogadas e cometendo muitos erros de armação de jogo e saída de bola. Nossa jogada favorita é o chutão do Réver e o deus nos acuda na frente, coisa de pouca efetividade no mundo real. Com relação à arbitragem, reconheço que os trios tiveram uma atuação muito ruim nos dois jogos mas, de qualquer maneira, o futebol apresentado pelo time fez com que o empate saísse de bom tamanho.

No mais, ainda estou para entender a preferência do Cuca Belludo pelo Richarlyson. O cara se posiciona mal, não aparece na cobertura, erra todos os passes, não acerta cruzamentos e dificulta todas as jogadas. Típica performance de quem acha que é craque, mas não é. A única explicação para a permanência dele no time titular é alguma função tática sem a bola, coisa que só quem está no estádio pode ver. Fernandinho, Dátolo e Wesley me parecem bons reforços, mas não seria nada mal se pintasse um bom lateral esquerdo.


26 de jul. de 2013

Bica eles, Galo!!

Atlético 2 x 0 Olímpia

A quarta-feira começou um tanto estranha, a frente fria que congelou o sul do país chegou ao Rio de Janeiro trazendo frio e chuva e cobrindo a baia da Guanabara de nuvens. Depois de ter decidido comprar as passagens e o ingresso milionário para ver a final da Copa Libertadores, só me faltava ficar preso na Cidade Maravilhosa devido ao mau tempo. Atleticano tem que sofrer!

Mas eis que chego ao aeroporto e o avião já está lá, paradinho, esperando o embarque de dezenas de torcedores alvinegros que tomam a sala de embarque do Santos Dumont. A mensagem preocupante vem do meu irmão: a visita do papa fechou o aeroporto de São José dos Campos e ele, que já deveria estar em Belo Horizonte naquele momento, estava em um ônibus a caminho de Guarulhos para pegar o voo das 17 horas. De lá, iria direto para o Mineirão, deixando sob a minha responsabilidade a coleta dos ingressos e o resgate da sua camisa da sorte.

A reorganização logística deu certo, e por volta das 19 horas eu já estava descendo de um táxi e subindo a Abrahão Caram em direção ao Mineirão. O reencontro com todos aqueles amigos com quem dividi as arquibancadas nos últimos 15 anos já seria suficiente para tornar o momento inesquecível. Mas, dadas as circunstâncias que envolviam o Atlético quando deixei Belo Horizonte em 2004, a jornada já era épica àquela altura. Passando o que a gente passou, quem imaginaria que alguns anos depois estaríamos juntos para assistirmos àquela final de Libertadores? Para aumentar o clima de confiança e o carnaval, meu irmão conseguiu chegar a tempo e participar dos preparativos finais antes de entrarmos no estádio.


Galo, alegria do povo!!

Sobre o jogo não preciso falar muito. O Brasil inteiro viu o que aconteceu no Mineirão. O nervosismo era geral nas arquibancadas, mas o clima de confiança nunca deixou de existir. Quando o atacante do Olímpia driblou Victor e ficou de cara para o gol, tínhamos a certeza de que aquela bola não entraria. Dizem que o sujeito escorregou, mas penso comigo que foi a materialização do pensamento positivo da massa que deu um tronco no cara e saiu de mãos erguidas dizendo "não foi nada", no melhor estilo volante trombador. Em algum lugar parecia que tava escrito que aquele título era nosso, mas era preciso pegá-lo.

Vontade não faltava, todo mundo acreditava e o Léo Silva acertou aquela cabeçada aos 41 minutos do segundo tempo. Logicamente, eu não tinha noção de que estávamos tão próximos do fim, caso contrário é provável que eu não estivesse aqui para relatar o que vi. Foi assim: nosso camisa 3 cabeceou a bola que fez uma trajetória parabólica perfeita, daquelas bem didáticas que poderiam ser utilizadas numa aula de física do primeiro ano do segundo grau. Da posição onde estávamos, tive a impressão de que iria para fora. Mas ela subiu, subiu, parou, desceu, desceu, desceu e morreu na rede. Olhei para o árbitro e o desgraçado apontou o meio do campo!

"Estamos no jogo, porra!" - Abraços, gritos e choro! A gente queria mesmo aquele título! A torcida paraguaia, que ensaiava aquele cântico baseado em "I-la-riê", sentiu que não ia dar e resolveu ficar em silêncio. Melhor assim.

A prorrogação foi toda nossa, mas o gol não veio. Alguns acham que faltou pernas, outros que faltou tranquilidade ou até mesmo sorte. Eu não. A gente tinha que vencer nos penais e tinha que ser naquela trave onde, numa noite chuvosa de março de 1978, havíamos perdido o título do campeonato brasileiro de maneira invicta para o São Paulo. E assim foi. Alecsandro, Guilherme, Jô e Leonardo Silva, todos converteram. Quando Gímenez correu para a bola, dei um grito:

- "SAI, INHACA!!"

A bola explodiu na trave e só me lembro do mar de gente pulando, gritando, chorando e se abraçando! ACABOU! ACABOU! GALO CAMPEÃO! GALO CAMPEÃO! Eu, comovido, pensava nos velhos atleticanos da família que já se foram: meus tios, meu bisavô e meu pai. Pensava naquelas centenas de idas ao Mineirão para torcer, torcer e torcer. Incrédulo, precisava olhar de tempos em tempos para o placar que estampava "Atlético - Campeão da Libertadores 2013" para perceber que era verdade o que havia acabado de acontecer.


É nossa, porra!

Só conseguimos sair das arquibancadas depois de 1:20 da madrugada de quinta-feira. No caminho, descobrimos que o bar estava aberto e saboreei o melhor tropeiro destes 31 anos frequentando o Mineirão. Lá fora, a chuva dava pintas de que tinha chegado do Rio também, mas o povo não estava nem aí: era um tremendo carnaval! De lá, conseguimos heroicamente um táxi e fomos para a sede do clube: mais festa e mais amigos de tantos anos que já comemoravam ali. Chegamos em casa a tempo de vermos o vt da prorrogação na tv, por volta das 5 horas. Dormir não era uma alternativa viável e assim pudemos comemorar novamente!

