29 de abr. de 2010

Jogando futebol

Atlético 3 x 2 Santos

Mesmo com o temporal que desabou sobre o Rio no início da noite de ontem, 9 obstinados guerreiros, munidos unicamente da sua paixão pelo futebol, superaram todos os obstáculos e compareceram à pelada semanal no Humaitá. Passamos cerca de uma hora e meia correndo debaixo de chuva num campo semi alagado, coisa que eu não fazia desde uma certa pelada em Ipatinga há mais de duas décadas, quando brigávamos para descobrir quem seria o "Éder", o "Nelinho" ou o "Reinaldo". Bons tempos aqueles!

Ao fim do espetáculo, no retorno para casa, me senti num pitfall pós moderno, saltando buracos, rios de esgoto, montanhas de lixo espalhadas pelas ruas e escapando dos banhos de água contaminada com os quais os ônibus insistem em presentear os inocentes transeuntes. Foi triste constatar que nada havia sido feito para recuperar ou melhorar a infraestrutura da mesma cidade que há 20 dias havia sido arrasada pelas chuvas. Mas este seria um assunto para um outro blog.

Depois de todas estas aventuras, abri a porta da cozinha e a minha mulher já me deu as boas novas: o Atlético está ganhando por 1 x 0! Eram 4 minutos do primeiro tempo e Tardelli já havia deixado o dele. O que eu vi a partir de então foi o galo praticando um futebol de muita marcação e pegada quando defendia e envolvente e de velocidade quando partia com a pelota dominada. Depois de perder algumas oportunidades, acabamos marcando o merecido segundo tento aos 40 do segundo tempo: Tardelli, mais uma vez, recebendo a bola cruzada por Júnior, bateu duas vezes para superar o arqueiro santista. Quando parecia que iríamos para o vestiário com uma boa vantagem, o peixe descontou: a defesa atleticana rebateu mal uma bola, Wesley a dominou e lançou em profundidade para Robinho, que deslocou Aranha e guardou a criança. Apesar dos protestos da torcida, Carlos Alberto dava condição de jogo ao atacante adversário e Aranha, ao invés de correr pra bola, ficou com o bração erguido, pedindo impedimento. Quando resolveu agir, era tarde.

O Atlético voltou para o segundo tempo com Jonílson no lugar de Correa e logo aos sete minutos, chegamos ao terceiro gol: Muriqui fez ótima jogada pela direita e tocou para Tardelli, que invadiu a área a fuzilou Felipe. 3 x 1. Tardelli ainda marcaria um quarto gol, corretamente anulado pelo árbitro. Na metade do período, Luxemburgo fez mais duas alterações: Leandro entrou no lugar de Ricardinho e Renan Oliveira substituiu Fabiano. Aos 37 minutos o Santos conseguiu diminuir mais uma vez: depois de passar um bom tempo rondando a área atleticana, Paulo Henrique conseguiu um bom passe para Zé Eduardo que avançou pela esquerda e cruzou na cabeça de Edu Dracena. 3 x 2. Depois disso, os times, se respeitando, passaram a cadenciar o jogo e esperar o apito final.

O que vimos ontem no Mineirão foi uma grande partida, uma das melhores do ano e, sem dúvida, a melhor da "super quarta" que incluiu jogos decisivos pela UEFA Champions League, Copa do Brasil e Libertadores. O Atlético fez valer o mando de campo e foi superior ao Santos durante a maior parte do jogo. Foi um time aplicado, lutador e objetivo nas finalizações. Não deu para não notar o dedo do Luxemburgo naquilo que vimos ontem, é preciso admitir que o homem sabe armar um time de futebol, que tem esquema de jogo e tinha uma estratégia definida para a partida, algo bem diferente do que tivemos que suportar de Levir Culpi para cá.

Na segunda metade do segundo tempo deu para notar que o galo cansou e não conseguia mais exercer a marcação sob pressão que não permitia que o Santos girasse a bola. Era o preço de se manter jogadores experientes como titulares da equipe. Quando os meninos da Vila conseguiram a posse da bola, arranjaram o segundo gol que complicou a nossa vida para a partida de volta. Além disso, me pareceu que as alterações do Dorival Júnior surtiram mais efeito do que as do nosso treinador: do lado deles entra Zé Eduardo, um atacante arisco, veloz, bucando o gol e do nosso entra Renan Oliveira, uma pedra de gelo, um apático sem garra que não nos deu, em nenhum momento, a chance do contra-ataque.

Obviamente, tomar os dois gols dificultou a tarefa alvinegra para a semana que vem em Santos, mas o mais importante foi que conseguimos a vitória e passamos a ter a vantagem do empate. Num confronto equilibrado como foi o de ontem e como promete ser na volta, o empate é sim uma vantagem. Admito que, dadas as circunstâncias, o alvinegro praiano talvez ainda seja o favorito neste mata-mata, mas fiquei com a sensação de que faremos um jogo duro contra eles na Vila Belmiro (assim como foram os dois últimos que fizemos por lá, ambos vencidos por 3 x 2 pelo galo).

Finalizo dizendo que a partida de ontem me lembrou muito a primeira da final contra o Corínthians em 1999, quando também vencemos por 3 x 2. A diferença é que naquela oportunidade perdemos o Marques para os jogos da volta e na semana que vem teremos o mesmo elenco de ontem à disposição do nosso treinador. Se jogarmos com a mesma disposição, concentração e foco, dá para conseguirmos um bom resultado.

2 comentários:

Marcelo disse...

Realmente o melhor jogo de ontem.
Muriqui jogou muita bola (sempre soube disso. Desde a época que jogava football manager!).
O que o Renan Oliveira fez ou deixou de fazer? Achei que a torcida do atlético gostava do cara.

LF disse...

O Renan não fez nada e esse é justamente o problema. O cara não tem fibra nenhuma, bicho. A torcida gostava dele sim, mas ele já queimou chances demais, o pessoal da geração dele já tá ocupando espaço (Guilherme, Paulo Henrique Ganso, etc) e ele continua nessa postura de júnior. Tem talento, mas falta vestir a camisa e partir pra luta. Se não o fez até agora, acho que não vai mais, sinceramente.

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