7 de nov. de 2003

Nunca chega

Flamengo 3 x 2 Atlético

A coisa anda tão feia que na madrugada de quarta para quinta sonhei que estava na beira do gramado xingando os jogadores do Atlético. Não era atrás do alambrado não, era na linha lateral do campo. O jogo continuava e eu os acusava de covardes e exigia que honrassem a camisa do Atlético. A nota patética é que a minha mãe ficava me puxando para eu ir embora.

Pois bem, acordei e fui ler o jornal. "Atlético está invicto contra cariocas", dizia o Estado de Minas. Naturalmente, concluí que as chances de uma derrota no clássico de logo mais eram altíssimas. Como já disse, o time já não é confiável e cada que vez que arrumam um novo tabu ele se dedica a destruí-lo (a menos que seja a nosso favor. Há 18 anos o Atlético não ganha do Flamengo no Maracanã. Agora são 19.). Pra completar, ainda vi um pedaço do Alterosa Esporte enquanto almoçava. De repente, vêm com essa: "Os clássicos inesquecíveis entre Atlético e Flamengo." Foi o suficiente para que eu me retirasse do recinto. "Para que ficar revivendo derrotas inesquecíveis?", pensei.

Por volta das nove e vinte fui para a casa do Flávio e, antes dos quinze minutos de jogo, o Flamengo já vencia por 1 x 0, resultado de uma trapalhada do fraco Juninho. "Vai ser goleada", foi o comentário do pai do Flávio. Pouco depois o Paulinho cavou uma falta na entrada da área e o lateral esquerdo Michel guardou a pelota lá dentro. 1 x 1. De repente, o time começou a jogar bem e logo o Fábio Júnior virou a partida, passando por dois adversários e marcando um golaço. Fim do primeiro tempo. As coisas estavam melhores do que esperávamos. Curiosamente, em nenhum momento contávamos com a vitória alvinegra. Uma aura pessimista rondava a sala de televisão.

Pois o segundo tempo inteiro foi um suplício. O Atlético, tal qual os seus adversários no Independência quando estão na frente do placar, resolveu "administrar" o jogo. É difícil entender o que se passa na cabeça de um treinador... O time não consegue fazer o básico, que é trocar passes e articular jogadas, como é que alguém com o mínimo de sanidade mental, resolve mandar aqueles onze caras "administrarem" um jogo? O resultado foi um sufoco espetacular do Flamengo. Comentávamos acerca da falta de disposição do time para o jogo, que ultimamente o maior adversário do Atlético tem sido o próprio Atlético e o Flávio veio com uma de suas analogias brilhantes:

- O Atlético é como um junkie, um drogado, todo mundo vê que ele precisa de ajuda e até tenta ajudá-lo, mas ele não quer ser ajudado! Foge da clínica, vai para os becos e é isso aí!

Por volta dos 30 minutos, se não me engano, o Marcelo começou a fazer uma série de substituições equivocadas e inexplicáveis, saíram meia-atacantes e entraram volantes, além do Alex "Playmobil" Alves. Se o time já estava confuso, com essas mexidas o caldo desandou de vez, só deu Flamengo. E, amigos, o time do Flamengo é ruim! Se fosse um time com um pouco mais de qualidade, teríamos levado uma goleada histórica. Mas, pra terminar, aos 38 minutos o Jônatas (!) fez o gol de empate e, aos 46, Zé Carlos fechou a tampa do caixão. 3 x 2. Mais um 3 x 2 para o Flamengo.

Bom, perder um jogo é um fato normal. Digo, é claro que quando acompanhamos uma partida sabemos que as possibilidades de ganhar ou perder são iguais, independente do adversário. O que tem acontecido e me deixado chateado é a completa falta de vontade e de compromisso demonstrada pelo time. Não sei se é a falta de comando (desde o treinador até o presidente, não existe um cara que "defina" a situação. Tá faltando tutano.), a falta de salário, ou qualquer outra coisa. Já estivemos em situações muito piores e a equipe se superava, perdia mas lutava dentro de campo e isso, mesmo que não levasse a títulos, pelo menos nos deixava numa posição mais confortável: "perdemos, mas jogamos sério, de igual para igual.". O que temos visto agora é um misto de covardia e falta de talento. Assim não dá.

Por mais que se cave o fundo do poço nunca chega!

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