29 de out. de 2010

Fim de férias

Inter 1 x 0 Atlético
Atlético 2 x 1 Santa Fé
Atlético 2 x 0 Avaí
Santa Fé 1 x 0 Atlético
Cruzeiro 3 x 4 Atlético
Atlético 1 x 1 Palmeiras

Em mais um destes fatos engraçados que acontece na vida de um sujeito, quis o destino que a CBF alterasse mais uma partida do Galo e que enfrentássemos o Inter em Porto Alegre, time da minha esposa, no dia 10/10, justamente a data do nosso casamento. Assim, no fim da tarde daquele dia, após assinarmos os papéis no cartório, éramos uma família de atleticanos e colorados assistindo aos derradeiros minutos da peleja dentro de uma pizzaria no Rio.

Embora acreditasse que Celso Roth nos devesse os três pontos no Beira Rio, não tinha muitas ilusões de que os conseguiríamos. Além de todos os desfalques, tínhamos Rafael Cruz e Eron nas laterais e eles tinham Kléber e Nei. No fim, ficou mantida a escrita de que nunca vi o Galo bater o Colorado desde que conheci a minha esposa. Duro, não? Sorte do meu sogro.

O meu consolo era que no dia seguinte partiríamos para os EUA e, assim, me manteria longe do Atlético por 15 dias. Chegamos lá na quarta-feira pouco antes do almoço. Fomos recebidos pela família da minha esposa e o tio dela, um gremista já devidamente informado acerca da minha condição de atleticano, me adianta:

- Hoje tem jogo do seu time pra gente ver!

Sim, amigos, ele tinha todos os canais brasileiros, incluindo o PFC! E, assim, terminei a noite de quarta acompanhando Obina e seus companheiros derrotar o Santa Fé da Colômbia. Começamos bem!

No domingo, o jogo do PFC foi o do Grêmio contra o nosso maior rival e, naturalmente, não houve espaço para o Atlético. Acompanhei os minutos finais da partida contra o Avaí pela internet e comemoramos juntos os bons resultados da rodada.

Na real, este acabou sendo o último jogo que acompanhei enquanto estivemos fora do Brasil. Do jogo contra os colombianos só soube o resultado. Já o clássico... Bem, dado todo o histórico recente envolvendo nossos embates contra o nosso maior rival, não dava para ficar alheio ao que estava acontecendo em Uberlândia, mesmo estando há milhares de quilômetros de distância. O celular é um bom amigo nestes momentos, mas traz um nervosismo danado o desgraçado. Estávamos na fila para o elevador do Empire State Building quando tentei um primeiro contato. Sem sinal. Subimos, descemos, saímos do edifício e seguimos caminhando para Times Square quando o celular recupera o sinal. Imediatamente, reconheço o sinal de nova mensagem recebida. Era a minha mãe:

- "4 x 1! Galo!"

Fui invadido por um grande entusiasmo mas, mineiramente, resolvi checar a hora da mensagem. Fiz as contas e percebi que a mesma fora enviada por volta dos 20 minutos do segundo tempo. Mandei uma outra perguntando qual o resultado final. Alguns minutos e obtenho a resposta:

- "4 x 3 Galo! Jogão!"

Alívio! Alívio pela vitória empolgante após uma infinidade de infortúnios diante do nosso maior rival e alívio por não ter conseguido o sinal para o telefone no octogésimo sexto andar. Houvesse recebido a primeira mensagem lá em cima, não sei quais seriam as consequências. No minímo, invadido pela angústia, não conseguiria apreciar a vista. E, bem, eram oitenta e seis andares... Foi melhor saber de tudo isso lá embaixo.

No dia seguinte, obviamente, optei por usar uma camisa do Atlético. Não a tradicional, de uniforme, mas sim uma dessas camisas de passeio com um pequeno escudo do clube. Era fim de tarde e estávamos caminhando tranquilamente nas redondezas da Grand Central em Manhattan quando um gringo dá um grito, com os punhos cerrados e com um sotaque muito forte:

- GUÉLÔ!

