7 de out. de 2010

Na bola parada

Atlético 2 x 1 Corínthians

Após uma hora e quarenta minutos de futebol ininterrupto no Humaitá, cheguei correndo em casa a fim de acompanhar o restante do primeiro tempo da partida contra o timão. Ainda ofegante, cheguei à sala e percebi que o casal que estamos hospedando estava diante da telinha assistindo AMADEUS, clássico de Milos Forman. Fui saudado por ambos e, meio sem saber o que fazer, mandei uma pergunta à queima-roupa:

- E aí, tchê? Quanto ficou o jogo do tricolor?
- QUATRO a zero, acredita? E o galo?

Bingo!

- Tá jogando contra o Corínthians agora...
- Não brinca! Sério?
- Sim, começava às 22 horas.
- Poxa, então vamos desligar aqui para você ver!
- Que isso! Não precisa, escuto no rádio aqui... - E me dirigi para o computador.
- Não, não dá pra competir com o Atlético! Vê aqui!

E foi assim, graças à generosidade destes amigos, que pude assistir ao final do primeiro tempo da partida em Sete Lagoas. Quando conseguimos descobrir o canal que estava transmitindo a pendaia, vimos Ricardinho saindo para a entrada de Renan Oliveira. Fiz um pequeno briefing acerca do histórico do jovem meia alvinegro para os meus amigos e, logo depois, vimos o sistema defensivo do Atlético sofrer uma pane geral, a bola ser alçada na área, Renan Ribeiro sair em falso e Paulinho empurrar a pelota com o peito para o fundo das nossas redes. Desânimo na sala.

- Falha do goleiro. - Vaticinou o Eduardo.
- É difícil ter esperanças. - Foi tudo o que consegui responder.

O Atlético voltou para o segundo tempo com mais uma alteração: Obina no lugar de Diego Macedo. Em geral, não sou a favor de improvisos (Serginho como ala? Não parecia uma boa ideia), mas reconheço que o Diego Macedo é limitado e que naquela altura não tínhamos muitas alternativas nas mãos. De qualquer maneira, após um início instável, o time começou a crescer ao longo da segunda etapa e passou a dominar as ações.

Aos 15 minutos, Serginho cobrou um escanteio e Werley, à la Carlos Puyol contra a defesa alemã, subiu no meio da zaga paulista e cabeceou a pelota para o fundo das redes. Se não me falha a memória, foi o primeiro gol de cabeça de um zagueiro atleticano neste campeonato. Seria sorte ou treino? Após o empate, o Atlético cresceu ainda mais e passou a ameaçar a meta corintiana com uma certa frequência. Aos 33 minutos, Serginho novamente cobrou uma falta e Zé Luís, livre, anotou o segundo tento alvinegro para delírio da Arena do Jacaré. Mais uma virada neste campeonato!

Os minutos finais, embora dominados pelo Galo, foram muito nervosos. O Corínthians, surpeendentemente instável, não conseguia articular seus ataques, enquanto os mineiros perdiam inúmeras chances de contra-ataques, especialmente nos pés de Neto Berola, uma espécie de Forrest Gump do futebol (pega a bola e sai correndo para onde aponta nariz. Não dá pra esperar nada de produtivo).

No fim, conseguimos mais uma importante e suada vitória. A situação do Atlético no campeonato continua muitíssimo complicada, mas já é possível ter alguma esperança de que podemos nos safar desta. A vitória sobre o Corínthians foi a primeira sobre uma equipe de ponta neste campeonato e foi obtida com merecimento. O time teve posicionamento, conseguiu ser perigoso com bolas paradas e, acima de tudo, pareceu motivado e consciente de que poderia chegar e virar um jogo que parecia perdido. Parece que, finalmente, temos um líder fora das quatro linhas. Quem sabe não consegue mais um milagre no Beira Rio na próxima rodada? O Celso Roth nos deve essa!

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