29 de set. de 2009

Grande partida

Atlético 3 x 1 Santos

Sendo um pessimista nato, foi para surpresa dos companheiros de arquibancada que, ainda no caminho para o Mineirão, expressei meu bom pressentimento com relação à partida contra o Santos. Alguns não estavam tão confiantes, embora estivessem conscientes de que qualquer resultado adverso na tarde daquele domingo nos relegaria ao limbo do campeonato. Depois de acompanhar o clássico paulista na telinha de um celular alheio nos dirigimos para os portões do Mineirão e foi neste momento que vaticinei: "vai ser 3 x 1 pro Galo". Mateus, homem amargurado que é, retrucou: "sei não, esse aí é jogo para 1 x 0, 2 x 1, vai ser difícil".

Superada a confusão inicial para passar pelas roletas, chegamos às arquibancadas com o time do Santos já em campo. Mal nos sentamos, começou o primeiro tempo. Sinceramente, não me lembro de 15 minutos iniciais tão avassaladores do Atlético. Talvez, na temporada 2001, nas partidas que mandamos no Independência. O primeiro tempo terminou sem nenhuma chance de gol para o Santos e o 1 x 0, gol do Evandro aos 5 minutos, ficou muito barato para o peixe.

O alvinegro praiano esboçou uma reação no início da segunda metade: voltou dos vestiários com duas alterações (Germano, um dos favoritos do Levir Culpi em sua última passagem pelo Galo, era uma delas) e com o ânimo renovado para buscar o empate. Para azar do Luxemburgo e seus comandados, o Fabão cometeu uma falha bisonha e o Éder, oportunista, roubou-lhe a pelota e correu em direção a área onde o zagueirão, sem outro recurso, o derrubou. Pênalti que Tardelli, calmamente, converteu. 2 x 0. 15 minutos depois, quando o Santos começava a se recuperar do golpe, Correa driblou três adversários e meteu, com maestria, uma bola em profundidade para o artilheiro do Brasil, que só desviou do goleiro e correu para o abraço. 3 x 0 e festa garantida. Por volta dos 35 minutos, a zaga, que até então havia tido uma atuação impecável, deu uma cochilada e o Kléber Pereira deixou o dele. 3 x 1, e a profecia estava cumprida.


Correa: precisão milimétrica no passe para Tardelli

É certo que o Santos não é aquele das temporadas anteriores, mas o Galo não deu nenhuma chance aos paulistas. Jogou com autoridade, impôs o seu ritmo de jogo dentro de casa e liquidou o adversário com enorme frieza. Pode não ter sido a melhor atuação no ano, mas foi a melhor que eu presenciei e isso é, deveras, animador. Foi muito bom ver a defesa atuar com segurança e o meio de campo pegador com Jonílson, Correa e Márcio Araújo não dar sossego aos santistas. Grande partida do Éder Luís, que comprovou ser o parceiro ideal para o Tardelli, que dispensa comentários.

Neste momento, a torcida está se perguntando: "onde podemos chegar?". Acredito que "Libertadores" parece uma resposta mais realista, mas nesse campeonato marcado pela irregularidade, creio que nem o título é impossível. O mais importante, neste momento, é manter a pegada: há algumas rodadas o Inter fez excelentes partidas contra o Goiás, o Avaí e o próprio Atlético, e agora ensaia um retorno ao modo Tite de jogar. O mesmo pode ser observado em relação ao São Paulo, Corínthians e até ao Grêmio. O Goiás segue realizando uma campanha bastante consistente, mas não me espantaria se o Palmeiras desse uma caída nas próximas rodadas e permitisse a aproximação dos rivais. Se o Galo conseguir ser diferente, ou seja, emplacar uma série de vitórias, chega junto para decidir nas últimas rodadas, quando enfrentará Goiás, Flamengo, Inter, Coritiba, Palmeiras e Corínthians.

26 de set. de 2009

Peixe

Minha primeira lembrança com relação ao Santos é de uma semifinal de brasileiro em 1983. Havíamos perdido o jogo em São Paulo por 2 x 1 e precisávamos vencer em Belo Horizonte para chegarmos à final contra o Flamengo. Meu pai foi ao jogo com outros parentes e eu fiquei na casa da minha avó. O placar não saiu do 0 x 0 e a frustração foi grande.