A mensagem demora uns poucos segundos para ser recebida, decodificada e interpretada pelo cérebro e assim que entendo o que está se passando, respondo repetindo o gesto:

- GALO!
- It was saturday, right!?, ele responde
- Yes, respondo de passagem para não render assunto.

Minha mulher fica de cara:

- Como é que ele viu esse escudo?
- Não sei. O casaco tava aberto.

Enfim, é a globalização.

A partida contra o Palmeiras foi no horário do vôo de volta e só soube o resultado. Sinceramente, no momento não me importo com a Copa Sulamericana. Seria bom se passássemos, mas a meta desse ano é ficarmos na primeira divisão. Acho que o time evoluiu muito, obteve vitórias convincentes e muito importantes.

Não vi as partidas pelo Brasileiro, mas acho que os resultados falam por si só. Sem dúvida, dadas todas as circunstâncias envolvidas no confronto, a vitória sobre o nosso maior rival pode receber o status de épica. Vamos ver se conseguimos repetir o desempenho amanhã contra o Botafogo. Nosso retrospecto recente contra o alvinegro carioca é vergonhoso. Se conseguirmos quebrar mais este tabu, a permanência na primeira divisão em 2011 estará muito próxima.

7 de out. de 2010

Na bola parada

Atlético 2 x 1 Corínthians

Após uma hora e quarenta minutos de futebol ininterrupto no Humaitá, cheguei correndo em casa a fim de acompanhar o restante do primeiro tempo da partida contra o timão. Ainda ofegante, cheguei à sala e percebi que o casal que estamos hospedando estava diante da telinha assistindo AMADEUS, clássico de Milos Forman. Fui saudado por ambos e, meio sem saber o que fazer, mandei uma pergunta à queima-roupa:

- E aí, tchê? Quanto ficou o jogo do tricolor?
- QUATRO a zero, acredita? E o galo?

Bingo!

- Tá jogando contra o Corínthians agora...
- Não brinca! Sério?
- Sim, começava às 22 horas.
- Poxa, então vamos desligar aqui para você ver!
- Que isso! Não precisa, escuto no rádio aqui... - E me dirigi para o computador.
- Não, não dá pra competir com o Atlético! Vê aqui!

E foi assim, graças à generosidade destes amigos, que pude assistir ao final do primeiro tempo da partida em Sete Lagoas. Quando conseguimos descobrir o canal que estava transmitindo a pendaia, vimos Ricardinho saindo para a entrada de Renan Oliveira. Fiz um pequeno briefing acerca do histórico do jovem meia alvinegro para os meus amigos e, logo depois, vimos o sistema defensivo do Atlético sofrer uma pane geral, a bola ser alçada na área, Renan Ribeiro sair em falso e Paulinho empurrar a pelota com o peito para o fundo das nossas redes. Desânimo na sala.

- Falha do goleiro. - Vaticinou o Eduardo.
- É difícil ter esperanças. - Foi tudo o que consegui responder.

O Atlético voltou para o segundo tempo com mais uma alteração: Obina no lugar de Diego Macedo. Em geral, não sou a favor de improvisos (Serginho como ala? Não parecia uma boa ideia), mas reconheço que o Diego Macedo é limitado e que naquela altura não tínhamos muitas alternativas nas mãos. De qualquer maneira, após um início instável, o time começou a crescer ao longo da segunda etapa e passou a dominar as ações.

Aos 15 minutos, Serginho cobrou um escanteio e Werley, à la Carlos Puyol contra a defesa alemã, subiu no meio da zaga paulista e cabeceou a pelota para o fundo das redes. Se não me falha a memória, foi o primeiro gol de cabeça de um zagueiro atleticano neste campeonato. Seria sorte ou treino? Após o empate, o Atlético cresceu ainda mais e passou a ameaçar a meta corintiana com uma certa frequência. Aos 33 minutos, Serginho novamente cobrou uma falta e Zé Luís, livre, anotou o segundo tento alvinegro para delírio da Arena do Jacaré. Mais uma virada neste campeonato!

Os minutos finais, embora dominados pelo Galo, foram muito nervosos. O Corínthians, surpeendentemente instável, não conseguia articular seus ataques, enquanto os mineiros perdiam inúmeras chances de contra-ataques, especialmente nos pés de Neto Berola, uma espécie de Forrest Gump do futebol (pega a bola e sai correndo para onde aponta nariz. Não dá pra esperar nada de produtivo).

