6 de jul. de 2011

Conjecturas



Não precisarei resgatar posts antigos para registrar que, assim como outros torcedores (André, Thiagão, Zocratto), sou um velho detrator do esquema Kalil dentro do Galo.


Ao contrário de grande parte dos torcedores, não acho que o time do Galo seja tão fraco. Acho, sim, que ele não tem conjunto e não tem comando. Como já disse antes, vamos analisar a situação do clube, vamos ver o que tem acontecido nos últimos anos, ver o que foi tentado, quais foram os resultados e, além disso, quais as pessoas que estavam comandando o Atlético.


Jogadores passaram, treinadores passaram, assistentes passaram, eu lhes pergunto: quais foram as pessoas que ficaram? O que NÃO mudou no clube ao longo destes últimos 8 ou 10 anos? Outro dia tive uma discussão com meu irmão a respeito disso. Ele concordou, mas questionava quem iria para o lugar do Kalil. Confesso que não sei.

Mas, e se o Kalil morrer? O Atlético acaba? Ninguém é insubstituível! Reconheço que temos um conselho podrão e vitalício, o que dificulta as coisas. Mas, sinceramente, estou cansado das bravatas e dos "cala-a-boca" (leia-se: contratações) que ele, Kalil, oferece à torcida.

Vou ser sincero: eu torço muito para que dê certo! Sofro igual ou mais que os outros, mas, honestamente, é difícil acreditar que as coisas darão certo, ou "que o clube está pronto para ser campeão", como ele adora dizer. No fundo, no fundo, sempre fica a fé, mas meu lado engenheiro diz que nada mudou e que, portanto, nada mudará.

Quanto às supostas contratações, Keirrison e Diego: ambos são (foram) bons jogadores, estão sendo disputados por outros clubes de ponta do brasil e tal. Mas ambos são, na minha opinião, apostas arriscadas. A torcida está queimando qualquer jogador em 2, 3 partidas. Os camaradas não vão suportar a pressão. Só isso.

Keirrison: a boa fase foi sob o comando do Dorival no Coxa. Acho um bom jogador, ao contrário de maioria das pessoas. Aposta interessante, tipo Tardelli e Marques foram à sua época. Ele esteve muito mal no Santos, mas o Santos estava de mal com ele também. Então foi aquela coisa à la Diego Souza no Galo. Enfim, se entrar fazendo gol, cai nas graças do pessoal.

Diego: era um bom jogador, mas viria no momento errado. Está sem jogar há eras! Com esse esquema Dorival Júnior de preparação do atleta, vai ficar 2 meses comendo banco até entrar em forma. Vai se revoltar, pedir pra sair e vai se apresentar em forma ao Botafogo, onde comandará o meio campo com Maicossuel. A gente precisa de um jogador pra assumir o meio agora, não pra daqui a 40 ou 60 dias.

Para finalizar, hoje teremos a estreia do Caio, último contratado. Seria o novo Jorginho Sombrancelha ou o novo Prieto?

2 de jul. de 2011

Até o fim


Atlético 0 x 4 Internacional

"Como já disse era um anjo safado
O chato dum querubim
Que decretou que eu estava predestinado
A ser todo ruim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim"
Chico Buarque

A parte mais difícil de escrever um texto sobre uma crise no Atlético é não soar repetitivo. Oito anos mantendo o blog, quatro anos escrevendo continuamente, é meio complicado não dizer algo que já foi dito anteriormente. A única coisa que eu consigo pensar agora é na música "Até o fim" do Chico Buarque, mas acho que até esta associação já foi mencionada nesta página.

De qualquer maneira, o que temos a dizer sobre a partida da última quinta-feira? Foi uma repetição da atuação apática vista no Engenhão alguns dias antes, onde tanto a derrota quanto a goleada pareceram iminentes desde o apito inicial do juiz. Difícil dizer qual a razão para atuações tão patéticas: estariam os jogadores abalados psicologicamente? Falta de qualidade técnica? Estão mal treinados? Está rolando mais um boicote? Todas as opções anteriores?

Na realidade, em todas as grandes crises vividas pelo clube de 2003 para cá, encontraremos como denominador comum o nosso atual presidente e sua trupe. Não adianta trocar treinador, trazer jogador, pagar em dia e ter infraestrutura. É preciso ter comando, liderança, e isso está mais do que claro que não temos. 2011 já é uma repetição de 2010, que foi uma repetição de 2005 que, por sua vez, repetiu 2004. Enfim, já estou tão enjoado deste assunto que sequer perdi a minha noite de sono após o vexame no pasto do jacaré.

Mudando de assunto, ontem no aeroporto de Salvador voltei ao mundo real visitando uma banca de revistas. Em três publicações Neymar estava na capa: Placar, Veja e Istoé, com direito a trono e adjetivos monárquicos dos mais variados. É incrível como a sociedade contemporânea vive uma dependência do ídolo ou, para ser mais exato, como o ciclo de produção, manutenção e deposição dos ídolos está cada vez mais curto. O menino é bom de bola? Sem dúvida. Herdeiro do Pelé? Me ajuda aí, né?

De 2002 para cá o futebol tem tomado um rumo que muito me desagrada. Desde que todos assumiram que o esporte é parte da indústria do entretenimento e deve ser tratado e remunerado como tal, as coisas só fazem piorar. De vez em quando, ainda é possível ver algum evento onde consigo enxergar o velho espírito do futebol e o efeito que causa em suas torcidas: a vitória do Santos em 2002, o milagre do Grêmio nos Aflitos em 2005, o Inter contra o Barcelona em 2006 e o comportamento da própria torcida atleticana quando vencemos a série B em 2006 e quando o nosso maior rival registrou o maior vexame da era Mineirão em 2009. Em comum, foram eventos que contrariaram a expectativa geral e resultaram numa explosão de alegria dos torcedores envolvidos.

O que acontece é que a espontaneidade no mundo do futebol está desaparecendo junto com a geral do Mineirão e do Maracanã. Tudo tem que ser planejado, seguir o roteiro, ter camarote vip e ser um "show de transmissão" (de preferência em HD). No Mineirão 2014, deixaremos de saborear o velho tropeiro ou um espetinho de gato para consumirmos um sanduíche de uma rede de fast food qualquer. É isso: mal comparando, o torcedor assíduo está deixando de saborear uma deliciosa comida caseira para se servir de pratos congelados da Sadia. Não me parece uma boa troca. O futebol, para mim, sempre foi a casa da vó, e não uma festa de gala. Pena que vamos perder tudo isso.