Em 1987, o Atlético estreava na Copa União contra o Santos, no Mineirão. Eu e meu irmão pedimos e nosso pai nos levou para testemunharmos uma goleada implacável por 5 x 1 do time do Telê contra um peixe enfraquecido. Estreamos com o pé direito contra o alvinegro praiano. 10 anos depois, estávamos novamente no Gigante da Pampulha, agora sob o comando do Leão, estreando na segunda fase do Brasileiro de 1997 com uma vitória de 2 x 0 sobre os paulistas.

Uma das minhas últimas idas ao Mineirão antes de vir para o Rio foi uma partida contra o Santos em 2004. Naquela temporada os paulistas se sagrariam campeões e a gente, numa prévia do que estava por vir em 2005, lutaria contra o rebaixamento até a última rodada. Naquela tarde, começamos mal a jornada, levando um gol do Diego. Ainda no primeiro tempo, chegamos ao empate e viramos o jogo. Veio a segunda metade e o gol de empate santista. Como estávamos sentados atrás do gol do lado da lagoa e vimos o tento do adversário de camarote, sugeri ao Flávio que déssemos a volta no estádio a fim de acompanharmos os ataques atleticanos atrás da meta apropriada. Quando saímos do túnel, havia um silêncio e o Deivid corria com o indicador na boca em direção à torcida do Galo. Era a virada santista. Nos atiramos nas cadeiras naquela área vazia do estádio já antevendo o nosso triste destino. Cinco minutos depois, porém, o Dejair, "grande" contratação daquela temporada, acertou, talvez, seu único chute do meio da rua em sua passagem pelo Atlético. Um autêntico petardo, rasteiro, que entrou junto ao poste esquerdo do goleiro santista. Lindo gol e muito alívio. No fim, ficou o 3 x 3.

Amanhã, aproveitando a folga no trabalho, estaremos no Mineirão para acompanhar este clássico alvinegro. A obrigação da vitória é atleticana: joga em casa, os desfalques estão diminuindo, o elenco foi reforçado e a direção vem reafirmando a sua disposição de brigar pelos primeiros lugares e, até mesmo, o título. Qualquer tropeço será inaceitável.

20 de set. de 2009

"Não gosto de perder"

Náutico 0 x 0 Atlético

Conforme adiantado no post anterior, a decisão da sportv de transmitir um vt na hora do jogo, impossibilitou que eu acompanhasse o placar pelas famigeradas bolinhas e similares. Enquanto voltávamos do trabalho, sintonizamos o rádio e viemos escutando Vitória x Inter. Foi quando eu soube que a partida em Recife estava 0 x 0. Aproveitei e perguntei ao motorista se ele era torcedor do Bahia. Ele respondeu que não, ele era do Vitória. "Ou melhor", continuou, "eu torço pra quem tá ganhando. Não gosto de perder.". "Formidável", pensei.

Pois bem, hoje de manhã consegui ver os melhores momentos. Não foram muitos, mas os gols perdidos foram e pior: democraticamente perdidos. Tampouco entendi as alterações do Roth: Rentería por Renan Oliveira? Tardelli por Éder Luís? Creio que faltou um pouco de ousadia diante de um adversário de menos qualidade, cheio de desfalques e vivendo uma situação desesperadora. Poderíamos até concluir que o ponto ganho lá foi uma boa conquista, mas isto seria verdade se o Galo estivesse fazendo o dever de casa o que, convenhamos, não anda acontecendo ultimamente.

No fim, a rodada nem foi tão ruim. Houvesse o Corínthians segurado o Goiás, ainda estaríamos entre os quatro primeiros. Domingo enfrentaremos o Santos e nenhum outro resultado a não ser a vitória nos interessa. A nossa colocação na tabela ainda é favorável mas, ao fim desta rodada, muita gente encostou e um resultado adverso contra o peixe sepultará, definitivamente, as pretensões alvinegras.

18 de set. de 2009

Insônia

Goiás 1 x 1 Atlético

No fim da tarde de quarta-feira, descobri que o canal FX transmitiria Goiás x Atlético direto de Goiânia. Ainda que estivesse ciente de que a direção atleticana havia desistido da sulamericana a fim de priorizar o Brasileirão, foi necessário um bom exercício mental e um aguçado senso de responsabilidade para que eu optasse por uma boa noite de sono, ao invés de ficar grudado na telinha acompanhando o nosso expressinho. Consegui, com relativo sucesso, cumprir esta missão e já dormia profundamente quando o celular tocou. Era o Mateus, explicitando seus temores de que Roth recuasse os seus comandados após tirarmos o primeiro zero do placar. Não resisti e liguei a tv, cometendo um erro fatal.