No fim, conseguimos mais uma importante e suada vitória. A situação do Atlético no campeonato continua muitíssimo complicada, mas já é possível ter alguma esperança de que podemos nos safar desta. A vitória sobre o Corínthians foi a primeira sobre uma equipe de ponta neste campeonato e foi obtida com merecimento. O time teve posicionamento, conseguiu ser perigoso com bolas paradas e, acima de tudo, pareceu motivado e consciente de que poderia chegar e virar um jogo que parecia perdido. Parece que, finalmente, temos um líder fora das quatro linhas. Quem sabe não consegue mais um milagre no Beira Rio na próxima rodada? O Celso Roth nos deve essa!

3 de out. de 2010

Com a manteiga pra cima

Ceará 0 x 0 Atlético
Atlético-GO 2 x 3 Atlético

As idas e vindas desta semana me impossibilitaram de escrever sobre a rodada passada no momento apropriado. Com relação à partida contra o Ceará, a maior novidade foi o fato de não termos tomado gols, o que pode ser considerado um grande progresso da nossa defesa, a mais vazada do campeonato. O problema é que o ataque não correspondeu e ficamos neste 0 x 0 que, na verdade, acabou fazendo jus àquele que deve ter sido um dos cinco piores jogos do campeonato.

A peleja contra o xará de goiânia teve uma história bem diferente. De início, a impressão que o time deu à torcida foi a de que o calvário seguiria sem novidades: 10 minutos, rebatida errada da defesa, falta cometida e Róbston manda uma bomba no canto direito de Renan Ribeiro.

Mesmo atuando de maneira desorganizada, o Galo conseguiu articular um contra-ataque aos 20 minutos: Ricardinho lançou Serginho em profundidade, o volante cruzou e Diego Souza, de peixinho, mandou para o fundo das redes. 1 x 1. Quando parecia que iríamos para o vestiário com um empate, o mesmo Diego Souza acabou furando uma bola de maneira espetacular na meia lua adversária possibilitando um contra-ataque fulminante dos goianos que resultou no gol de desempate do dragão.

Para o segundo tempo, Dorival Júnior fez duas modificações: sacou Fillipe Soutto, muito mal na lateral esquerda, e Obina, mais uma vez apagado, e entrou com Fernandinho e Ricardo Bueno. O time melhorou, mas o jantar foi posto na mesa, e passei a acompanhar o jogo entre uma garfada e outra. Papo vai, papo vem, dou uma olhada para a televisão e vejo uma bola rebatida subindo na área adversária. Ainda sem entender direito o que está acontecendo, vejo o Réver se atirar ao ar e emendar de esquerda no ângulo Márcio.

- "Gol de bicicleta do Galo! Gol de bicicleta do Galo!", começo a gritar para os comensais enquanto aponto para a telinha e sou devidamente congratulado por todos. Foi, realmente, um golaço!

Apesar do golaço alvinegro, o jogo segue em banho maria e me atiro ao sofá para acompanhar os momentos finais sem muitas esperanças. Já passava dos 46 minutos quando Renan Oliveira recebe uma bola na grande área e avança livre em direção ao gol: "faz, porra!", é a única coisa que consigo dizer. O meia passa pelo goleiro, cruza e Ricardo Bueno arremata errado: "não, caralho"! De maneira incrível, a bola bate no zagueiro adversário que estava em cima da linha, volta, toca no goleiro e entra! É o gol da vitória! O pão caiu com a manteiga pra cima! Depois de toda a comemoração, não havia tempo para mais nada e saímos de Goiânia com os 3 pontos.

A rigor, a equipe não praticou um grande futebol mas, pela primeira vez neste campeonato, a sorte esteve do nosso lado e conseguimos virar um jogo que parecia perdido mesmo com a falta de organização e articulação. Vamos ver como será a postura do time na quarta-feira diante do Corínthians em Sete Lagoas, quando será preciso muito mais do que sorte para se obter um placar positivo.