11 de mai. de 2011

Éder Aleixo

Uma tarde dessas de abril eu e a minha esposa estávamos caminhando por uma daquelas ruas perto do teatro São Pedro em Porto Alegre quando resolvemos entrar em um sebo. Enquanto ela procurava alguns livros, resolvi vasculhar o estabelecimento em busca de algumas revistas antigas. Estou no último cômodo do lugar quando ouço um funcionário do sebo falando para um cliente:

- Fica aí neste quarto do fundo.

Pouco depois entra um sujeito de meia idade que logo vai fazendo uma pergunta com aquele jeito meio cantado, típico do sotaque portoalegrense:

- Tu sabes se as revistas Placar estão aqui?
- Não sei, também estou procurando por elas.
- Tu és de São Paulo? - pergunta após perceber o meu sotaque
- Não, Belo Horizonte.
- Torce para o Galo?
- Sim!
- Bah, estou procurando material sobre o Éder Aleixo! Conhece?
- Lógico! Jogou no Grêmio também, campeão gaúcho com o Telê Santana, né?

Daí em diante o sujeito desfila seu vasto conhecimento acerca de fatos da vida do Bomba de Vespasiano, que vão desde pequenas histórias sobre excursões à Europa ao "roubo descarado" praticado contra o Atlético nos famosos jogos decisivos contra o Flamengo no início dos anos 80. Em alguns momentos, chego a me lembrar de um daqueles membros do Pânico na TV que sabe tudo sobre as novelas. Por fim, acabo dizendo que só havia efetivamente visto o Éder em final de carreira, mais especificamente na temporada 94, quando saímos da repescagem e chegamos à semifinal do Brasileiro.

- Bah, me lembro do jogo contra o Botafogo! Quartas-de-final, né?
- Sim! 2 x 0 no Mineirão, 1 x 2 no Maracanã.
- Eu tenho esse jogo gravado, 2 x 0.
- Eu estava lá.
- Me conta aí como foi! Aquela falta que a bola bate no travessão e sobe mais alto que a arquibancada.

Faço um relato do jogo, descrevendo o gol de falta e o lance do travessão e percebo que é hora de me retirar do recinto.

- Bem, tenho que ir. Você torce para que time?
- Não tenho time não. Gosto do Éder.
- Ah, tá. Até logo.
- Até.

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Sobre aquele jogo, Atlético 2 x 0 Botafogo, me recordo que eu e meu irmão, diante daquela tradicional confusão em jogos cheios no Mineirão, só conseguimos entrar no estádio quando a bola já estava rolando. No momento em que saímos do túnel de acesso à arquibancada, o juiz havia acabado de apitar a famigerada falta que resultaria no gol. Meio que de sacanagem, falei com o meu irmão enquanto subíamos os degraus: "cuidado ao chegar no fim das escadas porque o muro é chapiscado, se for gol a gente se machuca". Felizmente, o Bomba resolveu a parada antes que chegássemos ao fim do caminho.

No segundo tempo foi a vez do meu irmão ter a sua premonição enquanto o camisa 11 ajeitava a bola para outra falta: "essa aí vai na trave, pelo menos". Falta cobrada, a bola explode no travessão e sobe numa altura espetacular, deixando o goleiro Vágner tremendo embaixo dos postes.

Por fim, segue o vídeo que contém os gols daquela partida e as duas cobranças de falta espetaculares do Éder e que foi postado por uma boa alma alvinegra no youtube.

Um comentário:

LF disse...

Só pra constar: que jogada do Reinaldo no segundo gol! Passou tão pouco tempo no Atlético que nem me lembrava do futebol do garoto.