Poucos minutos depois de a tv iluminar o quarto, o Goiás empatou com um pênalti. A partir daí, não tive mais sono e fui obrigado a acompanhar o jogo até o fim. O empate nos levou à decisão por penais. "Com esse goleiro, não vai dar", pensava, quando o telefone tocou. Era o vizinho de quarto, também insone, que queria "me avisar" que o Galo estava disputando uma vaga na sulamericana. Agradeci e disse que não tinha esperanças no goleiro, a chance é que eles chutassem todas para fora.

E foi na segunda cobrança que o jogador goiano pareceu cumprir a profecia e mandou a pelota por cima do travessão. A alegria durou pouco, pois Renan, na sequência, recuou para o Harlei. O Goiás continuou convertendo todas até o fim, comprovando a tese de que qualquer coisa com uma camisa de goleiro do Atlético debaixo das traves tinha mais chances de pegar uma bola do que o Bruno. Completamente abatido e derrotado, sem nenhuma vibração ou manifestação de desejo de vencer, o jovem arqueiro caminha a passos largos para se afirmar como o legítimo herdeiro da dinastia Édson. Uma lástima para a camisa que já teve donos como Kafunga, João Leite, Taffarel, Diego Alves, entre outros. No fim, Chiquinho bateu e Harlei espalmou. Fim de jogo.

Sinceramente, acho que sair da copa foi melhor para as pretensões atleticanas. Por outro lado, é sempre lamentável ver o time ser derrotado, ainda mais nas circunstâncias que envolveram a classificação goiana: saímos na frente nos dois jogos e eles empataram convertendo as penalidades. Nós perdemos penais nas duas partidas. Finalmente, deu para ver que temos algumas peças de reposição razoáveis para compor o elenco.

Neste sábado, enfrentaremos o Náutico nos Aflitos. O time pernambucano vem mal na tabela e jogará com uma série de desfalques mas todos sabemos que o Atlético Mineiro é absolutamente imprevisível. A nota triste é que a sportv transmitirá Vitória x Inter para a rede. Em Salvador, ficaremos com a reprise de Vasco x Guarani. A programação da tv paga inovou com este truque sujo em 2009: ao invés de transmitirem um outro jogo da rodada para a praça onde se realiza a partida transmitida para a rede, resolvem oferecer um maldito VT. É de dar nojo!

Pois bem, canalhices à parte, temos obrigação de vencer. Em primeiro lugar porque, dadas as circunstâncias envolvendo a partida, se não trouxermos os três pontos de Recife, estaremos definindo que a nossa ambição se resume à quarta vaga para a Libertadores e, em segundo lugar, porque o comandante do Timbu é o Geninho e é obrigação MORAL do Atlético vencê-lo.

15 de set. de 2009

Golaço

Atlético 2 x 1 Atlético/PR

Vivendo mais um período de exílio no interior da Bahia e, consequentemente, do pay-per-view ou de vídeos gratuitos disponíveis na internet, tive que me conformar com a Itatiaia online para acompanhar mais este capítulo da saga alvinegra. No primeiro turno, esta mesma partida foi realizada, em Curitiba, no dia do meu aniversário e o resultado foi um massacre do Galo que aplicou um 4 x 0 no seu xará. Coincidentemente, também estava trabalhando por aqui naquela época enfrentando, é claro, as mesmas privações tecnológicas e estas doces recordações contribuíram para um clima de confiança.

O jogo não começou nada bem, pois o xará acabou anotando o seu primeiro tento com 10 minutos de jogo, após uma cobrança de falta do Paulo Baier que foi desviada, de cabeça, pelo Alex Mineiro. Ainda assim, minha confiança não foi abalada e fui premiado com um gol de empate aos 13, o primeiro do Rentería com a camisa alvinegra. E o primeiro tempo acabou assim. Fiquei pensando no comentário do Felipe neste blog, dizendo que tudo indicava que só brigaríamos pela quarta vaga do G-4 e concluí que, com aquele empate miserável, não chegaríamos a lugar nenhum.