No post anterior escrevi que para conquistarmos o título, precisaríamos utilizar todas as armas das quais dispúnhamos. Dizia que a Libertadores era uma várzea e deveríamos saber jogá-la dentro de suas regras peculiares. Quando cheguei ao entorno do Mineirão e percebi que este era o clima, tive certeza de que era chegado o momento e de que sairíamos dali com a taça. E, sinceramente, a conquistamos com toda a justiça. Fizemos a melhor campanha do torneio e, na final, mostramos o quanto queríamos aquele troféu. Fomos a campo e às arquibancadas e lutamos e pegamos o que era nosso!

Viva o Galo, campeão da Libertadores 2013! Viva o Galo, bicampeão mineiro! Viva o Galo, primeiro Campeão Brasileiro! Viva o Galo, Campeão do Gelo! Viva o Galo, Campeão dos Campeões! Viva o Clube Atlético Mineiro, instituição mais tradicional de Minas Gerais!!

21 de jul. de 2013

Alea jacta est

Olimpia 2 x 0 Atlético

E a primeira partida da final não terminou como gostaríamos: 2 x 0 para o rival paraguaio com um gol dramático no apagar das luzes. Como não poderia deixar de ser, a noite de quarta-feira foi um tanto amarga, mas as reflexões da madrugada resultaram em uma manhã de quinta-feira mais tranquila. Explico: se olhássemos em retrospecto, ficaria claro como a água que este Atlético do Cuca não nos proporcionaria uma final tranquila na "Arena Mineirão", um bailão ao som de Beth Carvalho para sacramentar a conquista da taça.

O fato é que todos os momentos decisivos deste time tem sido marcados pela superação e pela emoção extremas. Até mesmo a final do Mineiro 2013, que parecia tranquila após os 3 x 0 no Independência, exigiu bastante dos nossos corações. O que me parece é que para superar todos os traumas que esmagam o espírito alvinegro nestas últimas décadas, as coisas não poderiam acontecer de maneira diferente. Não tem meio termo para este Atlético que anda no fio da navalha: será sempre ou tudo ou nada! Se vier, terá vindo na marra mesmo.

Não quero com isso dizer que fiquei satisfeito com o placar. Mas as circunstâncias em que as coisas aconteceram, nos deixaram numa situação onde não temos alternativa a não ser usarmos todas as armas das quais dispomos. E, sinceramente, acho que o Atlético pode tirar uma energia favorável desta circunstância. É inegável que será muito difícil, que o Olímpia irá a Belo Horizonte praticar o "não-futebol" e tentar, de todas as maneiras, não deixar o jogo acontecer. A Libertadores é uma várzea, e é preciso saber jogá-la dentro das suas regras peculiares. Mas, por outro lado, também será muito difícil que o Ronaldo faça uma outra partida tão ruim, ou que o time repita os mesmos erros infantis de Assunção.

Não tenho vocação para adivinho mas, no fundo, tenho a sensação de que dá. Se jogarmos com a coragem e a determinação que o momento exige, daremos o troco e levantaremos a taça. Que os deuses do futebol estejam do nosso lado!

11 de jul. de 2013

Salto quântico

Atlético 2 x 0 Newell's Old Boys

A fome de bola às vezes tem consequências nefastas para um jovem de 36 anos. A repetição de uma contusão no pé esquerdo na pelada da última segunda-feira fez com que eu, prudentemente, optasse por uma noite de quarta-feira mais amena jogando videogame e esperando pela partida do Galo, ao invés de desfilar meu futebol esforçado no campinho do Humaitá.

Desta maneira, às 22 horas, pontualmente, desliguei o console e enquanto sintonizava a tv, minha esposa gritou lá do quarto que o jogo já estava 1 x 0 para o Galo. Minha irmã havia mandado um SMS. Foi desta maneira que acabei descobrindo que a bola havia começado a rolar às 21:50.

Curiosamente, o gol relâmpago do Atlético ao invés de trazer a calma, resultou numa descarga cavalar de adrenalina que me deixou em um estado lastimável até o apito final. Nada mais imprevisível do que as emoções de um sujeito que se vê, de repente, invadido pela esperança da sobrevivência nos instantes finais.

Em campo o Galo corria, buscava corajosamente o segundo gol, mas esbarrava na defesa adversária ou pecava nas finalizações. A bola parada não estava funcionando e o adversário, conforme o esperado, mostrava que estava jogando por um gol e que, para nosso desespero, tinha qualidade para tal. Um pênalti não marcado em Jô no final da primeira etapa trouxe mais nervosismo e, de alguma maneira, mais pessimismo para o torcedor alvinegro.

O segundo tempo veio e começou mal para o Atlético. A equipe mantinha a posse de bola mas não conseguia criar chances de gol. O tempo passava e nada acontecia. Era, realmente, desesperador. O jogo prosseguia e quando íamos passando da metade da etapa as câmeras começaram a focalizar os torcedores: eram rostos desanimados, tensos, alguns rezavam e outros já choravam. "Parece que entregamos os pontos", penso.

E quando parecia que a apatia iria, realmente, dominar o estádio comecei a escutar um grito da torcida que eu não era capaz de reconhecer. Passo a prestar mais atenção e o decifro: "Eu acredito! Eu acredito! Eu acredito!", grita o Independência. "Eu acredito!" era o mantra que, naquele momento, o atleticano passava a gritar não apenas para o time em campo, mas para si mesmo. Uma tentativa de exorcizar os fantasmas de tantos anos de sofrimento, um grito para deixar o medo do fracasso de lado e mergulhar de cabeça na guerra que era aquela disputa pela vaga na final.


Cuca, o arquiteto do impossível roga por mais um milagre.

