30 de nov. de 2009

Juntando os cacos

Palmeiras 3 x 1 Atlético

Há algumas semanas, antes da partida contra o Flamengo, sofri com um dilema: emitia passagens para Porto Alegre ou dava um jeito de fugir para Belo Horizonte a tempo de ver o jogo contra o Palmeiras junto com os amigos na Capital das Alterosas? Dúvida cruel. Sentado em frente ao computador, fiz uma breve e sensata revisão dos meus 32 anos acompanhando o Clube Atlético Mineiro e, ato contínuo, cravei o OK no site da companhia aérea decidindo pela viagem para a capital gaúcha. Às vezes, um homem precisa recorrer a razão para superar a emoção.

Dessa maneira, às 17 horas de ontem estava em uma festa infantil bebendo coca-cola e comendo brigadeiros. Nada de televisão. Tudo estava tranquilo até que um amigo me ensinou a acompanhar os placares da rodada através do celular. Quando consegui o tal acesso, já estava 3 x 1 para o porco. Nenhuma esperança de recuperação.

Mais tarde, em casa, fui à internet para me inteirar dos acontecimentos e vi, assombrado, que levamos um gol com um minuto de jogo. Um minuto! E olhem que o Roth sacou Ricardinho e Márcio Araújo para fechar melhor o meio de campo e evitar surpresas no início do jogo. Fico imaginando se estivéssemos atuando com a formação normal, será que teríamos levado um gol com 10 segundos?

Apesar das adversidades, Tardelli acabou empatando aos 12 minutos e, ao invés do Atlético conseguir se impor emocionalmente sobre o adversário, realizou a façanha de levar um gol do meio de campo. É isso aí, não satisfeito em levar um gol olímpico no Mineirão, o time permite que o adversário assinale o tento que Pelé tentou e não marcou. Qual o próximo passo? Gol de bicicleta do Fenômeno domingo que vem? Parei por ali, não quis ver ou saber de mais nada.

A verdade pura e simples é que o campeonato acabou quando o Pet cobrou aquele maldito escanteio no Mineirão. O pior dessa reta final não foram as derrotas em si, mas sim a agonia de ver que o time não tinha capacidade (e, aparentemente, nem vontade) de superar as adversidades e voltar a jogar bola. As derrotas poderiam vir de qualquer maneira, os adversários eram difíceis, mas poderíamos ter oferecido alguma resistência, ter "peleado", como dizem os gaúchos. Seria honroso, pelo menos.

23 de nov. de 2009

Agora é 2010

Atlético 0 x 1 Internacional

Um dos aspectos mais irritantes relativos ao Atlético é que "imprevisibilidade" é uma palavra que não faz parte do dicionário alvinegro. Em geral, 10 minutos de jogo são necessários para que um torcedor com um pouco mais de experiência descreva o roteiro dos 80 minutos restantes. Ontem não foi diferente. Até que a saída de bola ensaiada deu uma certa esperança, mas o que se viu depois foi uma sequência de oportunidades coloradas que acabaram resultando no gol. Tento, aliás, que não vi. Quando Alecsandro tentou encobrir o Welton, percebi que a bola não entraria e me sentei, comentando com o meu vizinho:

- Ainda bem que o atacante deles é ruim.

Olhei, então, para o campo e vi os jogadores do Inter comemorando.

- O que houve??, pergunto

- Foi gol, porra!

Dali em diante, nada aconteceu. O Mário Sérgio ainda tentou facilitar as coisas para a gente, sacando D'Alessandro e Alecsandro, mas não tivemos volume de jogo para superar a defesa colorada. Observando o desenrolar da partida, comecei a me lembrar daqueles mosquitos que tentando alcançar o lado de fora da casa se chocam contra o vidro de uma janela fechada e, ao invés de buscar uma saída alternativa, gastam até a sua última gota de energia lutando contra o vidro e morrendo no local. Este era o ataque do Atlético na noite de ontem.

Já antevendo o fim da história, ainda tentei convencer o meu irmão a abandonar as dependências do estádio antes do apito final para, pelo menos, evitarmos a confusão e o engarrafamento do lado de fora, mas não fui convincente em minha argumentação.

Não vou discursar sobre o caráter derrotista da equipe porque já gastei posts demais falando disso. Falaria sobre como a torcida tem mudado neste século XXI e que, curiosamente, faz festa antes da partida e permanece calada após o apito inicial, apenas se manifestando para vaiar alguns jogadores, mas este será assunto para uma outra oportunidade.

