29 de ago. de 2011

E ainda dizem que é azar


Atlético 1 x 2 Cruzeiro

E a saga alvinegra rumo à lanterna da competição continua! Nenhuma surpresa com relação ao placar e as circunstâncias que nos levaram à derrota: mais uma vez fomos liquidados com requintes crueldade. Não bastasse a derrota para o Vasco com dois gols do desafeto da torcida, Diego Souza, a virada espetacular do Corínthians no segundo tempo, dando sobrevida ao fraco Tite, levamos dois gols do Montillo - sendo um em claro impedimento e outro num frangaço histórico do Renan Ribeiro aos 42 minutos da etapa final. Não basta jogar mal e perder, tem que desmoralizar o torcedor.

Surpreendente para mim é a falta de oposição à gestão Kalil dentro da torcida. Para ser mais justo, devo dizer que algumas organizadas ensaiaram um protesto na véspera do clássico e vem questionando a administração, mas é difícil mobilizar os torcedores se a principal facção atleticana não estiver envolvida. Mas, aparentemente, esta organizada está satisfeita em ter o melhor CT do Brasil, os pagamentos em dia aos jogadores e um time "pronto para ser campeão", nas palavras do nosso presidente. Para a maioria dos torcedores, aliás, o Kalil é "bem intencionado, mas tem azar". Faz tudo certo e, inexplicavelmente, não consegue obter os resultados.

Infelizmente, devo dar uma notícia triste a estes torcedores: azar é um treco estatístico. Coisas ruins acontecem com todos, mais em alguns momentos, menos em outros. Mas, eventualmente, as coisas boas acabam surgindo. Vejamos abaixo um resumo da era Kalil/Ricardo Guimarães:

A primeira lembrança que tenho do Alexandre Kalil é de um chilique que ele deu no CT após uma derrota humilhante por 4 x 0 contra o Guarani em Campinas no Brasileiro de 99. Levamos gol até do Valdir Tubarão! Na rodada anterior havíamos liquidado o Timão por 4 x 0 com um show de bola no Maracanã. Após a reunião com os jogadores, vencemos o Grêmio por 2 x 0 e nos classificamos para o mata-mata. Eliminamos o Cruzeiro, o Vitória e perdemos a final para o Corínthians.

No anos 2000 disputamos a Libertadores, chegamos à semifinal da Copa do Brasil e fomos muito mal na taça João Havelange. Em 2001 fizemos um bom campeonato brasileiro e fomos eliminados de maneira dramática em São Caetano nas semifinais.

Em 2002, devido à falta de grana, o Atlético montou um time baseado na garotada e jogadores de menos renome. Chegou ao mata-mata, mas levou um vareio de bola do Corínthians em pleno Mineirão, cujo placar final foi um humilhante 6 x 2. Esta partida marca, para mim, o início da fase negra do Galo. Depois disso, a torcida e o clube nunca mais foram os mesmos.

O campeonato brasileiro por pontos corridos começou em 2003 e tivemos participação razoável, infelizmente ofuscada pela melhor temporada da história do nosso maior rival. Em 2004 tentaram repetir a fórmula do time barato de 2002 e nos salvamos do rebaixamento na última rodada. Em 2005 não foi possível escapar da degola e fomos "qualificados" para disputar a série B em 2006. Com uma base formada ao longo da competição, contando principalmente com a rapaziada que jogou as últimas rodadas da série A no ano anterior (e venceu 5 das 6 últimas partidas), vencemos a série B e Ricardo Guimarães se despediu da presidência com um "sentimento de dever cumprido". Interessante, não? Fiquei comovido com essa declaração.

2007 e 2008 foram temporadas conturbadas no Atlético, marcadas por disputas políticas, dívidas, atrasos de salários, péssimas contratações e campanhas medíocres no campeonato brasileiro. No meio de 2008, Ziza Valadares renunciou e Kalil, que andava afastado do futebol, assumiu a presidência do clube. A temporada 2009 começou com mais um campeonato perdido para o nosso maior rival de maneira vexatória, demissão de treinador e a volta de Celso Roth. Sob o comando do gaúcho tivemos uma boa participação no campeonato com um elenco modesto, chegando a ocupar a liderança por diversas rodadas, mas falhando miseravelmente nas rodadas finais, quando sofremos cinco derrotas consecutivas.

2010 foi o ano de contratações caras, da chegada de Vanderlei Luxemburgo e uma péssima campanha no brasileirão, escapando do rebaixamento nas últimas rodadas graças a um milagre operado por Dorival Júnior. A esperança era que em 2011 o clube mantivesse a base da temporada anterior e reforçasse as posições carentes. Os reforços vieram, mas a base foi desmanchada com a saída de Diego Tardelli, Obina e Diego Souza, entre outros. Marcada por intrigas dentro do grupo e um desempenho abaixo da crítica, o Atlético marcha a passos largos para a série B, repetindo o roteiro desastrado do triênio 2003-2004-2005.

Sob o comando de Kalil e companhia, o Atlético se acostumou a perder mais do que ganhar. Este feito só não foi repetido após 2002, se não me engano, nas temporadas 2003 e 2009. E querem chamar isso de azar...

Hoje enfrentaremos o xará paranaense em Curitiba e Cuca tentará emplacar qualquer resultado que não seja a derrota, já que em 6 jogos conseguiu perder 6. Infelizmente, estarei fora de casa e só saberei do placar. Faço votos de que o azar desapareça e a sorte esteja do nosso lado desta vez.

