26 de jul. de 2013

Bica eles, Galo!!

Atlético 2 x 0 Olímpia

A quarta-feira começou um tanto estranha, a frente fria que congelou o sul do país chegou ao Rio de Janeiro trazendo frio e chuva e cobrindo a baia da Guanabara de nuvens. Depois de ter decidido comprar as passagens e o ingresso milionário para ver a final da Copa Libertadores, só me faltava ficar preso na Cidade Maravilhosa devido ao mau tempo. Atleticano tem que sofrer!

Mas eis que chego ao aeroporto e o avião já está lá, paradinho, esperando o embarque de dezenas de torcedores alvinegros que tomam a sala de embarque do Santos Dumont. A mensagem preocupante vem do meu irmão: a visita do papa fechou o aeroporto de São José dos Campos e ele, que já deveria estar em Belo Horizonte naquele momento, estava em um ônibus a caminho de Guarulhos para pegar o voo das 17 horas. De lá, iria direto para o Mineirão, deixando sob a minha responsabilidade a coleta dos ingressos e o resgate da sua camisa da sorte.

A reorganização logística deu certo, e por volta das 19 horas eu já estava descendo de um táxi e subindo a Abrahão Caram em direção ao Mineirão. O reencontro com todos aqueles amigos com quem dividi as arquibancadas nos últimos 15 anos já seria suficiente para tornar o momento inesquecível. Mas, dadas as circunstâncias que envolviam o Atlético quando deixei Belo Horizonte em 2004, a jornada já era épica àquela altura. Passando o que a gente passou, quem imaginaria que alguns anos depois estaríamos juntos para assistirmos àquela final de Libertadores? Para aumentar o clima de confiança e o carnaval, meu irmão conseguiu chegar a tempo e participar dos preparativos finais antes de entrarmos no estádio.


Galo, alegria do povo!!

Sobre o jogo não preciso falar muito. O Brasil inteiro viu o que aconteceu no Mineirão. O nervosismo era geral nas arquibancadas, mas o clima de confiança nunca deixou de existir. Quando o atacante do Olímpia driblou Victor e ficou de cara para o gol, tínhamos a certeza de que aquela bola não entraria. Dizem que o sujeito escorregou, mas penso comigo que foi a materialização do pensamento positivo da massa que deu um tronco no cara e saiu de mãos erguidas dizendo "não foi nada", no melhor estilo volante trombador. Em algum lugar parecia que tava escrito que aquele título era nosso, mas era preciso pegá-lo.

Vontade não faltava, todo mundo acreditava e o Léo Silva acertou aquela cabeçada aos 41 minutos do segundo tempo. Logicamente, eu não tinha noção de que estávamos tão próximos do fim, caso contrário é provável que eu não estivesse aqui para relatar o que vi. Foi assim: nosso camisa 3 cabeceou a bola que fez uma trajetória parabólica perfeita, daquelas bem didáticas que poderiam ser utilizadas numa aula de física do primeiro ano do segundo grau. Da posição onde estávamos, tive a impressão de que iria para fora. Mas ela subiu, subiu, parou, desceu, desceu, desceu e morreu na rede. Olhei para o árbitro e o desgraçado apontou o meio do campo!

"Estamos no jogo, porra!" - Abraços, gritos e choro! A gente queria mesmo aquele título! A torcida paraguaia, que ensaiava aquele cântico baseado em "I-la-riê", sentiu que não ia dar e resolveu ficar em silêncio. Melhor assim.

A prorrogação foi toda nossa, mas o gol não veio. Alguns acham que faltou pernas, outros que faltou tranquilidade ou até mesmo sorte. Eu não. A gente tinha que vencer nos penais e tinha que ser naquela trave onde, numa noite chuvosa de março de 1978, havíamos perdido o título do campeonato brasileiro de maneira invicta para o São Paulo. E assim foi. Alecsandro, Guilherme, Jô e Leonardo Silva, todos converteram. Quando Gímenez correu para a bola, dei um grito:

- "SAI, INHACA!!"

A bola explodiu na trave e só me lembro do mar de gente pulando, gritando, chorando e se abraçando! ACABOU! ACABOU! GALO CAMPEÃO! GALO CAMPEÃO! Eu, comovido, pensava nos velhos atleticanos da família que já se foram: meus tios, meu bisavô e meu pai. Pensava naquelas centenas de idas ao Mineirão para torcer, torcer e torcer. Incrédulo, precisava olhar de tempos em tempos para o placar que estampava "Atlético - Campeão da Libertadores 2013" para perceber que era verdade o que havia acabado de acontecer.


É nossa, porra!

Só conseguimos sair das arquibancadas depois de 1:20 da madrugada de quinta-feira. No caminho, descobrimos que o bar estava aberto e saboreei o melhor tropeiro destes 31 anos frequentando o Mineirão. Lá fora, a chuva dava pintas de que tinha chegado do Rio também, mas o povo não estava nem aí: era um tremendo carnaval! De lá, conseguimos heroicamente um táxi e fomos para a sede do clube: mais festa e mais amigos de tantos anos que já comemoravam ali. Chegamos em casa a tempo de vermos o vt da prorrogação na tv, por volta das 5 horas. Dormir não era uma alternativa viável e assim pudemos comemorar novamente!

No post anterior escrevi que para conquistarmos o título, precisaríamos utilizar todas as armas das quais dispúnhamos. Dizia que a Libertadores era uma várzea e deveríamos saber jogá-la dentro de suas regras peculiares. Quando cheguei ao entorno do Mineirão e percebi que este era o clima, tive certeza de que era chegado o momento e de que sairíamos dali com a taça. E, sinceramente, a conquistamos com toda a justiça. Fizemos a melhor campanha do torneio e, na final, mostramos o quanto queríamos aquele troféu. Fomos a campo e às arquibancadas e lutamos e pegamos o que era nosso!

Viva o Galo, campeão da Libertadores 2013! Viva o Galo, bicampeão mineiro! Viva o Galo, primeiro Campeão Brasileiro! Viva o Galo, Campeão do Gelo! Viva o Galo, Campeão dos Campeões! Viva o Clube Atlético Mineiro, instituição mais tradicional de Minas Gerais!!

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