E foi no meio deste salto quântico que parte da iluminação do estádio se apagou. Obra do acaso? Uma forcinha da providência divina? Ou o último recurso de um clube que está reaprendendo a ser protagonista? Difícil saber. O fato é que enquanto eu divagava e a energia era restabelecida, Cuca reuniu a equipe e passou instruções. O jogo recomeçou e realizamos as duas últimas alterações: saíram Bernard e Tardelli e entraram Alecsandro e Guilherme. Ainda contaminado pelo espírito derrotista, devo confessar que cornetei horrivelmente e, pior: o registrei por escrito em uma série de mensagens trocadas com os amigos atleticanos.

Milagrosamente, o futebol do Atlético voltou junto com a luz e os reflexos da mudança de postura podiam ser vistos nas expressões do tipo "agora a cuíca vai roncar" estampada na face dos jogadores do Newell's. A poucos minutos do fim, vem um bate rebate na área e, na sobra, Guilherme acerta um petardo de direita. A bola viaja em meio a uma floresta de pernas e morre no canto esquerdo do goleiro argentino, causando uma explosão na sala de um apartamento localizado a mais de 400 km de distância do Horto.

Ainda vibrando penso nos pênaltis e a sanidade e o controle das emoções não custam a voltar. Sou capaz de afirmar que, quando o juiz apitou o final da partida, qualquer atleticano frequentador de estádios nos últimos 40 anos pensou na decisão do brasileiro de 1977. Não tenho dúvidas de que o calvário atleticano começou naquela noite maldita em março de 78 e, desta maneira, quando o Richarlyson isolou o segundo pênalti por cima do travessão, eu vi o Toninho Cerezo e a comemoração do Waldyr Peres na minha televisão. Para completar, algum espírito de porco gritou um "chora galo" e piorou o meu estado de nervos.

O quarto jogador do Newell's a cobrar era Cruzado. O camisa 10 - o quarto canhoto a bater em sequência - correu, bateu e fez como os outros três: isolou a bola. Depois disso, só restavam os dois craques: Ronaldo e Maxi Rodriguez. O capitão atleticano bateu com categoria e nos colocou na frente novamente. O atacante argentino não teve a mesma competência e Victor, mais uma vez, defendeu espetacularmente um pênalti e nos colocou na final da Copa Libertadores pela primeira vez.

Lamentavelmente, tive que sacudir a madrugada do Flamengo com os meus gritos, mas o "chora galo" havia ficado entalado na garganta. Ainda consegui falar com o meu irmão que estava aos prantos no estádio. Eu, que tinha que conter as minhas emoções dentro de casa, consegui ir para a cama apenas às duas da madrugada.

Realmente, não sei onde podemos chegar. Devo confessar que o pênalti defendido por Victor contra o Tijuana havia me deixado em um estado semi-letárgico, um tanto convencido de que aquele lance havia sido, possivelmente, um paliativo para um doente terminal. Nosso futebol não me convencia e o nosso passado de, alguma maneira, nos condenava. O jogo de ida em Rosário, reforçou esta sensação, mas a vitória de ontem, com todo o seu drama, me deixou com a esperança de que aquele pé esquerdo isolando a bola chutada por Riascos aos 47 do segundo tempo, pode ter sido sim sorte de campeão.

9 de jul. de 2013

Vibração e bom futebol

Atlético 3 x 2 Criciúma
Newell's Old Boys 2 x 0 Atlético
Santos 1 x 0 Atlético
Atlético 2 x 0 Grêmio
Vasco 2 x 0 Atlético
Atlético 0 x 0 São Paulo

A semifinal da Libertadores não começou muito bem para o Atlético. A derrota por 2 x 0 em Rosário deixou o time com uma missão extremamente complicada para a noite desta quarta-feira em Belo Horizonte. É lógico que torço para que o time consiga o resultado e chegue à grande decisão, mas qualquer pessoa que acompanhe futebol há algum tempo sabe que a probabilidade de que os argentinos, com a vantagem que tem em mãos, permitam que tenhamos um jogo de futebol no Horto é praticamente zero. Neste contexto, a classificação teria que vir à fórceps.

O que me preocupa neste momento não é nem o placar milagroso que precisamos, mas o espírito do grupo e, mais ainda, o futebol apresentado pela equipe. As duas partidas contra o Tijuana e a partida de ida em Rosário nos mostraram que o Atlético não tem um plano "B" caso o seu jogo não encaixe. Diante de uma marcação bem efetuada e da baixa produtividade dos homens de frente, o Galo não consegue ameaçar efetivamente o adversário - e isto tem acontecido com uma frequência maior do que gostaríamos. Em tempos não muito distantes, quando não detínhamos jogadores de alto nível no plantel, as vitórias eram conseguidas na base do suor e da vibração e é precisamente isso que tenho sentido falta nos momentos em que nosso futebol desaparece.

Não acho que a partida na Argentina tenha sido tão ruim. O adversário manteve a posse de bola e rondou incessantemente a grande área mas, para minha surpresa, a defesa comandada por Rafael Marques e Gilberto Silva não comprometeu. O primeiro gol argentino surgiu de um lance confuso, de bate rebate na área, onde Rafael Marques sofreu uma falta não marcada e, na sequência, um cruzamento encontrou Maxi Rodriguez livre para anotar 1 x 0. O segundo gol surgiu em uma cobrança de falta de Ignacio Scocco e contou com a colaboração de Victor, nosso heroi nas quartas-de-final.

Resumindo, o que aconteceu foi que os dois jogadores diferenciados do adversário resolveram o jogo: Scocco e Rodriguez, anotando um tento cada garantindo o placar final da partida. Por outro lado, nossos atletas selecionáveis não corresponderam: Ronaldo esteve mal, assim como Jô, Bernard e Tardelli que também fizeram uma partida ruim. Consequentemente, o ataque não foi capaz de reter a bola na frente e a defesa foi sobrecarregada.