Começa o segundo tempo. O dramático de se escutar o jogo pela Itatiaia é que a mesma resolve transmitir 3 partidas ao mesmo tempo e era só a bola parar para alguém chamar de Porto Alegre ou de Arapiraca para narrar os jogos dos nossos rivais. Nesses intervalos, você fica devaneando, imaginando o que poderia estar acontecendo em Belo Horizonte e foi numa dessas, já passados os 30 minutos da segunda etapa, que alguém entrou falando direto de Arapiraca e eu, meio sem paciência, resolvi diminuir o volume e ligar para o meu irmão, pois ainda agonizava com um gol perdido pelo Tardelli. O telefone chama uma, duas, três vezes. Alguém atende e só escuto gritos e ruídos. Alguns segundo depois escuto, baixinho no rádio, um grito de gol. Concluo que é do ASA e continuo meus afazeres. Instantaneamente, me lembro do telefone e do lag das rádios via internet. Aumento o volume e o Caixa está disparando a sua metralhadora, para minha euforia.

A partir daquele momento, fui tomado por uma brutal agonia que chegou a aumentar a níveis quase insuportáveis quando narraram um contra-ataque de 3 contra 1 e o gol desperdiçado pelo nosso camisa 9. Finalmente, o juiz apitou e pude sentir aquela confortável paz de espírito dos vitoriosos e planejar as mesas redondas que poderia conferir logo mais, à noite. Cheguei no quarto a tempo de ver o gol de placa do Tardelli: um lançamento primoroso do Correa acompanhado do arremate espetacular o atacante alvinegro. Foi pura poesia aquilo e lamentei profundamente não ter podido acompanhar esta obra de arte in loco.

Os desdobramentos da vitória e as expectativas para mais um duelo contra o Geninho, pretendo comentar em outro post.

10 de set. de 2009

Ricardinho

Confirmando especulações que circulavam pela imprensa e pelos blogs há alguns dias, o armador Ricardinho acertou com o Atlético e assina na próxima terça-feira contrato para atuar pelo clube até dezembro de 2011. Revelado pelo Paraná Clube, destacou-se no Corínthians, quando foi bicampeão brasileiro, e teve boa passagem pelo Santos, quando também ganhou o Brasileirão.

No papel, parece uma grande contratação, resta saber como anda fisicamente e psicologicamente após três temporadas no exterior sem grande destaque. Com 33 anos, já é considerado um veterano dos gramados brasileiros (é incrível como isso fica relativo quando você atinge a faixa etária dos supostos veteranos... Para mim, ele ainda é quase um garoto) mas, seguramente, talento não falta ao rapaz e o setor de criação do time, realmente, andava muito carente. Torceremos muito para que dê certo. Entre Evandro, Tchô e Júnior improvisado, fico com o Ricardinho (0 Renan Oliveira ainda tem crédito).

Na realidade, sou crítico em relação a algumas atitudes do Kalil, mas é necessário admitir que o Atlético mudou para melhor em um espaço de tempo, relativamente, curto. O clube vivia uma década muito complicada, com campanhas ridículas, realizadas por times ridículos montados, obviamente, por uma direção ridícula. Há um ano atrás o "time do centenário" era composto por uma mescla de jovens promessas com veteranos, destaques das divisões inferiores do campeonato brasileiro e jogadores contratados por dvd (método de gestão Ziza Valadares). Não há dúvidas de que a equipe de 2009 é muito mais forte do que a das temporadas anteriores. Ainda mantivemos alguns talentos a serem lapidados, mas as contratações foram mais criteriosas e chegamos a disputar jogadores com outros clubes e, no fim, trazê-los para a Cidade do Galo, coisa que não acontecia até há bem pouco tempo. Isso é bom, acima de tudo, para a recuperação da auto-estima atleticana.

Um outro aspecto interessante diz respeito ao currículo do jogador. O Ricardinho, assim como o Tardelli e o Júnior, é um jogador vencedor em suas passagens por outros clubes e é importante contar com esse tipo de atleta no elenco. O próprio Atlético teve grandes times ao longo desses quase 40 anos de Campeonato Brasileiro, mas mesmo tendo chegado muito perto de conquistá-lo por diversas vezes após 1971, sempre faltou algum detalhe e, muitas vezes, esse detalhe era um jogador capaz de assumir a responsabilidade pela decisão e tirar um peso do resto do time evitando o desequilíbrio emocional que sempre nos custou muito caro.

