23 de out. de 2003

2 x 2

Atlético 2 x 2 Paraná

A gente parou o carro perto do final da rua Pouso Alegre, estávamos atrasados uns 10 minutos. De lá dava para ver as arquibancadas do Independência: um silêncio absoluto. Alguém comentou que a coisa devia tá preta. Subimos a ladeira que nos separava das roletas correndo e de lá pudemos ver o placar: Atlético 0 x 1 Paraná. Entramos, fomos revistados e demos a volta em todo estádio até chegarmos ao tradicional ponto de encontro. A maior parte da turma já estava por lá, sentada. Foi o Mateus que me deu a notícia:

- Foi o Renaldo, de pênalti. Um carrinho dentro da área.

Logo o Atlético bota pressão e empata o jogo após espetacular roubada de bola do Cicinho. Sentimento de alívio nas arquibancas, mas logo o clima volta a ficar tenso diante da péssima exibição da equipe. Uma sucessão de erros bisonhos, em sua maioria tentativas frustradas de jogadas de efeito feitas por quem não tem o mínimo talento para tentá-las. A paciência dura pouco: o juiz encerra o primeiro tempo e durante todo o intervalo meu tio, que também chegou mais cedo ao campo, fica praguejando. Diz que o Atlético está sendo derrotado por ele mesmo, que quando é para decidir o time dá para trás, que não quer vencer e isso e aquilo, coisas que todos nós já sabemos (aliás, as teorias dele merecem um post à parte). Naturalmente, todo esse colóquio foi acompanhado de um vastíssimo repertório de palavrões.

Pois bem, os primeiros 30 minutos do segundo tempo são uma destestável repetição do que vimos no primeiro. O resultado foi que logo levamos um gol, novamente do ex-atleticano Renaldo, o que exaltou ainda mais a torcida. Sinceramente, o clima dentro do estádio estava beirando o insuportável. Acho que, no fundo, todo mundo sabia o que viria dali pra frente: pressão, pressão, pressão e nada. Meu tio jogou a toalha e foi embora aos 30 minutos. O bom foi que o treinador do Paraná resolveu fazer o mesmo e o time azul e vermelho recuou, recuou tanto que aos 40 minutos levou um castigo: gol do Fábio Júnior. Comemoramos com alívio, mas putos pelo time, mais uma vez, ter nos imposto esse maldito sofrimento.

Os alto-falantes do Independência anunciam o empate do São Paulo com o Guarani, resultado interessante para o Atlético, e a massa tenta empurrar o time. O Paraná abusa da cera e da catimba e enrola o jogo até o apito final do juiz, que foi conivente com o anti-jogo paranaense. Após o final do jogo o diretor de futebol do Atlético, o ex-ponta esquerda Éder Aleixo, invade o campo para protagonizar uma cena patética tentando agredir o árbitro transformando o gramado num picadeiro. A torcida grita:

- Juiz, ladrão! Porrada é a solução!

E assim, em 40 segundos, a culpa pelo mau resultado é transferida do time para o juiz. Produto da visão limitada e estúpida de parte da torcida, demonstrando que, por vezes, ela merece o time medíocre que tem. O pior cego é o que não quer enxergar.

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