A única chance na quarta-feira é conseguirmos aquela união mística entre torcida e equipe, a soma da vibração com o bom futebol apresentado nas partidas contra o nosso maior rival e o São Paulo nesta temporada. O ponto fraco da equipe de Rosário é, sem dúvida, a defesa e, se conseguirmos impor o volume de jogo que demonstramos nas grandes exibições da equipe no Independência, poderemos conseguir o resultado.

No mais, com relação ao campeonato brasileiro, a vitória do último domingo serviu como estímulo à minha tese de que é melhor jogar com um time reserva do que com um mistão: embora a equipe não tenha "aquele" compromisso, ao menos resta o entrosamento.

31 de mai. de 2013

Com o pé esquerdo

Atlético 1 x 1 Tijuana

Ainda na tarde de ontem eu conversava com um amigo sobre as dificuldades que eu previa para a partida contra o Tijuana. "Nada mais difícil do que um jogo ganho", afirmei e ele, já tendo vivido poucas e boas com o seu Internacional, concordou. Não bastasse o otimismo exacerbado da imprensa, que não considerava a equipe de Turco Mohamed um adversário a altura do Galo, a torcida, não satisfeita com a mística do Independência, resolveu aumentar a pressão do caldeirão com máscaras e mosaicos - o tipo de presepada que abomino.

Para piorar, no início da transmissão vejo aparecer um torcedor usando um sombreiro e fazendo "4 x 0" incessantemente com as mãos. Imediatamente me veio aquela imagem da torcida do Vitória com fantasias e frangos de borracha se exibindo para a tv antes de levar estrondosos 3 x 0 em pleno Barradão pela semifinal do brasileiro de 99. "Isso não vai acabar bem", pensei.

E o jogo começou muito mal para o Atlético: os Xolos marcaram a nossa jogada de saída de bola e quase anotaram o primeiro tento aos 16 segundos. Logo depois o Tijuana teve um gol bem anulado e, não demorou, abriu o placar em um lindo chute de Riascos. O Galo pareceu reagir e ensaiou uma pressão. O jogo, entretanto, teimava em não fluir - e desta vez não teríamos a grama sintética e a longa viagem como desculpas para a má atuação.

No fim do primeiro tempo, Ronaldo cobrou uma falta e Réver, sozinho, completou para o fundo do barbante deixando tudo empatado e nos devolvendo a vaga para a semifinal. "O time tá muito mal e não dá para confiar em apenas se defender quando um gol pode te custar a classificação. Se o Riascos tivesse marcado aos 40 do segundo tempo, estaríamos liquidados!", falei para a minha esposa. Ela, cansada de luta, resolveu ir se deitar.

O segundo tempo começou e as nossas esperanças de que o Cuca resolveria tudo nos vestiários começaram a se desfazer. Um Tijuana tranquilo em campo criava oportunidades contra um Atlético nervoso e desarticulado que não conseguia encaixar um contra-ataque sequer. Na sala, apenas com a companhia das memórias de 35 anos torcendo pelo Galo, a certeza de que o caldo iria entornar no fim só aumentava. Aos 44 minutos Ronaldo conseguiu articular uma excelente jogada pelo meio e lançou Luan em profundidade, o garoto invadiu a área e chutou em cima do goleiro. A angústia aumentou.

Aos 46 o Atlético ainda detinha a posse de bola, tocando de pé em pé na intermediária adversária. Inesperadamente, Tardelli resolveu virar o jogo e lançou Luan que buscou uma tabela com Alecssandro. O lance deu errado, o volante mexicano recuperou a bola e recuou para um companheiro que deu um chute para a frente buscando o centroavante grandalhão que acabara de entrar. O gigante, tal como Jô na jogada mais manjada do Atlético, ganhou de Réver pelo alto e a bola foi em direção à grande área. Leonardo Silva perdeu na corrida para Marquez e o chutou junto com a bola, cometendo a penalidade máxima e determinando aquele que seria o último lance da partida.


Victor efetuando o maior milagre da história recente atleticana

Naquele momento, sentado sozinho no sofá da sala, vivendo o auge da minha irritação com a apatia e o despreparo psicológico do time, comecei a pensar em como o futebol era previsível e em como eu estava certo em acreditar naquele gol contra a gente no fim. Riascos, o nosso carrasco, pegou a bola e botou na marca da cal. Victor, com toda a sua seriedade, aguardava sobre a linha do gol. O colombiano correu, bateu e Victor, milagrosamente, mandou a bola para a linha lateral com a sua perna esquerda. Não corri, não pulei e nem gritei - só ouvia o desgraçado que narrava o jogo pela Sportv dizendo que o juiz havia mandado a cobrança voltar. "Não pode ser verdade, não pode ser verdade". E era verdade: havíamos conseguido a classificação para as semifinais na marra! No último lance!

Ainda fiquei cerca de uma hora ali na sala, sentado, refletindo sobre o que havia se passado. Tudo aquilo que temíamos havia acontecido: o bom jogo que vínhamos apresentando abalado pelo excesso de confiança, pela soberba, pela apatia e, em especial, por um adversário que mostrou muito empenho e muita dedicação e que rendeu mais do que a gente nas duas partidas. Um amigo escreveu que dado o clima de "já ganhou" que havia na cidade, o que vivemos ontem foi uma lição e tanto, foi pedagógico e mostrou que a Libertadores não era tão fácil como dava pinta de ser até então. Sou obrigado a concordar com ele. Teremos 33 dias para refletirmos sobre o que houve e recuperarmos o bom futebol para chegarmos com força total à Argentina.

Esta manhã o meu irmão, que esteve presente no estádio, mandou um email contando que o sujeito que estava ao lado dele desmaiou quando o Victor defendeu aquele penal e só voltou a si depois de 5 minutos. Acho, sinceramente, que eu ainda não acordei.

30 de mai. de 2013

Foco e seriedade

Coritiba 2 x 1 Atlético
Tijuana 2 x 2 Atlético

Minha maior preocupação com relação à partida contra o Tijuana no México não era o cansaço da equipe devido à longa viagem ou a grama sintética do estádio onde jogaríamos, mas sim a ressaca pela festa pelo bicampeonato mineiro. Excesso de confiança e falta de foco podem liquidar uma boa campanha de um bom time, como já vimos inúmeras vezes.