Meu maior temor neste momento é que o Atlético tenha se reforçado tarde demais e não consiga ter o time completo a tempo de entrar, novamente, na disputa pelo caneco. Mas, verdade seja dita: antes tarde do que nunca. Fizemos um bom primeiro turno e estamos pagando pela falta de opções no elenco após a bruxa nos ceifar, praticamente, todo o sistema defensivo no mês de julho. Que o domingo sirva para a consolidação da recuperação iniciada em Santo André e que o Ricardinho chegue para comandar o nosso meio-campo com a categoria que sempre lhe foi característica.

7 de set. de 2009

Relembrando 2006

Santo André 1 x 2 Atlético

Ao longo de todo o final de semana me lembrei da lendária "invasão de Santo André" em 2006 quando, ainda na segunda divisão, o Atlético consolidou a sua arrancada rumo ao título daquela temporada com uma vitória contra o Ramalhão por 2 x 1.

Na esperança de que aquela partida antológica servisse de inspiração para o escrete alvinegro em 2009 e nos ajudasse a por fim ao incômodo jejum de vitórias, aguardava com ansiedade o início da partida. Sem técnico, pois Alexandre Gallo havia pedido demissão no meio da semana, com poucos torcedores e sem maiores pretensões no campeonato, o Santo André era o adversário ideal para o momento enfrentado pelo Galo. Mas, atleticano que sou, sabia que tudo poderia acontecer.

O Atlético, ainda com uma série de desfalques importantes, em especial no meio de campo, promoveu a estreia do zagueiro Jorge Luiz e manteve a dupla de ataque que entrou em campo contra o Inter, na quarta passada: Tardelli e Rentería. Coube ao colombiano a melhor chance atleticana no primeiro tempo com um chute que, após ser desviado pelo zagueiro do Santo André, acabou batendo na trave e saindo. Tardelli também acertou um bom chute após grande jogada de Rentería pelo lado direito do ataque alvinegro, mas a bola saiu pela linha de fundo. O ponto fraco do Galo era a defesa que não ganhava uma bola sequer pelo alto e insistia em rebater a pelota para o meio da área.

O segundo tempo começou sem grandes diferenças em relação ao primeiro, a novidade foi a presença de Evandro no lugar do Renan Oliveira. O Galo ainda levou um certo perigo ao gol andreense, mas pecava muito na saída de bola e começou a sofrer uma certa pressão do adversário aumentando, consequentemente, a angústia de todos aqueles que acompanhavam a pendaia pela telinha. Com Alex Bruno amarelado e perdendo, praticamente, todas as bolas (o "gigante" Marcelinho Carioca conseguiu cabecear três bolas na pequena área atleticana), comecei a ser invadido pelo pessimismo: "Se levarmos um gol, acabou". Roth, então, sacou Rentería e colocou Éder Luís, que aumentou a força do ataque.

Mais um lance de perigo do Ramalhão, bola cruzada na área, cabeçada e defesa milagrosa do Bruno. "Isso garoto!!", pensei. A bola sobra do lado direito do Santo André, o lateral executa uma firula e cruza, Bruno, numa falha Edsoniana, sai do gol e solta a bola, Alex Bruno erra a cabeçada e Wanderley toca para o gol. Eram 35 minutos do segundo tempo e meu estômago faz voltas. Roth mexe novamente: saca Alex Bruno, entra Pedro Oldoni. É isso aí, espera levar o gol pra tirar o desgraçado! É um maldito covarde!!!

Devo reconhecer que a entrada do Éder deu uma outra dinâmica ao ataque. O banco deu uma dose extra de energia e vontade para o nosso veloz atacante, que conseguiu arranjar a expulsão de um meia do adversário e nos devolver as esperanças. E foi o próprio Éder que recebeu uma bola do Evandro, girou e fuzilou a meta do Ramalhão, empatando o jogo aos 42 minutos. Permaneci em silêncio, ainda um tanto cético, mas resolvi me sentar para acompanhar os minutos finais. O árbitro aponta 4 minutos de acréscimos e a serenidade vai pro caralho: "vamos, porra!!!". Aos 47 minutos Carlos Alberto recebe na direita e acerta seu ÚNICO cruzamento em TODO o jogo. Acompanho a bola viajando em slow motion, vejo o Tardelli subir livre e dou um berro: "FAAAAZ, PORRAAAA", o artilheiro do Brasil confere enquanto grito todos os palavrões conhecidos socando o chão. O minuto seguinte foi de pura ansiedade, mas o Santo André não tinha mais forças. Vitória alvinegra.


