4 de dez. de 2011

Emporcalhando a história

Cruzeiro 6 x 1 Atlético

Muito se tem dito sobre a derrota estrondosa que nos foi imposta pelo nosso maior rival na tarde deste domingo. Os torcedores, acostumados a ver um time vibrante e pegador ao longo deste segundo turno não se conformam com a goleada sofrida diante da pior equipe do returno e teorias conspiratórias não param de pipocar na rede: de dinheiro do BMG ao passe do Tardelli, tudo foi acertado em troca desta derrota.

Qualquer pessoa que acompanha o futebol com uma certa regularidade, sabe que a politicagem, a desonestidade e a sacanagem fazem parte do negócio. Assim, a possibilidade de que tenha havido um acordo é real mas, por outro lado, tendo a acreditar que as coisas no universo acontecem da maneira mais simples e, no caso da partida de hoje, foi o resultado da completa falta de motivação e compromisso de um time contra um adversário pronto para morrer dentro do gramado.

15 minutos de jogo foram suficientes para que eu percebesse aonde aquilo iria chegar e acabei optando pela partida do Pacaembu, ao invés de ficar sofrendo em tempo real. O torcedor atleticano, passional como é, extrapola seu amor à instituição e acredita que o mesmo se aplica aos outros personagens do espetáculo: dirigentes, jogadores, comissão técnica. Na cabeça alvinegra, o Atlético entraria no clássico disposto a atropelar o adversário e conquistar uma vitória épica pelo simples fato de ser o seu maior rival.

A realidade, entretanto, é diferente. Para os profissionais atleticanos, o trabalho acabou no domingo passado com a goleada sobre o Botafogo. O elenco voltou ao trabalho na terça já em ritmo de férias e entrou em campo como se estivesse disputando uma pelada beneficente, antecipando o papai noel da torcida azul. O resultado: o pior time do returno conseguiu anotar 6 tentos na melhor defesa do returno.

Para piorar, após a partida ainda somos obrigados a ouvir as fanfarronices e insanidades do nosso presidente na rádio Itatiaia, o que só piora a vida do torcedor, gerando mais um motivo para chacotas na manhã seguinte no trabalho ou na escola. Não é difícil encontrar uma resposta para a instabilidade emocional do time ao longo dos últimos anos quando se olha para cima. Um chefe que gosta de jogar para a torcida e que acha que prestígio se ganha no grito. Com as baboseiras de hoje ainda corremos o risco de perder uma base interessante que estava sendo montada para 2012 - e olha que não sou grande fã do Cuca e nem acho que chegaríamos a algum lugar com ele. Mas, diante do que temos passado, meu desejo era ter um 2012 sem sobressaltos.

Para finalizar, esta semana teremos as eleições para presidente do clube. Kalil, candidato a reeleição, disponibilizou um material na internet registrando os avanços da sua gestão, onde alega ter sanado as contas do Atlético e que o clube está pronto para retomar o caminho das conquistas. Parece muito bom, mas o preço que pagamos até agora é alto demais: todos os maiores vexames da história alvinegra podem ser botados na conta da sua administração. As maiores derrotas históricas contra o nosso maior rival, a queda para a segunda divisão, a camisa rosa, enfim, o homem conseguiu emporcalhar o nosso histórico. Para o torcedor, esta não é uma boa troca: o que fica para a história são os resultados, não o balanço ou o excelente CT. Infelizmente, acho que o conselho tem uma opinião diferente e o manterá na sede de Lourdes para mais 3 anos de mandato.

Em tempo: é lógico que acho a infra-estrutura atual do clube admirável, mas de que adianta ter uma excelente estrutura de trabalho se os gestores são incompetentes?