O primeiro tempo do Atlético foi muito ruim, sendo envolvido facilmente pelo ataque adversário que desperdiçou diversas oportunidades de gol e nos deixou com o gostinho de que irmos para o vestiário perdendo por 1 x 0 era bom demais. Para o segundo tempo, Cuca sacou Bernard, que vinha muito mal no jogo, e colocou Luan. O Tijuana veio pra cima e conseguiu anotar o seu segundo tento.

Quando parecia que a vaca iria deveras para o brejo, o time se acalmou, colocou a bola no chão e começou a criar oportunidades. Logo Tardelli diminuiu após falha da defesa mexicana em cobrança de escanteio. 2 x 1, era o terceiro gol com características de pelada naquele campo horroroso. Naquela altura, o Atlético parecia satisfeito com o resultado e procurava controlar o jogo. O Tijuana, ao contrário, sentiu o gol e caiu bastante de produtividade. A impressão que tive foi a de que o adversário pensou em Belo Horizonte e nas possibilidades de levar gols e se desanimou.

Na última jogada da partida, Gilberto Silva se antecipou ao atacante mexicano, e começou a criar o contra-ataque. A bola chegou em Ronaldinho que, no meio de dois jogadores, conseguiu tocar para Diego Tardelli. Don Diego, avançou pela diagonal da intermediária do Tijuana e lançou Luan em profundidade. A zaga mexicana, em pânico, não conseguiu interromper a jogada e o garoto alcanço a pelota e tocou-a, mansamente, para o fundo do barbante. 2 x 2 épico.


Comemoração do gol de empate em Tijuana: que este espírito esteja presente em campo esta noite.

Curiosamente, consegui assistir ao jogo calmamente, sem nenhuma crise de pessimismo ou de ansiedade que tanto nos caracterizam. É aquela coisa: o time entra em campo pelo Campeonato Brasileiro, a bola começa a rolar e, dado o estado emocional deste que vos escreve, são necessários uns 15 minutos para que o jogo se mostre em toda a sua plenitude. Nesta partida, isto não aconteceu. Ainda acredito que a maior parte desta tranquilidade ao ver o jogo é devida ao interesse menor que possuo pela Copa Libertadores mas, por outro lado, percebi que esta talvez seja a primeira vez que vejo um time do Atlético que me inspira uma certa confiança. É lógico que rola uma cornetagem com relação aos laterais e ao posicionamento defensivo quando estamos sob pressão mas, também rola a certeza de que do meio para frente tudo pode acontecer. Fossem as equipes de um passado bastante recente, a final do Campeonato Mineiro e a primeira partida no México teriam sido o terror absoluto!

Pois bem, esta noite jogaremos a partida de volta em Belo Horizonte podendo empatar por 0 x 0 ou 1 x 1 para garantirmos a nossa passagem para as semifinais da Libertadores. Os resultados dos demais participantes brasileiros ditos favoritos neste torneio são mais do que suficientes para deixar a equipe ligada e comprometida. Ninguém ganha de véspera e uma partida ruim pode botar toda uma boa campanha no lixo. Sendo assim, vamos jogar com seriedade e respeito ao adversário!

E o Campeonato Brasileiro teve início no domingo passado. Como a Sportv passou o jogo ao vivo, acabei vendo o mistão do Galo perder para o Coxa no Couto Pereira. A partida teve um nível técnico fraco e o cansaço e desgaste do Atlético estavam mais do que evidentes. O Galo ainda conseguiu sair na frente, mas levou o empate logo em seguida e passou a tentar controlar o resultado para trazer um pontinho para Belo Horizonte. Ainda cheguei a comentar com a minha esposa que o time estava pedindo para levar um gol no fim. Não teve jeito: nos descontos o Coxa anotou o segundo tento e ficou com os três pontos merecidamente. Para o torcedor ficou a certeza de que é impossível jogar duas competições em alto nível.

20 de mai. de 2013

Bicampeão

Cruzeiro 2 x 1 Atlético

Diante da impossibilidade de assistir à finalíssima do campeonato mineiro ao vivo na tv, resolver quebrar uma regra e combinei com um amigo de ir ao Fala Sério, botequim em Botafogo onde a torcida atleticana se reúne. Disse "quebrar a regra" porque a última vez em que havia comparecido ao estabelecimento foi no clássico de fechamento do primeiro turno do Brasileirão 2012, onde vencemos mas não levamos, pois o juizão validou um gol escandaloso do nosso maior rival no último lance. Mas, enfim, a vantagem era grande e julguei a ocasião propícia para quebrar este estigma maligno que cercava o lugar.

Ao chegar ao bar, percebemos que não seria muito fácil acompanhar a pendaia. Sem lugar perto da tv, tivemos que nos contentar em ficar do outro lado da rua acompanhando a bola correr de um lado para o outro. Mais do que isso era praticamente impossível de identificar e, pelo que vimos naquele primeiro tempo, o melhor era que fosse assim: a bola sempre ficou mais do lado da nossa defesa do que do ataque. A impressão que fiquei foi que o Atlético, detentor de uma vantagem expressiva e com um compromisso importante no meio da semana, quis cozinhar o jogo e manter o empate. Tática equivocada. A pressão era grande e em dois lances infelizes acabamos cometendo pênaltis que levaram o nosso maior rival a abrir uma diferença de 2 x 0.



Momentos de tensão


A partir deste momento, comecei a receber mensagens desesperadas de um primo que afirmava que se o primeiro tempo virasse 2 x 0 poderíamos dizer adeus ao bi. Por incrível que pareça, não fui dominado pelo nervosismo e consegui enviar palavras de motivação e confiança para ele. É complicado manter o ritmo que o rival vinha impondo ao longo de 90 minutos e era difícil acreditar que o Atlético fosse manter a postura no segundo tempo.