Tamo de volta

Vitória importantíssima, não há como não admitir. Sem vencer há sete rodadas, o Atlético havia saído da liderança para o sétimo lugar do campeonato e as perspectivas eram um tanto sinistras. O que o torcedor, entretanto, não pode deixar de reconhecer é que nessas últimas sete rodadas o Atlético foi extremamente regular, praticando um futebol abaixo da crítica, sem velocidade no meio de campo e com uma fragilidade defensiva capaz de tornar a bola mais inofensiva em perigo de gol. A pífia campanha no segundo turno não é produto do acaso e a vitória de ontem foi conseguida na base da vontade e da maior qualidade dos nossos atacantes diante da defesa adversária. De qualquer maneira, a pressão da má fase se foi e entraremos mais tranquilos em campo para enfrentarmos o xará paranaense no próximo domingo.

4 de set. de 2009

1979: a desistência

Em matéria de registro dos campeonatos brasileiros (e demais campeonatos realizados no Brasil e em outros países), não há site melhor do que o da RSSSF Brasil, cujo link está aí ao lado. O Globo Esporte.com lançou o seu FUTPEDIA há alguns meses, cujos registros das partidas são mais completos, mas abrangem apenas a Copa do Brasil e o Brasileirão e, portanto, cobrem um período de tempo mais curto do que o da RSSSF.

Pois foi numa dessas visitas ao RSSSF, buscando alguma informação específica sobre o Brasileirão que, ao observar a tabela do Campeonato Brasileiro de 1979, descobri que o Atlético havia abandonado o torneio numa de suas fases finais, tendo perdido para o Goiás e para o Inter por WO. Como o site não trazia maiores informações acerca das razões para a desistência alvinegra, recorri, num dos meus momentos de folga, à hemeroteca da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais a fim de solucionar a misteriosa desistência atleticana.

De posse da coleção de jornais "O Estado de Minas" de dezembro de 1979, pude entender, em meio aos anúncios do TeleJogo Phillips, da Loteria do Galo ("Colosso Milionário") e de empreendimentos imobiliários na Cidade Nova, o que se passou naquela temporada, que acabou com o Internacional como campeão invicto. As regras únicas e confusas do torneio, tradição brasileira até 2003, incluíam uma primeira fase disputada por clubes de todo o país, exceto os do Rio de Janeiro e de São Paulo, que entrariam na segunda fase. Guarani e Palmeiras, campeão e vice da temporada anterior, entrariam na terceira fase. São Paulo, Santos, Corínthians e Portuguesa solicitaram à confederação que também entrassem no torneio apenas à partir da terceira fase. Com o pleito negado, desistiram de disputar o brasileiro.



Ao fim da segunda fase, um impasse: como a colocação final das equipes na chave do Atlético só seria decidida numa partida na sexta-feira à noite (Campinense x Coritiba, dia 30/11), a CBD havia comunicado aos clubes mineiros que caso o Coritiba terminasse em primeiro, o Atlético formaria o grupo R junto com Inter e Cruzeiro - campeões em suas respectivas chaves - e Goiás, que havia sido vice na sua. Neste caso, o clássico seria realizado no domingo, 02/12, caso contrário, nem um dos dois clubes jogaria naquele dia. Como o Coritiba bateu o Campinense na noite da sexta, o clássico foi realizado na tarde do domingo, tendo terminado empatado em 0 x 0.

Naquela altura, os clubes ainda não sabiam como seria a segunda rodada, prevista para o meio da semana. Na segunda-feira, pela manhã, a imprensa é informada pela direção de futebol da CBD que as partidas entre Cruzeiro e Inter e Atlético e Goiás seriam ambas realizadas no Mineirão, sendo que o Goiás chega a entrar em contato com a FMF para agilizar a logística da viagem para BH. No fim da tarde daquele mesmo dia, para espanto de todos, a CBD confirma a partida do Cruzeiro para Belo Horizonte, na quarta-feira, e a do Galo para quinta, no Serra Dourada.

