4 de jul. de 2009

Não será fácil

Embora não tenha uma conexão disponível no alojamento, desta vez vim equipado com um computador, de modo que posso preparar os meus textos durante os momentos de folga e publicá-los oportunamente.

Domingo defenderemos a liderança do campeonato contra o Botafogo. A principal diferença neste encontro vem das circunstâncias envolvendo as equipes neste momento: se nas últimas temporadas o alvinegro carioca vinha apresentando um bom desempenho, chegando a ocupar as primeiras posições diversas vezes e o Atlético lutasse para se manter afastado da linha da degola, os dias atuais colocam as duas equipes nos extremos opostos na tabela – o Galo é o primeiro, o Fogão é o último.

Apesar de o Botafogo ser um adversário historicamente perigoso, este é o tipo de jogo onde, em geral, nunca houve muitas surpresas: quem estava melhor quase sempre se impôs sem maiores dificuldades.

Curiosamente, este é um dos jogos que menos presenciei nos estádios. O primeiro Atlético x Botafogo que fui aconteceu nas quartas-de-final do Brasileiro de 94. Depois de amargar as últimas posições ao longo de quase todo o certame, o Galo, sob o comando do então novato Levir Culpi, realizou uma campanha devastadora na repescagem e se classificou para enfrentar o Fogão, que já o havia derrotado duas vezes na fase classificatória. No Mineirão, o Galo aplicou um 2 x 0 e, no jogo de volta, foi derrotado por 2 x 1, classificando-se para a semifinal.

No ano seguinte, sofremos uma goleada humilhante por 5 x 0 no Maracanã para o time que viria a se consagrar campeão brasileiro naquela temporada. Por duas vezes, nas temporadas seguintes, o Atlético deu mostras de que poderia devolver o vexame nos gramados cariocas: em 96, no Mineirão, após abrir 4 x 0 no primeiro tempo, tirou o pé e sofreu três gols e um sufoco incrível no fim, sustentando a vitória por 4 x 3 e, em 98, novamente em casa, depois de virar o primeiro tempo perdendo por 2 x 0, virou espetacularmente para 5 x 2 no segundo tempo e, da mesma maneira, viu o rival carioca chegar ao empate por 5 x 5, naquele que foi classificado como o melhor jogo da temporada pelos cronistas (para mim, no entanto, foi um dos jogos mais irritantes jamais vistos e que, no fim, acabou nos tirando da fase final do campeonato após um empate melancólico com a Ponte Preta). Finalmente, em 1999, o Atlético se vingou impondo um 5 x 1 ao Botafogo em Caio Martins.

Em 2001, na minha volta aos estádios (desta vez no Independência) outra grande exibição e mais uma goleada atleticana: 4 x 0, com direito a gol do lateral direito Baiano. Ele mesmo, o Baiano, ex-vendedor de calcinhas , que barrou o Cicinho e que, algumas temporadas depois, poderia ser visto defendendo as cores do Boca Juniors. Coincidentemente, esta partida antecedeu o clássico para o Brasileiro daquele ano, história que se repetirá nesta temporada.

Após 2001, ambos os times fizeram uma visita à segunda divisão e ambos voltaram à primeira sob o comando de Levir Culpi. Desde então, os cariocas obtiveram ampla vantagem sobre os mineiros tanto no Brasileiro quanto na Copa do Brasil e na Copa Sulamericana. A última partida disputada pelos dois acabou em vitória do Atlético por 2 x 1 resultando na quebra de um tabu amargo, que durava desde esta famigerada partida há oito anos.

Se conseguir superar psicologicamente a derrota da rodada passada (e isso se aplica tanto ao time quanto aos 40 mil abnegados que devem aparecer no Mineirão), mantiver o futebol que vinha praticando anteriormente e se cuidar diante do ataque carioca (Vítor Simões e Reinaldo, caso joguem) acredito que o Atlético possa sair vitorioso no domingo pois, dada a sequência que nos aguarda nas próximas rodadas, esses três pontos seriam fundamentais para as pretensões de Roth e seus comandados.

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