Para finalizar, um fato e uma recordação: a tabela do Atlético concentrou um grande número de confrontos diretos pelas primeiras posições para as últimas rodadas do turno e, obviamente, do returno. E como foi o nosso desempenho no final do primeiro turno?

* em casa: vitória sobre Coritiba, empate contra o Palmeiras e derrota para o Goiás.

* fora de casa: derrotas contra o Flamengo, Inter e Corínthians.

Ou seja, as coisas não andam muito diferentes do que naquela época e dentre as explicações possíveis, destaco três:

1. Somos, de fato, piores do que as equipes que, neste momento, estão lutando pelo título (muito embora tenhamos derrotado o tricolor paulista 2 vezes).
2. Houve uma falha de planejamento, a equipe atingiu o seu ápice antes da reta final e a produtividade caiu nos jogos decisivos.
3. A equipe e a comissão técnica sucumbiram às pressões externas e internas para a conquista do título e não conseguiram corresponder, resultando no que é popularmente conhecido como "falta de colhões".

De qualquer maneira, independente da explicação, para mim já era. Agora é pensar em 2010.

21 de nov. de 2009

Tarde demais?

A semana que passou foi recheada de declarações do elenco e revelações "bombásticas" por parte da presidência. De Alexandre Kalil veio a confirmação dos patrocinadores para a temporada 2010: BMG (patrocinador master), Ricardo Eletro (manga das camisas) e Alpargatas (material esportivo). Os valores não foram revelados, embora o presidente jure que são os maiores da história do futebol mineiro. Faço votos de que realmente o sejam e, mais do que isso, de que o dinheiro seja bem aproveitado mas, sinceramente, fico um tanto cético em relação ao bom proveito deste suposto "reatamento" das relações com o nosso ex-presidente e, coincidentemente, maior credor. Sei que a fase é difícil, que todo mundo precisa de grana, mas se eu tivesse poder de escolha, optava por dar uma banana ao BMG.

No mais, as entrevistas na Cidade do Galo revelaram jogadores pedindo "entrega total" e cobrando uma postura "ou tudo ou nada" para a partida deste domingo contra o colorado gaúcho, adversário direto por uma vaga à Libertadores. Eu, ingênuo, pensava que tamanha vontade seria empregada contra o rubro negro naquela fatídica tarde há quinze dias.

Enfim, amanhã estaremos no Mineirão, mais por resignação do que por fé numa boa apresentação. A depender do elenco vai sobrar vontade, espero que sobre alguém pra empurrar a bola pra dentro do gol.

15 de nov. de 2009

É, não deu

Coritiba 2 x 1 Atlético

Após a derrota do domingo passado, concluí que a melhor coisa que eu poderia fazer na noite do sábado era postergar a saída do trabalho e emendar com a janta no refeitório, onde as pessoas preferem ver uma novela do que acompanhar o Brasileirão. E isso nem tanto pela derrota em si, mas pelas circunstâncias que a envolveram e que já foram discutidas há dois posts. Depois de jantar, voltei para o quarto a tempo de saber o placar do jogo e ver um gol do Herrera amenizar a depressão futebolística.

O que desanima nesta reta final é a falta de alma do time atleticano justamente quando o torneio esquentou e que nossas possibilidades ficaram claras. A falta de vibração do time repercute nas arquibancadas e aquela sintonia com a torcida não tem existido. A ironia desta situação é que passamos as duas últimas temporadas lotando as arquibancadas nas rodadas finais apoiando um time que lutava desesperadamente para não voltar para a segundona, por isso acho meio inexplicável este nervosismo tanto da equipe quanto da torcida. O Atlético, a rigor, não tinha nada a perder, tudo o que viesse seria lucro!

No mais, sou daqueles que acredita que a maior parte da culpa deste desequilíbrio deve ser creditada ao Roth, afinal é papel do técnico motivar e tranquilizar o time, distribuir responsabilidades e apagar incêncios. Mas ao ler a entrevista do Alexandre Kalil após a derrota do sábado, afirmando que no domingo que vem "lotaremos o Mineirão e atropelaremos o Inter", concluí que o desequilíbrio começa no comando. Admiro o trabalho dele, acho que chegamos onde ninguém imaginava que seria possível chegar há 10 meses atrás, mas esse lado fanfarrão só atrapalha. Já está mais do que claro que o time, nas atuais circunstâncias, terá dificuldades até para uma vitória magra sobre o colorado. Sendo assim, para que botar mais uma pressão pra cima de quem não aguenta?