Imediatamente, após o anúncio, as direções do Atlético e da FMF se reúnem e divulgam comunicado dizendo que se a partida fosse confirmada para Goiânia, o Atlético estava fora do campeonato. Além disso, a FMF comunicava que a Seleção Mineira juvenil também se retiraria do campeonato nacional. O raciocínio para o protesto do Atlético era o seguinte: Inter e Cruzeiro, por terem sido campeões das suas chaves, jogariam duas partidas em casa e uma fora e o oposto ocorreria com o Atlético e Goiás. O clássico havia sido mando do Cruzeiro, que ainda jogaria com o Inter em casa e o Goiás fora. O Inter jogaria com Atlético e Goiás em casa. Restava ao Goiás o jogo contra o Cruzeiro no Serra Dourada e ao Galo, o jogo contra os goianos no Mineirão. Sendo assim, a CBD cometera enorme injustiça ao mandar o Atlético jogar em Goiânia.



A crônica esportiva mineira apontava como principal razão para a súbita mudança da tabela por parte da CBD, o apoio da federação goiana de futebol ao então presidente da confederação, o almirante Heleno Nunes, que seria candidato ao posto de presidente da futura CBF contra Giulitte Coutinho.


A confusão durou pouco mais de uma semana, com uma luta de liminares e pleitos na justiça. No fim das contas, o Inter entrou com um mandado de segurança no Rio de Janeiro através do qual o juiz cassava a liminar obtida pelo Atlético e estabelecia um prazo para que fosse fixada uma caução em dinheiro para resguardar os direitos do Galo, caso este fosse vencedor em seu pleito. A direção do Atlético se deu por satisfeita e considerou que obteve uma vitória, pois entendeu que receberia a parcela da renda das duas partidas não realizadas que caberia ao clube. A torcida, que não queria dinheiro, se frustrou. Aliás, se o dinheiro veio ou não veio, é assunto para outra pesquisa.

3 de set. de 2009

Um mês

Internacional 3 x 0 Atlético

Ciente das dificuldades que seriam enfrentadas em Porto Alegre, decidi não abrir mão da pelada semanal sacrificando, assim, os 30 minutos iniciais da partida. Cheguei em casa a tempo de ver o final do primeiro tempo e os melhores momentos. Os comentaristas foram unânimes ao dizer que o Atlético havia tido as melhores chances e que as oportunidades desperdiçadas poderiam custar caro ao alvinegro.

O Inter voltou para o segundo tempo com D'Alessandro no lugar de Danilo Silva e o carequinha argentino, junto com o Kléber e o Edu, acabou com o jogo em 15 minutos. Foi tão rápido que, quando eu voltei para a sala, já estava 2 x 0 para o colorado. Roth ainda tentou algumas alterações (saíram Felipe, Renan Oliveira e Rentería e entraram, respectivamente, Paulinho, Pedro Oldoni e Thiago Cardoso), embora eu não tenha conseguido entendê-las.

A verdade é que fomos superados por um time melhor, com mais opções e que, acima de tudo, mostra muito mais vontade de disputar seriamente o título do que o Atlético. O custo das lesões foi, sem dúvida, muito alto para o galo, mas tá faltando pegada e isso, cá entre nós, não tem a ver com técnica. Perder os dois gols que perdeu, por pura displicência, é dureza. O time do galo, como já disse outras vezes, só consegue se impor se for um time solidário, brigador, porque falta qualidade. Começou assim o campeonato, mas após a partida contra o Goiás a situação mudou. Agora, além de não conseguir criar, o time inteiro entra em pânico quando leva um gol e, quando se recupera, já está 2 ou 3 gols atrás no placar.

E pra ser sincero, houvesse anotado os dois tentos no primeiro tempo, tenho minhas dúvidas de que suportaria a pressão na segunda etapa. Não suportou contra o Avaí, em casa. Aliás, me lembro de dois empates nessas circunstâncias entre Atlético e Inter:

- 1988, Beira-Rio, estreia do Gérson pelo Atlético, se não me engano e que, por algum milagre, passou na tv. Abrimos 2 x 0, jogávamos melhor, mas eis que o colorado consegue chegar ao empate no fim do segundo tempo. Naquela temporada, se a partida terminasse empatada, havia uma disputa de pênaltis cujo vencedor ganhava um ponto extra. O pontinho extra ficou com eles.

- 2007, Mineirão, em sua luta desesperada para não entrar no G-4 do mal, o Atlético sofreu 2 gols no início do segundo tempo e a tragédia estava anunciada. Felizmente, Abel, treinador colorado, resolveu mexer no time, sacando atacantes e colocando defensores em campo. Pressão incrível do Galo que conseguiu meter dois gols após os 40 minutos do segundo tempo e empatar a peleja.