E o segundo tempo foi uma história completamente diferente: a bola ficou do lado do nosso ataque, mas o gol teimava em não sair. Aos 32 minutos Luan roubou a pelota na intermediária e correu até a grande área, onde foi derrubado. Pênalti que Ronaldo converteu e que deu início à festa do bicampeonato. Aos 41 Marcos Rocha fez uma linda jogada individual, entrou na área e Fabio fez grande defesa garantindo a vitória azul. Não seria injusto se a partida terminasse 2 x 2, mas diante do contexto, foi um ótimo placar.


O bi é nosso!


Como disse após a derrota que sofremos na reinauguração do Mineirão: cansei de ver o Atlético ganhar o clássico de meio de campeonato e entregar o ouro na decisão. O que vale é a decisão e o que jogamos nas finais nos garantiu o bicampeonato - o primeiro do século XXI. Isso é mais do que suficiente para garantir a alegria da massa. É claro que poderia ter sido um pouco menos sofrido mas, sinceramente, eu que já experimentei as duas sensações, prefiro perder 2 e ganhar 1 e ser campeão do que o contrário.

No mais, acho que o adversário valorizou a nossa conquista. A equipe desta temporada demonstrou ser mais qualificada do que a da temporada passada e o fato de terem jogado os clássicos com tanta disposição mostrou o quanto queriam nos derrotar. Felizmente, não conseguiram. No fim, o goleiro do nosso maior rival apareceu na imprensa para dizer que o seu time ainda era o maior de Minas pois conquistava títulos de expressão. Logo ele, um colecionador de campeonatos mineiros e nada mais! Mas, é aquela coisa, desqualificar o campeonato mineiro sempre é a arma do derrotado.

Ano que vem tem mais.

Saudações alvinegras!

16 de mai. de 2013

Três assuntos

Atlético 3 x 0 Cruzeiro

E eis que, finalmente, tive o prazer de voltar a assistir o Atlético versão 2013 ao vivo. Apesar de o clássico não ter sido transmitido em rede nacional (lamentavelmente, com o campeonato carioca já decidido, todos os canais abertos e fechados optaram por exibir a decisão paulista), sempre existe uma boa alma disposta a compartilhar uma transmissão esportiva na internet. 

Com poucos desfalques, é possível dizer que os dois times entraram com o que tinham de melhor para a decisão. Se o Galo jogava em casa e tinha a oportunidade de ir à forra após a derrota na reinauguração do Mineirão, nosso maior rival vinha de uma campanha invicta nesta temporada e disposto a mostrar que tinha qualidade para impor a primeira derrota ao Atlético no Independência.

O equilíbrio que vislumbrávamos para a partida durou apenas 14 minutos, que foi o tempo necessário para o Galo anotar o seu primeiro tento: Jô, dentro da área, finalizou após receber um passe magistral de Ronaldinho. A partir daí, o Atlético mandou no jogo, criando diversas oportunidades e levando o pânico à defesa adversária que acabou comprometida com diversos cartões amarelos.

O segundo tempo não foi diferente. Marcelo Oliveira ainda tentou mudar a estrutura tática da sua equipe, mas a justa expulsão de Bruno Rodrigo aos 8 minutos acabou selando o destino cruzeirense. Em mais dois ataques fulminantes Tardelli e Marcos Rocha liquidaram o adversário e deram números finais à partida: 3 x 0. Com este resultado, a equipe do Barro Preto terá que nos impor uma derrota por 3 gols de diferença se quiser impedir o bicampeonato atleticano.

É claro que o campeonato ainda não está decidido e que qualquer atleticano com um pouco mais de vivência sabe que, em se tratando do Clube Atlético Mineiro, o impossível é plenamente possível, mas é inegável que a missão do nosso maior rival é para lá de ingrata. A julgar pelas estatísticas alvinegras, mais difícil do que fazer os gols em Victor será manter a meta de Fábio invicta.

Com relação a Libertadores, as dramáticas classificações do Newell's, do Tijuana e do Boca (ainda que ajudado pela arbitragem, é verdade) fora de casa demonstram, mais uma vez, que ninguém vence na véspera. O favoritismo acaba quando a bola rola e um bom time pode acabar eliminado por sofrer um gol estúpido em casa. Concentração e seriedade são fatores primordiais e, no nosso caso, as emoções da final do próximo domingo deverão ser deixadas no aeroporto de Confins antes de voarmos para Tijuana. Aliás, acabo de ler que ontem à noite o Coritiba, em ritmo de festa após garantir o tetra paranaense, foi goleado por 4 x 1 pelo Nacional do Amazonas pela Copa do Brasil. Todo cuidado é pouco.

Para finalizar, tratemos da não convocação de Ronaldinho Gaúcho para defender a seleção brasileira na Copa das Confederações. Meus poucos leitores sabem que não morro de amores pela seleção canarinho do século XXI. Com o bom desempenho do Atlético nas últimas temporadas, a ansiedade me domina na véspera das convocações devido à possibilidade de desfalques alvinegros nas próximas rodadas. Por mim, jogador do Galo, tal qual Mário de Castro, ficava de fora da seleção. É lógico que não quero mal a ninguém e que do ponto de vista do profissional deve ser uma experiência gratificante e recompensadora, mas no caso do nosso camisa 10 especificamente acho que talvez não fosse uma boa para ele.

Explico: mesmo com todas as ressalvas que tenho com relação à gestão Kalil, é preciso admitir que o sujeito parece ter aprendido com os erros. Investiu num treinador que não era o meu favorito, montou um time base e a reforçou no momento conveniente. O Atlético hoje é uma máquina azeitada, cada jogador sabe a sua posição e a sua função dentro do esquema e o jogo flui coletivamente. Mais do que isto, as funções são pensadas para se adaptar às características de cada jogador e isto, sem dúvida, potencializa os rendimentos individuais. Assim, esperar que Réver, Bernard, Marcos Rocha, Tardelli, Ronaldo e Jô repitam o mesmo futebol apresentado no Atlético dentro do amontado que é a seleção do Felipão é quase uma utopia. Não posso deixar de desejar boa sorte ao Bernard e ao Réver, dois dos nossos ídolos, mas torcer pelo Brasil talvez seja pedir um pouco demais.