Para aqueles que conseguiram chegar até o fim deste post, recomendo uma entrevista feita com Roberto Siegmann, ex-dirigente do Internacional, que atira para todos os lados e esclarece muitas coisas acerca dos bastidores do futebol. Como o renascimento do Inter é um exemplo repetidamente citado por atleticanos, acho que muita coisa se aplica à nossa situação (a mim, me pareceu que o Kalil conseguiu montar um Inter-B dentro do Atlético).

http://sul21.com.br/jornal/2011/08/roberto-siegmann-inter-peca-em-democracia-e-transparencia/

22 de ago. de 2011

Faltam 30 pontos


Botafogo 3 x 1 Atlético
Atlético 2 x 3 Corínthians
Atlético 1 x 2 Botafogo
Coritiba 3 x 0 Atlético
Atlético 1 x 2 Figueirense
Grêmio 2 x 2 Atlético

Nas últimas semanas vimos uma sucessão de reviravoltas que, no fim das contas, deixaram o Atlético no mesmo lugar que vem ocupando nos últimos 10 anos. As teorias que tentam explicar as razões para a situação na qual o time se encontra mesmo tendo investido mais de 20 milhões de reais pipocam na internet, mas nenhuma delas consegue responder a uma dúvida que tenho: por que, cargas d'água, alguém investe milhões em um elenco e numa comissão técnica para lutar contra o rebaixamento temporada após temporada? Não seria mais fácil para o presidente e seus parceiros fazerem o que bem entendessem com o clube se o mantivessem na disputa pelas primeiras posições nos torneios que disputasse? O elenco não seria mais valorizado? Os investimentos não trariam um retorno maior? Difícil entender.

Da minha parte, não tenho muito o que dizer. Este triênio está idêntico ao 2003-2004-2005: início promissor com Celso Roth, campanha vergonhosa que foi salva do desastre completo na última rodada na temporada seguinte e queda para a segundona com um técnico considerado de ponta (Tite, Dorival Júnior) no terceiro ano. Mesmo os comentários jocosos e espirituosos começam a se repetir, não há criatividade que resista ao Clube Atlético Mineiro.

O que fiz há algumas semanas foi cancelar o pay-per-view. A razão primordial foi o fato de eu não ter tido a oportunidade de ver a maioria dos jogos (calculei em, mais ou menos, cinco o número de jogos que eu poderia ver até o final do ano). Para completar, a NET surgiu com um aumento de 10% no valor da tarifa e o Atlético emplaca mais uma campanha medíocre no Brasileirão. No fim das contas, foi um grande negócio ter me livrado do serviço: só o fato de não ver mais aquele pasto que é a Arena do Jacaré ou mesmo o Ipatingão - local para onde o clube fugiu quando percebeu que não conseguiria melhorar o seu desempenho - e não acompanhar a péssima equipe do PFC em Minas Gerais já trouxe um certo alívio para o meu coração.

No mais, não tenho mais estômago para aguentar a gestão Kalil. Como já disse antes, esta figura e seus asseclas (Maluf, Guimarães e outros) são o denominador comum daquela que já é, de longe, a pior década da centenária história do Galo. A infraestrutura melhorou, não há como negar, mas a gestão é péssima. Contrata-se mal, falta comando e até na hora de escolher um lado, escolhe-se errado (vide a luta contra a Globo e a CBF, onde ficamos do lado supostamente correto, mas que só viria a prejudicar o clube). Hoje, a impressão que temos é que o Galo, com seu hotel cinco estrelas, é um spa, paraíso dos empresários e não dá para ficar compactuando com isso.

É isso, amigos. Com sorte, não terminaremos o primeiro turno na lanterna (o que seria mais do que merecido - o Atlético pratica hoje o pior futebol da primeira divisão). Neste momento, alguém acredita que conseguiremos conquistar 30 pontos no returno?

3 de ago. de 2011

Inspiração


Palmeiras 3 x 2 Atlético
Atlético 1 x 0 Fluminense
Atlético 1 x 2 Vasco
Santos 2 x 1 Atlético
Atlético 2 x 0 América
Ceará 3 x 0 Atlético

A falta de tempo seria uma excelente desculpa para a minha ausência neste espaço. Mas, por mais atarefado que estivesse, sempre encontrei alguns minutos para poder tratar do Atlético. O que tem acontecido de fato é que a falta de originalidade da situação na qual nos encontramos, resulta não apenas na falta de ânimo mas também na ausência de um fato novo que permita que, mesmo na tragédia, consigamos fazer alguma piada ou comentário jocoso. Tudo o que tenho vontade de dizer agora, já foi dito há algum tempo neste mesmo blog e, provavelmente, de maneira melhor e mais engraçada.

Sendo assim, me abstenho de comentar os jogos listados acima, a maioria dos quais não tive a oportunidade de assistir ou escutar (felizmente). As duas únicas partidas que vi foram aquela contra o Ceará e a última, contra o Palmeiras. Enfim, hoje enfrentaremos o Grêmio no Olímpico. Os gaúchos, assim como a gente, andam numa tremenda má fase, vindos de troca de treinador e de duas derrotas seguidas.

O tabu: não vencemos o tricolor no Olímpico desde 1998.

Os fatos: ressuscitamos o Flamengo, colocamos o Ceará de volta na parada e demos sobrevida ao Falcão.

Conseguirá o Atlético mudar a tendência no início da noite desta quinta-feira ou voltaremos a ocupar o nosso lugar quase cativo na zona do rebaixamento?

Como inspiração, segue o vídeo com o compacto da nossa última vitória em Porto Alegre, cortesia de Marques e Valdir, uma dupla de ataque de verdade.