2 de nov. de 2003

Péssimo

Atlético 1 x 1 Criciúma

Uma coisa boa sobre o Independência é que se pode chegar faltando 10 minutos para o início da partida. Nada de passar a tarde inteira sentado no cimento esperando o apito inicial, atividade que se tornou ainda mais entediante após o fim das partidas preliminares. Mas, enfim, tratemos do jogo de ontem. A nota pitoresca da noite é que teríamos, pela primeira vez, um trio de arbitragem feminino apitando a peleja.

Os times já estavam em campo quando o Flávio, outro companheiro de arquibancadas chegou. Veio voando em seu Uninho lá do interior de Minas, onde abandonou o banquete de aniversário da avó para acompanhar o Atlético. Mas não foram necessários mais do que dez minutos para que eu percebesse e comentasse com o Mateus e o Ronaldo que as duas equipes, aparentemente, não queriam jogar futebol. Parecia um amistoso desses de pré-temporada, entre uma equipe em formação e um combinado local. De qualquer maneira, o lateral Marquinhos acertou seu primeiro cruzamento vestindo a camisa alvinegra e o Fábio Júnior ficou cara a cara com o goleiro. O cantor, que tem medo de ser feliz, chutou em cima do arqueiro e, na confusão resultante, a árbitra apontou falta e a jogada terminou por aí. O Criciúma não vacilou e aproveitou a única chance de gol que teve. O ex-atleticano Paulo César lançou o atacante Dejair dentro da área que matou no peito e, aproveitando o fato de o zagueiro André Luis ter resolvido parar e levantar o braço, petecou um belo tento.

A partir daí, não teve mais futebol. O Atlético, demonstrando uma falta de vontade e de inteligência que beiravam o ridículo, não conseguia tramar nada. O Criciúma, por sua vez, decidiu não jogar mais bola e se limitava a catimbar e fazer cera. Irritante, muito irritante. Foi então que a juíza entrou em cena, expulsando um jogador do tigre. Uma coisa curiosa sobre o galo é que, paradoxalmente, o time consegue ser pior quando está vivenciando uma situação de superioridade numérica em relação ao adversário. Ontem não foi diferente. Ao final do primeiro tempo o Flávio, aparentemente, consumido pela culpa de ter dado o perdido no banquete, resolveu voltar a beber. É esse o tipo de coisa que o galo proporciona aos seus torcedores.

O segundo tempo veio e o que parecia improvável aconteceu: conseguiu ser pior do que o primeiro. O Criciúma resolveu não jogar MESMO e o resultado todo mundo já sabe: 3 expulsões, incluindo o goleiro e uns 10 minutos, no total, de bola rolando. Para completar a lambança a juíza, aos 47 minutos, deu um pênalti para o Atlético. A torcida, que já havia partido para a auto-ironia há algum tempo, nos acompanhou no coro de "Veloso! Veloso!" na tentativa de convencer o arqueiro alvinegro a cobrar o pênalti. O Lúcio Flávio foi lá e converteu. A dona do apito então, deu a partida por encerrada, conseguindo irritar os dois lados. Péssimo!

No caminho de volta até o carro o atormentado Flávio foi filosofando:

- Aquela música "O Vencedor", é pura mentira quando se trata do Atlético.
- Por que, cara?
- "Eu que já não sou assim / Muito de ganhar", a gente não é "muito de ganhar", a gente nunca ganha nada...
- Hahaha
- "Junto as mãos ao meu redor/Faço o melhor/Que sou capaz", o time nunca faz o melhor que é capaz! Nem isso, cara! Nem isso! "Só pra viver em paz!", a gente vive no inferno!! É no INFERNO!!! Agora vou chegar em casa e bater nos meus pais, nas minhas irmãs e depois por fogo no apartamento!! Não tem solução! Não tem solução!; completou, dando mostras de insanidade... tsc, tsc.

Mas, falando sério, pelo menos a imprensa resolveu meter o pau no time, coisa que ele anda merecendo MESMO. É muito cômodo jogar a culpa no trio de arbitragem porque a cera do adversário não foi convertida em acréscimo de tempo ao final da partida. Tanto na partida de ontem quanto na do meio da semana retrasada contra o Paraná Clube, esse tipo de situação se concretizou por culpa única e exclusiva do time da casa que não jogou nada e deixou o adversário abrir o placar. Não são 2 ou 3 minutos a mais que vão fazer a diferença. A verdade é que se o Criciúma continuasse jogando como vinha jogando ao invés de adotar a postura medíocre assumida após sair na frente no marcador, provavelmente, teria ganho a partida.

Bah, já falei demais.




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