11 de mai. de 2013

Reconectando

Atlético 4 x 1 São Paulo
Atlético 5 x 1 Tombense
São Paulo 1 x 2 Atlético
Tombense 0 x 2 Atlético
Atlético 2 x 1 Villa Nova
São Paulo 2 x 0 Atlético
Caldense 2 x 1 Atlético
Atlético 4 x 0 BOA
Atlético 5 x 2 Arsenal
Atlético 4 x 1 Tupi

Finalmente, depois de aproximadamente 5 semanas longe de casa somando viagens a trabalho com boas e merecidas férias, estou de volta ao conforto do meu lar. Durante o meu período de ausência, o Galo jogou 10 vezes, vencendo 8 e perdendo 2. Marcou 29 gols e sofreu 11 e se classificou para as quartas-de-final da Libertadores e para a finalíssima do mineiro. Nada mal. Na verdade, a coisa andou tão bem que ando meio ressabiado ao reativar o meu envolvimento com o clube. Mas, como sabemos, não há antídoto contra isso e amanhã estaremos diante da telinha para acompanharmos a primeira partida da final do campeonato mineiro.

Com relação às partidas e ao futebol praticado pela equipe, não resta alternativa a não ser confiar na repercussão das partidas na imprensa esportiva e nas notícias de familiares e amigos. Considerando-se as estatísticas apenas, podemos verificar o poderio do ataque alvinegro, com uma média de 2,9 gols por partida. Por outro lado, a média de 1,1 gols tomados acende a luz amarela para a defesa, em especial na fase de mata-mata em que nos encontramos atualmente. Palpitando de maneira leviana, acredito que com Marcos Rocha e Richarlyson nas laterais, é complicado ter uma zaga com Réver e Gilberto Silva. Não sei a situação atual do Rafael Marques, mas espero sinceramente que o nosso capitão possa voltar a campo amanhã para ajudar a segurar o ataque celeste.

Mesmo não tendo visto nenhum jogo do nosso maior rival nesta temporada, acredito que os jogos serão equilibrados e a vitória não será fácil. O melhor cenário possível seria repetir as boas atuações das últimas semanas e vencer com dois gols de vantagem a partida de ida. Os números do nosso ataque me fazem acreditar na possibilidade de dois tentos amanhã mas, como disse anteriormente, o setor defensivo é o que mais me preocupa. Espero que Cuca consiga equacionar bem o problema.


Ronaldinho à venda para os turistas


No mais, nestas semanas de andanças pelo mundo deu para perceber como tem prestígio o nosso camisa 10. Em qualquer pátria onde se aprecie o esporte bretão, Ronaldo Gaúcho é figura onipresente, seja em caricaturas, em fotografias em paredes de restaurantes, em bancas de camisetas falsificadas de futebol ou em um simples bate papo. Se o interlocutor estrangeiro reconhece algum traço da língua portuguesa (em geral o "obrigado") e recebe a confirmação de que está tratando com o brasileiro, ato contínuo o assunto passa a ser futebol e o dentuço sempre é mencionado. Deveras impressionante.

Obs.: curiosamente ontem o taxista que nos levava ao aeroporto de Roma me perguntou se o Falcão tinha jogado em Belo Horizonte. Respondi que não, o jogador da Roma que tinha vindo do Atlético era o Cerezo. E ele, "ah, si!! Toninho Cerezo! Grandísimo!".

24 de mar. de 2013

O custo da rotina

Atlético 3 x 1 Nacional
América/TO 0 x 2 Atlético
Atlético 5 x 2 América
The Strongest 1 x 2 Atlético

Há algum tempo atrás, enquanto ainda trabalhava em regime de embarque, acalentava o sonho de retornar a uma vida regular de 40 horas semanais e ter a minha disponibilidade de volta. Pois bem, já são 8 meses com a rotina devolvida e a realidade é que tenho tido muito menos tempo para dedicar ao blog. Ter o tempo livre pulverizado te obriga a priorizar as atividades e assim, quando me sento aqui para voltar a falar sobre o Atlético, acabo percebendo que mais quatro partidas se foram.

Mas, desculpas e filosofadas à parte, falemos de futebol. Sim, foram mais quatro partidas e mais quatro vitórias. Parece surpreendente, mas não é. Durante as eras Luxemburgo e Dorival mencionávamos a importância de se manter uma base e de se implantar uma filosofia de jogo. Hoje, mesmo com todas as ressalvas à gestão Kalil, é preciso reconhecer que temos isso. Desta maneira, enquanto a imensa maioria dos clubes no Brasil está trabalhando o seu time para 2013, o nosso está pronto e reforçado. Assim, me parece natural que tenhamos um desempenho acima da média nestes primeiros meses da temporada. O importante agora é aproveitarmos este momento e evitarmos a todo custo a soberba.

Quanto à Libertadores, o jogo em La Paz foi dificílimo. Pior do que suportar aquela imagem ruim (os canais em HD foram miseravelmente reservados para o Corínthians) e os comentários do Mário Sérgio, foi evitar os calos nas vistas diante da qualidade do jogo apresentada pelos times. O que via a 3.600 metros de altitude era alguma coisa parecida com futebol. O Galo jogou enquanto deu, encaixando bons contra-ataques até fazer o primeiro gol e cansar, depois disso os bolivianos chutavam para aonde o nariz apontava. De tanto tentarem, conseguiram o gol de empate no final do primeiro tempo. O time da casa voltou para o segundo tempo tentando impor a mesma filosofia, mas Cuca deu uma arrumada no meio e os chutes de meia distância acabaram. No fim, Serginho recebeu uma bola em contra-ataque foi à linha de fundo e cruzou, Ronaldinho fez um movimento maroto e o zagueirão adversário se assustou empurrando a bola para dentro. 2 x 1 para o Galo. Placar justo que nos classificou antecipadamente para a próxima fase.