13 de nov. de 2009

A última chance

Faltando quatro rodadas para o final, o Atlético jogará suas últimas fichas contra o Coritiba na capital paranaense amanhã. Jogo difícil contra um adversário que tem um bom treinador, um elenco razoável e que briga para se livrar de vez da chance de ser rebaixado.

Gostaria de escrever um post otimista, enfatizando a possibilidade de voltarmos, seriamente, à disputa pelo título em caso de vitória, mas o desempenho lamentável do último domingo praticamente sepultou as minhas esperanças de levantarmos o caneco. Nem tanto pela derrota em si, que era um resultado possível, mas sim pela falta de postura vencedora da equipe jogando em pleno Mineirão. Qualidade o Atlético tem para vencer o Coritiba, mas se for covarde não suportará a pressão adversária.

8 de nov. de 2009

Failure

Atlético 1 x 3 Flamengo

Failure is always the best way to learn,
retracing your steps 'til you know,
have no fear your wounds will heal.

Failure, Kings of Convenience



Quando, no post anterior, disse que tanto o clube quanto a torcida deveriam deixar de lado os embates do passado contra o rubro negro carioca, o fiz por temer que, emocionalmente, os efeitos fossem mais prejudiciais do que vantajosos ao Atlético. Havia três razões para isso:

Em primeiro lugar, porque levamos a pior na maioria dos encontros daquela época (embora tenhamos perdido a final de 80 e sido eliminados em 81 e 87, eliminamos o urubu em 86, mas isso é, convenientemente, esquecido) e ficar lembrando dessas coisas não faz bem. Em segundo lugar, porque proporciona à rede globo a oportunidade de mostrar durante o "show do intervalo" que Reinaldo quase foi jogar no Flamengo e, pior ainda, encerrar o referido show com o ídolo atleticano vestindo a camisa do nosso maior rival. Poderíamos ter passado sem essa. E, finalmente, porque mesmo que a FIFA, a CONMEBOL, a CBF, o Vaticano, o Lula e o clube carioca reconheçam as injustiças daquela fatídica partida no Serra Dourada e façam um pedido formal de desculpas ao Galo, o troféu ainda vai permanecer na Gávea. Então, a melhor coisa é esquecer este troço e seguir em frente.

Pois o que aconteceu no Mineirão esta tarde parece ter um pouco a ver com esse "clima" criado pela imprensa e reverberado pela torcida resultando em pérolas do tipo "se fizer um gol, vou comemorá-lo como o Reinaldo", dita por nosso artilheiro. Confesso que quando li isso fiquei deveras preocupado com o resultado da partida da tarde deste domingo. "Aonde querem chegar com isso?", pensei. Já não bastava a pressão de chegar à liderança e tentar ganhar um título que almejamos desde 1971?

Quando liguei a tv, a partida já havia começado. Vi o Carini preparar a cobrança de um tiro de meta e fui ao banheiro. Não deve ter passado um minuto e ouvi o grito de gol. Gol olímpico do Petkovic. Olímpico! Nunca havia visto o Galo levar um gol desse tipo. E, por deus, como esse tiro de meta havia virado um escanteio? Depois disso, ao invés de alguém pegar a bola no fundo da rede e acalmar os companheiros, o time baixou a cabeça e não conseguiu manter o equilíbrio. Já dava pra perceber que a tragédia estava desenhada. No fim do primeiro tempo Maldonado, num contra-ataque, anotou o segundo tento rubro negro. O pessimismo aumentou quando Éder Luís roubou uma bola do Ronaldo e tocou a pelota para Correa, sem goleiro, bater por cima do gol. Nessa hora, joguei a toalha.

Atormentado por uma terrível dor de cabeça que, misteriosamente, me atacou no dia de hoje, acompanhei o segundo tempo aos pedaços e embora tenhamos começado a segunda metade de maneira animadora, chegando a marcar um gol com Ricardinho, a equipe não conseguiu ser produtiva a ponto de atacar o Flamengo com perigo. Alterações foram feitas e Andrade levou a melhor, pois Fierro cruzou e Adriano fez o terceiro dos cariocas, liquidando a partida e, muito provavelmente, as nossas pretensões neste certame.

