22 de dez. de 2010

Contratações e unificações

Faltando pouco mais de uma semana para o término de 2010, o Atlético já apresentou seus primeiros reforços para a temporada seguinte: Richarlyson, Toró, Magno Alves, Patric e Wesley. Considerando as nossas principais carências, que são as laterais e os volantes, acredito que começamos bem. Richarlyson e Toró são mais pegadores que Serginho e Zé Luís. Patric é uma aposta para a lateral direita, fracassou no nosso maior rival mas vem de uma boa temporada no Avaí. Magno Alves e Wesley chegam para compor o elenco. Há controvérsias com relação à contratação dos três últimos, mas depois da espetacular arrancada na reta final do Brasileiro, acho que temos que dar algum crédito a Dorival Júnior. Ele parece saber o que está fazendo (e acho que isso também se aplica à suposta contratação de Jóbson).

No mais, a polêmica do momento é a "oficialização dos títulos nacionais" pela CBF. Eu, ingenuamente, sempre acreditei que os títulos nacionais obtidos antes da criação do campeonato brasileiro já eram oficiais. Mas, como sempre, vale tudo para se obter suporte político, apoios regionais e aumentar o seu poder. Além do que, como o negócio hoje em dia é vender camisa, ter espaço na mídia, "valorizar a marca", conseguir um reconhecimento em cartório para o seu campeonato deve garantir mais retorno.

Mas, vamos lá, com um pouco de história. Não é difícil entender porque um país com dimensões continentais só tenha começado a organizar competições nacionais após o final dos anos 50. O primeiro deles, a Taça Brasil, teve início em 1959, e participavam os campeões estaduais num formato similar ao da atual Copa do Brasil. A diferença é que a disputa era regionalizada em norte e sul (posteriormente, norte, centro e sul) e, depois, os campeões regionais, disputavam as finais com os campeões do Rio e de São Paulo. Ironicamente, o primeiro campeão foi o Esporte Clube Bahia, que passou por todas as fases e derrotou o Santos de Pelé na final. Daí em diante, foi um passeio paulista:

1960 - Palmeiras - disputou 4 jogos, eliminando Fluminense e Fortaleza
1961 - Santos - disputou 5 jogos, eliminando América e Bahia
1962 - Santos - disputou 5 jogos, eliminando Sport e Botafogo
1963 - Santos - disputou 4 jogos, eliminando Grêmio e Bahia
1964 - Santos - disputou 6 jogos, eliminando Atlético, Palmeiras e Flamengo
1965 - Santos - disputou 4 jogos, eliminando Palmeiras e Vasco

Nosso maior rival foi o campeão em 66 jogando 8 vezes, contra Americano, Grêmio, Fluminense e Santos. Em 67, o Palmeiras levou, eliminando Grêmio e Náutico e o Botafogo venceu em 68, última edição do torneio, eliminando o Metropol, a raposa e o Fortaleza.

Em 67, a CBD criou o Roberto Gomes Pedrosa, que ficou conhecido como Robertão (ou Taça de Prata, a partir de 68) e que passou a ser disputado pelos maiores clubes do país. Na primeira edição, mineiros, gaúchos, paranaenses, cariocas e paulistas disputaram o torneio e o Palmeiras levou a melhor, jogando 20 partidas. As edições seguintes já contaram com representantes da Bahia e de Pernambuco e os campeões foram Santos, Palmeiras e Fluminense. A fórmula do Robertão já era bastante parecida com a do Campeonato Brasileiro que viria a ser disputado pela primeira vez em 1971 e que foi vencido, todos sabem, pelo Clube Atlético Mineiro.

Por fim, acho que não é uma questão de desmerecer as conquistas alheias, especialmente aquelas obtidas durante uma das eras de ouro do futebol brasileiro e que são reconhecidas e festejadas por suas respectivas torcidas até hoje. Foram, de fato, conquistas importantes e representativas. Entretanto, há que se contextualizar os feitos: o que era o país, o que eram os clubes e o que eram os torneios. A atitude da CBF nada mais é do que oportunismo puro e, ao contrário do que a entidade alega, acaba depondo contra a própria história do futebol brasileiro.

5 de dez. de 2010

Enfim, o fim

São Paulo 4 x 0 Atlético

Pois bem, chegamos ao fim de mais um campeonato e de uma temporada que não deixará saudades. Esta tarde, com várias partidas decisivas acontecendo simultaneamente, a partida do Galo em São Paulo não teve nenhuma repercussão na Bahia, de modo que eu só soube do placar quando o tricolor anotava o seu terceiro tento. Como a vaca já tinha ido para o brejo, achei melhor me ocupar com outras tarefas e deixar o futebol de lado.

Na verdade, o placar elástico revela a fragilidade do nosso elenco - em especial, da parte defensiva (uma defesa com Jairo Campos e Cáceres, contando com a proteção de Zé Luís ou Fabiano é uma peneira) - e evita que a torcida se iluda com a arrancada final que salvou a nossa garganta, achando que está tudo resolvido para 2011. Apesar da boa campanha sob o comando de Dorival Júnior, o Atlético ainda enfrenta carências graves em setores cruciais da equipe: do meio para frente até que nos saímos bem, mas em matéria de volantes e laterais, precisamos nos reforçar muito bem. Vamos torcer para que a diretoria tenha aprendido alguma coisa com os erros sucessivos deste ano e reformule o elenco com parcimônia e serenidade, sem grandes limpezas ou contratações em lotes.

Acho que é isso. Fim de 2010. O interessante é que nos aborrecemos com a cor e a qualidade das camisas, com um treinador faroleiro e seus mercenários, com o presidente e suas opiniões fora de hora, mas, sinceramente, dos males, o menor: se houvéssemos perdido o clássico no segundo turno, neste momento o nosso maior rival estaria levantando o caneco e nós estaríamos tendo que nos contentar com o fato de não termos caído por ostentar um maior número de vitórias. Quase sempre há uma perspectiva positiva.