Nas próximas semanas enfrentaremos o Arsenal em Belo Horizonte e o São Paulo na capital paulista. Duas partidas difíceis que definirão a nossa posição final na primeira fase. Do jeito que a coisa está caminhando, não me assustarei se pegarmos um Grêmio, um São Paulo, um Fluminense, um Nacional ou um Boca Juniors logo de cara. Por isso, é importante manter a cabeça no lugar e evitar o entusiasmo do tipo "já ganhou". Nada de soberba!

No mais, emplacamos mais 3 vitórias no Campeonato Mineiro 2013 mesmo jogando com times mistos. Acho que a comissão técnica tem trabalhado bem neste sentido e não há dúvidas sobre o que deve ser priorizado neste primeiro semestre. Este trabalho é importante não apenas para poupar alguns atletas, mas também para dar ritmo ao restante do plantel. Guilherme está voltando de contusão, Richarlyson, Alecsandro, Luan e Gilberto Silva tem correspondido quando entram, até o Giovanni voltou a ganhar uma chance contra o América de Teófilo Otoni. Parece que as coisas, finalmente, estão bem encaminhadas. A grande incógnita é saber se Cuca aprendeu as lições das temporadas anteriores e terá a serenidade necessária para nos conduzir nestes momentos cruciais. O momento da verdade está chegando.

9 de mar. de 2013

Perfeição e excelência

Atlético 2 x 1 The Strongest
Atlético 3 x 1 Guarani
Arsenal 2 x 5 Atlético
Atlético 3 x 0 Araxá

Creio já haver mencionado que a Libertadores está longe de ser o meu torneio favorito. Este posto sempre coube e ainda pertence ao Campeonato Brasileiro. Acredito que seja esta a razão para que eu consiga assistir aos jogos do Galo no torneio continental sem beirar uma crise de nervos como acontece quando disputamos o Brasileirão. É, sem dúvida, uma experiência diferenciada assistir à partida sem ter aquela névoa do nervosismo te impedindo de entender o jogo ou de se irritar com a narração e os comentários estúpidos oriundos da TV.

Alguns veículos de comunicação, aliás, tem-se mostrado surpresos com o bom desempenho alvinegro neste início de competição. A mim me parece natural que estejamos trilhando um bom caminho, afinal de contas mantivemos a base de uma equipe que fez uma excelente campanha na temporada passada e reforçamos o elenco com algumas contratações pontuais. O futebol apresentado pelo time até o momento é consistente, fiel à proposta que Cuca tem implementado desde a sua chegada e, sem dúvida, produto do entrosamento conquistado ao longo do trabalho. Mas falemos sobre as partidas.

Contra o Arsenal me enrolei com o horário e quando liguei a televisão os argentinos tinham acabado de marcar o seu segundo tento. Logo depois, Victor fez uma ligação direta para Bernard, o garoto dominou, deu um drible desconcertante no zagueiro adversário e chutou buscando o ângulo esquerdo do goleiro. A bola foi para fora mas aquele lance acabou sendo um resumo do que estava por vir no segundo tempo.

Na etapa final, a zaga argentina falhou duas vezes e Bernard aproveitou ambas as oportunidades. O segundo tempo ainda estava no seu início e a fatura já estava liquidada. 5 x 2. No fim, Ronaldo, depois de ter sofrido um violento carrinho dentro da área, desperdiçou um pênalti.


Diego Bragheri, do Arsenal, mostra sua habilidade a R10.

Acredito que a goleada na Argentina acabou sendo um cartão de visitas do Atlético aos seus adversários na Libertadores. Longe do cenário internacional há algum tempo, é natural que as equipes estrangeiras subestimem o potencial alvinegro. Diante deste quadro, já esperava que a partida contra os bolivianos do Strongest fosse mais complicada.

Como não poderia ser diferente, a equipe de La Paz, comandada por Escobar (ex-Ipatinga), jogou recuada apostando nos contra-ataques. A estratégia funcionou no primeiro tempo graças, principalmente, à boa atuação do goleiro Vaca e à falta de sorte do nosso ataque. Os bolivianos ainda tiveram uma oportunidade clara desperdiçada por Escobar. A segunda etapa começou como terminou a primeira, com o Atlético tentando furar o bloqueio do adversário. A diferença é que antes que chegássemos à metade do tempo, Jô conseguiu anotar um tento e trouxe a tranquilidade para o Independência.

Perto do fim do jogo, Marcos Rocha recebeu um passe magistral de Ronaldo e foi derrubado dentro da área. Pênalti que Ronaldinho converteu pondo fim à maldição de três penalidades máximas sucessivamente desperdiçadas e decretando a vitória alvinegra. O Strongest ainda conseguiu diminuir o prejuízo, mas já era tarde demais.

Como já disse anteriormente, o fato de termos um time pronto é uma vantagem que nos permite caminhar com mais facilidade nesta primeira fase do torneio. Entretanto, é importante ter em mente que durante a fase de grupos o importante é pontuar e conseguir a classificação para o mata-mata. É claro que a vantagem de fazer os jogos decisivos em casa é boa, mas não é o fator preponderante na busca pelo título. Nós, atleticanos, cansamos de conseguir a classificação para o mata-mata na última rodada dos brasileiros pré-2003 e derrubarmos equipes invictas ou favoritas nas partidas decisivas. Quem corre mais no fim, chega mais embalado e quem se classifica antes tem uma tendência natural à soberba.

Espero que o Cuca tenha aprendido a lição quando esteve no comando do nosso maior rival em 2011, oportunidade em que se classificou em primeiro lugar geral, ganhou a primeira partida fora de casa e foi eliminado na Arena do Jacaré, na única derrota que teve na competição. É por isso que não lamento o gol sofrido contra o Strongest ou o pênalti perdido contra o Arsenal. A perfeição e a excelência devem surgir no momento decisivo. Que assim seja!

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