19 de jun. de 2008

harlem globetrotters

brasil 0 x 0 argentina

eu poderia começar dizendo que o clássico de ontem foi uma decepção. mas, a verdade é que qualquer pessoa que acompanha um pouco o futebol já previa que a partida seria tecnicamente fraca. depois de exibições abaixo da crítica contra os escretes venezuelano e paraguaio relembramos uma máxima do saudoso barão de itararé: "de onde menos se espera, daí é que não sai nada mesmo".

eram dois amontoados correndo em campo. fico pensando se não seria melhor a argentina ter anotado um tento e jogado o companheiro dunga precipício abaixo (pensando bem, acho melhor que não, a história só registraria uma derrota vergonhosa em belo horizonte). levando-se em consideração a apresentação pífia e o suplício que é para o cidadão comum adquirir uma entrada para o espetáculo, entendo que as vaias foram justas (muito embora não tenham sido novidade - recordemos 93 e 2004, no mesmo mineirão).

mais do que a falta de pegada da seleção e o déficit de carisma do treinador, soma-se o fato de que os jogadores estão saindo do brasil cada vez mais cedo. você pega uma promessa de qualquer clube brasileiro e ela se vai depois de jogar meia dúzia de partidas pelo time profissional. o próprio atlético é exemplo, vendendo jogadores como o ramón e o paulo henrique, que mal deram as caras diante da massa. dessa maneira, acho natural que a torcida perca parte da sua identificação com a seleção, visto que a ampla maioria dos 22 jogadores partiu para o exterior muito cedo não tido tempo sequer para serem ídolos nos clubes que os revelaram. são mesmo os malabaristas da bola, como bem disse o periódico argentino olé, grandes astros dos milionários clubes europeus e garotos propaganda das marcas mais conhecidas do mundo. quando são vistos no brasil, estão nas boates da moda, no camarote da brahma ou na ilha de caras: nada de jogar bola.

o que me parece é que isso explica, em parte, a perda de entusiasmo do povo brasileiro com a sua seleção - a falta de identificação. não dá pra se sentir representado por um time de exibição. a cbf e seus patrocinadores perseguem a criação de uma espécie de "harlem globetrotters" do futebol. o resultado é que tem dado mais gosto ver chile e venezuela do que brasil e argentina.

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