O resumo é que, infelizmente, o Mineirão lotado pareceu ser um caldeirão para a equipe alvinegra que, nervosa, mantinha a posse de bola mas não conseguia chegar com perigo à meta do Bruno. Ganhando todas as divididas na intermediária, principalmente com Aírton e Willians, contando com uma dupla de laterais melhores do que os nossos, o Flamengo sempre contra-atacou com perigo e venceu o jogo porque foi melhor e mais inteligente.

O mais chato é perceber que nesta altura do campeonato ainda falta maturidade ao time. Pode até ser pedir demais querer que o Atlético fosse uma equipe equilibrada e pronta para vencer após, praticamente, uma década de tormentos e humilhações, mas o fato é que as oportunidades surgiram e me pareceu um pecado muito grande não termos sabido utilizar a torcida e uma cruzada de quase 40 anos como motivação para jogarmos tudo o que podíamos contra todos. É uma pena.

7 de nov. de 2009

De volta

Há exatos 3 anos o Atlético confirmava o seu retorno à primeira divisão batendo o São Raimundo no Mineirão. Desde então, após um início de ano promissor sob o comando de Levir Culpi em 2007, acabamos vivendo um calvário nas temporadas 2007 e 2008, assombrados pelo fantasma do rebaixamento e por eliminações humilhantes, culminando na crise que derrubou o velho bigodudo e catapultou Alexandre Kalil à presidência do clube.

2009 não começou mal, mas uma goleada sofrida para o nosso maior rival e uma eliminação precoce na Copa do Brasil praticamente sepultaram as nossas esperanças de um campeonato brasileiro decente. Para surpresa geral, após a mudança no comando, o Atlético começou o torneio muito bem, ocupando a liderança por diversas rodadas e mesmo com uma queda no meio do campeonato, se reforçou e chega às rodadas finais como candidato ao título.

Amanhã, diante de um Mineirão lotado, o Galo terá a importante missão de derrotar o Flamengo e, quem sabe, reassumir a liderança do campeonato a quatro rodadas do fim. Apesar de ser um clássico, diante de um rival tradicional e histórico, acho que tanto o clube quanto a torcida deveriam deixar de lado os embates do passado, as mágoas e os rancores que ficaram e se focarem apenas na peleja da tarde deste domingo. Como já disse em um post anterior, esta será a partida mais importante do Clube Atlético Mineiro desde as finais em 1999, uma chance de ouro para confirmarmos o nosso retorno à elite do futebol brasileiro e tenho confiança de que, se tivermos a cabeça no lugar e jogarmos o melhor futebol que temos, chegaremos à vitória.

3 de nov. de 2009

A última que morre

Goiás 2 x 3 Atlético

Após 9 horas dentro de um avião, em classe turística, no assento atrás de uma senhora que tossiu a noite inteira, seguido por mais uma hora de espera pelas malas na esteira do Galeão, foi um grande alívio chegar em casa. Ato contínuo, desfizemos as malas, botamos as roupas para lavar e fomos ao supermercado.

Não deu tempo de descansar pois, às 16 horas, como não poderia deixar de ser, estava na frente da telinha pronto para o início da partida contra o Goiás no Serra Dourada. O time goiano vinha em franca decadência, mas todos sabemos do que o Atlético é capaz quando o momento lhe é francamente favorável. O fato é que, para alívio geral, o Galo teve um início avassalador e sapecou um 2 x 0 no adversário, sendo que a equipe ainda perdeu, pelo menos, mais duas oportunidades claras de marcar. Tudo dava certo: o adversário estava abalado psicologicamente, com a sua própria torcida jogando contra e tudo indicava que iríamos para os vestiários com esse placar.

Eis que, então, o Goiás consegue acertar dois chutes de fora da área e empatar o jogo nos cinco minutos finais da primeira etapa. Comecei a pensar que a partida estava se transformando numa metáfora da campanha alvinegra neste Brasileirão: um ótimo início seguido por uma queda decepcionante no meio da temporada, coroada com um mega desperdício de oportunidades de se consagrar. Sendo assim, o que estaria reservado para o final (do jogo e do campeonato)?

O segundo tempo tem início e, tomado pelo nervosismo, começo a zapear freneticamente todas as vezes que a pelota ronda a nossa área. Não demora muito e Thiago Feltri é derrubado na área: pênalti. Tardelli pega a bola, coloca na marca e confere. O Atlético ainda consegue desperdiçar mais duas chances inacreditáveis para liquidar a partida e até aos 49 minutos, quando o juiz encerrou a peleja, o atleticano suou frio.