Enfim, com a derrota de ontem o Atlético completou um mês sem vitórias no campeonato brasileiro. A verdade, porém, é que pior do que a derrota da noite passada foram os empates em casa contra Palmeiras, Avaí e Sport, que nos custaram 6 pontos e a briga pelo caneco.

1 de set. de 2009

A má fase

16:41:33 To. Ta bisonho. Nos vamos perder.


Atlético 1 x 1 Sport

Ciente de que a partida entre Galo e Sport não seria transmitida para Porto Alegre, aproveitei minha estadia na capital gaúcha para ir ao Beira Rio ver a partida do nosso próximo adversário, Inter, contra o Goiás.

Chegamos ao estádio pouco depois das 16:30 e os locutores da rádio Gaúcha já celebravam a má atuação do Atlético, dentro de casa, contra o Sport. Um tanto cético acerca dos comentários dos rivais, mandei um SMS para o Mateus perguntando se ele se encontrava no Mineirão e como estava o jogo. A resposta está logo abaixo do título deste post.

A maioria das resenhas que li a respeito do jogo em Belo Horizonte afirmam que esta foi a pior partida do Atlético no ano. Considerando que o título de "pior partida do Atlético no ano" troca de mãos a cada rodada, tenho até medo de imaginar o que aconteceu no Gigante da Pampulha na melancólica tarde do último domingo. É certo que os desfalques fazem grande diferença ao futebol alvinegro, especialmente os volantes (Jonílson, Márcio Araújo e Serginho), que acabam sendo responsáveis pela saída de bola nos contra-ataques. Por outro lado, os desfalques não foram exclusividade do Galo, pois o Sport tampouco pode contar com uma série de titulares e, no entanto, esteve muito mais perto da vitória. O que estaria acontecendo então?

Ainda obtive relatos da evidente apatia do time em campo. Ciúmes com as novas contratações? Problemas nutricionais? Salários atrasados? Falta de toalhas brancas no vestiário? Esse é um problema para a direção do clube avaliar. Por fim, foi com um certo alívio que recebi a notícia do fim do jogo no Mineirão com um placar de 1 x 1. Para um time que alegava almejar o título ou vaga no G-4, é muito pouco.

Quanto ao jogo no Beira-Rio, o Inter começou avassalador e liquidou o Goiás ainda no início do primeiro tempo, passeando no restante do jogo e finalizando com um justo 4 x 0. Assim como outros torcedores, havia ficado satisfeito com a suspensão do Taison que o deixava fora da partida contra o Galo na quarta-feira. Mas, eis que surge no colorado um tal de Marquinhos, incansável, que corre, dribla e finaliza bem. Péssima surpresa. Ainda nas arquibancadas do gigante começo a imaginar o duelo do garoto contra a zaga alvinegra e sinto um frio na espinha. Aliás, que diferença faz ver um garoto entrar com tanta gana em campo! Penso no Renan Oliveira, no Tchô, no Kléber, no Pedro Paulo e em tantos outros meia-atacantes ou atacantes oriundos da base alvinegra que só faltam chorar de medo em campo e sinto uma tristeza profunda.

Quarta-feira o Galo estará lá, no Beira-Rio, enfrentando o Inter em partida adiada do turno. Os gaúchos estão confiantes em mais uma vitória, pelo que pude constatar. Diante do bom futebol apresentado contra o Goiás, não posso deixar de dar uma certa razão ao nosso adversário. Pra dizer a verdade, as poucas chances do Atlético residem na possibilidade do excesso de confiança colorado e no homem que ocupa o banco de reservas do adversário: Tite. Nós sabemos do que ele é capaz, e isso nos dá esperanças. Fora isso, estaremos, mais uma vez, cheios de desfalques e se entrarmos com a alardeada apatia do último domingo, seremos atropelados.

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A visita ao Beira-Rio em dia de jogo me fez notar a diferença que faz para um clube ter o seu próprio estádio. O Mineirão é ótimo, mas seria muito melhor para o Atlético ter a sua casa própria, caracterizada, administrada e preparada para atender ao Galo e à sua torcida apenas.

Pra finalizar, é impossível conter a inveja que sinto de todos aqueles que acompanham o seu clube nas suas cidades de origem, se dirigindo para o estádio com seus uniformes, radinhos, bandeiras e acompanhados dos amigos e parentes. A "possibilidade de ir" faz uma falta danada.

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