Embora não precisasse ter sido tão sofrido, foi um excelente resultado do Atlético. Não sei o que vai acontecer nas próximas rodadas, mas acho que se o time não chegou nas melhores condições que poderia ter chegado, pelo menos chegou e, sinceramente, do jeito que o campeonato anda em aberto, com um pouco de entrega e superação pode ser que cheguemos lá. Dependendo do placar de Grêmio e São Paulo em Porto Alegre na quarta, a partida de domingo pode se tornar o jogo mais importante do Atlético nos últimos dez anos. Tomara que a partida de Goiânia sirva mesmo de metáfora e triunfemos no fim.


1 de nov. de 2009

Sem ilusões

Fluminense 2 x 1 Atlético

Sabendo que a partida estava marcada para as 21 horas no Rio de Janeiro, optei por uma boa noite de sono ao invés de passar a madrugada procurando um link para acompanhar o Atlético. Alguns poderão pensar que não passou de pusilanimidade da minha parte, mas considerando que as últimas partidas do Galo no Rio foram marcadas por apresentações sofríveis e, coincidentemente, pela minha presença nas arquibancadas, o fato de eu estar tão longe do maior do mundo naquela noite me trouxe uma certa confiança e dormi tranquilamente.

No manhã seguinte, acordei espontaneamente por volta das 6 horas e, como era de se esperar, liguei o computador apenas para descobrir que havíamos sido derrotados por 2 x 1 e que o desempenho da equipe havia sido abaixo da crítica. Havia também, em minha caixa postal, um email do meu irmão desabafando e me comovi ao imaginar a agonia de tão dileta figura ao acompanhar a pendaia pela telinha. Obviamente, preferi não ver os gols e nem ler as demais notícias já que a rodada foi ruim. Na lista de discussão, todos foram unânimes em culpar o Jorge Luiz pela derrota.

Após mais este revés, concluí que a conquista do título é um sonho muito distante. Digo isso porque embora o Atlético tenha chegado na reta final com chances reais de disputá-lo, a irregularidade do time demonstra que a equipe não está pronta para a conquista do caneco. Pode até ser que ele venha, caso os adversários também sejam irregulares mas, convenhamos, isso seria produto de uma conspiração universal a nosso favor, algo que jamais vi ao longo dos meus 32 anos de vida. No fim, é provável que tenhamos que nos contentar com a nossa melhor campanha na era dos pontos corridos, com ou sem vaga na Libertadores.

Pois bem, após esta reflexão, aproveitamos a manhã ensolarada de sexta-feira para fazermos uma visita ao estádio do Real Madrid, o Santiago Bernabéu. Embora o bilhete para a visita custasse a bagatela de 15 euros (mais caro que a entrada para qualquer museu europeu), a fila na bilheteria já dizia muito sobre o prestígio do clube madrilenho. A fila, aliás, apresentava uma fauna deveras interessante: fãs de futebol, vestidos com camisetas de outros clubes europeus, famílias e jovens casais onde a moça, invariavelmente, estava de braços cruzados e com uma expressão nada ambígua na face demonstrando absoluto tédio e desgosto por estar naquele templo do futebol.


O troféu Ramón de Carranza merece lugar de destaque

A visita mostra, na prática, aquilo que a maioria dos fãs de futebol já sabe: o sucesso do clube merengue é produto de uma combinação de eficiência dentro das quatro linhas com uma ação extremamente agressiva de marketing que, embora não tenha me comovido nem um pouco, produzia um efeito bastante impressionante nos visitantes que se esbaldavam tirando fotos com a companhia virtual dos craques do time, comemorando a conquista das taças, etc, tudo devidamente cobrado no fim.

Testando a câmera voadora

O estádio, de fato, é muito bonito e causa enorme impressão. Mas, no fim das contas, fiquei pensando que toda aquela estrutura sofisticadíssima era concebida para um espetáculo, um mega evento da indústria do entretenimento e que isso, talvez, passe um pouco longe dos sentimentos que me levaram a ser um torcedor de futebol e a querer estar nas arquibancadas sempre que possível.

"Vomitorio" não tem nada a ver com o fato de venderem bebidas alcoólicas no estádio

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